Liberte-me... -Interativa escrita por Kiseki Akira


Capítulo 3
Fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, pessoas... eu sei que demorei para enviar esse capítulo, mas admito que a preguiça estava grande. É sério, preguiça é uma coisinha perigosa. Ç_Ç
Enfim, quase todo mundo apareceu neste capítulo, embora uns tenham tido menos destaque que outros.
Espero que gostem!



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Era só mais um dia comum em Berlim, as pessoas seguiam normalmente suas vidas, conversando a caminho do trabalho e levando seus filhos à escola, sem nem imaginar que suas vidas corriam mais perigo que o normal, pois agora a cidade estava simplesmente hospedando dez assassinos envolvidos num jogo de matança arquitetado por demônios.

Sasha Manson assistia aquelas cenas cotidianas da janela de seu quarto no Meliá Berlim, seus olhos estudando friamente a multidão de pessoas.

Não estava com vontade de “parar e apreciar as paisagens da Alemanha”. Estava mais ansiosa para encontrar seus novos “amiguinhos”, e, é claro, matá-los.

Abandonou a vista da janela e foi até uma de suas malas. Puxou um caderninho de capa branca e impecável de dentro dela e começou a folheá-lo.

Queria começar pela parte mais difícil: acabar com os assassinos que não eram famosos. Particularmente estava interessada em “Nêmesis”, pois alguém que estava sendo de certa forma descrita com o nome da deusa grega da vingança tinha que ser, no mínimo, bem interessante.

Mas, infelizmente, a mente cuidadosa de Sasha dizia a ela que seria tolice tentar encontrar essa vítima, já que não tinha mais informação alguma sobre essa “Nêmesis”. Seria mais fácil simplesmente deixá-la começar a sua caçada para que pudesse ter certeza de que estava indo atrás da pessoa certa.

Ao invés disso, a Assassina Genial teria que se contentar em caçar a “Chama da Noite”.

~*~*~

Annie Miller não estava muito feliz em estar de volta à Alemanha.

Memórias desagradáveis logo tomavam conta de sua mente: corpos empilhados, agulhas longas e afiadas, poças de sangue, bombardeios e gritos de horror. Era quase insuportável.

Colocou uma das mãos no bolso de seu casaco, e com a outra foi puxando sua mala preta juntamente com um pequeno mapa informando onde ficava o hotel em que ficaria hospedada. Seu rosto formava uma máscara entediada para disfarçar qualquer outro pensamento ruim que estivesse correndo por sua mente.

Sua viagem fora completamente problemática: pegara navios, trens e até um daqueles ônibus de viagem horríveis com cheiros ruins e indefinidos. Tudo porque passar por aeroportos, para Annie, era bastante complicado e estressante, especialmente para dar um jeito de esconder suas facas e espadas.

Estava acabando de descer do trem quando alguém esbarrou feio nela e a fez derrubar sua mala no chão.

–Ei! –Rosnou Annie, irritada. Virou o rosto para o culpado e viu-se cara a cara com uma garota de aproximadamente 16 anos, com belos e incomuns cabelos brancos. A garota estava inteiramente vestida de preto e segurava um baralho vermelho, que guardou rapidamente no bolso de seu casaco. Ela abriu um leve sorriso gentil.

–Me desculpe... Eu estava distraída. –Falou timidamente.

–Eu percebi.

Annie vê a garota se curvar para pegar a mala caída e a interrompe:

–Esqueça, está tudo bem. Eu pego isso. –Ela suspira.

A garota de cabelos brancos a observa por alguns segundos com uma expressão curiosa, o que deixa Annie um pouco incomodada.

–Algum problema?

–Ah? –A menina parece confusa por alguns segundos até perceber que a encarava. –Ah, desculpe, é só que... Vi o folheto que você deixou cair. Está hospedada no Honig?

–Estou. Por quê? –Annie se abaixa para pegar o folheto e a mala de volta, erguendo uma das sobrancelhas.

–Também estarei hospedada nele por um tempo... Sou Sophie Wood, e... Não tenho a mínima ideia de como chegar lá. Será que...?

–Quer que eu te dê o mapa?

–Não sei ler em alemão...

–Certo. –Annie olha para Sophie de canto, inexpressivamente, pensando se deveria ou não fazer aquela proposta. Por fim decide fazê-la, embora não lhe agradasse muito, falando lentamente: – Pode vir comigo, se quiser.

–Obrigada, ér... –Diz a garota de cabelos brancos, pondo-se a seguir Annie, que começava a estudar o mapa.

–Annie Miller. –Apresentou-se ela sem tirar os olhos do papel.

Sophie toca de leve seu baralho que estava no bolso e então olha para Annie de um jeito que ficou entre a curiosidade e a frieza.

Nenhuma das duas podia confiar em ninguém...

Afinal, não seria um desastre se, por acaso, duas inimigas acabassem sob o mesmo teto?

~*~*~

Cerca de 30% de Berlim era dedicado a parques, lagos e jardins, o que era muito bom para apreciadores da natureza. Muitos turistas visitavam a cidade por causa disso, afinal, lá havia atributos naturais realmente incríveis com diversos tipos de flores e plantas.

