“Então,” Rose suspirou, parecendo um pouco nervosa. “De quem mesmo foi essa ideia brilhante?”

Albus e Scorpius se entreolharam, cúmplices.

“Minha,” eles disseram, rindo do revirar de olhos da garota.

Há duas semanas, em um instante que viera como um ímpeto, enquanto os dois estavam tomando algumas bebidas para comemorar - mais uma vez - a formatura e a consequente aceitação na Olivaras e no Gringotes, a ideia de passarem a dividir um apartamento na Londres trouxa e sair da casa dos papais havia surgido. Naquela mesma noite, trôpegos, Albus e Scorpius apareceram repentinamente na casa de Rose, quase matando Ron do coração ao ver a mini-doninha toda alvoroçada procurando minha filha no meio da madrugada.

Enfim, pediram alguns jornais trouxas - que eles sabiam que Hermione assinava - e praticamente obrigaram Rose a se manter acordada e ajudá-los a procurar um apartamento não muito caro, mas totalmente habitável e, de preferência, próximo ao Caldeirão Furado.

O que, atualmente, levara ao acontecimento atual: a mudança.

E é claro que Rose fora arrastada para ajudá-los nisso também.

“Não acredito que seus pais deixaram você fazer isso, Scorpius,” ela disse enquanto entrava no apartamento com duas caixas nos braços.

Scorpius deu de ombros.

“Eles não deixaram,” Rose depositou as caixas com um alto baque na mesa da cozinha e arregalou seus olhos azuis para ele. “Cuidado, isso é frágil! Em todo caso, eles não deixaram, mas eu sou maior de idade. Minha mãe ficou desolada e meu pai só faltou me deserdar, mas, é, aqui estou eu.”

“E aqui ficará, porque, cara, não vou aguentar pagar esse aluguel sozinho. Se tiver que voltar para casa depois do sermão que ouvi da senhora minha mãe, eu nos mato.” Disse Albus, passando um braço pelos ombros de Scorpius.

“Nos mato?” Perguntou Rose, arqueando uma sobrancelha para o primo. “Nos quem, exatamente?”

“Nós três, é claro!” Exclamou ele, levantando as mãos. Scorpius teve que se desviar para não levar um tapa. “Ops, foi mal, cara! Enfim, você também tem sua parcela de culpa, Rosie. O jornal era seu, afinal. Sem contar que eu preciso descontar depois daquela vez que você me fez carregar seus bichinhos de pelúcia e DVD’s da Disney por vários minutos a fio. E, céus, como aquelas caixas pesavam! Minhas costas doem até hoje!”

Rose bufou, mas Scorpius podia ver claramente duas manchas cor-de-rosa em suas bochechas.

“Como você é rancoroso, Albus.”

“Mas não foi você que disse que tinha de ser injusta com ele, Rose?” Perguntou Scorpius, com intenções um pouco menos que inocentes. Só faltava piscar os olhos, ele riu internamente.

“Scorpius!”

“O quê?!” Exclamou Albus, aproximando-se de forma ameaçadora da prima. “Quando exatamente ela disse isso, Scorpius?!”

“Uhm… Quarto ano, talvez? Ah, sim! Ela também me emprestou o relatório de Poções… Você sabe, aquele pelo qual você acabou quase reprovando…”

“Rosie,” Albus sibilou entre os dentes. “Corre.”

A garota olhou para Scorpius, seu semblante demonstrando o quanto aquela traição lhe feria. O louro deu risada e balançou os ombros, sentando-se em uma cadeira, pronto para assistir o espetáculo.

“Por quê, Scorpius?” Murmurou ela, já começando a dar pequenos passos para trás enquanto Albus avançava em sua direção.

“Eu tenho meus motivos…”

Albus gritou. Rose saiu correndo. Scorpius até tentou esconder o sorriso, mas as risadas que saltaram de sua boca pelos minutos seguintes ecoaram durante um bom tempo pelos corredores do pequeno apartamento.