Mark of Dean escrita por DeanandhisImpala


Capítulo 10
Capítulo 10 - Eu Gosto da Doença




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[Sam]

Estava mais uma vez no armazém abandonado, agora acompanhado pelos caçadores e pela rapariga que tínhamos encurralado. Encostados a uma mesa estavam o Derek e o Shawn calados, olhando fixamente para a rapariga sentada numa cadeira dentro de uma armadilha do Diabo. O Sebastian estava lá fora a tirar uns sacos do carro.

Aproximei-me da janela parcialmente tapada com cartões, segurando a faca de Kurdos na minha mão. A única iluminação do edifício provinha da luz exterior que entrava pelas janelas. Estava impaciente. Queríamos saber as razões do Crowley estar atrás dela, mas ela nada dizia.

Caminhei até ela, agachando-me.

–Nós só queremos saber porque é tão importante para o Crowley tirar-te do caminho. – Comecei. Ela suspirou.

–Ele pediu-me para sair com ele e eu recusei. – Disse arrogante. – Que posso dizer, ele não gosta de receber um “não” como resposta.

–Quanto mais cedo nos contares o que queremos saber, mais rápido isto acaba para ti. – Respondeu Shawn pousando as mãos na mesa.

–E eu devia contar-vos alguma coisa, porquê? Eu sei como estas coisas correm para pessoas como eu… Prefiro desenrascar-me. – Ripostou tentando ajeitar-se na cadeira. Ouviu-se o portão deslizar. Era o Sebastian.

–Eu explico-te como isto vai ser. – Começou ele enquanto se aproximava de nós. – Tu vais-nos dizer o porquê do Crowley te querer morta, e nós vamos usar-te como isca para o trazer até nós. É simples. Sim, vais morrer, mas ele vai contigo. – Disse sério.

–Como eu disse… Prefiro tentar a minha sorte. – Comentou. O telemóvel que ela tinha com ela começou a tocar. Procurei por ele, segurando-o depois na minha mão. – Devias atender.

Atendi e coloquei-o no meu ouvido.

“Hey, Sammy!” – Disse a voz no outro lado. Era o Dean. – “Devias ter verificado os bolsos dela antes de a arrastares para este armazém. Sabe-se lá para quem ela pode mandar mensagens de socorro.” – Continuou. Olhei à volta, para além do telemóvel conseguia ouvir a voz dele ecoar no armazém. Estava muito escuro para conseguir ver alguma coisa para além da zona iluminada onde nos encontrávamos.

–Farei isso da próxima vez. – Respondi. Reparei que os três caçadores que estavam comigo estavam já com armas na mão. Ouvi risos do outro lado. Agarrei com força na minha faca do Kurdos. – Sabes que isto de falar pelas sombras não assusta nada, certo? Porque não apareces de uma vez e tratamos disto como homens? – Provoquei.

Olhei à volta ouvindo passos, um vulto saiu das sombras, era ele. Os três caçadores colocaram-se em fila atrás de mim, com as armas prontas a disparar. Podia não conseguir ver mas tinha a certeza que os olhos dele estavam pretos. Podia ouvir a respiração pesada do Sebastian, devia estar a ser difícil para ele controlar-se à frente daquele que matou o seu melhor amigo. O Dean também reparou nisso.

–Hey, eu lembro-me de ti. Sebastian, não é? – Perguntou dando um passo em frente. Não nos mexemos. – Tenho que dizer que o teu namorado era um grande homem, aquilo era só sangue! – Atirou com uma voz de riso. Sebastian levantou a shotgun e mirou-lhe à cabeça.

–Seu filho da mãe! – Gritou.

–Já chega de tiros por um dia! Isso não me afeta, por isso para quê gastar forças e tempo comigo? – Perguntou levantando os braços. Aproximou-se da armadilha do Diabo. – Uma ajuda aqui? Sam? – Chamou. Não me mexi. – Dou-te duas opções: ou quebras esta armadilha OU eu mato os teus três mosqueteiros até tu fazeres o que eu peço. Que me dizes?

Olhei para eles, continuavam imóveis. O Sebastian continuava com a arma apontada para a cabeça do Dean. Os outros dois ainda estavam com as armas na mão mas já não sabiam muito bem o que fazer. Voltei a olhar para o meu irmão, agora visível com a luz da lua. Estava diferente, o cabelo e as roupas. Continuava a ser o Dean, mas ao mesmo tempo já não era ele. Respirei fundo, algo não encaixava bem. Se a Lia estava a fugir do Crowley, porque iria avisar o Dean? Voltei a olhar para ele que olhava fixamente para mim, impaciente. Não podia arriscar. Tinha que fazer o que ele mandava, não aguentava mais mortes.

Comecei a caminhar em direção a ele. Ouvi uma reclamação vinda de um dos caçadores, mas com a mão pedi para não oferecem resistência. Parei mesmo ao lado dele que olhou para mim com um sorriso na cara. Senti um aperto na garganta. “Estou orgulhoso de nós” relembrou-me a minha mente. Fechei os olhos, abanando a cabeça, afastando essa memória de mim. Ele colocou uma mão no meu ombro fazendo força. Abri os olhos, olhando novamente para ele. Ele não é o meu irmão, disse para mim mesmo por fim. Baixei-me e com a faca comecei a raspar a tinta do chão. Tentei clarear a garganta tossindo. Ele aproximou-se da rapariga amarrada à cadeira, soltando-a.

