Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 19
Ainda o dia seguinte


Notas iniciais do capítulo

O dia a sós de nosso casal continua. Surpresas adiante! Continuem lendo.



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POV Erik

Entre conversas, música, desenhos e poesia, a manhã e a tarde passaram depressa. Erik e Celine começaram a trabalhar juntos em uma nova ópera: ela delinearia o enredo, ele criaria a música com base neste enredo. Era um trabalho longo e difícil, especialmente quando feito por duas pessoas ao mesmo tempo, mas era extremamente prazeroso. Quando o relógio de corda marcou quatro horas, tinham já um esboço do que pretendiam para sua obra.

Famintos novamente, após oito horas em jejum, eles se deliciaram com o que restara de seu furto naquela manhã, e dividiram uma taça de vinho. O Fantasma não era adepto da bebida, pois via o álcool como uma substância que envilecia o homem e o reconduzia ao comportamento animal – ou menos. Entretanto, dividir uma taça de bom vinho com sua noiva – ele pensara mesmo aquela palavra? – era totalmente diferente de embriagar-se por prazer ou mágoa.

Entre um bebericar e outro, os apaixonados brincavam como crianças, rolando no tapete macio e fazendo cócegas um no outro; uma dessas brincadeiras resultou em acidente: o copo, que estava então na mão de Celine, virou a um movimento brusco da moça, derramando seu conteúdo no vestido claro. Erik riu ao ver a expressão dela, entre divertida e zangada, e mais ainda quando ela soltou duas pragas seguidas ao sentir o líquido gelado escorrendo pelo colo e ventre.

– Acho que você precisa de um banho – declarou o músico, não esperando a anuência de sua noiva para erguê-la nos braços e carregá-la até o banheiro, indiferente aos protestos dela, que detestava ser carregada. Realmente, ele nunca havia sido tão feliz. Pela primeira vez, não desejava ter nascido sem sua deformidade, pois ela, indiretamente, havia feito com que Celine entrasse em sua vida.

POV Celine

Despir-se diante de Erik foi algo estranho para Celine. Uma coisa fora a noite passada – quando ele a despira, e ela a ele – outra, bem diferente, era despir-se para ele, com o olhar esverdeado devorando cada centímetro de seu corpo.

– Erik, pare com isso! – Ela exclamou afinal, já despida.

– Por quê? – O olhar dele misturava diversão e malícia.

– Porque está me deixando sem graça! – respondeu, sentindo-se corar ante a intensidade do olhar do Fantasma.

– Não vejo motivo para seu constrangimento – tornou o mascarado – eu não me sinto minimamente incomodado em me desnudar diante de você – E, para prová-lo, ele o fez. Não havia em seu rosto qualquer traço de constrangimento, mas sim, de carinho e desejo. Celine desistiu de tentar manter o recato, e permitiu-se apenas desfrutar do banho na companhia de seu amado.

Quando voltaram ao quarto – onde agora havia uma arca para guardar as vestes que a moça deixava na Casa do Lago – a garota já tinha uma idéia para tornar o fim de tarde e começo de noite especiais: em vez de escolher outro vestido, envergou uma calça justa, negra, camisa branca e um espartilho de couro negro que não lhe tolhia a respiração. Calçou também botas negras sem salto, as mais confortáveis que tinha. Ao seu lado, Erik vestira apenas calça e camisa negras com as botas de mesma cor. Isso, claro, além da máscara branca sobre o lado direito.

– Aonde você pretende ir, querida?

– Você vai ver. Temos de sair pelo telhado. – ela terminou de abotoar os punhos das mangas antes de segurar a mão de seu amante e puxá-lo consigo para a passagem que conduzia ao terraço.

Uma vez chegando a seu objetivo, a moça soltou a mão do Fantasma e correu para uma das estátuas no peitoril. Com movimentos ágeis, escalou a pedra até alcançar o telhado, sentindo Erik segui-la de perto. Ao alcançá-la, ele perguntou:

– O que estamos fazendo no telhado?

– Você já foi à catedral de Notre Dame? – perguntou a moça.

– Não. É bastante afastado do teatro, e nunca fui tão longe.

– Sempre há uma primeira vez! Como arquiteto, eu creio que você irá se encantar. – um sorriso maroto surgiu em seu rosto – Quer dizer, isso se você conseguir me acompanhar pelos telhados. Não deve ser fácil para um homem com a sua idade.

Entrando na brincadeira, o artista a fez engolir aquelas palavras ao jogá-la nos ombros e, escorregando agilmente pelo telhado íngreme da ópera, saltar do beiral até o telhado da casa mais próxima. Colocando-a de volta no chão, perguntou:

– Algum outro questionamento acerca de minha “idade”?

Ela riu e, antes de sair correndo pelas telhas, desafiou:

– Pegue-me, se puder!

Como crianças travessas, o casal atravessava a noite parisiense aos saltos, passando de telhado a telhado, subindo e descendo por calhas, escorregando por peitoris. Celine ia à frente, conhecedora da cidade que se tornara entre os oito e os quinze anos – o tempo em que vivera nos subúrbios da Cidade Luz. Tinha uma surpresa para Erik, mas só a revelaria quando estivessem na catedral.


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Notas finais do capítulo

O que será que Celine pretende? Descubra no próximo capítulo!