A Estrada escrita por Lucas P Martins


Capítulo 14
Fraquezas


Notas iniciais do capítulo

Damas e macharada, Estou de volta para compensar a segunda-feira perdida. Acabei postando um pouco errado, mas o errado deu certo. Então, sem mais delongas: Boa leitura!



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Lucas narrando

– Itália? Sim, é um país lindo. Daria uma bela lua de mel! - Sabrina responde em tom sonolento.

Me viro. Vejo uma Sabrina tentando ajeitar seus cabelos. Tentava ficar linda, por mais que eu dissesse que ela era. Ela tentava ajustar seus cabelos e esquecia-se dos óculos, um pouco tortos por ela ter dormido com eles. A pele alva brilhava ao amanhecer. Acaricio seu rosto, questiono em pensamento o porquê de tê-la traído desse jeito. Ela não merecia.

Ela não mereceria nem saber. E no que depender de mim, ela nunca saberia. Mas Gabrielle faria de tudo pra que ela soubesse: Chantagens, algumas troca de favores por silêncio. Eu era sim, uma pessoa persistente, mas acima de tudo, eu teria que saber a hora de parar com aquele jogo ridículo.

"Ela quer jogar com você, Lucas. Será que não vê?! Você tem que acabar com as esperanças dela. Você não pode ficar preso a ela" Uma voz solfejava ideias em minha mente. Eu deveria executá-las rápido. Mas, a pergunta era como?

Eu tinha motivos, ou pelo menos, desculpas prontas. Eram desculpas convincentes. Eu estava cercado. Era hora de agir. Voltei de meus devaneios. Olhei fixamente para minha futura esposa. Lembro das circustâncias. Lembro de tudo o que me cerca que trouxe esse presente pra mim. O que era importante, igreja ou família? As coisas de Deus ou a minha vida? Perguntas rodeavam minha mente. Era a hora de uma decisão.

– Sa, quero te dizer algo. - Ouso praguejar, mas fico firme.

– Diz, Lucas. O que você quer me contar? - Sua voz me trazia conforto. Era um anjo. Aquilo fortaleceria minha coragem. Era meu jeito de agir.

Vou renunciar ao Evangelismo. - Digo. Direto e seco. Sem enrolações e voltas. Era o meu jeito. Minha forma de agir. Sem arrodeios. Sem muitas perguntas. Coisas simples. Atitudes simples

– Por que isso agora, meu amor? Aconteceu algo? - Ela pergunta

– Sim. Por mais que isso seja gratificante, isso tem me deixado distante de você. Eu vou me casar com você e isso não pode acontecer. Tenho que estar ao seu lado nessa hora. - Digo. Seco e sincero.

Ela me olha surpresa. Não parecia acreditar que era digna de algum sacrifício, seja ele qual fosse. Quanto mais esse. Eu precisava me explicar. Mas como explicar uma decisão tomada pura e simplesmente por amor. Eu ainda tinha muito por me fazer entender...

– Sa, por mais que eu gostasse do que eu faço e eu gosto. Isso tem me afastado de você. Tem colocado nós dois distantes um do outro. Eu os amo, mas você é o amor da minha vida e nada nem ninguém pode me separar de você, entende?

Sabrina me beija. No fim descobri que era exatamente isso que ela esperava. Ela sentia minha falta. Estava triste e seu sorriso estava apagado. Isso eu não poderia permitir e já não iria mais fazê-lo.

***

Dias depois

Já tinha tomado uma decisão. Estava tão certo como a luz que era isso que eu tinha em mente. Eles usariam meu cargo pra me humilhar e isso eu não iria permitir de forma alguma.

Deixei Sabrina em casa. Depois do noivado, ela veio morar comigo, o que me foi um alívio. Porém, como todos vocês devem ter notado, passei a tomar calmantes e esses calmantes estavam se tornando tão necessários quanto o amor de minha noiva. Eu estava tomando uma decisão, não por mim, mas por ela.

Mas, o que se aprende com as guerras é que: Por mais que você tenha decisões espertas. O inimigo vai sempre respondê-las a altura.

Parecia uma reunião de lideres de uma igreja. Mas não era! Até poderia ser, mas com certeza não era. Pode ser que você que esteja lendo não compactue de minhas crenças e de minha fé, se é que isso me resta agora, mas, em algo, com certeza concordaremos: Os humanos, bem que poderiam ser os verdadeiros demônios! Eles sim são maus por natureza. Interesseiros por natureza, grosseiros, depravados e tantas outras características que nós já estamos cansados de conhecer (e vimos muitas delas aqui) por natureza. Característica tão defendida por alguns filósofos.

Ao passar pelo portão, tremi. Aquele lugar parecia maior e a cada passo dado, minhas mãos tremiam. Aquele lugar crescia mais e mais. Vou ao banheiro. Era assustador tornar a me sentir pequeno e inferior, mesmo sabendo que eu não era.

