Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 6
Capítulo 6 - O quer que seja, culpo-te a ti


Notas iniciais do capítulo

"Stars are only visible in darkness
Fear is ever-changing and evolving
And I, I feel poisoned inside
But I, I feel so alive"



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[Sam]

Fechei os olhos com a claridade que preencheu o armazém. Após isso não ouvi ou senti mais nada. Abri os olhos. O Cas já não estava mais deitado com a cabeça nas minhas mãos e sim a agarrar a Hannah que estava estática no chão a sangrar pelo pescoço. Aproximei-me e ajoelhei-me à sua beira.

–Ela está viva? – perguntei olhando para ela.

–Eu… eu não sei… - respondeu-me o Cas pousando a cabeça sobre o seu peito. – Eu acho que consigo ouvir um batimento cardíaco, mas… Não tenho a certeza, parece ser fraco.

Coloquei a minha mão perto do nariz para ver se sentia alguma respiração. Suspirei aliviado quando vi que ainda estava viva.

–Temos que a tirar daqui, Cas. Levá-la para algum sítio calmo, onde a possamos tratar do ferimento. – Expliquei colocando-me de pé.

Tentava não pensar na luta que se tinha passado há minutos atrás, concentrando-me apenas na Hannah. O Cas olhou para mim e eu pude reparar que ele estava perdido, provavelmente devido à situação do Dean. Colocou a sua mão no pescoço dela, curando-o. Depois, levantou-a cuidadosamente e carregando-a ao seu colo saiu do armazém. Segui atrás dele.

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[Dean]

Estava sozinho numa ponte. Passei a mão na barriga sentindo o sangue ainda húmido na minha pele. Suspirei fechando os olhos. A noite tinha acabado por ser muito mais interessante do que estava à espera. O medroso do Crowley é que fugiu a meio da diversão… tão típico. Era por isso que ele não merecia o Inferno, era por isso que eu precisava de o tomar para mim, ser o seu novo líder. A nossa parceria não estava a resultar, pelo menos não iria durante muito mais tempo. Encostei-me contra a vedação cruzando os braços enquanto pensava no que iria fazer a seguir. O Crowley apareceu ao meu lado.

–Aqui está o meu campeão. – Disse sarcástico. – Satisfeito com o teu pequeno drama doméstico?

–Cala-te, Crowley. – Mandei com uma voz séria. Ele olhou espantado.

–Desculpa? – Podia sentir um tom de ofensa na voz dele. – Vocês, Cavaleiros sempre a acharem-se melhores que os outros… - comentou suspirando. Virei-me para ele tentando mostrar que tudo continuava igual entre nós.

–Acho que o matei… - Comecei.

–O Sam?

–Não. O Cas… Acho que o matei. – Repeti procurando sentir-me culpado. – Até que foi bastante libertador! – Comentei sorrindo de seguida.

–Mas não mataste o Sam… Porquê? – Perguntou olhando para mim. Semicerrou os olhos. – Claro, lá no fundo ele continua a ser o teu irmãozinho, claro que não o ias matar… - indagou olhando interessado para mim. Aproximei-me dele.

–Estás enganado. – Afirmei. – Tu achas que tudo isto, que eu fiz até agora, era para de certa forma o chamar até mim… como um pedido de socorro, não achas? – Perguntei já de frente para ele. – Tu achas, que de certa forma eu continuo a ser aquele pedaço de dor e desprezo que esconde tudo através de álcool e sexo casual, não é? – Ri-me. – Sim, todas as mortes, todas as mensagens, eram também direccionadas para o Sam, Crowley, mas não para o chamar até mim… Mas sim para lhe mostrar que não importa o que ele faça, o que ele diga: eu sou e sempre serei melhor. Que nunca serei aquilo que era antes… Que o irmão dele morreu, não existe! Ele não é importante para mim, idiota! Eu não tenho família, ela morreu no momento que eu abri os olhos naquele quarto. Vê se percebes isso de uma vez! – Disse com uma voz grave. O Crowley ficou uns momentos sem tirar o olhar de mim.

