[Interativa] I've got a secret to tell escrita por Zimniy Grust Labhaoise


Capítulo 2
Primeiro Ato: Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Notas divididas em números porque caso contrário eu esquecerei tudo que tenho a dizer:

1. Vocês sabem a diferença entre as frases "todo mundo" e "todo O mundo", certo?? Fiquem com isso na cabeça, gafanhotos -qq
2. Pode ser meio estranho para alguns de vocês, mas as minhas histórias são sempre narradas no presente. "Ele faz/ele diz" no lugar de "ele fez/ele disse", etc, etc.
3. Eu adoro polissíndetos. E antíteses. E sinestesias. E figuras de linguagem no geral. Esperem incoerências, ou metáforas confusas (lembrando que qualquer coisa que precise ser interpretada, também podem perguntar para minha pessoa).
4. A história será dividida em "Atos" que são os arcos planejados. Eu ainda não faço ideia de quantos capítulos, mais ou menos, terá cada Ato.
5. O capítulo tem 802 palavras, mas o site insiste em contar errado (eu até tive o trabalho de reescrever ele inteirinho aqui, mas não adianta '-'), e em ficar cortando minhas notas iniciais. Paciência -.-"
6. Muito obrigada pelos comentários e pelos personagens!
7. Espero que tenham uma boa leitura :3



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[Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência!

Os assassinados costumam assombrar a vida de seus assassinos

e eu tenho certeza de que os espíritos andam pela terra.

— O Morro dos Ventos Uivantes, Emily Brontë]

[Irlanda — 1995]

Natasha observa as sombras como uma leoa faminta observa sua presa. Seus olhos — castanhos, quase negros — são selvagens e astutos — e frios e céticos como os olhos de uma criança jamais deveriam ser.

— Você não precisa se esconder de mim. — ela diz baixinho, séria, um sussurro que paira no silêncio por um instante antes de se desvanecer em ecos. — Você sabe que eu não vou contar. Papai e mamãe nunca vão tentar tirar você daí.

Não há resposta, e não é que ela já não esperasse uma, mas a decepção continua sendo a mesma. Com um suspiro, a jovem puxa a coberta até a altura do queixo e espera — no rosto, uma expressão resignada, como se dissesse "É assim que vai ser? Pois bem".

No armário, sem jamais serem vistos e sem jamais serem esquecidos, pequenos olhos azuis a encaram de volta.

xxx

[Estados Unidos da América — dias atuais]

Jullien senta nos degraus da escada como se o mundo pesasse em seus ombros. Um lado de seu rosto certamente já começa a inchar e seu peito dói e seus braços e suas pernas doem; tudo dói. Ele suspira pesado e passa as costas das mãos sobre os lábios, limpando vestígios de sangue — e esfrega os dedos nos jeans escuros enquanto cerra os olhos, fingindo não perceber os olhares dos outros moradores do prédio sobre si.

"Você poderia deixar tudo isso para trás, deixar todos eles para trás — você poderia ir embora", ele diz a si mesmo, e é uma das poucas coisas sobre as quais o rapaz tem certeza. Mas Jullien já fez isso antes, e sabe como termina a história — ele vai se esgueirar por grades e espinhos e lutar com unhas e dentes pela liberdade sonhada, somente para chegar ao fim da trilha e descobrir que não há caminhos a serem seguidos. Como um pássaro que se prepara para levantar voo — a diferença é que as asas de Jullien há muito foram arrancadas e tudo o que lhe resta é correr.

"Eu não estou fugindo", ele costumava dizer a si mesmo — e essa era apenas mais uma das pequenas e infinitas mentiras que ele contava a si mesmo para fingir que tudo estava bem.

Jullien fecha os olhos. Não importa o quanto a lebre corra, dia mais, dia menos, o lobo vai conseguir alcançá-la — saber que ele não é o predador da história não lhe oferece qualquer tipo de conforto.

xxx

Kione o vê todos os dias na faculdade. Eles não fazem o mesmo curso — salas diferentes, ela supõe —, e, ainda assim, ela sempre acaba se encontrando com ele nos corredores, ou sentando-se à uma mesa próxima à dele no refeitório. Não é intencional, não é consciente. E não é como se ela parasse para pensar sobre ele. Não é como se ela pudesse parar pra pensar nele, presa à um severo cronograma que restringe seus horários vagos à feriados perdidos em verões mais frios do que deveriam, tardes gastas num restaurante meia-boca e noites insones de estudos e trabalhos escolares.

Ainda assim, Kione o reconhece. Sempre que seus olhos recaem sobre a figura de um rapaz magro e pálido com dedos de pianista, dentro de seu peito uma faísca se acende — ela o conhece, ela o conhece, ela o conhece.

Mas ela não o conhece. Nos breves instantes fadados ao rápido esquecimento que vem toda vez que desvia o olhar, ela tem certeza disso. E ele — tão magro e tão pálido e tão invisível aos olhos dos outros estudantes — nunca parece notá-la de volta.

Kione nunca pergunta o nome dele — e ela nunca pode pensar nele até encontrá-lo novamente.

xxx

Kione Linchester tem cheiro de morte. Essa pode não ser a primeira coisa que Frank repara nela — porque a primeira coisa que ele vê são seus olhos, verdes e escuros e cheios de mistérios, como florestas ao anoitecer —, mas parece ser a única coisa que realmente importa: Kione Linchester tem cheiro de morte. Refugiado nos intermináveis e inabaláveis corredores de sonhos, Frank dedica minutos ou horas ou dias escrevendo sobre ela — porque Frank escreve como se sua vida dependesse disso e talvez, só talvez, realmente dependa.

{"Ela chora e chora e chora até que suas lágrimas estejam misturadas

ao sangue, e grita e grita e grita até que sua voz seja engolida

pelo som dos trovões.

E o céu, inteiramente negro, lamenta com ela

— porque Kione Linchester tem cheio de morte

e isso significa que todo o mundo sofre com ela."}


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Notas finais do capítulo

Aceito abraços, caixinhas de bombom, puxões de orelha e potinhos de geleia -qq (e revistas de super-heróis, pois revistas de super-heróis o amor da vida)
Até a próxima, folks :3



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