Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 2
Dakota Morgent


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513575/chapter/2

Dakota Morgent

Fixou os olhos no horizonte, sentindo a leve brisa balançar seus cabelos. O louro era uma cor muito comum entre as pessoas do Distrito 1, mas os olhos verdes eram uma raridade. Passou a perna por cima do muro, sentando-se e observando o pôr do sol. Algumas estrelas já surgiam no céu, revelando uma linda noite de verão. Mas nada que enganasse, dali duas horas o frio teria tomado as casas, obrigando os moradores a fechar as persianas.

Véspera de Colheita, querendo ou não era sempre frio. Mas isso não a incomodada agora. Tinha Sophie ao seu lado, sua meia-irmã de lindos cabelos louros lisos e olhos azuis como o céu daquela tarde, escuros. Sorriu. Sophie era o único motivo para ainda não ter se voluntariado. Ouviu ao longe o último canto dos pássaros. A muralha logo seria fechada com suas correntes de eletricidade. Um muro de pedra não tão alto, mas suficientemente inclinado para que qualquer um conseguisse subir, e como muitos do Distrito 1 treinavam (e isso não excluía Dakota) eles podiam sair livremente, levando em consideração que para chegar ao muro era preciso nadar por um rio cheio de pedras e ouro, materiais preciosos pontiagudos que já tinham arrancado os pés de muitos coletores de minérios. Por sorte Dakota era uma boa nadadora e ensinara a Sophia como da braçadas. Após o muro ter sido escalado, era preciso ainda mais coragem para continuar a fuga: do outro lado havia um precipício, selando o Distrito em uma montanha. Ninguém poderia imaginar isso, pois ninguém era suficientemente corajoso para chegar á muralha, nem mesmo era possível ver o que havia do outro lado dos muros quando andava-se de trem. Aquela era uma visão que não tinha nos livros da escola. Talvez para que ninguém tentasse fugir, temendo sempre o desconhecido.

Dakota desceu, ajudando Sophia logo em seguida. Como tinham feito tantas vezes, abaixaram-se e pularam na água de forma calma, tentando não afundar. As pernas eram mantidas encolhidas e próximas ao corpo para que não tocassem nas pedras do fundo dos rios. As duas nadaram até as margens do outro lado do rio, onde os coletores já tinham se recolhido e fundido todo o material encontrado. Rubis, ouro, platina... O Distrito 1 era um solo fértil, principalmente quando o assunto eram sementes geneticamente modificadas pela Capital. Eram plantadas flores de ouro, esmeralda e platina pelos campos do norte, e no Sul havia o rio, cheio de preciosidades. Metais raros para o resto do mundo, mas que no Distrito 1 haviam em abundância.

– Estou toda molhada. – reclamou Sophia, enquanto caminhavam em direção a Praça Central do Distrito.

– Não queria estar secar depois de nadar, certo? – brincou Dakota, bagunçando os cabelos grudentos da menor.

Sophia era um tanto ingênua, mas nem um pouco burra, isso era fato. No Mercado as pessoas recolhiam suas lojas e os clientes se íam, quanto mais escurecia, mais perigo havia. Os Pacificadores pareciam muito “pacíficos” de dia, mas a noite... Tornavam-se o terror. Muitos adolescentes apaixonados apanhados fugindo de casa para se encontrarem foram mortos em praça pública no decorrer dos anos, o que mostrou às novas gerações que nada podiam fazer além de esperar até o Sol voltar. A Hora da Sombra, como ficou conhecido esse meio tempo entre o pôr do Sol e o nascer do Sol, era um tempo particularmente da família, quando se reuniam em baixo da lareira e tentavam ascender o fogo, que quase nunca acontecia. O Distrito 1 nunca foi muito fã de fumaça. Mas o frio era intenso nas vésperas de Colheita, obrigando-os a abrir mão de seus campos brilhantes e preciosos para as lareiras quentes e sujas.