Voltei a temer...

Voltei a ser criança.

O espelho mostrava alguém abalado, fraco e vendido e isso não podia acontecer. Eles não poderiam me ver naquele estado. Eu estava fragilizado. Isso não pode ser revelado.

Eles sempre estavam lá pra me ajudar.

Remédios...

Cinco pílulas são mais que o suficiente. Logo, minha visão e meus sentidos estavam se normalizando. Olho para o espelho. O homem inseguro que havia entrado naquele banheiro já havia sido dissipado. Outro Lucas, mais determinado, menos fraco, mais forte, estava lançando um olhar forte para aquele espelho. Um olhar de força e determinação. Um olhar de alguém que estava pronto para destruir qualquer ameaça que cruzasse o seu caminho.

Agora era enfrentá-los.

Gabrielle parece confirmar meus pensamentos, cabelos penteados e alisados, combinados em um vestido vermelho que reaçalva, as suas poucas curvas. Poucas, porém provocantes, curvas. Afinal, o que é mais provocante do que algo proibido que você já teve e que pode ter a qualquer momento que lhe convém?

Após ela, seu pai e tantos outros homens fortes entraram na sala, todos preparados para discutir, por último, entra o Pastor Bittencourt. E lhes posso garantir, os pastores que vocês cansam de ver na televisão são um bando de mocinhas comparado a ele. Ele não aparentava em nada ser o que o posto que ele exercia pedia que ele fosse. Era uma pessoa média, no alto dos seus 50 anos, olhos expressivos e aterradores. Seu andar impunha respeito e temor onde passava. Em nenhum momento passava tranquilidade, era um ditador, por assim dizer.

Todos sentados em sua volta. Eu fiz questão de sentar no meio. De forma a ficar em frente a ele. Uma primeira troca de olhares, e Gabrielle se senta ao meu lado, claramente discordando de uma ordem, porém, bastou um olhar mais forte e ela passou a se portar mais calmamente.

A reunião começa por uma oração. Um breve discurso de princípio, sobre "responsabilidade e compromisso com a obra do Senhor". Uma clara forma de pressionar quem estava naquela noite. Porém, há séculos, esse discurso não me intimidava. Ele me tinha como inimigo pessoal e eu nunca soube por que, mas, naquela noite algumas certezas iriam sair junto com muitas faíscas.

– Alguma consideração inicial? - Ele diz.

– Sim, eu tenho. - Ergo minha voz de forma alta assustando os presentes e principalmente Gabrielle. - Eu venho, diante dos senhores e do senhor nosso deus, tornar pública minha renúncia do cargo de líder de evangelismo.

– Algum motivo para tomar essa decisão, Irmão Lucas? - Ousado da parte desse homem me chamar de irmão.

– Motivos pessoais pelos quais não faz o menor sentido colocar em pauta. - Retribuo o sarcasmo.

– Tudo bem, se essa é sua decisão, vamos expor ela ao conselho. - Os votos são divididos porém minha decisão é aceita. Era difícil acreditar que pessoas gostavam do que eu fazia.

Ele me olha. Sentia-se impotente. Era fácil ver que havia sido derrotado. Achava que eu pertencia aos caprichos de um ladrão mesquinho e ridículo. Era fácil ver que desviava dinheiro de algum lugar, pois em dois anos, enricou de forma absurda. Além de agir como um ditador, expurgando, humilhando e expulsando quem estava contra ele. Ele já havia abusado demais daquelas pessoas, cuja maior parte eram pessoas com condições financeiras adversas. Ele precisava ser impedido, sim. Mas, eu não estava disposto a me arriscar com essa guerra. Meu tempo era curto demais para desperdiçar com pessoas mesquinhas.

No fim, enquanto estou em meu carro, me preparando para partir. Eis que surge Gabrielle, entrando no carro enquanto eu estava distraído.

– Sabe por que eu vim com esse vestido? - Após a pergunta maliciosa, Gabrielle abaixa o vestido revelando seus seios.

Porém, ela também teria uma surpresa naquela noite.

Meu carro tinha o luxo de ter botões que abriam as portas, enquanto ela focava em sexo, ela nem notou a porta se abrindo.

Igual com Adriana. Gabrielle leva um empurrão para fora do carro, sendo então atirada na calçada.

– Fique rolando na lama, vadia, já tenho alguém que me satisfaça!

Fechar a porta e acelerar fazendo com que ela comesse terra foi de lavar a alma, não foi certo, nem uma atitude cristã, mas quem disse que atitudes cristãs iriam mudar algo? Iludi-me com doutrinas e deuses e estava disposto a mudar isso...

Estava disposto a jogar isso no lixo.


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Notas finais do capítulo

Grande abraço.

Dr. Lucas



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