As Crônicas da Nova Era escrita por T R Moreschi


Capítulo 3
Os Ceifadores Sombrios




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Tom e Larry moravam na região sul de Córvus, uma das regiões mais pobres, onde não tinha muita tecnologia, as casas eram feitas de um madeira, em meio a um ambiente desgastado. Tom tinha 11 anos, e Larry tinha 7, eles eram irmãos, integrantes da família Thompson. Na casa deles não havia muita diversão, o modelo de televisão era antigo, nada moderno quanto os outros. Por isso, sem ter muito o que fazer, eles gostavam muito de ir até a estrada mais próxima, a estrada da rota 87 e observar os auto-pers (os automoveis mais modernos que tinham um formato redondo, e que rodavam como uma bola pelas ruas, e possuíam uma cabine por dentro) e as automacetas (cabines longas com formato retangular, que graças a um motor, sobrevoavam as ruas á uns cinquenta centimentros do chão). Mas a maior diversão deles era ir a floresta sombria e caçar um animal chamado "bestia", eles iam com sua melhor amiga: Joannie, a filha única do governador de Córvus, e apesar de ela ser muito rica, ela preferia, igual a eles caçar com arco e flecha tradicional do que com o lançador de flechas (uma máquina moderna).
Já era quase duas da tarde, Larry lembrou:
– Já tá na hora, nós temos que ir, Joannie deve estar esperando.
– Espere - disse Tom - Vou avisar a mamãe primeiro.
Larry foi ao seu quarto e pegou uma cesta, a isca e seu arco e flecha e de seu irmão. Enquanto Tom foi ao encontro de sua mãe.
– Vamos caçar bestias na floresta sombria, mãe - ele avisou - Joannie já deve estar esperando.
– De novo, já é a segunda vez essa semana - ela respondeu com indignação - Charlie não vai gostar nada, nada de saber que vocês estão tão íntimos da filha do governador, e além disso você sabe o que dizem sobre aquela floresta não sabe.
– A floresta não deve ser tão perigosa durante o dia, e o papai devia era gostar de andarmos com ela, ele não trabalha na sede do governo ?
– É claro. Por isso ele não gosta, ele vive dizendo que o governador não é uma boa pessoa: frio, egoísta só pensa em si mesmo, não gosta de ajudar os pobres, quem garante que Joannie não seja assim também.
– Ela não é, mãe. Eu garanto.
– Como você pode saber ? - ela perguntou retoricamente - Porque não ficam aqui em casa dormindo, assim como sua irmã, Angelline ?
– Francamente, mãe, ela só tem 4 anos, é claro que deve ficar dormindo.
Larry apareceu no corredor:
– Vamos, já estou pronto ! - disse ele.
Tom olhou pra sua mãe com ar de dúvida.
– Vão então - respondeu ela - Mas, se Charlie descobrir, não é problema meu.
– Não vamos demorar eu prometo - garantiu Larry.
Quase meia hora andando, os irmãos Thompson, acabaram encontrando Joannie como de costume, a frente de um muro velho.
Vamos ! - afirmou Tom - Desculpa pelo atraso é que a mamãe não queria nos deixar vim.
– Nem me fale, a sra. Abélie só me deixou vir depois que comesse todo o almoço, até mesmo aquelas folhas - respondeu Joannie - Ela também não queria que eu viesse por causa de um sonho que eu tive.
– Um sonho ?
– É, um sonho, mas melhor não comentarmos sobre isso.
– Vamos, logo !
Eles andaram durante algum tempo e depois de alguns minutos acabaram entrando em uma grande floresta.
– Chegamos ! - avisou Joannie.
– Isso mesmo, agora vamos por aqui - falou Tom bem feliz - Essas bestias gostam de lugares com pouca grama.
Depois de um pequeno período em silêncio, Tom concluiu:
– Pelo que vejo hoje a caça vai ser boa.
– Porque ? - perguntou Larry curioso.
– Ora, não dizem que elas gostam de tempos escuros, olha como o céu está hoje.
– Pois é, parece que vai chover - Joannie comentou.
– Devemos então voltar antes dessa chuva - advertiu Larry.
– Mas agora vamos parar de falar - afirmou Tom - E nos concentrar nas bestias.
– Trouxeram a isca ? - perguntou Joannie.
Larry então respondeu:
– Pão vermelho ? Está aqui.
Então, de dentro de uma pequena valise, ele tirou algo que tinha a textura de um algodão, o formato de um cubo arredondado, um cheiro semelhante ao de coisa queimada e que apesar do nome tinha uma cor alaranjada clara. Era o tal "pão vermelho".
Joannie então pegou-o, colocou numa peneira em forma de sacola, apertou, e assim que o tal pão virou farelos, ela começou a jogar por todos os lados onde eles estavam, principalmente onde haviam arvores sem vida e cheias de buracos. E em poucos segundos começou a se ouvir passos, Joannie gritou:
– ALLIIII !!!!!
E na região que ela apontou três ou quatro seres pareciam correr apressadamente, eles emitiam um som como se tivessem resmungando, uns tinham os pelos cinza, outros amarelo-queimado, eram criaturas grandes demais para serem ratos e pequenas demais para serem raposas e tinham uns dentes pontudos. Os meninos pegaram seus arco e flechas cada um, e apontaram na direção das bestias.
– Acertei !!! - Larry gritou.
– Acertei esse aqui !!! - gritou Joannie - Ali ! Vai Tom, Acertaa !!!