Neste tempo o trabalho de papai aumentava. Um limpado de chaminés só obtinha lucros em vésperas de Colheita, por isso eram muito raros no Distrito1. E o dinheiro que papai ganhava dava para pelo menos um ano até a próxima Colheita. Nunca tiveram fartura, mas também nunca faltou comida na mesa. Sua mãe morrera no parto, e isso foi um dos motivos para deixa-la desconsolada por anos, até que Sophie nasceu. Sua madrasta nunca teve muito afeto, mas também não teria após papai mostrar seu favoritismo por ela.

Lá, naquela casa, nunca houve muita alegria. Na verdade sua vida era um mar de tristeza. Mas isso não a incomodava. De certa forma, ela arranjava conforto nessa tristeza.

– Chegou tarde – a mulher repreendeu, remexendo o ovo no fogão.

– O Sol estava muito bonito hoje – desculpou-se Dakota.

– Vai acabar levando você e sua irmã para a morte deste jeito...

Sophia pegou uma maçã da fruteira no centro da mesa e se inclinou para beijar a bochecha da mãe, que aceitou de mal gosto. Senhora Morgent nunca fora uma mulher de muitos sentimentos, dura e fria como o inverno, grossa e inflexível como um carvalho. Uma beleza para aqueles dias de véspera de Colheita. O peito de uma mãe pode, muitas vezes, ser um poço de escuridão.

Quando já tinha tirado as roupas molhadas, voltou ao banheiro para tomar um banho quente, tirar qualquer vestígios das águas fétidas do Distrito 1. Um rio envenenado pela indústria, infelizmente. Após terminado o banho, tomou Sophie pela mão e a levou para a banheira, lavando-a com força, eliminando qualquer resíduo tóxico de sua pele. Era perigoso, mas quem se importava com isso quando a higiene era no nível dos porcos? Panem já não era uma nação, mas sim o celeiro de uma prisão.

– Ai, isso dói. – reclamou Sophie, enquanto esfregava suas costas.

– Desculpe, mas eu preciso limpar tudo.

– Está bem... – a menina assentiu.

Dakota sentia pena por ela. Papai não lhe dava muita atenção e na maior parte do tempo era uma garota solitária. Vivia sentada pelos cantos, com o nariz nos livros. Dakota nunca entendeu o que Sophie via naquelas páginas proibidas. Uma caixa de seus avós mantinha guardado livros de anos há muito passados e quando as descobriu, Sophie praticamente se isolou no quarto. Os livros eram proibidos em toda Panem, mas algumas família mantinham essas relíquias guardadas entre os anos de ditadura. Não via nada que livros pudessem fazer para ameaçar a estabilidade de Panem, mas o governo era rigoroso. O horário para dormir tornou-se as nove da noite, o horário para acordar era às seis. A Academia era mantida na Vila dos Vitoriosos, onde era possível manter certa liberdade entre essas leis. Lá ninguém era pego andando de noite ou apanhava. Havia um certo nível de respeito entre os Pacificadores e os Vitoriosos, ou apenas medo. Afinal eram eles que tinham sobrevivido a Arena e a todas as crueldades da Capital. Tinham matado seus irmãos, para sobreviverem. Quem não os temeria?

Talvez não Sophie. Ela era corajosa, além de esperta. Na verdade tinha encontrado toda a sua coragem através daqueles livros. Após poucas leituras mostrou-se uma garota um pouco mais diplomática, podia discursar o porquê de merecer prêmios após ganhar nota máxima nas provas escolares ou discutir com alguém a importância dos treinos para os Jogos. Já tinha doze anos, podia ir aos Jogos, mas usava seu tempo de treinamento para ler, estudar e principalmente pensar. Dakota não soube o que moveu esse coraçãozinho solitário e obscuro em busca das letras, mas Sophia amava seus livros assim como ela amava a liberdade.

Subir naquele muro, para elas, era algo unicamente especial. A liberdade e a utopia andavam lado a lado quando se olhava o pôr do Sol daquele ângulo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

http://famosos.culturamix.com/blog/wp-content/uploads/2012/09/as-fases-de-dakota-fanning-6.jpg
Mandem reviws, ok? Irei responder todos com muito prazer! Próximo capítulo sai, talvez, hoje. Vou tentar. Beijos!