–Nós vamos descobrir uma forma de te matar! – Disse o Derek sem sair do sítio. O Dean riu-se enquanto se afastava agarrando a Lia pela cintura.

Levantei-me. Olhei para os três caçadores em linha e senti-me frágil. Toda a minha vida tinha lutado contra monstros e agora parecia que estava a lutar contra uma parede de aço. Ouvia os passos deles enquanto se afastavam de nós. Pelo menos saíamos todos vivos dali, acho que poderia considerar isso uma vitória.

–Ah, que se lixe. – Ouvi o Shawn dizer, enquanto dava uns passos em frente, apontando a arma ao Dean. – Ei, idiota! – Chamou.

Puxou o gatilho. O Dean virou-se, sendo baleado na cabeça. Caiu de joelhos no chão. No armazém ecoou o som do tiro. Os outros caçadores ficaram alerta, e eu de certa forma fiquei receoso. Não iam ser estas balas que o iam travar, iam no máximo irritá-lo. Juntei-me ao grupo. O Dean continuava de joelhos com as mãos apoiadas no chão. A Lia afastou-se, encostando-se a um poste. Ouviu-se um riso gradual no armazém. Ele levantou-se, tinha a cara toda ensanguentada.

–Eu não disse que já bastava de tiros por um dia? – Perguntou gritando nas últimas palavras. Deu largos passos na nossa direção. Os caçadores apontaram-lhe as armas. – Nem se atrevam! – Rugiu fazendo um movimento com a mão, arrancando-lhes as shotguns.

Agarrou o Shawn pelo pescoço, levantando-o no ar e atirando-o contra um armário que caiu para trás juntamente com o caçador mais velho. O Derek tentou atacar o Dean mas foi placado pela Lia que correu até nós mal o Dean chegou ao Shawn. Eu fui em socorro do Shawn mas fui projectado contra uma parede, caindo no chão com uma dor excruciante nas costas. Levantei a cabeça vendo o Derek a ser empalado na barriga com um ferro pela Lia e o Sebastian a pegar num revólver descarregando-o nas costas da rapariga. O Dean estava agachado ao pé do Shawn que pontapeava o ar tentando soltar-se das mãos do demónio. Ouviu-se o som do pescoço dele a partir. O Dean levantou-se depois em direção do Sebastian.

–Ele é meu. – Avisou ele à Lia que já estava de pé pronta para lutar contra o caçador que a tinha baleado. Ela afastou-se.

O Sebastian não tinha a menor chance contra o Dean. Com algum esforço levantei-me do chão, agarrei na faca, atirando-a contra as costas do Dean. Ele ao sentir a faca a cravar-lhe a carne, virou-se para mim, tirando com uma mão a faca das costas atirando-a ao chão. O Sebastian ao ver o Dean distraído comigo, agarrou numa catana mas foi atacado pela Lia
: começaram os dois à luta. O Dean deu passos na minha direção. Eu procurei algo para fazer de arma. Peguei num ferro que estava no chão.