–Posso não ser o teu melhor amigo, Dean, mas sei quando estás a mentir. – Respondeu também ele com uma voz grave.

–Se assim é, diz-me se estou a mentir quando digo isto. – Fiz uma pausa e agarrei na minha Lâmina. – Se voltas a questionar a minha humanidade ou a falta dela… Se voltas a tentar afetar-me falando no Sam, eu juro que te espeto isto onde o Sol não brilha! – Ameacei apontando-lhe com a Lâmina. Cada vez conseguia-me controlar melhor enquanto a tinha nas minhas mãos. O Crowley não se mexeu.

–Ninguém quer realmente saber daquele alce de qualquer das maneiras… - comentou por fim com um sorriso na cara. – Vamos lá acabar a razão de estarmos aqui. Temos mais demónios para caçar.

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[Castiel]

Pousei o corpo da Hannah no banco traseiro do carro. Ela respirava mas estava inconsciente. Ela tinha-se sacrificado por mim e eu não sabia mais o que fazer. Pousei a cabeça no capôt do carro sentindo o metal gelado contra a minha pele. Sentia-me melhor mas ainda não estava a 100%... Precisava de arranjar uma maneira de ter a minha graça de volta. Fechei a porta, indo depois para o lugar de pendura, o Sam já estava à espera para arrancar.

Fizemos a viagem toda em silêncio, ouvindo apenas a respiração lenta e profunda da Hannah. Precisava de pensar sobre tudo o que tinha acontecido. Ainda não conseguia acreditar no Dean que tinha enfrentado naquele armazém: frio, calculista, demoníaco. Queria acreditar que ainda existia uma parte dele humana; uma parte que nos permitisse trazer o meu amigo de volta, mas cada vez mais percebia que só entrava num beco sem saída. Estava triste, desamparado. O Dean tinha sido o meu elo mais forte à Terra, tinha sido tudo pelo que eu tinha lutado para proteger. Tínhamos criado uma ligação tão forte que eu já o considerava como um irmão para mim e saber que depois de tantos anos a lutar juntos, de tanta coisa que tínhamos passado juntos, que ele não estava mais ali era devastador. Não conseguia nem imaginar a dor pela qual o Sam estava a passar naquele momento, a ver o seu irmão a transformar-se num monstro, sem ser capaz de travar esse processo.

Olhei para o banco de trás. Estava preocupado. Quando o Metatron roubou a minha graça eu sobrevivi, ficando humano, mas não podia ter a certeza que o mesmo aconteceria em relação à Hannah. Ele tinha que sobreviver… Eu precisava que ela vivesse, eu precisava dela. Ela continuava imóvel, pálida, deitada no banco de trás do carro, com os seus cabelos negros a descair pelo couro do banco. Apesar de tudo, parecia pacífica, como se estivesse apenas a dormir.

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[Sam]

Saímos do carro. Tinha decidido que iriamos passar a noite, ou o que restava dela, num Motel no centro da cidade para depois procurarmos o Sebastian. Tinha que o avisar para não ir atrás do Dean: ele não sobreviveria.

Estávamos já a ir para o quarto, quando ao fundo do corredor vi um homem sentado no chão a fumar um cigarro. Estava ao lado da porta do nosso quarto. Aproximámo-nos, devia ser só o homem do quarto ao lado. Tentei ver-lhe a cara, mas estava demasiado escuro para lhe conseguir ver as feições. Coloquei a chave na porta e rodei, abrindo a porta. Ia a entrar mas uma mão agarrou-me a perna.

–Winchester… - disse o homem sentado no chão. Reconheci a voz. Era Sebastian.

–Como sabias que…? – comecei.

