Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 9
Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Celine se esforça para se adaptar à vida no teatro; enquanto isso, a relação entre ela e Erik se estreita cada vez mais.
Boa leitura!



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POV Celine

Dois meses se passaram: com a ajuda de Meg e madame Giry, Celine conseguiu, aos poucos, superar sua fobia em relação à proximidade com outras pessoas. Não que lhe fosse algo agradável, mas, ao menos, ela já conseguia ficar num ambiente lotado sem ter ataques de pânico. E isso a ajudara com seu trabalho: conseguindo ficar em meio à agitação e superlotação dos bastidores, ela pudera ver – e trabalhar em – técnicas de figurino, maquiagem, ilusões de ótica. Não tardara para que ela própria aprendesse muito de tudo o que via; o que lhe faltava em experiência era compensado por seu senso estético.

Mas sua vida não se resumira ao trabalho no teatro: pelo menos a cada duas noites, ela descia até a Casa do Lago para se reunir a Erik, com quem aprendia cada vez mais sobre o maravilhoso mundo de beleza e arte que era a Ópera. Não aprendia apenas a cantar – como Christine fizera – mas também a tocar instrumentos diversos, pintar, esculpir e desenhar. E nos dias em que estava cansada demais para descer até o Fantasma, ele vinha até ela durante o dia.

A relação entre os dois se havia tornado mais estreita, embora nenhum outro beijo houvesse ocorrido; por duas ou três vezes ele a levara consigo até o camarote cinco – desde o incêndio mantido vazio – para assistir às apresentações de cuja produção ela mesma participara. Nessas noites ela envergava seu melhor vestido – de seda azul, que ganhara de Violette, uma das bailarinas mais velhas – arrumava os cabelos e, com os truques de maquiagem que aprendera, escondia as duas grandes cicatrizes que lhe marcavam o lado esquerdo do rosto. Erik lhe dissera ser tolice esconder as cicatrizes, que em nada lhe reduziam a beleza, mas ela se sentia melhor quando não havia máculas visíveis em sua pele. E, naquelas noites, ela era uma princesa.

Embora suas cicatrizes a desgostassem, elas não pareciam desagradar aos homens: desde os meninos adolescentes até os homens de quarenta anos, todos eles viravam a cabeça para observá-la, quando passava, e ela já recebera algumas propostas que não lhe interessaram. Por sorte, seus modos rígidos e frios mantinham a maior parte dos pretendentes afastada, exceto um: o Barão Louis de Toulouse, um dos milionários patrocinadores do teatro – embora nem de longe tão rico quanto o Visconde de Chagny, marido de Christine – parecia totalmente fascinado pela jovem. Desde que a conhecera, há três semanas, conseguira várias ocasiões para ficar a sós com ela, que se mantinha o mais longe possível do nobre.

Era pensando em tudo isso que, naquele dia, Celine encerrava seu trabalho: acabara de decorar cerca de sete ou oito peças de vestuário que seriam usadas na próxima apresentação de ballet, e agora pretendia descer para a Casa do Lago. Pendurando os trajes nos cabides, e estes na armação de metal, pôs-se a guardar linhas, tintas, agulhas e apliques; terminava o trabalho quando ouviu a porta da sala ranger. Sem se virar, escondeu a tesoura por dentro da calça que vestia, seus instintos alertando-a para um possível perigo.

– O que faz aqui, tão sozinha? – perguntou a voz do Barão de Toulouse.

Virando-se para ele, a artista o mirou com desprezo no olhar: o barão não era um homem que lhe despertasse a atenção. Embora fosse jovem e bonito, com cabelos claros e olhos azuis, elegante e bem vestido, a moça o achava tolo, mimado e superficial. Mais um dos tantos garotos mimados que, em outros tempos, teriam rido de sua humilhação no circo. Erguendo o queixo, ousada, ela respondeu:

– Trabalhando. Mas não creio que o senhor saiba o que é isso, já que parece ter sempre muito tempo livre para vir à minha procura.

– tenho quem trabalhe por mim – respondeu o jovem, aproximando-se perigosamente – Agora, por que não larga seu trabalho, um pouco, e vem comigo para nos divertirmos?

Empurrando-o para o lado, Celine ia deixando a sala quando o rapaz a agarrou pelo braço, puxando-a para si:

– Quem você acha que é, mulher? Com que direito ousa me desprezar? Devia ficar grata por eu desejar uma vadiazinha como você! – Com raiva, ele tentou beijá-la à força, mas a garota Daae não era indefesa: arrancando a tesoura de dentro das vestes, encostou a ponta do objeto à garganta de seu atacante.

– Toque em mim outra vez, senhor, e eu o farei sangrar como um porco no abate. – Ele se encolhia ante o olhar de raiva da mulher – Eu não sou uma prostituta, para que satisfaça seu desejo. Mantenha suas mãos longe de mim, ou este teatro presenciará mais uma tragédia.

Assim dizendo, ela colocou a tesoura no cinto e saiu a passos largos. Seu coração batia acelerado: ela sabia que conquistara um inimigo perigoso.


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Notas finais do capítulo

Nossa heroína está despertando a atenção dos homens! Erik, com certeza, não vai gostar disso!
Continuem lendo para saber o que acontecerá a seguir.