Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 12
Capítulo 12 - Não Sabes Contar Uma Boa História




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[Dean]

Abri os olhos. Era de manhã. A Lia ainda estava adormecida ao meu lado na cama. Era engraçada que apesar de ser um demónio ainda conseguia dormir. Levantei-me. Observei o corpo imóvel dela enrolada nos lençóis. Sorri, tinha tido uma boa noite.

Fui tomar um duche, vestindo-me depois: sempre as mesmas roupas, não interessava. Las Vegas! Se havia cidade onde eu me sentia bem, era aqui. Todo o jogo, o dinheiro, a confusão… Espreguicei-me ao pé da janela do quarto no 20º andar no Hotel onde estávamos. Finalmente alguma classe!

–Senhor Holmes? – Chamou a empregada do lado de fora do quarto. – Tem uma chamada na receção, como o senhor disse que não queria ser incomodado não transferimos a chamada para aqui. Senhor Holmes? – Chamou de novo.

Ah, o casal Holmes… Era deles o quarto onde estávamos. Não tinham sobrevivido. Aproximei-me da porta; abri-a ligeiramente.

–Diga-lhes que… - fiz uma pausa para pensar. – Diga-lhes que ligo depois. Agora estou ocupado.

Ela olhou-me cabisbaixa.

–Desculpe em insistir, senhor, mas era um familiar seu a informar que a sua filha se encontrava no hospital…

–Como eu disse, depois! – Repeti, fechando a porta. – Que morra também. – Aproximei-me do bar, a Lia já estava de pé.

–Bom dia… - Cumprimentou enquanto se vestia, ajeitando o cabelo para o lado. – Já resolveste aquilo de ontem? – Perguntou enquanto se olhava a um espelho para colocar um colar de asas douradas.

–Atirados para o fundo de um lago. – Respondi. -Quem queres ser hoje? – Perguntei pegando na lista de hóspedes do hotel. – Que tal… Freeman? Suíte de Luxo.

–Senhora Freeman… Que seja. – Comentou acabando de se maquilhar. Voltou-se para mim. – Agora o que interessa. Precisamos de ter uma conversa… sobre o Inferno. – Afirmou zangada.

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[Sam]

Voltei ao bunker. O Sebastian adormeceu na cadeira onde estava sentado quando discutimos. Não o acordei. Dirigi-me para a sala dos arquivos. Devia ter deixado escapar alguma coisa. Peguei em casos de possessões, exorcismos, livros de feitiços, casos não resolvidos, casos não classificados, tudo que pudesse estar relacionado com demónios e como os curar.

A primeira coisa que fiz depois do Dean ter desaparecido foi procurar uma maneira de o trazer de volta; até pensei na cura que ia fazer no Crowley mas cedo cheguei à conclusão que não iria resultar no Dean, não enquanto tiver aquela marca. Tinha visto tudo, procurado em todos os lados e não tinha encontrado nada… Se o Crowley estava a dizer a verdade, então tinha deixado escapar alguma coisa. Estava a desesperar.

–Sam? – Chamou uma voz atrás de mim. Voltei-me. À minha frente estava a Charlie. Fiquei sem reacção.

–Como… Espera, não estavas em Oz? – Não sabia como ela estava ali.

–Voltei… Bem, voltamos! A Dorothy veio comigo. Amigo novo? – Perguntou apontando para cima. – Ele não ficou muito contente quando viu duas mulheres a aparecerem por uma porta. A Dorothy ficou com ele num mano-a-mano. Eu vim ter contigo a correr! – Explicou com o sorriso trapalhão dela. Susteve a respiração. – Por falar nisso, devíamos ir antes que se matem! – Continuou, agarrando-me no braço que não estava em gesso.

Corremos pelo corredor e subimos as escadas até à sala principal. Estavam os dois parados com as armas apontadas um ao outro.

–Ei, podem parar! – Mandei enquanto entrava na divisão. A Dorothy ao ver-me baixou a arma.

–Sam. – Cumprimentou acenando com a cabeça.

–Dorothy. – Retribuí. O Sebastian ficou confuso.

–Vocês conhecem-se? Oh, esperem, claro que se conhecem… Winchesters… - Reclamou sentando-se.

–Que fazem aqui? – Perguntei. A Charlie andava de um lado para o outro à procura de algo.

–Bem, a Charlie ficou com saudades dos rapazes dela e enfim… às vezes sabe bem fazer uma pausa de Oz.

–Oz? – Perguntou Sebastian incrédulo. És a Dorothy do “Feiticeiro de Oz”? – Levantou-se da cadeira. – Eu costumava ler isso à minha filha, Viviene.

