Liberte-me... -Interativa escrita por Kiseki Akira


Capítulo 2
Frágeis e Frias


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar. Nos vemos nas notas finais, caros leitores bonitinhos! :3
(...ou não?)
Boa leitura!



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Desembarcando do avião, cansada do voo longo e tedioso, veio Ariane Loser. Era o início de um gelado janeiro em Berlim, na Alemanha, portanto ela era obrigada a vestir uma jaqueta longa, uma blusa simples, um short curto, com longas meias grossas por baixo e all stars. Carregava uma mala comum e não muito cheia.

Muitas pessoas estranhavam o fato de uma garota tão nova estar viajando assim sozinha, especialmente para um país desconhecido, o que deixava Ariane de certa forma irritada, pois ela odiava que a achassem frágil e indefesa por causa de sua idade e aparência.

Já fora do aeroporto, ela parou na calçada e ficou observado as pessoas andando por ali, conversando em alemão –um idioma que ela, infelizmente, não compreendia –e seguindo suas vidas normalmente. Ao olhar para essas pessoas, era quase impossível para Ariane não se imaginar vivendo como elas: tranquilas com suas consciências limpas.

Mas essa não era a vida que ela tinha.

Ela, inclusive, estava ali em Berlim com um propósito “sujo”. Era difícil esquecer-se disso, quando aquela “visita indesejada” ficava pairando em sua mente o tempo todo...

Aquele búfalo de pelos ásperos e olhos vermelhos... A coisa mais estranha que Ariane tinha visto na vida... Surgindo do nada para lhe contar que agora ela era uma “peça”, e que não podia recusar, mas que tinha o direito de lhe fazer um pedido. Aquela voz profunda e macabra...

Ariane tentou afastar esses pensamentos.

Viu de canto várias pessoas olhando-a confusas, provavelmente perguntando-se o que aquela pequena garota fazia ali desacompanhada. Bem, Ariane tinha cabelos cor-de-fogo, naturais armados e rebeldes. Tinha sardas no rosto pálido e cinzentos olhos “vazios”. Era magra e baixa, sem muita musculatura, portanto com certeza devia aparentar ser bastante indefesa, ainda mais somado ao detalhe de que ela tinha apenas 14 anos.

Mas Ariane não era indefesa.

Andou por algumas horas à procura do apartamento que havia alugado, sem poder pedir informações ou mesmo pegar um táxi, pois não conseguia entender o que os alemães estavam dizendo. Por fim conseguiu encontrar o prédio antigo de cor salmão, o Zuhause. Ao entrar no local, viu várias pessoas conversando em diversas línguas: conseguiu identificar italiano, francês, e ainda bem, inglês. Pelo menos um idioma que ela sabia usar.

O homem que falava inglês estava conversando com a balconista –que também sabia falar em inglês! –sobre algo que eles viam no noticiário na pequena televisão pregada à parede. O noticiário mostrava alguns policiais entrando numa casa aparentemente luxuosa, e minutos depois, a câmera filmou a mão pálida de um cadáver.

–Isso é tão assustador... –A balconista falou. –Era tão raro termos serial killers por aqui! Desde que esse dämlich apareceu ninguém mais tem tranquilidade!

–Ainda mais esse tipo de serial killer. –Concordou o provável hóspede.

–Desculpe, mas... Que tipo de serial killer? –Pergunta Ariane repentinamente, assustando as duas pessoas que ainda não haviam notado sua proximidade. Ela era muito boa em se aproximar sorrateiramente.

–Ora, uma americana... –Murmurou a balconista. –Qual o seu nome, querida? É nossa nova moradora?

–Ah, não... Sou irlandesa. –Ariane sorriu fraca. –Sou Ariane Loser.

–Ah, certo! Seu nome está aqui na lis-...

–Voltando ao assunto do serial killer... –Insistiu a garota.

