Anteriormente em diário de uma garota quase perfeita...

''[...] Após o desabafo da mesma,todos na porta do refeitório nos olhavam incrédulos e boqui-abertos. Anna apenas tirou uma carta do seu armário, me entregou e se pos a caminhar até a sala de aula mesmo com todos ali esperando para que o barraco continuasse, eu por minha vez, já chorava bastante, criei então forças para abrir a carta, na parte interior do envelope, havia meu nome e endereço:

Londres, 14 de setembro de 2013... [...] ''

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— Carina! — Grita Pedro vindo em minha direção — O quê foi aquilo? - Questina por fim.

— Eu.. eu não sei! — Digo gaguejando e ao mesmo tempo chorando.

— Pois eu sei — Fala Ágata — A todo tempo a resposta estava de baixo do seu próprio nariz. Anna não queria ir embora, queria ficar perto, mas quem não a deixou fazer isso foi você.

— Você tem razão Ágg mas e agora? Como tudo vai ficar? Eu juntei as peças do quebra-cabeça, porém Anna acabou com o jogo e saiu como perdedora, ela finalmente cedeu. — Raciocinei agora, um tanto quanto mais calma.

***

Querido diário,

Sim, os dias se passaram, e cá estou eu mais uma vez escrevendo neste diário, gostaria realmente de contar que tudo está otimo ou que minha vida anda maravilhosa. Mas, não é bem assim. Eu tenho sentido que estou sozinha novamente.

A algumas semanas eu e Anna brigamos na frente de todos da escola e desde então ambas não olhamos uma na cara da outra, sua carta realmente há de ter me deixado com um aperto no peito. As vezes acho que eu a tornei um monstro, ela só fez tudo o quê fez por minha causa, por eu ser desta forma, com essa personalidade marcante e ao mesmo tempo devastadora sobre qualquer um que seja. Anna também era e é assim desde que a conheci, por esse motivo creio, como um dia eu já disse e repito, nós duas somos opostas e ao mesmo tempo parecidas de uma forma diferente.

***

— Mrs.Carina, você tem visita — A voz do mordomo adentra meus ouvidos assim como um barulho leve na porta do meu quarto, o quê me fez fechar meu diário com rapídez, e ir em direção a porta.

— Quem será? — Sussuro a mim mesma incrédula por aquela visita em um domingo de manhã, deduzi então que fosse Ágata.

Abro a porta e me proponho a descer as escadas o mais rápido possivél, quando chego nos últimos degrais, avisto a garota que tanto conheço e que desde algum tempo não me olha cara a cara, fiquei um tanto quanto espantada e ao mesmo tempo sem reação alguma. Senti vontade de voltar para o meu quarto e me trancar e assim ficar pelo resto do dia, mas não fiz tal ato. Apenas cruzei meus braços, sem dizer nem uma palavra até que Anna fizesse o mesmo.

— Carina... — Anna começa — Eu sei que eu sou a ultima pessoa que você gostaria de ver agora, sei também que não faço nem uma diferença para você. Estou cansada de correr atrás, eu acho que devo dar um ponto final nisso. Quero por favor que você ligue para Pedro, Ágata, Renny, por que desta vez, pelo menos desta vez, vocês merecem um ''Adeus''. O mesmo Adeus que eu não disse da última vez. Eu tenho muito o que explicar — Ela conclui.

— Adeus? Como assim, adeus Anna? Você... vai embora? — Questiono espantada e um tanto histérica

— Eu não tenho motivos para ficar em New York. Eu nunca deveria ter ao menos voltado de Londres... vou voltar a morar com minha avó lá, muita gente está sentindo minha falta desde que eu parti, o que não é o caso aqui — Anna responde baixando os olhos.

— Não quero que você vá por minha causa. Você está redondamente enganada quando acha que há pessoas nesta cidade que não sentirão sua falta. — Cuspi as palavras.

— Olha, eu já tomei minha decisão, eu não posso ficar aqui e não existe nada que você possa me dizer para fazer voltar atrás. Sabemos o quanto tudo isso aqui não faz mais diferença agora — Anna diz sentando-se no sofá da sala ainda sem me olhar nos olhos.

Após as palavras anteriores, um silêncio tomou conta mais uma vez do comôdo onde nós duas estavamos, apenas me sentei ao lado de Anna sem dizer nem uma palavra e então fechei os olhos, cenas e flashbacks me vieram a mente, um deles foi o primeiro dia em que Anna pisou na escola,o outro foi o primeiro abraço que ela me deu, que de alguma forma, prometi que já mais iria esquecer. A terceira e ultima lembrança foi do primeiro dia de aula de Anna depois da sua volta de Londres, onde ambas tivemos o choque de realidade quando nos encontramos após sete meses.

— Best friends forever Anna.. — Sussurei baixo.

— Você disse o que? — O rosto de Anna se iluminou pela primeira vez, dizendo as palavras quase em um grito.

— Eu quero que você fique. Agora por favor, não vá embora! — Falei firme desta vez.

Ela sem pensar duas vezes, me abraçou fortemente, como se aquele fosse o primeiro abraço. Sim, o das minhas lembraças.

— Ah... que saudades de você, de você de verdade! Aquela de antes de ser magoada por mim — Anna exclama meio ao abraço.

— Let me go Carina — Responde parecendo um tanto quanto triste.

— Não! Eu simplesmente não posso! — Digo.

O verdadeiro renunciante é somente aquele que nada deseja e nada recusa, inatingido pelos opostos, tanto no seu agir como no seu desistir, não afetado nem por esperança nem por medo. Dois lados que entram em conflito, opostos proporcionalmente de uma única face.

Anna então se cala, deixando seus pensamentos voarem por toda a sala, me fitando por fim, atentamente.

— Te odiar é tão fácil quanto te amar, opostas querida, não se esqueça! Quando é certo é certo, você sempre sabe. É tarde de mais para me impedir ou pedir para que eu não sai da sua vida. É tarde demais para reclamar os sonhos perdidos.

''Às vezes tudo estava bem,
Elas foram capazes de ficarem juntas
Mas só, só por um tempo''

Continua...