–Não é tão conto de fadas como parece. – Respondeu a rapariga.

–Onde está o Dean? – Questionou a Charlie voltando-se para mim. – Não me esqueci da promessa que ele me fez. Aquele menino ainda tem que me explicar uma coisa. – Disse com um sorriso. Eu e o Sebastian permanecemos em silêncio. – Wow, porque é que eu estou a sentir uma tensão aqui? Que se passa?

–Charlie, - Comecei – desde que foste para Oz, alguma coisas mudaram… - Seria melhor contar com calma.

–Deu para entender. – Respondeu, apontando para o caçador. – Que se passou, Sam?

Respirei fundo.

–Aconteceram umas coisas, tomamos algumas decisões não tão acertadas e… o Dean foi-se. Lamento.

–O quê? – Perguntou com lágrimas nos olhos. – Como?

–Metatron… O mau da fita, o vilão… o quer que lhe queiras chamar. O Dean tentou travá-lo e ele matou-o. – Até a mim me estava a custar falar. A Charlie pousou uma mão na cadeira.

–Conta-lhe o resto. – Disse o Sebastian. Olhei para ele irritado. – Que foi? Ela tem de saber. Preferes que conte eu? – Disse com uma voz seca.

–Contar o quê? … Sam? – Ela estava confusa a olhar para nós. Até a Dorothy estava em choque. O Sebastian continuou a olhar para mim.

–Ele… - Respirei fundo. – Ele é um demónio. – Disse por fim. Pude ver a Charlie a desfazer-se em pedaços. – Eu não estive lá quando ele precisou de mim e ele acabou por tomar uma má decisão para poder matar a Abaddon. Quando dei conta já era tarde demais.

Ela permaneceu em silêncio por uns momentos. O Sebastian levantou-se e foi ao casaco buscar o maço de tabaco. Ai, como aquilo me irritava, aquele fumo a toda a hora! Não comentei nada, apenas me dirigi à sala onde estivera antes e trouxe tudo o que consegui apenas com um braço.

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[Dean]

Estava sentado, impaciente, no sofá no quarto do Hotel com a Lia a olhar para mim seriamente. Estávamos naquele jogo de silencio à vários minutos. Não estava a perceber onde ela queria chegar com aquilo.

Ela saiu do lugar, indo tirar uma folha do casaco dela, sentando-se à minha frente.

–Nessa folha – Disse enquanto me entregava o papel – está uma lista com os nomes de todos os demónios que mataste quando andavas na trela do Crowley… Só os demónios. 17 nomes que estão aí. Demónios que eram meus… companheiros na luta contra o Crowley. Não sei se sabes, mas alguns de nós lutam por uma causa e são fieis a ela. – Continuou. Continuei sem perceber onde ela queria chegar. – Quando me encontraste eu sabia que só tinha duas opções e bem… Morrer estava fora de questão. Além disso, eu sabia à muito tempo da tua situação com o Crowley e com isso vi a oportunidade certa de fazer um aliado… Um forte aliado.

–Vais-me dizer alguma coisa que eu ainda não saiba? Eu e a paciência não estamos na mesma frase. Estou a ficar aborrecido.

–Calma, Sherlock. – Disse irónica. – Vou ser honesta, quando te propus a aliança pensei que, sendo tu um Cavaleiro, irias querer o Reino aos teus pés. Mas estava errada, não é mesmo?

Olhei para ela, satisfeito. Ela é realmente mais inteligente do que parece.

–Eu só quero chatear o Crowley. – Respondi prontamente. – E se para isso tenho que lhe roubar o seu brinquedinho preferido, que seja. – Ela olhou para mim. – E era tão fácil. Tão fácil mesmo! Eu sabia que uma puta demoníaca ia aparecer com uma oferta qualquer. É tão clássico… Crowley e os seus inimigos. Então eu pensei: porque não matar dois coelhos numa cajadada só? – Aproximei-me dela. – Achas mesmo que eu quero saber do fosso lá embaixo? - Continuei, não desviando o olhar dos olhos dela. – Sim… A início até foi algo que me passou pela mente, mas vocês… Todos vocês: uns cães de lata, sempre atrás de quem vos atira um pedaço de carne… Tão fúteis. Então eu só me deixei levar pela maré, para ver até onde as coisas iam…

–Então que acontece agora? – Perguntou aproximando-se também ela de mim.

–Diz-me tu. – Respondi mexendo no cabelo dela. Ela enxotou a minha mão.

