Vida de Quem? escrita por March Hare


Capítulo 5
Mentira?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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– Mãe? – Você chamou baixo, já sentindo sua voz fraca.

– Sim meu anjo? – Ela disse doce e chorosa, com a voz de senhora doce. Pela primeira vez você notou que ela já estava bem idosa. Marcos, Marcos... como sempre a vida passou e você nem viu.

O cenário era um quarto branco de hospital. Você estava ali e sabia que suas chances de sair não eram grandes. Já sua mãe, esta estava na porta, pronta para ir embora. O horário de visitas tinha acabado.

– Você se lembra de um menino que brincava comigo quando eu era criança? – Perguntou com a voz baixa para não se forçar. Você não conseguia tira-lo da cabeça por mais que tentasse pensar em outras coisas. – A gente jogava bola juntos na praça... – Complementou para tentar fazer a mãe lembrar.

Ela olhou para você com os olhos cheios de preocupação antes de andar até sua cama e tocar sua testa, como se medisse a temperatura.

– Amor, você está bem? Quer que eu chame um médico?

A voz dela era baixa e te deixou estranhamente nervoso. Você quis levantar e gritar, uma sensação que tinha algo errado dominou todo o seu corpo. Por que ela fazia outras perguntas ao invés de responder a sua?

– Claro que estou. Você lembra dele ou não?

– Filho... Você não vai começar com isso, vai?

– Como assim mãe? Só quero saber se você lembra do Cláudio! – disse mais alto, sentindo seu coração acelerar. Estava assustado e não sabia o porquê, tinha muito medo do que sua mãe poderia dizer.

Ela se sentou e suspirou. Sentia um antigo pesadelo voltando.

– Meu amor, esse menino nunca existiu. Quando você era criança sempre falava de um menino de touca azul que brincava com você e quando olhávamos nunca tinha ninguém. Eu e seu pai ficamos preocupados no início, mas falavam que era só coisa de criança e que você estava se sentindo sozinho pelo nosso divórcio... Achamos que você fosse esquecer isso com o tempo então não nos preocupamos....

Você ficou nervoso, nervoso demais. Lembrava daquilo, lembrava das visitas ao psicólogo... Não era verdade. Sabia que todos estavam errados. Você não podia ter inventado Cláudio, podia?

Seu nervosismo se tornou agitação e fez os aparelhos que te mantinham vivo apitarem de forma estridente, chamando os médicos para seu quarto. Eles não demoraram para te encher de remédios e sair, te deixando sozinho com suas lágrimas.

Por um momento você chorou e chorou, sem conseguir se controlar. Tudo era tão confuso! Sentia como se uma parte importante de sua vida fosse mentira... Não é exatamente isso que acontece, Marcos? No meio daquele silencio ensurdecedor e de toda aquela dúvida, você só quer entender, só quer a verdade

– Marcos?

A voz era inocente, baixa e infantil, mas impossível de não reconhecer. Só uma pessoa do mundo era capaz de pronunciar seu nome daquela maneira. Você olhou para ele, sentindo os olhos embaçados e a visão turva. Mesmo que o quarto inteiro estivesse difícil de enxergar, nada poderia ser mais nítido do que aquele menino pequeno, vestindo um macacão jeans claro por cima de uma blusa branca simples e aquela indispensável e, por que não, insuportável touca azul.

– Cláudio.

Ele sorriu doce e depois riu de alegria enquanto corria até sua cama, basicamente saltitando. Não era sempre que você o chama pelo nome, ele ficou feliz demais. Basicamente escalou a cama para poder se sentar do seu lado.

– Então é verdade? Você é de mentira?

Viu um bico manhoso se formar naquele rosto de criança. Ele deitou a cabeça em seu peito, olhando fundo para seus olhos.

– Não sou de mentira. – Reclamou baixinho.

– Então por que só eu que te vejo?

– Porque eu moro na sua cabeça – a voz doce e animada do loiro não condizia com a seriedade da situação.

– Mora na minha cabeça? E tem algum motivo especial para você ser uma criança agora?

– Moro. Você queria a verdade... Crianças são sinceras, né?

Você sorriu. Sabia que eram. E também você não desgostava ter a versão criança de Cláudio, com aquele jeito doce, delicado e frágil. Era tão fofo... o abraçou apertado.

–Então me conta agora.

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Notas finais do capítulo

Desculpe qualquer erro e obrigado por ler



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