Os Olhos de Amber escrita por Vaalas


Capítulo 2
O Segundo Adeus


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo em uma hora. Não acho que alguém esteja lendo, mas deu trabalho escrever, então né, vou postar e deixar jogado por aqui mesmo c: Ser ficwriter é estar preparada para situações como estas.
Se alguém estiver lendo, boa leitura.



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Na segunda vez que a vi novamente, foi em uma terça-feira fria, no fim de outono. Creio que tinha se passado pouco menos de três anos desde nosso primeiro contato e, admito com pesar, que sequer me lembrava de ti, assim como sabia que tu sequer lembrarias da minha face.

Estava em uma cafeteria no centro, tomando goles curtos de um Expresso Macchiato, enquanto temperava o amargor com uma torta de chocolate demasiada doce. Você entrou pela porta da frente e os sinos soaram, mas ninguém parecia ter notado sua presença. Eu não notei, e sinto em dizer isso, mas naquele dia e naquele momento estava muito ocupado e concentrado em minhas breves provas do curso de literatura. Agora percebo que deveria mesmo ter levantado o olhar e analisado aquele momento, estudado seu pedido e observado seus passos.

No entanto só fui notá-la quando você estava de pé em frente à minha mesa, perguntando se poderia sentar-se na cadeira desocupada à frente.

Aquele era um péssimo dia para encontrá-la uma segunda vez, querida. Estava imprestável naquela manhã, com olheiras fundas e cinzas, o cabelo por pentear, as roupas por passar e a cara de quem madrugou a noite inteira e que nem mesmo três cafés expressos eram capazes de despertar. Mas ainda assim, você não pareceu realmente ligar, sorriu e sentou na minha frente com seu copo branco cheio de cappuccino, arrastando os dedos de unhas claras para dentro da mochila e tirando de lá seu bloquinho de notas.

Sim, eu não lembrei de você quando a vi, realmente peço desculpas por isso, mas Deus ou seja lá quem for sabe muito bem que minha situação naquele momento não era das melhores. Você ainda era bela como sempre foi, mesmo que até aquele dia só houvesse a visto uma vez. Seus cabelos pareciam mais claros em seu loiro acastanhado, desta vez soltos e sem prendas, sua pele estava mais com leves tons de bronze e seu rosto ainda tinha aqueles velhos traços de boneca de vidro, tão frágil e quebrável, enquanto os óculos grandes apoiavam-se em seu nariz adorável — você toda era adorável, digo logo.

E então, vi seus olhos — e eles me viram também — e aquele velho tom de caramelo e avelã, uma cor indescritível, que logo mostrara-se cor de âmbar com traços leves de dourado e verde. Seus olhos de âmbar, Amber.

Foi só ali que lhe reconheci — engraçado como seus olhos eram a característica fixa na minha memória, tão belos que nem mesmo o malicioso tempo ousou nublá-los. — e mesmo que sem querer um “Amber” fraco escapou da minha boca como uma palavra de vida própria que achou uma boa ideia escapar dos meus pensamentos. E quando disse seu nome você ergueu o rosto para mim e perguntou de onde me conhecia.

Não tardei a dar sua resposta e só comentei sobre nosso curto encontro, três anos atrás. Naquele dia você tinha 15 anos e havia começado o ensino médio se bem me lembro, era tão jovem, minha querida, e acho que eu também era, mesmo sem notar. Afinal eu não tinha muito mais que 18, talvez 19 e estava apenas começando meu caminho rumo aos empregos e cursos.

Tu sorriste para mim e pareceu recordar-se, mesmo que minimamente, daquele dia comum de maio e me cumprimentou mesmo não lembrando meu nome. Bem, eu lembrava o seu, e acho que isso era o suficiente.

Depois de uma conversa um pouco mais longa do que nossa última, você pôs uma nota pequena sobre a mesa e se despediu mais uma vez, desta vez com um aperto de mão e um rápido abraço — ainda lembro do cheiro que não parecia ser perfume. Era algo entre hidratante de uva e sabonete, não muito descritível, apenas sei e recordo-me que era o cheiro do Éden, ou do que eu gostaria que fosse.

E aquele fora o segundo contato. Em uma cafeteria qualquer do centro, enquanto eu me distraía em meio a tantos e tantos papéis do curso. E cheiro, seu cheiro.


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Notas finais do capítulo

Aí está, vamos agora para o terceiro adeus... Uhuuuuu