– Consegui !!! - Tom exclamou.
E em pouco tempo, a cesta vazia que eles trouxeram estava cheia de bestias mortas.
– Já, devemos ir - falou Tom - Mamãe vai brigar se não formos logo.
– Tá o que faremos com elas dessa vez ? - perguntou Joannie.
– Com as bestias ? Jogamos, claro - respondeu Tom convicto.
– De novo ? - disse Larry - Porque caçamos elas então.
– Ah, Larry, o que vale é a diversão - respondeu Tom - E afinal de contas o que faríamos com elas, não poderíamos criá-las estando mortas e ninguém come bestias, pelo menos não com um cheiro ruim desses.
– Ele está certo, Larry - concordou Joannie.
Descendo um barranco na floresta os meninos acabaram jogando as bestias. E cada vez mais, a floresta parecia escura, mesmo sendo quatro horas da tarde, isso assustava muito Tom e Larry, mas principalmente Joannie, pois, lembrava do sonho que tivera, ela dizia de quando em quando, tentando acalmar a eles e a si mesma:
– É só uma chuva que está vindo, só isso, por isso está tão escuro.
Eles andavam, andavam, andavam e a floresta parecia não ter fim, assim como a escuridão. E de repente Larry pensou ter avistado alguma coisa, Tom tentava acalmá-lo:
– Não é nada. Estamos quase chegando em casa.
Mas Joannie começou a sentir uma tristeza semelhante a do seu sonho, ela caiu no chão sem se aguentar, os meninos caíram em seguida, e ambos viram a mesma coisa: um vulto encapuzado. Haviam quatro deles, eles tinham uma capa preta, um cajado pontudo que lembrava uma lança e flutuavam no ar. Não se via seu rosto, apenas duas esferas brilhantes e azuis que lembravam olhos, e pareciam flutuar naquilo que seria uma face. A voz sombria deles dizia:
– Entregue-se !
– Entregue-a !
– Não pode esconder por muito tempo !
Os meninos se encontravam paralisados e quase incoscientes, não podiam se defender, nem fazer absolutamente nada. Quanto mais eles ficavam fracos, mais os vultos se aproximavam deles, era como se eles quisessem dar um beijo nos meninos. Mas de repente ouviu se um grito.
– Saiam ! Afastem-se !
E uma luz muito forte invadiu a escuridão. Os tais vultos saíram voando o mais rápido possível como se estivessem salvando suas vidas.
Um homem então começou a se aproximar, ele era jovem, alto, pele branca, olhos azuis, tinha cabelos negros e aparentava ter 25 anos. Trazia na mão, algo que parecia uma lanterna. Um objeto de metal chamado "Teleluce", a ponta dele emitia uma luz branca, agora não mais muito forte e era muito usado naquela região.
– Vocês estão bem ? - o homem perguntou.
Joannie mesmo estando fraca, notou na hora que o tal homem tinha um sotaque diferente, que ela nunca tinha ouvido. Mas se apressou a responder
– Sim. Quem é você ?
– Ah, é claro, que falta de educação a minha. Sou Christopher. Christopher Koechner, mas pode me chamar de Chris. - respondeu o homem aparentando estar assustado mas ao mesmo tempo calmo - Sou um transeunte, estou visitando por aqui, na verdade sou de uma cidade vizinha, chamada: Columbae, mas isso não importa. E vocês, quem são ?
– Então, sou Joannie Barnnyns e esses são Tom e Larry Thompson - respondeu Joannie.
– Barnnyns ? AH, MEU DEUSSS !!!! Você é filha do governador, o que estou fazendo ? Devo levar vossa alteza pra casa.
– Não precisa me chamar assim - respondeu Joannie - E agradeceria se levasse a mim e meus amigos pra casa.
– Ah é claro, mas como poderia lhe chama-la ?
– De Jô, só Jô.
– Está bem, me siga Jô, e vocês também meninos.
Andaram um pouquinho até que Chris disse:
– Entrem.
Se referindo a seu auto-per estacionado na beira da floresta, que tinha um modelo mais antigo e já estava velho. Tom e Larry se sentiram felizes sabendo que iam entrar em um auto-per, mesmo antigo.
Eles entraram, sentaram, e depois de um tempinho de viagem, Tom quebrando o silêncio, perguntou:
– Então Chris, sabe o que eram aquelas coisas.
– São chamados de Ceifadores Sombrios, eles andam soltos por algumas florestas - respondeu Chris - Mas está tudo bem, o maior medo deles é a luz, assim consegui salvar vocês.
– Ceifadores Sombrios ? E o que eles queriam conosco - perguntou Joannie.
– Ora, o que querem com todas as pessoas. Suas almas - respondeu Chris.
– Mas porque eles querem almas ? - perguntou Tom - E como pegam elas ?
– Bom, eles precisam de almas, se alimentam disso, e pra pegar elas, eles precisam dar um beijo na pessoa, por isso se aproximam tanto.
– E o que acontece com quem perde a sua alma pra eles ? - perguntou Joannie novamente.
– Dizem que é como se a pessoa morresse, só o corpo resta, a pessoa fica sem consciencia alguma. Mas não se preocupem, pelo que parece já inventaram um repelente contra ceifadores.
– Nossa, isso é assustador ! - comentou Joannie.
– Pior ainda é o ser a quem eles pertencem - Chris completou num tom misterioso.
O auto-per de Chris continuou a seguir pela floresta. Já era noite, e lá fora já começara a chover.


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