Troblemaker. escrita por Anjinha Herondale Uchiha


Capítulo 12
Capítulo 10.


Notas iniciais do capítulo

Pequeno, porém capítulo.
Contentem-se.
Kissus, A.



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A caneta percorria rudemente o caderno em uma caligrafia caprichada. Por mais que não quisesse, Clary estava no ápice de sua inspiração. Fazia tanto tempo desde que compusera sua última letra musical, mas aquela ali estava surgindo livremente.
O telefone vibrou na mesinha ao lado da cama, mostrando uma foto de Alec sinalizando uma mensagem.
VENHA ME VER,
:-) ESTOU AQUI FORA ESPERANDO VC.
Clary desbloqueou o celular para responder, digitando rapidamente com os dedos ágeis.
NÃO DÁ. =P
DEVER DE CASA.
A resposta chegou poucos segundos depois, não dando tempo nem da tela escurecer.
CLARO QUE DÁ. NÃO ME DEIXE ESPERANDO.
E então, seguindo essa, chegou outra mensagem.
OU PREFERE QUE EU SUBA?
Clary aprumou-se rapidamente, verificando se sua aparência estava tão ruim assim no espelho. Estava com uma camiseta comum, calças de dormir e sem um pingo de maquiagem no rosto. Decente, ao menos. Mas nunca chegaria aos pés de uma Isabelle sempre pronta e arrumada. Foi até a janela, fazendo um sinal com a mão para que ele aguardasse, enquanto pegava um agasalho e descia correndo as escadas.
– Aonde vai, posso saber? - Lilith perguntou, venenosa, enquanto trocava o canal da televisão.
– Não, não pode. - Afirmou Clary, batendo a porta ao sair. Era uma noite fria, o ar estava pesado. Tinha cheiro de meio outono e meio inverno. Encontrou Alec no seu quintal, com as mãos no bolso e se escorando na cerca. Vestia um grosso casaco azul e tinha os cabelos molhados penteados para trás. - E então?
– Huh... Eu- desculpe-me, na verdade eu não tenho nada importante para lhe dizer. É só que... Eu queria saber se é real, se o que está acontecendo é real.
Clary sentiu-se confusa, como se alguém estivesse brincando de adoleta com suas emoções.
– Não sei o que dizer, Alec. Eu só... Também queria saber se é real, se não há mais nada. Mas sempre tenho aquela sensação de que estou errando de algum modo, de que algo sempre está faltando. De que algo está-
– ... Incompleto. - Ele completou, vendo sua afirmativa com a cabeça. - Eu tive uma conversa com meu irmão sobre... Bem, sobre isso. E ele me disse... Me disse que vocês também, hã, se beijaram.
Clary abaixou a cabeça, por mais que não se sentisse envergonhada. Ele não conseguia ver o quanto aquelas palavras estavam ferindo-na? Que aquilo fazia tanto mal quanto dar-lhe um tiro e deixar a ferida aberta?
Ficaram em um silêncio completamente ensurdecedor, até que Alec não conseguiu segurar.
– Não vai dizer nada?
– O que você espera que eu diga? Que eu sinto muito? - E então sacudiu a cabeça. - Bem, eu não sinto. A verdade é que eu não sei o que eu sinto. Nem por você, nem por Jonathan-Jace e, nesse momento, eu não preciso de mais confusão.
– Mas...!
– Olha, Alec, você é um garoto legal e meigo e fofo, mas as coisas são como elas são e, pelo o que me lembro, eu não te prometi amor. Eu só... Quero assimilar as coisas, respirar fundo, antes de decidir o que eu quero, de fato.
– Você está sugerindo que eu deixe passar? Que eu deixe você ficar entre mim e o meu irmão? - Havia um tom suplicante ali, algo apavorado vindo de Alec. - Eu gosto mesmo de você!
– Então vai saber esperar. Não acho muito prudente eu me arriscar dessa maneira, ainda mais por coisas simples como beijos. Aliás, eu vou subir agora. Boa noite, Alec. - E, beijando-lhe a face, subiu depressa novamente para seu quarto.

