Your Hunger Games - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 11
Arabella Agron


Notas iniciais do capítulo

Acreditem, levou três dias pra fazer este capítulo... Mas esperto que gostem! Um dos tributos mais interessantes até agora, na minha opinião.



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Arabella Agron

Arctic Monkeys - Arabella

– Arabella! Eu sentirei tanto a sua falta... – Valen choramingou.

– Volte logo, Arabella! – pediu Ferdinando.

– Eu te amo, Arabella, por favor, não morre! – exclamou Londrian.

Os outros rapazes concordaram com seus ruídos de lágrimas rolando pelo rosto. Anabella sorriu de lado para a irmã mais nova, como se dissesse “Ninguém mandou seduzi-los”, e então a abraçou calorosamente. Ela e Julian tinham ido lá para desejar-lhe sorte. Arabella apenas concordou. Não dava para ter sorte agora, ela era uma menina bonita, de estrutura pequena e com um dom de manipulação absurdo que não sabia nem mesmo tocar em uma faca. Arabella era uma máscara. Algo dentro dela, uma voz, dizia que tinha que machucar as pessoas, e assim fazia. Era seu melhor defeito.

– Até mais. – balançou os dedos para os garotos que foram arrastados da sala de despedidas, loucos para abraça-la mais um pouco. Arabella tinha seduzido e roubado todo o dinheiro deles, assim como mamãe ensinou. Quando a família ficou endividada e as filhas se mostraram belas e natas na atividade da manipulação, Senhora Agron as influenciou no mundo dos golpes, e até que morresse isso não parou. Anabella se apaixonou por um dos moços que seduzia e agora estava noiva. Já Arabella tentava lutar contra o desejo de pisar mais ainda nos corações idiotas dos homens. Arabella ficou sozinha na sala.

Virou-se para os Pacificadores e sorriu.

– Posso ir ao banheiro, por favor?

– Não sairá daqui até que venham busca-la. – ele disse, firmemente.

– Mas sabe... Eles vão demorar, e eu estou com tanta vontade... – desceu a mão pelo abdômen. Ele seguiu com os olhos, mas logo os desviou. – Ei... Ninguém vai saber... Eu prometo.

O homem de branco ergueu os olhos para ela e então deu um soco violento contra a parede.

– Vá rápido, ouviu? Se me perguntarem falarei que você aproveitou pra sair furtivamente.

– Claro, claro – ela sorriu.

Esquivou-se do corpo grande e musculoso do Pacificador, que a seguiu com os olhos até ela sumir no corredor. “Ela estava olhando minha bunda, definitivamente... Homens, sempre idiotas”. Quando viu a placa que indicava o banheiro feminino, foi em direção a ela, mas então ouviu algo, um ruído de choro. Seria o seu companheiro de Distrito? Ela ergueu uma sobrancelha, empurrando delicadamente a porta para espiar lá dentro. Sentado sobre uma poltrona estava um rapaz jovem, com as mãos no rosto, roupas brancas de Colheita e sapatos encardidos. Os cabelos pretos cobriam parte dos dedos e ele balançava os ombros sempre que ofegava. Arabella sorriu, entrando na sala com as pontas dos pés, os lábios entreabertos numa expressão de divertimento.

A sala onde estava era igual a sua, mas com móveis em posições mais organizadas. Ele não deveria ter recebido muitas visitas. Quando ela deslizou suavemente até os joelhos dele, o menino a notou. E ela percebeu que não havia lágrimas e seus olhos. Nem uma gota.

– Quem está querendo enganar?

– A representante quando vier me buscar – ele respondeu, sério e curto.

– Ah... Entendo. – Levantou-se – Bem, se essa é sua tática nos Jogos, espero que pense logo em outra coisa. Há pessoas muito melhores do que você nisso e se virou para ir embora.

– Espere! – ele se levantou. – Arabella, não é mesmo?

– Isso – respondeu, ainda de costas. – E você...?

– Lucas.

– Boa sorte, Lucas. – e olhou por cima do ombro, enquanto um fio de lágrima doce escorria por sua bochecha. O nariz ficou avermelhado e ela ruborizou, enquanto náusea tomava conta de seu corpo e forçou uma voz trêmula para ele – Você vai precisar.

º º º

Quando o trem abriu as portas e ela pôde sair junto de seu companheiro de Distrito, notou que um longo tubo metálico mas transparente ligava o trem até o Hotel dos Tributos, isso era uma espécie de segurança para os tributos, mas os fotógrafos aproveitavam para tirar fotos de ângulos variados, subindo até em cima do tubo. Amontoando-se e tentando chamar a atenção deles. Arabella sorriu e acenou, sentindo as luzes das câmeras mirando seu rosto. Abriu o sorriso ainda mais e se deixou levar, dando acenos e jogando beijos aos que tinham vindo ver os tributos daquele ano.

