Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 13
Capítulo 13 - Ele Está Apaixonado... Pela Humanidade




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~Algumas horas depois~

[Dean]

Estava preso naquele quarto faziam horas. A Lia deve ter pedido para ninguém me incomodar. Mas isso não era o pior; ela tinha levado a minha Lâmina com ela! Eu vou mesmo matá-la quando sair daqui.

Sentia-me irrequieto… agitado. Era a primeira vez que me encontrava aprisionado dentro de uma Armadilha do Diabo. Andei às voltas, confinado naquele círculo, tentando pensar em algo. Mais cedo ou mais tarde alguém teria que aparecer, algum funcionário. Tentei ultrapassar o limite: não consegui. Tentei de novo. Nada aconteceu. Bufei, zangado. Ouvi alguém bater à porta.

–Senhor Holmes? Trouxe as suas toalhas. – Explicou uma funcionária morena, enquanto entrava no quarto, carregando as toalhas no braço.

–Sim, ótimo. – Respondi apressado. – Podes fazer-me um favor? – Pedi fazendo um sorriso.

–Dentro do possível, sim, senhor.

–Podes chegar aqui? E traz algum objecto que dê para… rasgar ou cortar… Algo afiado, por favor. – Pedi o mais naturalmente possível. Ela olhou-me assustada, afastando-se para trás. – Não… Não precisas de te assustar, não te vou magoar ou assim… Só preciso que quebres o círculo desenhado debaixo do tapete.

–Porquê? – Perguntou confusa.

–Longa história. Agora se fizeres isso, para eu poder sair daqui…

–É só um circulo desenhado, senhor. Não vejo como isso o possa impedir de sair daí. – Respondeu-me. – Para além disso, terá que pagar o material danificado. – Informou, pousando as toalhas na mesa.

–A tua cara é que vai ficar danificada se não fizeres o que eu te pedi. – Ameacei. Sentia-me mais instável que o habitual.

–Desculpe? – Perguntou incrédula. – Senhor, eu…

–Agora! – Ordenei gritando-lhe, interrompendo-a. Ela olhou-me aterrorizada.

–Os… os seus olhos… - Disse gaguejando correndo para fora do quarto.

–Maravilha… - Queixei-me, passando a mão pela cara. – Simplesmente fantástico!

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[Sam]

Tinha o batimento cardíaco acelerado. Estava nervoso, não por dizer o nome de Lúcifer, mas sim porque sabia que havia uma razão qualquer para o Crowley nos levar até esse nome. No fundo já suspeito o porquê disso e não estou a gostar da ideia.

O resto do grupo estava em silêncio enquanto o Crowley se acomodava na poltrona ao pé do bar.

–Não posso dizer que não tenho saudades deste lugar. Quer dizer, cheguei a passar bons momentos com o agora falecido Kevin. – Contou, tentando afetar-me. Não reagi. – Ninguém tem perguntas? Acabo de vos dar a pista mais importante de todas e vocês ficam aí mudos? – Queixou-se. – Até o Dean mostraria mais interesse nisto.

–Como sei que não estás a mentir? – Perguntei sem sair de onde estava. Tinha que lhe mostrar distância e frieza.

–Não sabes. Mas não estou. Depois que aquele roedor decidiu voltar-me as costas e juntar-se àquela… Lia, - notei um tom de desprezo na voz dele quando referiu o nome da demónio. – que tenho estado bastante empenhado em descobrir uma forma de tirar o teu irmão do meu caminho. Sorte a tua que isso significa tê-lo de volta como nos bons velhos tempos. Com todos aqueles sentimentos afogados em álcool de má qualidade. – Continuou.

–Isso quer dizer que encontraste uma forma… - Insinuei para ver o que ele me dizia.

–Claro que encontrei. Sou o Crowley. – Gabou-se.

–Então que fazes aqui? – Perguntou o Sebastian, agora de pé.

–Porque eu preciso de um humano muito especial e muito raro de se encontrar… - Respondeu. Os olhos dele caíram em mim. – Não sei se sabem, mas o Sam aqui é uma criatura difícil de se igualar. – Elogiou-me. Os outros olharam-me confusos.

–Espera aí… - Interrompeu a Charlie. – Eu li os livros e… - Parou pensativa. – Hmmm… - Olhou para mim. – Lúcifer. – Repetiu. – Só há uma razão para tu precisares do Sam em relação ao Diabo. – Concluiu. O Sebastian olhou-me confuso. – Tu queres libertá-lo. – Disse com uma voz zangada. O Crowley olhou-a surpreendido.

