A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 2
"Tenho uma história pra contar" - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, gente. Hoje estou apresentando meu segundo protagonista. Luanna. Espero que realmente gostem dela.


Tenham todos uma ótima leitura.



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Luanna narrando

Eu não combino com esse mundo!

Eu não combino em absolutamente nada com eles.

O Que esses homens fazem comigo, mulher nenhuma deveria aceitar, mas o.k. Quem sou eu para julgá-los?

Meu nome é Luanna Freitas. Tenho 18 anos, muito mal vividos diga-se de passagem. Vivi em um mundo que dificilmente muitos de vocês viveriam. Vivi o mundo do caos antes de chegar até aqui e se quer saber. É uma aventura que me arrependo de ter vivido, mas é um passado que jamais posso deixar para trás.

Vim do interior barulhento para a cidade, ainda muito crianças. O Bom e velho êxodo rural se aplica aqui. Estranhei tudo. Um tempo levou para mim e minha irmã Lúcia, ao lado dos meus pais, se adaptarem essa situação.

Éramos muito pobres.

Tal situação jamais mudou. Ao menos por enquanto.

Dois quartos, um banheiro, sala e cozinha. Tudo misturado em uma casa bem miudinha. Coisa de gente que não tem muito, sabe?

Lúcia é minha irmã mais nova. Sempre cuidei dela desde sua infância. Meu amor por ela chega a ser incondicional. Meus sacrifícios, sempre serão por ela.

"E seus pais?"

***

Música: Never Again - Nickelback

Ela sempre encheu o meu saco conforme fui crescendo e fui pegando gosto pela coisa. Curiosa, sempre estudei de tudo, sempre li de tudo, sempre escutei de tudo e sempre fiz de tudo. Nada passava a minha curiosidade sem que fosse testado. Sempre fui linda. Sempre tive homens estalando nos meus dedos, caindo em meus joelhos, implorando e muitas vezes até me perseguindo doentiamente. Tudo para ficar comigo. Tudo para ter um pedaço de carne em suas mãos para usar, aproveitar e largar quando bem entendessem;

Passei a explorar isso, longas noites de sexo com estranhos me aguardavam. Sem pudor! Eu só queria experimentar!

Minha mãe, Maria Lúcia, queria que eu largasse esses "malditos livros", segundo ela, e fosse ajudar em casa. Fosse fazer algo bem mais importante que esse negócio de estudos. Nunca dei bola. Minha curiosidade era maior do que tudo, maior do que todos.

Já meu pai...

O Perdoo por isso?

Bêbado, apenas para princípio de conversa. Sempre que podia, aparecia embriagado em casa. Tonto, soluçando, sorrindo e sujo igual a um porco.

Louco de pedra! Sempre que podia dizia umas loucuras que absolutamente ninguém entendia! Falava de igreja e de santificação, mas não chegava nem perto disso.

Sempre que chegava, escondia Lúcia dentro do quarto enquanto os ouvia discutirem arduamente coisas sem sentido... e ouvia. Socos... Chutes... Gritos;

"Ela é só uma mulher!"– Eu dizia.

Mas, já não bastasse todas essas qualidades, ainda houve algo... Sem explicação, entendem?

Foi em uma noite, nessa mesma casa, quando eu tinha 14 anos...

***

Meu pai entrou na casa, avançou alguns passos que separavam a sala da cozinha. Até lá eram poucos e rápidos passos se desviando do velho sofá esfacelado passando pela estante da TV.

Foi se chegando cada vez mais perto... e mais perto. Repousou suas mãos sobre meu ombro.

Poderia esperar tudo dele... Menos aquilo.

"Eu era só uma menina!" – Eu pensava aos prantos.

Ele me destruía a cada golpe, cada um deles esfacelava meu corpo de menina. Não conseguia entender tamanho motivo para aquilo. Só queria chorar e chorar tamanha agressão. Não dizia uma palavra, não cheirava a álcool. Ele estava sóbrio! Sóbrio! Ele apertava meu pescoço, pretendendo finalmente acabar com a minha agonia. Mas não o fez. Deve ter caído em si e se lembrado de que eu era a "sua preciosinha" e largou meu pescoço.

E partiu... Foi beber outra vez.

Mas, as feridas ficaram...

E foi ai que elas entraram na minha vida.

***

Música: Man in The Box, Alice in Chains

Você já teve a sensação de ser grande? De ser intocável? De voar, perdida, mais alto que todas?

É assim que as drogas me deixavam. Alta, leve, solta... Livre!

No começo, foi a maconha, passando então para o crack; Nesse meio tempo já havia largado os livros. Era sexo, drogas e Rock 'n Roll.

E de Rock 'n Roll eu entendia (e ainda entendo), todas as bandas clássicas que você possa imaginar, eu fazia questão de escutar... Meus ouvidos eram regados as batidas do bumbo e a infinitos goles de cachaça e vários homens me acompanhando, um a de manhã, outros dois a tarde e vários durante a noite e tudo isso era normal pra mim; Tudo isso era normal.

E os efeitos passavam... e eu acordava.

Suja, inteiramente violada e vazia. E só então depois de tamanhas noites, voltava, duas ou três noites depois.

Foi então que, na escola, mesmo não fazendo absolutamente nada, conheci Mariana. Aquela que seria, a salvação...

Eu tinha 17 anos. Ela tinha 14. Ela era linda e me observava com bastante atenção e carinho. Não sabia naquele momento, mas ela já tinha em mente o que eu estava enfrentando. Tinha em mente que eu era uma drogada. Tinha em mente que eu estava viciada. E ainda sim, me olhava com amor, ainda sim me olhava com compaixão. Era diferente dos outros que me olhavam com desprezo. Nem o melhor dos meus "amigos" me olhava daquela forma, até por que, ninguém seria meu amigo naquela época. Já havia transado com todos que fizessem esse papel.

Ela era diferente.

Ela...

Ela estava se aproximando?! O que ela queria comigo?

– Luanna? - Mariana, chegou cuidadosa.

– Quem é você?

– Meu nome é Mariana Gondim. Tenho observado a muito sua vida. Podemos conversar?

Sentia carinho, cuidado em suas palavras. Pareciam escolhidas a mão. Não eram invasivas nem nada.

– Aqui não é o melhor lugar, querida. Onde você pode me encontrar?

(Continua)


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado pela leitura... Tudo de bom e melhor a todos.

Grande Abraço.

Dr. Lucas



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