Aos olhos de qualquer pessoa, Cater Florence era apenas uma dessas turistas.

A garota tinha cabelos louros e uma aparência delicada. Trajava um vestido claro de mangas compridas, e estava parada em meio a um aglomerado de lírios brancos – tão alvos que quase doía olhá-los – próximos a um lago brilhante.

Mesmo com o sobrenome “Florence”, não, ela não era nenhuma amante obsessiva de flores. Apenas gostou especialmente da cor dos lírios, afinal, não tinha muito apreço por cores escuras, preto em especial. Escuridão a fazia pensar em luto.

E então Cater suspirou e parou de admirá-las, visto que não podia perder mais tempo. Podia estar sendo rastreada naquele mesmo momento, embora achasse um pouco difícil, já que não era uma das assassinas famosas. Ainda assim, suspeitava que os demônios tivessem outros planos para fazer com que todas as “peças” acabassem se encontrando.

E acabou percebendo a verdade daquela suposição quando a noite chegou e ela foi ao hotel em que estava hospedada para dormir. Após uma série de pesquisas sobre os rivais dos quais já tinha os “nomes de assassino” (nada muito satisfatório), recolheu-se em sua confortável cama e simplesmente parou de pensar naquilo.

E então Cater teve um sonho muito estranho.

De repente diante de seus olhos havia uma espécie de prisão, mas era vazia demais para ser uma. Havia poucas pessoas ali, atrás das grades, e nenhuma delas parecia ter a cabeça no lugar.

Sua atenção foi involuntariamente direcionada para uma cela mais afastada das outras. Estava muito escuro e ela não podia enxergar muito bem, mas Cater sabia que havia alguém ali por conta de murmúrios que vinham das sombras. Não havia mais ninguém ali, então seja lá quem fosse, estava falando sozinho.

Ela não entendia muita coisa, mas antes de acordar, registrou muito bem duas coisas: cabelos de tom vermelho-sangue e um único nome.

“Escorpio”.

~*~*~

Henry Lewis acordou com o coração disparado.

A luz do dia quase o cegou ao abrir os olhos, então se esticou para tentar fechar a janela, mas assim que se sentou na cama mudou de ideia. Aquele quarto já era pequeno e abafado. Com as janelas fechadas ficaria totalmente sufocante.

Dormir com a janela aberta talvez fosse um ato de descuido, se ele não estivesse no andar mais alto do prédio em que estava hospedado. Assim como ambientes fechados, Henry não suportava alturas. Mas não pretendia passar muito tempo naquele cubículo, então aguentaria ficar ali o quanto fosse possível. No entanto, só de pensar naquele ambiente completamente fechado, quase sentia vontade de gritar.

Mas não foi por causa do quarto que ele acordara nervoso.

De costas, apenas apoiou a cabeça na janela para não ter que olhar para baixo. Só queria sentir um pouco daquele vento frio de janeiro. Respirou fundo, notando que suas mãos tremiam levemente.

O sonho que tivera naquela noite fora uma coisa bizarra em diversos aspectos, como por exemplo: o sonho em si, e a suspeita de que não fora por acaso. Foi real demais.

Diversos olhos humanos em recipientes conservantes cristalinos, mãos humanas decepadas em um baú, olhos dourados como ouro líquido; olhos vivos, brilhantes. As memórias daquele sonho eram confusas e perturbadoras demais... Não precisava ser nenhum gênio para perceber a insanidade daquilo.

Talvez ele pudesse crer que fora só um simples pesadelo.

Se não estivesse enfiado na Alemanha por imposição de um demônio.

Era uma forma de aproximar os assassinos uns dos outros, Henry percebeu. Os demônios entregariam parte de algumas memórias ou informações dos inimigos às suas “peças” para que elas tivessem alguma ideia da identidade deles, ou pelo menos soubessem com que tipo de pessoas teriam que lutar. Essa era a suposição dele.

O nome “Caçador de Olhos” passeou pela mente de Henry, lembrando-se dos olhos colocados em recipientes. Certamente era desse assassino que precisaria ir atrás... Ou que o caçaria. Mas o que as mãos decepadas significavam?

Bem, ele não sabia. Mas já tinha escutado algumas coisas a respeito do Caçador de Olhos. Era um assassino, portanto um criminoso, um culpado.

Era mais um criminoso que agora seria caçado por Henry.

~*~*~

Mas nem todas as peças do jogo vieram a sonhar com os fantasmas do passado de seus inimigos. Ariane Loser acordou quase se sentindo bem, mas por um curto período de tempo. Durou apenas tempo suficiente para que ela reconhecesse seu quarto e lembrasse onde estava, e então o desânimo veio de uma vez.

Logo depois de fazer sua higiene matinal e comer bem pouco; o suficiente para poder andar por aí sem desmaiar no caminho, Ariane saiu do prédio para fazer algumas pesquisas. Ninguém notou as facas escondidas em seu casaco, embora a balconista tenha feito um olhar desconfiado quando Ariane passou. Ainda achava estranho ter uma garota de 14 anos vagando por aí sozinha.

