Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 29
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Depois de se ver livre do medo que a acossou nas últimas semanas, Celine sente que pode retomar sua vida. Erik sente que sua vida é perfeita.



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POV Erik

A volta para casa foi silenciosa; após se livrar dos pertences de suas vítimas jogando-os no esgoto, sua esposa tirara as luvas e as guardara, escondendo-se no fundo de seu capuz. Conhecedor da estranha sensação que se apossava do ser ao cometer um assassinato, Erik deixou que Celine lidasse com os próprios sentimentos: falar não serviria de muita coisa.

Foi apenas durante a descida para a Casa do Lago que ela, finalmente, voltou a falar:

– Voltamos para casa...

– Sim – ele a segurou pela mão para ajudá-la a entrar no barco (haviam descido pelo caminho do lago) – Voltamos para casa, meu amor. – Em pé ao lado dela, que não se sentara, começou a cantar-lhe palavras de amor.

Uma expressão de paz e deleite se fez presente no rosto da mulher; tocando a face de seu amado, ela elevou a voz para transformar o solo num dueto. Com música e belas palavras, reafirmaram o amor que sentiam um pelo outro ao longo de todo o percurso pelo lago espelhado, e quando a gôndola afinal atingiu a margem, trocaram um beijo intenso e apaixonado.

Ao perceber que sua amada, afinal, superara o medo e a raiva que a haviam perturbado nas últimas semanas, ele lhe tomou o rosto nas mãos, acariciando a pele macia, totalmente fascinado pelo brilho e encanto nos olhos castanhos. Ela retribuiu a carícia, deslizando os dedos por seu rosto; com voz repleta de paz, declarou:

– Agora, podemos recomeçar de onde tudo isso nos fez parar. Eu quero ser sua esposa, outra vez, e voltar à nossa vida e nossa... - O Fantasma não a deixou continuar: capturando-lhe os lábios num beijo voraz, carregou-a consigo da barca para a Sala do Órgão, e de lá para seu quarto.

POV Celine

Sentir Erik beijá-la daquele modo novamente, após tantas semanas em que só a tocara com uma distância e respeito quase irritantes, fez o coração de Celine se acelerar e chamas irromperem em seu corpo. Com beijos sôfregos, ela tirou a camisa de seu companheiro – destruindo um ou dois botões com aquilo – enquanto ele lhe arrancava o espartilho. Os beijos dele desceram pela curva de seu pescoço enquanto as mãos grandes a livravam da camisa; ela se deixou cair de costas no leito, puxando-o consigo e deslizando as mãos pelas musculosas costas largas.

Entregando-se totalmente a seu homem, ela se deixou mergulhar nas chamas que pareciam envolvê-los: os lençóis vermelhos ao seu redor eram fogo e sangue – o sangue que corria veloz e quente em suas veias, bombeado pelos corações acelerados. Naquela noite, a mulher o amou como nunca antes, e ele a ela... Seus corpos, mentes e corações se fundiam numa coisa só... Eles pertenciam um ao outro... Naquele momento, eram um único ser.

POV Erik

Ele acordou sentindo-se absurdamente feliz! Estendendo o braço, procurou por sua amada, mas sua mão encontrou apenas os lençóis. Ainda tonto de sono, por um instante teve a horrível sensação de que tudo o que vivera fora um sonho, do qual acabava de despertar. A descarga de adrenalina que percorreu seu corpo baniu totalmente o sono quando ele chamou:

– Celine!

A garota apareceu à porta do quarto com uma expressão surpresa no rosto:

– O que foi, meu amor?

Levantando-se de um salto, ele a envolveu nos braços com força, sentindo cada centímetro do próprio corpo se regozijar ao contato com o corpo de sua estrela. Confusa, ela falou:

– Erik, eu só estava com sede! Fui até a sala de jantar beber água.

– Eu sei – o Fantasma tratou de se recompor – Mas acordar e não ter você ao meu lado... Por um instante achei que havia tido o sonho mais belo de minha vida, e que ele havia acabado.

– Se isso é um sonho – a jovem o conduziu de volta para a cama – Então é um sonho maravilhoso, e eu vou matar quem tentar me acordar. – O corpo feminino deslizou contra o seu quando a moça se deitou.

Com um sorriso, o Fantasma a puxou mais para cima, para que seus rostos ficassem à mesma altura – ele amava aquele rosto como nunca amara nenhum outro. Ao ver os olhos castanhos se cravarem nos seus, felizes e brilhantes, sentiu-se inundado pela mais absoluta felicidade: até poucos meses atrás, sofria sozinho nas profundezas de seu refúgio, que se lhe assemelhava a uma prisão... Agora, era o homem mais feliz do mundo! Pela primeira vez sabia o que era o verdadeiro amor – bem diferente da obsessão doentia que um dia sentira por Christine.

Longos minutos se passaram antes que dissessem algo. Quem quebrou o silêncio foi Celine:

– Eu amo você, Erik.

– Não mais do que eu amo você, minha estrela. – E apoiando-se sobre o cotovelo – Vai querer voltar ao teatro hoje?

– Hoje não. Para todos os efeitos, estou me recuperando de uma horrível queda das escadas... Ninguém vai perguntar nada, se esperarmos mais um dia. – Com um sorriso, ela se aninhou novamente em seus braços – Posso tirar a máscara?

O Fantasma ainda não se acostumara ao respeito que sua estrela mostrava por seus sentimentos – sabendo como ele não gostava do próprio rosto, tinha o hábito de jamais tirar-lhe a peça sem pedir permissão; aquilo o enternecia profundamente. Com um assentimento, ele permitiu, mas não sentiu qualquer vergonha ou constrangimento quando sua deformidade foi revelada: o olhar de amor e admiração que recebia da esposa fazia com que se sentisse... Belo.

– Como pode gostar de ver isso, Celine?

– Eu amo você: isso significa que o amo como é – ela acariciou a pele marcada – para mim, você é maravilhoso. O seu rosto é maravilhoso.

– Acho que eu nunca vou entender isso, mas fico feliz por você pensar assim. – ele a beijou carinhosamente, deixando claro todo o amor que sentia por sua pequena esposa. Ali, só havia eles dois e sua arte, e isso era tudo o que podia pedir.


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Notas finais do capítulo

Pobre Erik! Tantas vezes rejeitado, ainda teme que seu amor correspondido seja apenas um sonho! Ele nem imagina a felicidade que ainda irá viver...