~||~

Duas horas antes: Residência Lightwood.

Quarto do Jace.

Jace estava fazendo o dever de matemática - porque, sim, ele fazia suas obrigações - quando Alec adentrou seu quarto. Tinha uma expressão triunfante, enquanto sorria e jogava-se por sobre a cama.

O loiro continuou focando-se nas equações, era até divertido resolvê-las, enquanto ouvia aquele suspiro apaixonado saindo dos lábios de seu irmão. Depois de alguns minutos naquele silêncio forçado, Alec tomou a iniciativa.

– Não vai me perguntar o motivo de eu estar assim, irmão?

Jace bufou, rodando na cadeira giratória que ficava de frente para a escrivaninha, enquanto fitava seu irmão com uma expressão de tédio cuidadosamente posta.

– Não acho que seja algo bom para mim, muito menos tão interessante assim para eu ficar devidamente interessado. Mas, se é de seu interesse contar, não vou me opor a ouvir.

– Ela me beijou! - Alec praticamente gritou, erguendo-se da cama em um solavanco. Não conseguia ser discreto, nem por todo o dinheiro no mundo.

– Ela beijou você? - Jace perguntou, com a voz sombria. Não aparentava estar muito interessado - ao contrário disso, estava até um pouco indiferente por fora - mas estava queimando por dentro. Em um ciúme doentio.

– Bem... - Alec fez uma careta. - Acho que foi mais para um "eu beijei ela" ou até mesmo um beijo mútuo. Só sei que ela não me afastou e, quando entrou em casa, parecia feliz. Confusa, ok, mas feliz.

Jace soltou um silvo estranho com a garganta, algo muito parecido com um baixo rosnado ou um gemido dolorido. De qualquer maneira, voltou sua atenção para o caderno. Alec não ficou contente com a falta de atenção do seu irmão e rival.

– Não faça assim, Jace! - Provocou, a voz baixa e ousada. - Eu sei que por trás dessa máscara de indiferença, há uma criança muito irritada por ter perdido seu doce.

– Você não sabe o que fala mesmo, Alec. - Murmurou, revirando os olhos, enquanto ouvia o irmão rir.

– O que eu sei é que... - As palavras saíam pausadamente de sua boca. - você. está. perdendo. nessa. parada. E ela gosta mais de mim, tanto que até aceitou meu beijo.

– Não seja tão convencido. - Não queria cair naquela provocação. Nunca foi muito de cair nesse tipo de armadilha, mas Alec estava tirando-o do sério.

– Ah, é mesmo. Não devo contar vantagem com os rivais.

– Ah, vá para a merda, sim? - Jace gritou, jogando um lápis nele. - O que você quer ouvir? Que você está quilometricamente à frente? Pode ser que você esteja mesmo, não sou ela para saber de quem gosto mais. Mas, ao invés de ficar se achando por conseguir um mísero beijo, deveria tentar ser um pouco mais humilde.

– Mísero beijo? Tsc, seu invejoso!

– Inveja? - Jace riu, soltando um desaforo praguejado. - Inveja de que? Eu também já beijei ela e posso te garantir que foi bem antes de você.

Alec riu, mas tinha uma feição assombrosa e irritada.

– Seu baita mentiroso!

– Ah, então é mentira? - Jace murmurou, com um riso. - Se não acredita em mim, vá perguntar o quanto a sua preciosa Claire ficou encantada comigo. Foi um beijo molhado - literalmente. - Lembrou-se de quanto ela estava encharcada, naquele frio inglês, naquela noite animada. - Agora, fora do meu quarto! Quero terminar a droga do dever de matemática sem um panaca para me irritar.

– ...Babaca! - Alec rosnou, saindo do quarto apressadamente.

– É o que eu sou! - Gritou em resposta, rindo feito um maluco enquanto ouvia o barulho de Alec esmurrando as coisas. - É exatamente o que eu sou.

***


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Notas finais do capítulo

E ae?
Beijinhos
Psicoticamente, A.