Havia se passado dois meses depois que Sara Farell havia voltado da fazenda de sua avó, e sem Charlie. As férias terminaram e suas aulas voltaram normalmente assim como sua vida agora seguia. Ela achava um tanto estranho tudo estar tão normal mesmo depois de tudo que havia presenciado, não é sempre que se é perseguida por um monstro como aquele Youkai em fúria. As memórias sobre o Youkai-Lobo que tentara matar Charlie Bartolli, seu primo e atual namorado, nas suas férias passadas, não saiam de sua cabeça.

– Acorda, Sara...

– Agora não – Sara virou-se na cama colocando o travesseiro sobre a cabeça. Eram sete horas da manhã e ela teria que se levantar para ir para a escola.

– Não vai querer levantar mesmo?

– Eu disse que agora não Charlie!... – Passou-se um minuto e ela rapidamente tirou o travesseiro da cabeça virando-se–... Charlie?

Ela esfregou os olhos até que sua visão tornou-se nítida. Sentado na beira de sua cama, olhando pra ela com aqueles olhos azuis claros, a luz que vinha da janela iluminando os seus cabelos loiros, estava ele.

– Um anjo?

Charlie deu uma risada e ao mesmo tempo em que se levantou puxou o cobertor de cima dela

– Sou eu sua boba! E isso não é um sonho, pra deixar bem... – Antes que pudesse perceber, Sara levantou-se da cama em um pulo e abraçou Charlie como se tivesse passado uma eternidade longe dele. – Claro.

– Eu te amo. – Ela falou alto o suficiente para que ele escutasse.

Charlie retribuiu o abraço enterrando o nariz nos seus cabelos ruivos para que pudesse sentir o cheiro agradável de erva doce do Shampoo que ela usava.

– Eu também te amo, minha ruivinha.

– Ruivinha– Ela sorriu– Você me chamava assim quando queria me irritar.

– E eu te irritei?

– Não... Dessa vez não.

– Ah... Que pena!

Ela deu uma risada e em seguida mordeu o nariz dele com cuidado.

– Au!

– Para com isso que nem doeu!

– Escuta aqui– Ele a empurrou pra trás até que a colocou contra a parede– É melhor você não se meter comigo, Senhorita Farell.

– Tarde demais... – Ela deu um sorriso malicioso e colocou seus braços em volta do pescoço dele. Quando ele ia beija-la, ela o interrompeu colocando dois dedos sobre os lábios dele – Espera... O que você esta fazendo aqui?

– Bom, adivinha só! Seu pai fez com que eu viesse pra cá. Parece que você não contou á ele sobre a gente, então ele ainda pensa que estamos brigados. Por isso, ele pediu para que o tio William me trouxesse para cá, para morar aqui por um tempo, até que você se acostume comigo e nós possamos nos resolver em relação a nossa “rivalidade”.

– Espera... Você vai ficar morando aqui? Conosco?

– Parece que sim, mas... Você não gostou da ideia?

– O que?! Charlie, você esta brincando comigo? – Ela colocou as duas mãos sobre o rosto dele e selou seus lábios demoradamente– Eu não acredito nisso! Essa... É a melhor noticia que já recebi!

– Ei, vai com calma ruiva, lembre-se que seu pai pensa que ainda estamos brigados... Vamos ter que fingir isso por algum tempo...

– Não tem problemas, nós fazemos isso muito bem– Ela sorriu de forma sombria.

– Sim... Só quero ver você resistir os meus abraços...

– Quero ver você resistir os meus beijos...

– Não me diz uma coisa dessas...

– Digo sim! Alias... Tenho que fazer com que você durma no meu quarto.

– Não acho que seu pai vai gostar dessa ideia...

– Qual é ele faz a maior questão de que fiquemos bem! Ele fez com que você deixasse a fazenda... – Sara empurrou Charlie pra trás rapidamente o afastando dela ao ver que a porta estava se abrindo– SÓ PRA VIR ATÉ AQUI ME INFERNIZAR???

– SOU EU QUE VOU TER QUE AGUENTAR VOCÊ!

– Ei, ei, Calma ai vocês dois! – Steve, o pai de Sara, entrou no quarto e parou de frente para os dois. – Sara, Charlie veio até aqui a pedido meu, e ele vai morar conosco por um tempo. Eu poderia ter te contado isso antes, mas eu preferi fazer uma surpresa– Ele piscou com um olho e deu as costas se dirigindo para a porta– Encontro vocês lá embaixo, e a propósito... É melhor você se vestir para ir pra escola, Sara!

– Pai! – Sara parecia chateada.

– Pai! – Charlie a imitou com um tom implicante.

Steve achou graça e os dois dentro do quarto puderam ouvir a risada dele até quando a porta se fechou.

– Mandei bem? – Perguntou Charlie.

– Mandou bem sim – Ela apertou as bochechas dele– Mas poderia ter se saído melhor.

– Sua boba– Ele sorriu e tentou beija-la outra vez, só que Sara desviou.

– É melhor você descer, meu pai esta esperando.

– Sim, eu sei... Vejo você lá embaixo.