–Ruivas. – Comentou. – Sou o Crowley. Rei do Inferno. Prazer. E tu deves ser… - Fez uma pausa. – Alguém muito interessante, acredito. – Disse desinteressado. Limpou a garganta. – Não quero trazer Lúcifer até nós, não necessariamente. Se leste os livros então deves saber que eu fui o patrocinador nº1 na luta contra aquele pirralho. Claro que não o quero livre! Isso seria a minha sentença de morte.

–Que tal contares logo de uma vez o que interessa… - Resmungou a Dorothy, colocando-se ao lado da Charlie.

–Há uma lenda, não é algo certo, mas dizem que o recipiente de Lucifer pode abrir uma janela entre o mundo daqui de cima e a jaula onde ele está preso. Só uma janela, o suficiente para ele colocar uma mão de fora e ligar-se a uma pessoa. É um feitiço, deverá durar no máximo uns quatro dias e depois a janela fecha-se.

–Então queres que eu abra a janela e que ele se ligue a mim? – Perguntei ainda não muito certo do que ele tinha dito.

–Só se quiseres acabar morto no fim. – Disse. – Não. Eu quero que abras a janela e que uses outra pessoa qualquer para ele se ligar. Como não vai ser uma possessão normal, não precisa de ser especial. Mas o feitiço precisa de ser feito por ti.

–Porquê? – Questionou a Charlie, preocupada comigo.

–Por várias razões. Uma porque ele quer o irmão de volta, outra porque tem uma alma e vai ser ele a negociar com Lúcifer e por fim porque ele é o verdadeiro recipiente dele. – Esclareceu, cruzando as pernas.

–E o que é que eu teria que fazer?

–É por etapas… Só uma alma decaída conseguiria abrir a brecha e comunicar com ele.

–O que é que isso significa? – Perguntou o Sebastian sem perceber.

–Significa que o Sam – Começou o Crowley, levantando-se. – teria que chegar a um extremo, tornar a alma dele a coisa mais nojenta à face da Terra. Tão sombria que nem Lucifer se recusaria a fazer um acordo com ele.

–Vender a alma ao Diabo em pessoa. – Comentou a Charlie assustada.

–Figurativamente sim. O Sam continuaria com a sua alma e o contrato de 10 anos não faria parte desse acordo, ele viveria a sua vida em plenitude… - Continuou a explicar.

–Mas estaria na mesma condenado ao Inferno. – Completei a frase dele. Precisava de pensar. Lembrei-me do que ele disse no início “só se quisesses acabar morto no fim” – O que quiseste dizer com acabar morto caso ele se ligasse a mim?

–Como eu disse a “janela” fecha-se num prazo de 4 dias. A brecha fecha-se, ele é puxado de volta à jaula, arrastando consigo o hóspede onde estava.

–Sam, não podes fazer isto. – Disse a Charlie quase a entrar em pânico. – Nós vamos pensar noutra coisa. Nunca se deve dar ouvidos ao mau da fita, nunca corre bem. Sam! – Chamou-me.

Fechei os punhos e cerrei os dentes. Era algo arriscado de se fazer, mas eu precisava de salvar o meu irmão e levaria o mundo inteiro comigo se fosse preciso. Respirei fundo. A Charlie estava de pé a olhar-me, preocupada, e o Crowley olhava-me expectante. Tanto a Dorothy como o Sebastian observavam a cena sem intervirem.

Tinha que ser.

–Estou dentro. – Afirmei. A Charlie fechou os olhos desapontada. – Mas se pensas que vou fazer isto contigo, estás enganado. Vou fazer isto sozinho. Eu mesmo descobrirei o que preciso de fazer. Como eu disse, eu não trabalho…

–Com demónios. – Interrompeu-me. – Sim, eu sei. Veremos… Caso precises de mim é só ligar para o Diabo que conheces. – E desapareceu.

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[Dean]

Continuava naquele quarto preso na armadilha. Estava a ficar seriamente irritado. Sentei-me no chão, cruzando as pernas. Fechei os olhos. Tinha que pensar em alguma forma de sair dali. Olhei para a mesa, lá ainda estavam os talheres do dia anterior, quando entramos no quarto do casal, com eles a jantar. Se eu conseguisse arranjar uma forma de os trazer até mim, seria capaz de quebrar a armadilha. Ouvi o som de passos. Coloquei-me de pé e chamei pela pessoa. Entrou outra funcionária, esta era ruiva.

