A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 5
A Overdose


Notas iniciais do capítulo

Bem, jovens. Devo confessar algo a vocês. (Por que, autores também são humanos.) Eu desandei a escrever já faz cinco anos. E esse foi um dos capítulos que eu tive que levar na raça, no braço por que foi um dos mais tristes que eu já escrevi. Não costumo me atingir com o que eu escrevo, mas esse capitulo realmente me deixou muito tocado. A trilha sonora, os textos, as cenas, as descrições. Tudo. Esse capítulo foi um dos mais especiais que eu já fiz. É a minha pièce de résistance. Espero que realmente gostem tanto quanto eu gostei de fazer.



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Luanna narrando

Eu tinha feito de tudo para entender o que Mariana dizia. Tanto para entender o que ela

dizia quanto também entender aquele amor. Não era nada físico e sim sentimental.

Compaixão de mim? Qual é! Eu sou uma drogada inútil!

Ah! Esqueci de contar algo; Meus pais não sabiam de absolutamente nada do que estava acontecendo.

Só que esse fenômeno chamado drogas, iria finalmente mostrar suas garras. E finalmente entenderia por que Mariana havia fugido daquela situação...

E com certeza, foi da pior maneira possível!

***

Música: What Hurts the Most, Rascal Flatts

Dizem que quando a verdade vem, ela liberta, mas muitas vezes, destrói mais que uma mentira...

No meu caso, não foi diferente.

Era uma terça-feira qualquer. Estávamos em casa e enquanto eu estava distraída. Lúcia, minha irmã, entrou no meu quarto, e por sorte (e para azar meu) ela acabou encontrando uma caixa com uma tranca. A Caixa era preta, mas com duas listas brancas passando nas bordas tanto da tampa como da própria caixa. E sacudindo o armário, acabou encontrando a chave que abria a caixa que pensei há muito tempo ter engolido.

Lá estavam os baseados... As pílulas... As drogas e o dinheiro para elas frutos de (advinha?) prostituição!

Quando me viro. Lúcia, chocada, me confronta.

– Luanna, o que é isso!

– Calma, calma. Deixa eu explicar...

Não dá tempo. Para completar a maravilhosa situação em que eu estava enfiada, meus pais tem a brilhante ideia de chegar juntos do trabalho e do mercado respectivamente.

Eles também viram a caixa.

Eu estava esperando apoio. Consegui pedradas.

Esperava compaixão... Eles me derrubaram ainda mais.

Eles descobriram finalmente o que eu fazia que me deixava um, dois, até quatro dias fora de casa. Eles foram doentes, maléficos. Destruíram-me por dentro. Socos, pontapés. Porrada. Foi só isso o que eu tive. Em vez de compaixão, recebi uma surra.

Eu não ia ficar mais nenhum segundo naquela casa! Não ia aguentar ser humilhada nem mais um segundo! Fugi e me afundei! Afundei-me mais e mais ainda e dessa vez, ninguém mais iria me impedir.

Eu iria morrer e ninguém iria me impedir!

***

Música: Diversão, Titãs

Me droguei! Me droguei como se fosse o meu último dia e no ritmo que eu ia, com certeza seria o último!

Fumei, injetei, bebi, transei, tudo, tudo, tudo o que você possa imaginar, eu fiz naquelas várias noites.

Eu era resistente. Mais resistente até do que eu imaginava.

Até que enfim veio o último cachimbo.

Eu havia saído na terça à noite.

Era sábado ao amanhecer.

Bastou uma tragada para uma serie de reações em cadeia começar...

Eu comecei a ficar tremula. Tremia e tremia, mas não estava fazendo frio. Meus olhos reviraram...

O ar começou a faltar...

Perdi finalmente a consciência.

***

Acordei, por incrível que pareça, em pé... Nem sei como explicar. O Sol dominava em um raio amarelo que inundava meus olhos. Havia um homem atrás de mim. Ele gritava maliciosamente...

– Luanna! Luanna!

O homem tocou a minha cintura...

Sem consciência.

***

Acordei novamente.

Sarjeta.

Roupas rasgadas.

Sem sutiã. Seios doendo.

Estava toda suja e inundada de algo que agora, acho que não convém falar.

Uma porta?

Sem consciência outra vez.

***

Música: Divano, Era

Nos meus sonhos entre esses desmaios, vi tudo. Vi absolutamente tudo. Não sei explicar...

Luzes brancas substituíam o azul do céu. Levantei do chão e vi homens e mulheres andando sem destino. Vozes cantavam em um coral belíssimo. Talvez nunca tivesse ouvido vozes tão bonitas em um coro. Elas se combinavam em tons que dificilmente se combinariam outra vez. Alcançando notas que eu tenho certeza, mesmo não sendo cantora, eram impossíveis de serem alcançadas.