Queria poder parar naquele sorriso e vive-lo, como se fosse real.

Constantemente as pessoas estavam sorrindo falsamente, e com certeza ela iriam querer parar no sorriso para vive-lo de forma real, mas isso não era algo muito comum para se passar por sua mente. Ela normalmente não pensava em sua alegria ou se vivia feliz. Nunca foi algo muito importante quando ela tinha de dar atenção às suas aparências e nunca deixar os outros saberem de suas verdadeiras intenções, até conseguir seus objetivos. Lucas pousou a mão em seu ombro, e isso a assustou momentaneamente. Um arrepio subiu a espinha e colocou o corpo para trás rapidamente, quase tropeçando em algumas pedras irregulares no chão. Ele sorriu.

– Não esqueça do mundo real, princesinha.

E a deixou, passando pelos fotógrafos como se eles não existissem e entrou no Hotel dos Tributos, sumindo da área de visão dela. Fungou, enquanto se recolocava no caminho e olhava para todos os rostos que a admiravam e esperavam que ela continuasse com sua pose de princesa. Eles realmente mereciam? Decidiu que não, e passou lentamente pelo resto do tubo metálico, ignorando os fleches e os insultos que os fotógrafos agora lhe davam. Mas quando chegou do outro lado das portas do Hotel, sentiu-se feliz por ter sido ela mesma, e por ainda ter um pouco de si dentro daquele corpo.

Algo que incomodava constantemente sua mente era a fraca percepção de que aos poucos sua Arabella verdadeira se perdia em meio aos personagens que ela criava, e de repente começou a se perguntar qual era sua comida preferida, qual seu sorriso mais verdadeiro ou quem eram seus amigos. Duvidou até mesmo de ainda amar sua irmã fraternalmente, ou de considera-la agora apenas uma pessoa que tem de conviver. Anabella conseguiu viver essa vida que mamãe tinha ensinado as duas e mesmo assim não se perdeu tanto. Se apaixonou, iria se casar em breve. Mas e ela? Por que não parou de fazer isso quando a velha morreu? Talvez, só talvez, pois ela não conseguiria viver sendo ela mesma, simplesmente por não saber mais quem era.

Soltou um suspiro fraco, abaixando a cabeça. “Obrigada, Lucas”. Afinal ele não era tão idiota assim, certo? Quem sabe não poderiam formar uma aliança? Sim! Isso era uma ideia perfeita. Até poderiam combinar de manipular seus aliados pois tinham essas armas de persuasão nas mãos. E ela poderia ensinar a ele como chorar e como ruborizar. De repente notou que queria ficar mais tempo com ele, e teve de se conter para não ir correndo pedir isso.

– Queridinha! – acenou alguém ao longe, e Arabella conseguiu notar que ela a mulher que mais cedo se apresentou como sua mentora.

Ao lado dela estava o mentor de Lucas, e o representante deles. E Lucas, como era de se esperar. Mas ficou um pouco mais animada ao vê-lo. Só um pouco. Chegou ao lado deles e ergueu as sobrancelhas, esperando para ouvir o que tinham a dizer.

– Agora vocês serão encaminhados para um salão especial para limparem vocês, cortar o cabelo, arrumar imperfeições...

– Ah, eu tomei banho antes de sair do trem, estou limpa. – sorriu Arabella.

– Pelo visto a limpeza deles é mais rigorosa que a nossa – Lucas pigarreou, enquanto lançava um olhar pelo salão de entrada do Hotel dos Tributos. – Onde estão os outros tributos?

– Chegando, alguns já foram para o salão de preparação. – informou o representante, enquanto sorria – Vamos nós também!

Arabella seguiu os mentores e quando eles se separaram repentinamente, decidiu seguir a sua mentora. Ela a levou para uma sala grande, porém sem paredes ou qualquer outra coisa além de uma cama que aparentava não ser muito confortável. Arabella a olhou e questionou se teria de fazer tudo sozinha. “Sua equipe de preparação já está a caminho” e de fato, minutos depois dela sair, logo entraram três figuras muito ao estilo Capitalista e lhe sorriram, informando tudo o que fariam com ela.

Cortaram seu cabelo, que batia na cintura, até a altura dos seios. Escureceram as madeixas, deixando os olhos esverdeados mais destacados. Também clarearam sua pele com cremes e relaxaram seus músculos com óleos aromáticos e massagens milagrosas. Escovaram-na até arder, e os braços e costas, junto com as pernas, ficaram avermelhados e sensíveis. Depilaram-na em áreas constrangedoras e até onde ela pensou que não precisaria. Sobrancelhas, orelhas, dedos... Cortaram suas unhas e pintaram, tanto as das mãos e quanto dos pés. Sem toda sua camada de suor e oleosidade que tinha levado dezessete anos para formar, sem seus pelos que nunca tinham sido cortados e seu cabelo mais curto do que o normal, Arabella sentiu-se terrivelmente exposta e nua. Não como estava, sem as roupas, mas sem partes que ela considerava suas e que agora deixavam expostas ainda mais seu corpo. Uma nudez fria e arrepiante.