–Posso ajudar? – Perguntou delicadamente.

–Já viu que horas são? – Perguntei tentando parecer o mais ofendido possível. – É quase hora de almoço e ainda não veio ninguém limpar o quarto de ontem. Quis um momento mais privado com a minha amiga, mas pelo que estou a ver, mais valia ter comido no restaurante lá baixo!

Ela olhou para a mesa, reparando nos pratos e prontamente pegou na bandeja e começou a arrumar a loiça suja. Depois aproximou-se de mim, pois é política do hotel e considerado boa educação dar gorjeta aos funcionários depois de terminarem certo serviço. Sorri. Apesar de manter distância de mim estava também em cima do tapete e com isso dentro da armadilha. Coloquei uma mão no bolso de trás das calças pretas enquanto me aproximava dela, que permaneceu no mesmo sítio à espera que lhe desse algum dinheiro.

–Está quase… Nunca sei onde meto a minha carteira. – Meti conversa até ficar mesmo à frente dela. Examinei-lhe as feições, tinha a cara rechonchuda mas isso não lhe tirava a beleza simples dela. – Esse cabelo cai-te bem. – Elogiei, acariciando-lhe a cara. Ela riu-se nervosamente, fechando os olhos, corando ligeiramente. Aproveitei esse momento para retirar uma faca de prata da bandeja. Ela deu um passo para trás, recompondo-se. – Aqui está! – Comentei enquanto escondia a faca na parte de trás das calças e tirando uma nota de 5 doláres. – Isto deve chegar. Foi só uma loiça também. – Comentei, sorrindo. Ela retribuiu o sorriso, abandonando então o quarto.

Esperei que ela fechasse a porta, e voltando a sentar-me no chão, comecei a apalpar a carpete com uma mão para saber a partir de onde não conseguia passar. A certo momento a mão começou a fazer um percurso curvo.

–Encontrei-te! – Festejei sorridente. Precisava de quebrar a armadilha no círculo senão nada feito. Com a mão livre agarrei na faca, apunhalando-a mesmo no limite de onde conseguia chegar. Tentei avançar com a mão. Consegui, estava livre. Ri-me. - Toma esta, Dr. Data. Poder da mente, meu cú! - E saí do quarto.

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[Castiel]

O Neemias confiava novamente em mim e isso era algo importante para mim. Ao longo do tempo fui percebendo que a confiança é algo se só se recebe se confiarmos também e o facto de ter confiado a verdade ao Neemias, fê-lo ver não só o que realmente aconteceu como também que ele pode confiar em mim.

Retornei ao céu. Mal entrei no escritório, estava o Neemias à minha espera com uma expressão de preocupação.

–Castiel. – Cumprimentou, levantando-se. – Ainda bem que chegaste, já não sabia o que fazer…

–Que se passa? – Perguntei fechando a porta atrás de mim para termos privacidade.

–Foi a Flagstaff, Castiel… Quando nós fomos falar com a Hannah à Terra, ela… foi falar com o Metatron e ele encheu-lhe a cabeça com difamações contra ti… e sobre a Hannah, como tentou fazer comigo. Eu tentei contar-lhe a verdade mas ela disse que eu estou metido nisto tudo contigo. Disse que se não desistires do teu lugar até ao final do dia, vai contar ao resto dos Anjos o que fizeste à Hannah… O que ela pensa que fizeste.

–Desistir do meu lugar? Eu nunca o quis, para início da conversa. O Metatron fez-lhe a cabeça. Porque é que vocês, depois de tudo, não conseguem perceber que ele é veneno? – Estava frustrado. – Onde é que ela está neste momento?

–Ela disse que não quer falar connosco para além do que já foi dito. – Informou, colocando as mãos nos bolsos das calças, envergonhado.

–Chama-a. – Mandei. – Diz-lhe que quero ouvir as condições dela pela boca dela e não pela boca de um amigo meu. Agora, vai. – Pedi. Ele acenou que sim e abandonou o escritório.