Olhei para mim mesma. Meu rosto estava limpo. Minhas roupas trocadas. Não sentia dor, medo ou temor algum. Estava estranhamente aliviada. Leve. Senti que nada ia me tocar nem me fazer algum mal. Só senti um desejo de seguir aquela multidão.

Homens gigantes de 10m de altura nos seguiam e reluziam uma luz que aliviava minha alma. Tentava olhar em seus rostos... Mas, a luz... Tudo o que eu sentia era a luz que penetrava meu ser e me invadia, limpando qualquer impureza que eu estivesse sentindo naquele momento.

Só a luz importava. Seguir aquela multidão. Nada mais importava...

Não se ouvia absolutamente nada, até que várias crianças me abraçaram.

Me emocionei. Abracei uma das crianças com muita força. Foi um dos poucos momentos em que eu estava em paz, não havia mais nada que me incomodasse.

Até que alguém, nesse momento, tocou meu ombro.

Pude finalmente ver um rosto naquele lugar. E por sinal era um rosto bonito, porém cheio de cicatrizes. Provavelmente, algo muito terrível havia acontecido com ele...

– Quem é você?

– O meu nome é Jonas. Jonas Cardozo. E você quem é? – Ele respondeu. Jonas tinha um carisma impressionante e sorria. Um sorriso verdadeiro. De quem não tinha mais nenhum problema, nenhuma preocupação.

– Eu sou Luanna. O que estamos fazendo aqui? E o que são essas cicatrizes?– Perguntei. Apesar da paz, ainda tinha muitas dúvidas.

– São de um acidente. O acidente que me matou. – Respondeu Jonas ainda satisfeito.

Eu estava em choque total. Como isso poderia ter acontecido? Quer dizer que aquele lugar, em que tudo parecia bem, tudo mesmo... Era o “outro lado da vida”.

Minha confusão mental se contrastava com a paz daquele lugar. Todos caminhavam para um jardim enorme. Crianças brincavam com adultos. Senhores de idade conversavam e riam. Alguns tinham cicatrizes terríveis, alguns tinham levado vários tiros, outros, queimados, outros tiveram o corpo completamente restaurado. Várias etnias estavam ali. Brancos, pardos, negros, índios, amarelos... Todos convivendo sem guerras, sem diferenças.

Foi quando ouvi uma voz que dizia...

– Luanna. Agora não é sua vez. – Ela era uma voz que soava como trovão. Era imponente e difícil de rebater ou discutir com ela. Mas, ao mesmo tempo, ela era doce e acolhedora. Voz de pai. Voz que desde o início jamais tinha escutado.

– Quem é você?

– Eu sou o dono de tudo. Eu sou aquele que controla todo o tempo, todo o espaço. E esse lugar, é o lugar para as pessoas que sofreram tanto em suas vidas que tiveram esse destino. E eu lhe digo. Ainda não chegou a sua hora. – Afagou minha cabeça, retirou os cabelos de minha franja que revelavam minha testa lisa e morena. Beijando-a então logo a seguir.

– Então, quando é minha hora?

Um silêncio perturbador toma conta daquele ser extraordinário.

Tudo se apaga.

Estou inconsciente outra vez.

***

Abro os olhos aos poucos. Podia ouvir os bips do monitor cardíaco. O quarto de um verde quase azul claro, estava começando a ganhar o brilho do amanhecer.

Estava óbvio isso aqui era um hospital. E mais óbvio ainda que alguém havia me salvado. Havia me dado a chance de ver uma das coisas mais bonitas do que eu já vi.

Finalmente, entendi o que Mariana havia me dito.

E por falar nisso... Adivinha quem estava do meu lado? Mariana.

– Mari. Mari acorda! – Sacudi Mariana para acordá-la.

– Lu.. Luanna!

Mariana me deu um abraço. Mas um abraço que não havia recebido de mais ninguém, tirando Lúcia. Nesse momento pude entender perfeitamente o que se passava ali. Ela não me amava só por que era da religião dela ou por desejo de se deitar com uma mulher. Não. Não era isso. Ela realmente me amava. E estaria disposta de tudo pra me salvar... Ainda bem que tive tempo pra reconhecer isso.

– Feliz aniversário, Luanna! – Bradou em felicidade

– Como assim, feliz aniversário? O que raios está acontecendo? – Perguntei desnorteada.

– Luanna, você ficou em coma seis meses. Hoje é 14 de abril de 2012. Seu aniversário de 18 anos. – Mariana jogou a bomba...

– Como assim?

– Calma. Eu vou te explicar.


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Notas finais do capítulo

Bem, esse é um capítulo especial e que eu amei escrever cada palavra. Estamos perto do fim da primeira fase da história. Agradeço desde já quem já está por aqui e quem chegou agora. Vocês são de primeira.

Grande abraço.

Dr. Lucas



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