–Moço, és das pessoas mais altas que existem, claro que eu sabia que eras tu, Sam. – Respondeu atirando o cigarro para perto do pé, calcando-o. - Uma ajuda? – perguntou largando a mão da minha perna levantando-a no ar. Ajudei-o a pôr-se de pé. – Que fazes aqui, Sam? – Perguntou olhando-me sério.

–Tu ligaste-me…

–Eu sei disso. Que fazes aqui? – Perguntou de novo, encostado contra a parede.

–Tinha assuntos a tratar… com o meu… - fiz uma pausa. Respirei fundo. Não queria dizer aquela palavra. - … Irmão Dean.

–Queres dizer: com aquele monstro psicopata que esventrou o meu melhor amigo? – Perguntou com raiva. Ficou pensativo durante uns momentos. – Tu encontraste-o? - Olhei para ele vendo apenas o brilho dos olhos e umas sombras da cara. Ia entrar no quarto mas ele colocou um braço impedindo-me de passar. – Eu fiz-te uma pergunta, rapaz.

–Prefiro falar lá dentro. Sente-te à vontade para entrares. – Respondi puxando o braço dele para baixo, entrando depois no quarto. Liguei a luz.

Olhei para ele. À minha frente estava um homem já na casa dos 40 e poucos anos. Tinha uma pele clara contrastando o cabelo escuro que descaía ligeiramente sobre a testa. Tinha uma cicatriz na sobrancelha esquerda que eu não me recordava dele ter nos tempos em que tínhamos caçado juntos, porém passada despercebida devido aos seus olhos castanho-esverdeados cansados com as poucas horas de sono ao longo dos anos. Já estava com outro cigarro na mão, coçando com a outra a cara que tinha uma barba rasteira por fazer. Era pouco mais alto que o Castiel mas tinha um físico de meter respeito a qualquer um.

O Cas entrou depois carregando a Hannah nos seus braços, deitando-a logo numa das camas livres. Depois ficou quieto de pé, olhando para o estranho que estava ali connosco.

–Continuo à espera de uma resposta. – Replicou, acendendo o cigarro. Sentou em cima da mesa, apoiando um pé numa cadeira.

Eu já conhecia bem o Sebastian e sabia que não lhe podia simplesmente dizer que o tinha encontrado. Ele era demasiado casmurro e vingativo para simplesmente ouvir o que eu tinha a dizer. Seria melhor contar-lhe apenas certas partes.

–Não… Não o encontramos. – Respondi. O Cas olhou para mim confuso, tendo o Sebastian reparado.

–Tens a certeza disso? – Perguntou-me não desviando o olhar do anjo. – Eu só quero saber o que tu sabes, Sam. – Disse frio. Olhei de relance para o Cas que permaneceu imóvel.

–Olha Sebastian, há muita coisa aqui que ainda não sabes. Coisas que não são fáceis de entender… - Tentei explicar-lhe.

–Então conta-me. – Mandou. – Temos umas boas horas pela frente. Terás mais do que tempo para me pores a par de tudo…

–O que eu quero dizer é que o Dean não é algo com que tu te queiras meter neste momento.

–Ele matou o Ryan, Sam. – Disse gravemente. – Diz-me, se matassem alguém importante para ti, o que fazias? – Perguntou. – Irias fazer uma festa de pijama com ele? Talvez uma ida ao cinema? – Perguntou sarcasticamente. Eu olhei para ele. – Não. Tu irias matá-lo à primeira oportunidade que tivesses… Desculpa, Sam, a sério, mas aquilo não é o teu irmão, não mais… Eu digo isto por experiência própria.

–Referes-te à tua mulher? – Perguntei calmamente. Ele passou a mão pelo queixo olhando para o chão. – Porque isto, é bem pior que o que se passou com a Cathleen.