Encostei-me à secretária. Estava a usar o escritório do Metatron como meu. Podia ter-me mudado para outro, mas não considero que seja o escritório que defina o líder e sim o contrário. Para além disso, tinha sido aqui que tinha recebido a notícia da morte do Dean e é essa triste lembrança de vulnerabilidade, dor, tristeza e luto, que me faz lembrar da minha verdadeira missão e de que todos são importantes e é isso que me permite manter os pés bem assentes no chão.

Neste momento era eu que estava a tratar dos assuntos celestiais. Mesmo não querendo ser visto como o líder deles, podia ser considerado o babysitter ou o gestor deles até as coisas voltarem ao normal. Depois de todo o mal que causei das últimas vezes que quis ocupar a posição do meu Pai, percebi que isso nunca vai ser totalmente possível e que ninguém deve possuir todo esse poder. Por isso, o meu único objetivo é descobrir como abrir os Portões e manter os anjos unidos até lá. Depois disso, o lugar ficará disponível para alguém mais apropriado que eu.

A porta abriu-se e o Neemias entrou acompanhado pela Flagstaff. Com uma mão pedi ao meu irmão para se retirar. Ele assim o fez. Sentei-me no cadeirão e convidei-a a fazer o mesmo. Ela continuou em pé.

–Então, o Neemias avisou-me que visitaste o Metatron…

–Vou ser direta ao ponto: como deixei bem claro ao irmão Neemias, tens até ao final do dia para deixares o teu lugar ou todos vão saber da Hannah.

–Ela está viva, Flagstaff! O Metatron só está a fazer joguinhos psicológicos contigo.

–Então onde é que ela está? Desde que desapareceu daqui de um momento para o outro que ninguém a vê, e já se passarem duas semanas desde isso. E todos sabemos que precisavas de uma graça nova o mais rápido possível, apesar da tua discrição.

–Tenho a certeza que o Neemias já te contou tudo. Ela está viva e está bem… Na Terra. Eu não matei ninguém nem lhe roubei nada. Foi uma situação complicada.

–“Foi uma situação complicada”. – Repetiu-me. – Contigo, são sempre situações complicadas. Ela pode até estar viva, mas não é mais uma de nós. Nenhum anjo tem o direito de fazer o que tu fazes: usar a graça dos outros como sua. E da próxima vez, Castiel? Quem vai ser, o Neemias? Vocês dão-se bem… Nós já somos tão poucos! E o nosso líder, ele mesmo causou a morte de milhares. – Argumentou. – Eu não estou a fazer isto pelo Metatron, também ele é um assassino! Eu não gosto desse tipo de homens… como ele, ou como o Dean, por exemplo! O humano que tanto protegeste, por quem tu tanto lutaste, é agora uma abominação. E tu ainda não fizeste nada para o impedir. Tu sempre colocaste o Dean à frente dos Anjos, a tua verdadeira família, e isso não vai mudar. E se o Neemias me contou a verdade, a situação da Hannah foi causada por ele: o demónio. Eu ainda não me esqueci como ele me tratou. Ele é venenoso e tu adora-lo. Não posso deixar que mandes em nós. Os nossos irmãos e irmãs merecem melhor. – Concluiu.

–E quem tomaria conta desta confusão? As tuas palavras podem ser sábias e cheias de boas intenções, mas nós temos um céu que mal está em pé. A única forma de entrar ou sair é por uma porta que ainda mal controlamos. Morreram milhares na Queda, bons anjos e outras centenas durante o Império do Metatron. Eu não posso fazer nada em relação a isso. Mas o que eu posso fazer é manter os anjos unidos até os Portões se abrirem. Tens razão, já somos poucos, mas neste momento mandar mais atrás do Dean só causaria as suas mortes. – Contra-argumentei. Ela suspirou.

–A minha decisão está tomada, Castiel. As tuas palavras não compensam as tuas acções. Eu liderei os anjos, dar-lhes-ei um novo propósito: salvar vidas humanas. Seremos curandeiros, limparemos a Terra de todos os males, demónios incluídos.

–Vais mandar os nossos irmãos para outra guerra? Ainda agora saímos de uma. – Protestei.

–Pelo menos será uma guerra com sentido, Castiel. Não contra os nossos, mas sim contra os impuros. Começarei pelo Dean. – Informou. Virou-se para a porta caminhando para ela. Parou. – Eu gosto de ti, Castiel. Apesar de tudo, mostras ter honra. Tens até amanhã. Considera isso um bónus. – Disse, saindo depois.


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