Quando pôde vestir um robe, notou que era confortável estar de roupas, mesmo que fosse apenas seda fina. Sua equipe de preparação deixou-a para ter um sono “da beleza” e quando despertou estava descoberta de novo. Abraçou-se com os braços e encolheu as pernas, se agarrando. Céus, o que tinham feito com ela? Tinha certeza que fora dormir de vestida.

– Não se preocupe – pediu uma voz, que logo surgiu e se revelou uma mulher extremamente sorridente e arquejada. – Apenas tirei suas medidas. São boas para uma menina da sua altura. – comentou, enquanto se aproximava da cama, então parou e de um salto só se sentou ao lado de Arabella, impressionando-a. Aquela velhinha tinha uma flexibilidade invejável! – Que tal isso?

Ela lhe mostrou um bloco de notas, grande, onde tinha esboçado um corpo, que deveria ser o dela, vestindo um elegante vestido de noite, longo e charmoso, com um véu cobrindo os ombros e descendo pelas costas, até o término do vestido. Ele tinha alguns detalhes na barra que pareciam ser espuma, ou algodão. Arabella sentiu náuseas ao notas que os detalhes eram na verdade lã e o véu era feito de lã também. O vestido era costurado com minúsculos ossinhos de pássaros e uma armação de ossos de vaca ou de boi formavam asas de morcego. Ela empurrou o desenho, querendo não vê-lo.

– Não gostou? Pensei que tinha ficado bom – a velha sorriu, gentilmente. Como se ela não tivesse desenhado um vestido feito de ossos de pássaros, nem usado lã manchada de sangue de algum animal para aquilo.

– Isso é... Terrível.

– Terrivelmente bom? – ela ergueu uma sobrancelha – Isso é bom. É o que vocês fazem no Distrito 10, vocês matam animais para comermos, e o que sobra? Ossos, sangue, peças que ninguém come. Pense comigo: Estou sendo ecologicamente correta! Os Patrocinadores irão adorar isso.

– Mas eu não gostei. Me dá vontade de chorar! Os Patrocinadores não vão gostar quando eu desmaiar nauseada.

– Isso... Ah, podemos cuidar disso. Te dar algum remédio para manter seus batimentos acelerados. Poderia acenar como estava fazendo na entrada do Hotel.

– Você viu aquilo? – sentiu-se boba, de repente.

– Vi. Todos viram. É um reality show, ao vivo é melhor, como sempre. Ninguém perderia tempo para ver reprises quando se pode ver ao vivo! Apareceu na TV. Os comentaristas elogiaram sua performance, até que simplesmente resolveu ser uma menina séria e fechou-se para as fotos. Eles julgaram que isso foi timidez.

– Foi vergonha.

– Não vejo por que. Você é bonita por natureza, e agora está como um anjo. Com minha ajuda poderá convencer qualquer um de te apoiar na Arena. E isso, e apenas isso, é o que realmente pode mudar a sorte de alguém na Arena. Tudo se baseia na sorte, mas os Patrocinadores podem influenciar muitas coisas. Sabia que há como comprar mortes? Sim. Você paga uma taxa e os Idealizadores formam uma disputa entre quem você quiser. Então você tem de ter em mente que não é apenas ser bom com armas nem entender a Arena. Você precisa agradar o público, se não eles compram sua morte. Há boatos de que haja até valores para tipos de morte. Por ácido, por veneno, por bestantes... Quando mais doloroso, mais caro. E acredite, os Patrocinadores possuem muito dinheiro e não seriam mão-fechadas para hesitar em pagar a taxa.

– Aonde quer chegar? Se seu objetivo é me assustar, está tendo sucesso – Arabella a cortou, irritada e ao mesmo tempo medrosa. Aquela velha passou de gentil para sádica, e algo entre psicopata e realista.

– Quero que você saiba que não é apenas aparecer numa carruagem e sorrir, você tem de representar e agradar. Estou neste ramo há vinte anos, e meus tributos nunca morrem antes dos 20 últimos.

– Que coisa extraordinária... – zombou.

– Diga o que quiser, mas você vai vestir isso e espero que faça sua parte com o sorriso.

Arabella Agron


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Notas finais do capítulo

A outra enquete foi apenas para saber qual delas vocês menos gostavam. Agora é que o "futuro" da Fanfic pode realmente mudar:
— Escolha:
a) Arabella
b) Lucas
c) Katrine
d) Aryon
Quanto todos os leitores ativos tiverem comentado e respondido a enquete, eu revelo o objetivo dela. BEIJOS!