Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 21
Casados


Notas iniciais do capítulo

Após o casamento secreto, Erik e Celine têm de estabelecer um modo de vida que lhes permita ficar juntos sem expor o Fantasma. Nada que amor e compreensão não possam contornar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/513405/chapter/21

POV Celine

Nos dias que se seguiram, Celine mudou seus poucos pertences para a Casa do Lago; no teatro, sabia-se apenas que ela iria morar com seu recluso “noivo”. As bailarinas não haviam gostado da notícia, mas se haviam conformado em ter novamente uma cama vazia no alojamento. O casamento de ambos fora mantido em segredo, exceto para Madame Giry e Meg. Aquela não ocultara as lágrimas de felicidade ao ver que Erik, a quem tanto amava, finalmente encontrara a felicidade!

Celine não parecia a mesma jovem que chegara ao Ópera Populaire, tímida, assustada e receosa da proximidade de outras pessoas: agora, era cheia de vida e alegria, exibia a própria beleza e se esmerava para ser a melhor no que fazia. Por seu temperamento responsável e alegre, já se tornara querida por todos do teatro, das cozinheiras aos atores e diretores. Mas não apenas ela parecia mudada.

Erik, por sua vez, voltara a ser o Fantasma da Ópera, comunicando-se com os diretores através de cartas e enviando suas composições e trabalhos. Ele tinha um semblante luminoso e sereno, e seus olhos brilhavam com uma luz nova. Nos primeiros tempos, o teatro temera uma nova onda de terror e morte, mas, após cartas que asseguravam estarem todos a salvo, desde que o ocidente com o lustre fosse esquecido, a paz retornara – graças às palavras persuasivas de Antoinette Giry.

Dividindo seu tempo entre a vida de trabalhadora do teatro e a vida de recém-casada, seus dias eram preenchidos por costura, maquiagem, desenho e cenografia. Aos poucos, devido a seu talento, os profissionais de outras áreas solicitavam sua ajuda, aumentando as suas habilidades. Suas noites, porém, eram repletas de música e paixão; ela adormecia nos braços de seu esposo, e eram seus lindos olhos verdes a primeira coisa que via ao despertar. A vida nunca fora tão maravilhosa!

Tudo parecia absolutamente perfeito; e assim estava naquela manhã, duas semanas após seu casamento. Atarefada, terminava de tirar as medidas dos rapazes e moças do coro quando, atrás de si, sentiu a presença de seu amado. A julgar pelas expressões naturais do trio restante, ele devia estar escondido. Foi com surpresa que, ao levantar o rosto de seu trabalho, constatou que não. Vestido com a máscara e envergando a longa capa negra, ele aguardava por ela encostado ao batente da porta.

– Anjo! – Exclamou ela, numa felicidade mal contida.

– Olá, minha querida – Ele lhe beijou a mão com reverência. Lembrando-se dos cantores na sala, ela se virou e começou a apresentar, incerta quanto a como chamar seu amado:

– A propósito, este é... – Ao ver a hesitação dela, o Fantasma tomou a iniciativa:

– Erik. – ele apertou a mão do rapaz e beijou a mão das moças – Noivo de Celine.

A jovem se surpreendeu com aquilo, e quando afinal ficaram sozinhos, perguntou:

– Decidiu se mostrar, afinal?

– Não farei disso um hábito, mas é bom aparecer ocasionalmente, apenas para lembrá-los de que você não está sozinha.

– Ciúmes? – perguntou ela, fingindo-se ressentida – Não confia em mim?

– Confio plenamente em você. Não confio nas outras pessoas. – Ele envolveu a esposa em sua capa, oferecendo-lhe o presente do qual ela mais gostava: uma rosa vermelha adornada com fita de cetim negro – Bem, já que os boatos irão correr, desaparecer agora só iria aumentá-los. Você faz alguma objeção à minha companhia?

– Só uma pergunta – ela aspirou o perfume da rosa, deliciada, e acariciou o rosto de seu companheiro com as pétalas rubras - como explicaremos sua máscara?

– Simples: eu estava na platéia quando do “incidente” com o lustre. Queimei-me no incêndio, e uso a máscara para esconder as cicatrizes deixadas pelas chamas.

– Não vão engolir essa resposta. Com o tempo, deduzirão que você é o Fantasma.

– Com o tempo, as memórias de meus crimes arrefecerão, e pouco importará quem sou ou deixo de ser. – E resmungou, mais para si do que para sua amada – isso seria menos perigoso se Christine não me houvesse exposto diante de metade da cidade, mas lidaremos com as situações à medida que se apresentarem.

Satisfeita com a explicação que deveriam dar a eventuais perguntas, a mulher voltou a seu trabalho – ainda havia muito que fazer. Erik, protetor e carinhoso, apenas a seguiu, fazendo o possível para passar a imagem de ser um homem comum, apaixonado por sua jovem noiva. Ela não podia deixar de se enternecer cada vez mais com o esforço que ele fazia para protegê-la e alegrá-la – sabia que seu Anjo jamais se acostumara à proximidade com estranhos.

Já era quase fim de expediente quando algo aconteceu: terminando a entrega das vestes prontas para o chefe de produção cenográfica, ela viu que Madame Giry conversava com alguém que não fazia parte da rotina do teatro. Curiosa, aproximou-se para saber de quem se tratava.

Quando a figura se virou e a fitou, a moça sentiu o chão lhe faltar: era o Barão de Toulouse, e em seu rosto havia uma cicatriz vermelha que o fendia de lado a lado... A cicatriz que ela fizera com a tesoura, quando sofrera o ataque no beco! O sangue fugiu-lhe do rosto quando, ao cravar os olhos nela, ele deu um breve sorriso cruel; ele a reconhecera, e sabia que ela também o fizera.

Assustada, ela correu para a proteção do camarim de Bruna, a atual Prima Donna, de quem era muito próxima. A soprano não estava ali, mas Erik entrou logo atrás da figurinista e, segurando-a pelos ombros, perguntou:

– O que houve, Celine? Está tão branca que parece ter visto um fantasma!

– antes fosse – respondeu ela, ainda com vertigens devido ao susto – O Barão de Toulouse está aqui e... E... Foi a ele que eu golpeei com a tesoura! Ele tem no rosto a cicatriz que eu causei naquela noite! Era ele o líder do bando que me atacou!

– Calma – o Fantasma a abraçou – Eu estou aqui. Não vou deixar que ele a machuque.

Trêmula com o susto, Celine se agarrou a seu marido: ela poderia se defender sozinha do Barão, mas duvidava muito que ele tentasse algo sozinho. E, se fosse encurralada por um grupo novamente, a mulher não sabia se teria a mesma sorte que da primeira vez. O calor do corpo de seu amado, entretanto, afastou seus temores. Ele estava ali, e era só o que importava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que susto! Parece que o Barão Louis de Toulouse tem más intenções. No que isso vai acabar?