–Pior…? – Perguntou ofendido. – Já tiveste filhos? – Acenei que não. – Então tu não sabes a dor que é chegar a casa, depois do trabalho, à espera de ver a tua filha de 8 anos, para abraçá-la, beijá-la, ouvi-la contar as pequenas coisas que se tinham passado na escola, e em vez disso ver a tua mulher a matá-la, ali, à tua frente. – Fez uma pausa. – Tudo porque tinha sido mordida e estava na primeira lua cheia dela… Se eu soubesse naquela altura o que sei agora tinha-a abatido mal ela me tinha contado que tinha sido “atacada” por um “animal”. – Notava-se a dor na voz dele, mas nem uma lágrima lhe caía pela cara. – Tu não sabes! E depois ela tentou atacar-me a mim! Nem sei como consegui trancá-la num armário… Mas a dor, de ver a tua princesinha desfeita em sangue e em pedaços, no meio da sala, e tu sem saberes o que era o quê. Então sabes o que eu fiz? Esperei pelo dia a seguir, peguei numa faca e mal abri a porta esfaqueei-a tantas vezes… Tantas vezes. É claro que não resultou, ela era um maldito lobisomem. Então prendia na cave e pesquisei… Até que encontrei isso dos lobisomens e das balas de prata… Então matei-a. Pensava que depois de a matar que tudo ficaria tudo bem… Que eu iria ficar bem. Mas nunca mais ouvir a voz da minha menina, o riso, os braços dela no teu pescoço enquanto a levava às cavalitas até ao parque… Isso muda-te. – Disse enquanto fumava o cigarro. Olhou-me sério. – Agora diz-me Sam… O que é que o teu irmão te fez a ti?

Não sabia o que dizer. O Dean já me tinha contado que o que tinha trazido o Sebastian para este mundo tinha sido um lobisomem mas nunca me tinha contado a história com detalhes. Sentei-me na borda de uma cama e olhei-o sentado na mesa completamente normal depois de ter contado aquilo.

–O Dean é um Cavaleiro do Inferno. O que significa que só uma arma seria capaz de o matar mas a fonte de poder da arma é uma marca que ele tem num braço, o que o torna imortal. Não ganhas nada em ir atrás dele, só vais fazer com que morras de uma maneira lenta e dolorosa. – Expliquei. – O Cas hoje quase que morreu numa luta com ele…

–Então vocês afinal encontraram-no. – Interrompeu-me. – E bem, ele sobreviveu. – Comentou olhando para o anjo.

–Sim, isso é porque ele é… - Fiz uma pausa olhando para o Cas. – Isso é porque ele é um anjo. – O Sebastian olhou-me em choque. – E só sobreviveu porque ela – Disse apontando para a Hannah. – Se sacrificou para o salvar. - O Sebastian permaneceu em silêncio por uns momentos.

–Okay… Se há coisa que eu aprendi é que nada é invencível. – Disse não tocando no assunto dos anjos. – Onde é que ele arranjou essa marca?

–Cain. Ele arrounjou-a pelo Cain… Do Cain e Abel. – Respondeu o Cas aproximando-se do caçador.

–Vamos falar com ele! – Levantou-se colocando o cigarro no cinzeiro. – Ele deu a marca, ele deve saber o que fazer… E se não nos ajudar, fazemos o que um bom caçador faz: matámo-lo.

–Isso não é assim tão fácil… - Discordou o Cas. – Cain não é propriamente fácil de se encontrar, e não é um demónio fácil de se matar. Só com a Lâmina que o Dean tem. Temos que arranjar outra maneira. – Comentou encostando-se ao mini-bar. Tive uma ideia

–Vamos atrás do Crowley. Arranjamos uma maneira de o apanharmos sozinho e tiramos o que queremos dele. Ele transformou o meu irmão nisto, então vai ser ele a colocar as coisas direitas ou Deus me ajude...– Disse sério, levantando-me para ir pegar uma cerveja.

–Começamos amanhã. - Disse o Sebastian aproximando-se e abrindo da porta. Voltou-se ligeiramente para trás. - Isto vai ser divertido. – Saiu fechando a porta atrás de si.


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