–Eu ainda quero o Crowley na lama. Mas não posso esperar grande coisa de ti, Winchester. Estamos, ao que parece, num impasse. – Continuou, olhando-me nos olhos. Conseguia sentir o medo a crescer nela.

–Pelo que parece… - Concordei levantando-me. Aproximei-me do meu casaco. Coloquei as mãos sobre ele. Olhei para ela. – Diz-me… O que te fez chegar a essa conclusão?

Ela ajeitou-se no sofá de forma a conseguir olhar para onde eu estava.

–Não tens uma causa. Isso foi o que me fez desconfiar no inicio. Primeiro trabalhas para o Crowley, dás uma de psicopata, depois vens para mim, quase de bandeja. Muito previsível. – Explicou com uma voz segura. – Depois disso foi o desinteresse em matar o teu irmão. Isso indicava duas coisas: ou não eras o Dean demoníaco que tentas mostrar, ou querias ver até onde ele consegue chegar. Ontem provaste ser a segunda opção. Depois nunca mencionaste irmos atrás do Crowley, nem referiste mais o exército que eu tanto te prometi. Isso mostra que não o queres matar, não já, mas que também não tens o Inferno como uma prioridade. Para além disso, és um guerreiro. Queres adrenalina e aventura enquanto o Inferno é mais um trabalho burocrático. E por fim, claro está, a tua própria confirmação de que tudo não passa de um jogo para ti.

Consenti com a cabeça concordando com tudo que ela tinha dito. Estava realmente surpreendido.

–Parece que o Sherlock aqui és tu! – Respondi forçando um sorriso. – Nada mal… Nada mal mesmo. – Divaguei. – Porém esqueceste-te de uma pequena coisa… - Avisei. Coloquei uma mão no bolso de dentro do casaco.

–Oh, referes-te a isto? – Perguntou, empunhando a Lâmina que tinha até então escondida. Comecei a caminhar em direção a ela enraivecido, mas vi-me impedido de andar a certa altura. Olhei para o chão, tinha um tapete. – Isso… Precaução minha. Rapaz bem simpático quem a fez, foi uma pena não o teres conhecido, mas dormias que nem um bebé! – Disse enquanto se levantava ficando de frente para mim. – Eu pensei muito bem nisto, Dean! Eu sabia que mal abrisse a boca, o grande Lobo Mau me atacaria. Tu é que te esqueceste de uma coisa, Winchester! Eu estou aqui à mais tempo que tu. E tu podes ter a força, mas eu tenho a inteligência, Deanno! E ao contrário de ti, eu tenho uma causa, tenho um objectivo: Inferno. E se tu não lhe dás a mesma importância que eu; então és meu inimigo, e ao contrário dos outros, eu não tenho medo de ti. Porque vê, só é necessário um corpo atraente, um pouco de conversa fiada e algumas boas noites de sexo, para se ganhar ao grande Dean Winchester. – Disse rindo-se. Brincou com a Lâmina nas mãos. Apertei os punhos, furioso. – Então, não consegues chamar esta preciosidade até a ti? Armadilhas, são tramadas. – Agarrou no casaco dela, vestindo-o. – Boa sorte a saíres daí.

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[Sam]

Sentei-me na mesa. A Charlie sentou-se à minha beira. Ficou a olhar para mim enquanto eu remexia nos arquivos.

–Que aconteceu ao teu braço? – Perguntou ela, reparando nele. Suspirei.

–Que achas que aconteceu? – Respondeu o Sebastian do outro lado da sala. Revirei os olhos. A Dorothy, que se tinha juntado a nós, reparou na minha impaciência para com o caçador. Veio em meu socorro.

–Rapaz, não sei qual é a tua história no meio disto tudo, mas que eu saiba a Charlie estava a falar com o Sam. Ele não precisa que falem por ele. Ele tem um braço lesionado, não a língua. – Afirmou ela num tom autoritário, ele olhou para ela que lhe retribui o olhar com um sorriso.

–Peço desculpa, menina, se sou o único aqui que vê o Dean pelo que ele é: um monstro. – Respondeu, fumando um cigarro.

–Ele não é um monstro! – Protestou a Charlie, levantando-se.

–Oh miúda, tu não tens visto o que aquela besta tem feito. Pior que um cão raivoso. Precisa de ser abatido. – Até eu olhei para ele chateado.

–Olha aqui, Dolores Umbridge, eu posso não ter visto o que ele tem andado a fazer nos últimos meses, mas eu conheço o Dean. E ele salvou a minha vida mais do que uma vez, por isso não fales dele como se ele fosse um animal!