Tentou dar-me um murro mas abaixei-me a tempo. Bati-lhe com o ferro nas costelas. Rodamos. Ele pontapeou-me no estômago, atirando-me para o chão. Levantei-me. Ele caminhou até mim batendo-me na cara. Desequilibrei-me dando passos para trás. A uns metros atrás de mim estava o Sebastian a tentar esfaquear a Lia. Abanei a cabeça tentando focar-me. Ajeitei o ferro na minha mão. Quando o Dean se aproximou de mim, acertei-lhe no pescoço e pontapeei-o, ele mal andou para trás. Aproximou-se novamente de mim, e quando o ia acertar de novo com o ferro ele agarrou-o com a mão, tirando-o da minha. Com um braço prendeu a minha cabeça debaixo do sovaco dele, encaminhando-se para uma mesa. Estava a perder o ar. Com um braço agarrei-lhe a cabeça da mesma forma que ele tinha a minha, puxando-o também a ele para baixo. Com a outra mão, tentei agarrar um martelo que estava perdido ao pé da mesa. Comecei a bater-lhe com ele na cara. Ele soltou-me. Arquejei tentando recuperar o folgo. Olhei para a cara dele, estava completamente ensanguentada. Ele cuspiu, vendo-se um dente cair no chão, juntamente com algum sangue. Ele riu-se respirando fundo. O Sebastian ainda estava a lutar com a Lia; ele realmente era um bom caçador e estava dar luta à rapariga, que já tinha um grande corte na barriga. Dei uns passos para trás, tentando ganhar mais um segundos para respirar. Estávamos numa zona quase sem iluminação nenhuma pelo que não me sentia seguro, por isso comecei a caminhar para onde estávamos no início. Virei a cadeira ao contrário, partindo-lhe uma das pernas para fazer de arma. Sentia o sangue a escorrer-me pelo nariz e pela boca e um dor aguda no peito e nas costas. Mantive-me em pé, não mostrando fraqueza. O Dean aproximou-se de mim calmamente, ele sabia que eu já mal me aguentava. Soqueou-me duas vezes e eu caí de joelhos no chão. Ia-me agarrar pelo colarinho mas eu esquivei-me das mãos deles, pregando-lhe depois uma rasteira. Ele caiu ao chão. Levantei-me. Ainda tinha o toco de madeira na minha mão, mas isso não me ia fazer favor nenhum. Não valia a pena quantas vezes eu o esfaqueasse, empalasse, baleasse, nada o ia travar. Olhei para o chão, estávamos dentro da armadilha do Diabo, se eu conseguisse chegar ao spray antes do Dean se levantar era capaz de o conseguir prender lá dentro. Corri em direção ao saco onde ele estava e vi que a Lia estava empalada nuns ferros que estavam no chão e o Sebastian sangrava da barriga mas ainda estava em pé. Olhei para o chão e vi a faca de Kurdos, agarrei-a, atirando-a de seguida ao Sebastian para ela a usar nela. Ela ao ver o Sebastian aproximar-se de si, empurrou-o com os pés para trás, projectando-o depois com a mão contra uma parede. Remexi no saco tirando o spray, tinha o meu batimento cardíaco acelerado e a respiração descontrolada. Voltei-me para a armadilha mas o Dean já estava à minha frente de pé. Levantei o braço para o pintar tentando afastá-lo de mim, mas ele agarrou-me no braço fazendo força. Senti uma dor que aumentava gradualmente e vi-me obrigado a soltar o spray. Soltei um queixume.

–Estou orgulhoso de ti, irmãozinho. – Disse colocando a outra mão na minha clavícula, apertando-a de seguida. Gritei com dor, perdendo a força nas pernas caindo no chão. Ele acompanhou o meu movimento. – Finalmente alguém que dá luta.

Largou-me a clavícula, continuando a fazer força no meu antebraço; começou a rodá-lo. Sentia o meu osso a partir, não ofereci resistência. Já não tinha forças para lutar contra ele. Ouviu-se um som e eu gritei com dor, deixei de sentir a minha mão, apenas um peso morto no braço que me fazia sentir mais dor. Olhei para o Dean, tentando conter as lágrimas. Ele estava com os olhos fechados. Olhei para o Sebastian que estava inconsciente contra a parede. A Lia estava deitada no chão, tentando soltar-se dos ferros. Voltei a olhar para o Dean que olhava agora também para mim. Senti uma lágrima a escorrer-me pela cara, ele não reagiu.

–Dean… - Disse tentando falar. Ele apertou-me o braço com mais força. Sustive a respiração. – Raios, Dean! Por favor… - Pedi arquejando com dor. Ele semicerrou os olhos, mantendo a pressão no braço. – És melhor que isto. Luta! – Afirmei tentando controlar a respiração. Ele socou-me. Cuspi sangue. – Eu sei que estás aí… algures. – Fechei os olhos com a dor. Ele ficou imóvel durante uns segundos, depois começou-se a rir, largando-me o braço. Coloquei-o contra o peito, tentando controlar a respiração. Olhei para o Sebastian que continuava contra uma parede e vi a Lia com um ferro na mão raspando-o contra o chão, caminhando lentamente até ele. Bateu-lhe na cabeça, ele continuava inconsciente. Ela sorriu, encolhendo os ombros. Agarrou o ferro com as duas mãos, pronta para o empalar no peito.

–Lia. – Chamou o Dean. Ela olhou para ele. – Vamos. – Ela ficou aborrecida. Apontou para o Sebastian. – Deixa-o. – Respondeu apontando para a saída. – Deixa-o ter o bromance dele com o Sam. – Disse rindo-se.

Levantei-me com o braço partido ao peito. Eles os dois abandonaram o armazém fechando a porta ao saírem. O corpo inconsciente do Sebastian estava agora no chão. Queixei-me, suspirando fundo e aproximando-me do Sebastian. Chamei por ele. Ele acordou. Ele ao ver o meu estado arregalou os olhos, tossindo depois sangue. Passou a mão pela t-shirt sentindo o sangue a escorrer, fez pressão contra a ferida. Tentou levantar-se, caminhando depois até aos corpos dos dois caçadores que tinham ali padecido. Ele disse algo inaudível e depois foi até ao saco tirar um garrafão de querosene. Começou a encharcar os cadáveres. Tirou um isqueiro do bolso, acendendo-o.

– Anda, temos trabalho a fazer. – Disse secamente, atirando de seguida o isqueiro para o chão.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por me acompanharem até aqui :) se leram e se gostaram (mesmo que tenha sido só um bocadinho pequenino) deixem um comentário com a vossa opinião. Estou sempre disposta a ouvir o que acham e sou recetiva a novas ideias. O vosso apoio é muito importante ^-^
Mais uma vez, muito mas mesmo muito obrigada!!! :D

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