–Ariane. –chamou a balconista quando a jovem já estava para atravessar a porta de saída.

–Sim? –A ruiva interrompe o próprio trajeto e olha para trás.

–Não deveria andar sozinha por aí dessa forma, querida... –disse a mulher em tom preocupado. –Com esse assassino solto, seria melhor ficar acompanhada. Quer que eu chame Friedrich para acompanhá-la?

Ariane franze o nariz ao lembrar-se do empregado de ar suspeito que habitava o prédio. Tinha que se lembrar de investigá-lo mais tarde.

–Não, obrigada. –A ruiva sorri gentilmente. –Posso me virar facilmente, mas agradeço pela preocupação.

E antes que a mulher pudesse protestar Ariane gira sobre os calcanhares e sai.

Andando pelas ruas aparentemente tranquilas de Berlim, não chegou a notar que estava sendo fixamente observada. Não exatamente tendo seus passos acompanhados ou algo assim, mas tendo seus olhos cinzentos como uma tempestade sendo fitados com puro interesse. Ela nunca imaginaria isso.

~*~*~

Annie não estava no hotel.

Havia saído cedo, sendo observada por Sophie Wood, mas sem que percebesse. Embora a garota tivesse aqueles incomuns, portando chamativos, cabelos brancos, era bastante discreta com suas roupas inteiramente pretas, assemelhando-se a algo como uma sombra. Assim que Annie cruzou a porta para sair do hotel, Sophie não hesitou em mover-se em direção ao quarto da garota, o numerado como 13.

A porta estava trancada, o que não fora surpresa alguma. Sophie não tinha muita experiência em abrir fechaduras, portanto precisou convencer um homem que trabalhava no local a abrir a porta para ela, afirmando ser aquele o seu quarto e dizendo que a chave não funcionava. Sophie não tinha dificuldade alguma naquilo; conseguia ser muito convincente quando queria.

Com a porta aberta, agradeceu gentilmente e então fechou a porta atrás de si, agora substituindo o rostinho sorridente por uma simples expressão cuidadosa.

–Desculpe-me por isso, Annie. –falou Sophie para o quarto vazio. –Mas preciso saber quem você é.

~*~*~

Annie Miller realmente gostaria de estar sozinha naquele parque. Infelizmente, era um sábado ensolarado e alegre, embora um pouco frio, portanto havia criancinhas, cães e gente correndo e tagarelando por toda parte. Não que ela tivesse algo contra essas pessoas, mas um pouco de silêncio seria muito bom para organizar as ideias. Não havia mesmo encontrado outro lugar melhor, então ficou por ali mesmo, sentada num banco.

Perdida em pensamentos de pura irritação por não ter a menor ideia de por onde começar a procurar seus inimigos, não percebia que estava sendo observada.

Só notou depois de um tempo, quando por acaso uma criancinha jogou uma bola de futebol que quase atingiu seu observador, chamando a atenção de Annie. A figura estava encapuzada, mas isso não a tornava nem um pouco menos chamativa.

Que diabos de roupa era aquela foi a primeira coisa que Annie se perguntou. Era uma espécie de versão dark de uma roupa vitoriana ou algo assim. A pessoa não era muito alta e era impossível saber se era um homem ou uma mulher por causa do casaco enorme que estava vestindo. O capuz cobrindo seu rosto também não era de muita ajuda.

Annie tocou de leve a faca recentemente afiada que escondera em seu casaco. Levantou-se do banco onde estava sentada aparentemente despreocupada, e então foi saindo dos limites da praça. Olhava para trás discretamente, mas não havia sinais de que estava sendo seguida.

O que não queria dizer que de fato não estivesse.


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Notas finais do capítulo

Pois é, da outra vez o capítulo ficou bugado e os travessões não apareceram. Se algo do tipo acontecer novamente, por favor, me avisem... ÇuÇ
Ah, e esqueci-me completamente de enviar as imagens dos personagens no capítulo anterior (cabeça de vento? Imagina...), então enviarei agora, mas somente dos que já apareceram diretamente:
ANNIE MILLER: http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/8d/31/d6/8d31d6a1937909f909aa34c6560e3ce8.jpg
HENRY LEWIS: http://1.bp.blogspot.com/-DbqCH9YmaLQ/UsopgVAI47I/AAAAAAAAAoM/q96rRi_UD3A/s1600/devil.jpg
SASHA MANSON: http://www.vocaloidbrasil.com/wp-content/gallery/ia/ia1.jpg
CATER FLORENCE: http://uploads.socialspirit.com.br/fanfics/historias/fanfiction-saint-seiya-intrusas-por-acaso-1906610,070520141438.jpg
SOPHIE WOOD: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRhIvFao_vCJao6G6wt5-8CmDrFiupbRXIg2qse_8-fWea77YOS
Os outros provavelmente ainda não apareceram de forma direta ou não enviaram imagem alguma.
Obrigada por ler!