–Alguém tem que o fazer. Ele matou os meus amigos… - Disse com um tom de raiva. Ia começar de novo.

–Eu não vou desistir dele. Nem vou deixar que o Sam desista. Tem que haver algo. Quando o Mestre apareceu e começou a destruir tudo o Doutor não desistiu dele. – Disse. Ficamos todos a olhar para ela. – Ninguém? A sério? O episódio em que o Mestre rouba a TARDIS ao Doutor e volta à Terra com os Toclafones e rapta a família da Martha e com a chave de fendas sónica “tortura” o Doutor, envelhecendo-o? A sério, ninguém? – Ela estava mesmo desapontada.

–Doutor quem? – Perguntou o Sebastian desamparado.

–O Doutor! – Respondeu ela incrédula. – O que é que vocês vêm na televisão hoje em dia?!

Comecei a pensar no que ela tinha dito e acabei por me lembrar desse episódio.

–Tens noção que o Mestre morreu, certo? – Perguntei não muito certo do que ela queria dizer. Ela olhou para mim com um brilhozinho nos olhos, alegre por alguém a ter percebido.

–Mas não é essa a questão aqui! – Comentou. – O Mestre só fez aquilo porque enlouqueceu quando olhou para o vórtice do Tempo e não conseguia calar os sons dos tambores dentro da cabeça dele! – continuou.

–Como se ele não conseguisse controlar… - segui o raciocínio dela.

–E o Doutor, apesar de tudo que ele fez, contra a sua pessoa e contra a humanidade, tentou salvá-lo até ao final... Apesar de ele ter morrido… - Divagou. – De qualquer forma, é isso que eu quero dizer, não interessa o quão mal ele tenha ficado, não podemos desistir dele. Tem que haver uma forma de o salvar.

O Sebastian não tinha percebido nada e a Dorothy pelo que tinha percebido, parecia estar orgulhosa da Charlie. Já eu estava fechado nos meus pensamentos. O Mestre tinha enlouquecido e tinha sempre aqueles sons de tambores na cabeça como que o compelindo para fazer aquilo. Tal e qual o Dean: a marca e a Lâmina levavam o impulso de matar ao máximo, como se ele não conseguisse parar.

–A marca… - sussurrei para mim.

–O quê? – Perguntou a Charlie não tendo percebido. Olhei para ela.

–A marca! – Exclamei. – A marca que ele tem no braço que dá os poderes à Lâmina! Aquilo sempre o deixou instável, como um drogado viciado em heroína. – Agarrei a Charlie pelos braços. – Caso o Mestre deixasse de ouvir os tambores, ele ficava bem? – Estava em euforia. Ela ficou atrapalhada.

–Eu…ahm… Não sei. Acho que ele só queria deixar de os ouvir… Talvez!

–É isso! – Exclamei novamente. Todo este tempo a resposta era tão clara. – Só temos de arranjar uma maneira de tirar a marca do braço dele e depois posso curá-lo!

–E como tencionas fazer isso, cromo? – Perguntou o caçador secamente. – Vais-lhe cortar o braço fora?

–Não! Qual é o teu problema? – Perguntei. Estava a ficar pela ponta dos cabelos com ele.

–Talvez quem lhe tenha dado a marca, a possa remover. – Opinou Dorothy. – Sabes como ele a arranjou?

Tudo estava a encaixar na perfeição. Menos uma coisa.

–Através do Cain. – Respondeu o Sebastian por mim. – Sim, do Cain e Abel, antes que perguntem.

–Fantástico! – Disse ela. – Vamos encontrá-lo!

Aí estava a coisa que não encaixava na perfeição.

–Isso pode não ser tão fácil como parece. – Queixei-me.

–Mas é isso, certo? – Perguntou a Charlie. – Se o… Cain lhe deu a Marca, pode ser que seja capaz de a remover!

Todos consentimos com a cabeça. Parecia ser um bom começo.

–Agora perguntou eu… - Disse uma voz que me era familiar. Voltamo-nos os quatro. Era o Crowley. – Quem deu a marca ao Cain? – Questionou com um sorriso intrigante.

–Como entraste aqui? – Perguntei inquieto.

–A porta estava aberta. – Brincou. – Isso não interessa! – Disse aproximando-se de nós calmamente. – Ninguém quer adivinhar? – Perguntou colocando uma mão atrás da orelha. – Eu dou uma pista. Começa por L e tem um monte de irmãos emplumados com problemas paternais.

–Lúcifer. – Respondi com o coração a bater a mil. – Foi o Lúcifer.


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