–Bem... ele está sendo chamado por aí de “Geigerin Gespenst”, ou Violinista Fantasma. Basicamente a única coisa que a polícia sabe sobre ele é que sabe tocar violino, pois segundo a “lenda”, é possível escutar uma música de luto próxima a um lugar em que ele comete um assassinato. Mas isso é um boato idiota.

–E ele é chamado de Fantasma justamente pelo fato de a polícia nunca conseguir encontrar nada! –Acrescentou o homem inglês. –Na verdade, tudo o que ela sabe é sobre o violino e a morbidez... o Fantasma costuma deixar uma rosa vermelha nas piores cenas do crime. Como essa que acabou de passar no noticiário: basicamente a única coisa do cadáver que não for cortada foi sua mão direita, por causa do anel de casamento, para que o morto fosse reconhecido, eu acho.

–Interessante... –Ariane falou baixinho. O nome Violinista Fantasma flutuou em sua mente.

JA, chega de falarmos sobre isso! –A balconista parecia incomodada. –Senhorita Loser, vá se acomodar em seu novo quarto. Friedrich! –Ela berrou de repente.

–Ja, senhorita? –Um homem de nariz pontudo apareceu de repente.

–Tenho que levar meu filho à escola. Substitua-me aqui, por favor.

–Ja.

Enquanto isso, Ariane subia as escadas, puxando sua mala com dificuldade atrás de si. Como o Zuhause não era lá muito caro ou luxuoso, não havia ninguém para ajudá-la com o peso.

Mal a garota sabia, mas estava sendo observada atentamente por certo homem de nariz pontudo...

~*~*~

Sasha Manson enrolava seus fios claros de cabelo enquanto olhava de canto um empregado carregando várias de suas malas ao mesmo tempo. Quando ele finalmente caiu no chão, ela revirou os olhos.

–Você realmente acha que conseguirá carregar tudo de uma vez? –Sasha pergunta friamente. –Isso é tão estúpido...

O empregado olhou para ela, envergonhado, e então pegou apenas duas malas que ele conseguiria carregar facilmente. Sasha o seguiu com os olhos até que ele sumisse de vista dentro do Meliá Berlim, hotel que ficava bem em frente ao rio Spree. Era um hotel bastante luxuoso, digno do dinheiro que a garota de apenas 14 anos tinha de sobra.

Ela olhou entediada para suas unhas e então arrumou seu vestido branco de Lolita. Em seguida, Sasha adentrou no salão do hotel.

Estava bastante orgulhosa de si mesma por entender boa parte do que os alemães diziam, embora ficasse muito irritada quando não compreendia algo. Para ela era fácil aprender outros idiomas.

Outra coisa que incomodava Sasha e ao mesmo tempo deixava-a excitada, era o que ela tinha para fazer em Berlim. Era empolgante e desafiador; Sasha adorava vencer jogos. Mas um jogo como aquele era especialmente mais desafiador e divertido que o comum!

Lembrava-se perfeitamente de algo que ocorrera no ano passado, como se tivesse acontecido há somente uns dois dias, pois a memória era intrigante demais parar ser esquecida...

(Flashback – on)

Era uma noite gélida nos Estados Unidos, sombria e ao mesmo tempo divertida: dia 31 de outubro, dia das bruxas. Mas Sasha Manson sabia que a manhã do dia seguinte seria mais assustadora ainda para algumas pessoas, pois ela lhes estava deixando um presentinho de “primeiro de novembro”: um cadáver.

Não um simples cadáver. Uma pessoa morta e decapitada pela famosa Assassina Genial, uma serial killer temida por sua incrível habilidade e inteligência, além de um senso provocador e macabro. A assassina era a própria Sasha Manson!

Estava terminando de deixar sua comum “mensagem” à polícia americana: uma carta escrita em sangue: “Boa sorte em tentar me achar, policiais”. E ainda assinava como “Assassina Genial” no verso.

Era divertido para ela provar suas habilidades intelectuais escapando das autoridades daquela forma, deixando-as assombradas.

Estava muito concentrada em sua ocupação para notar uma forma movendo-se atrás dela. Só percebeu que havia mais alguém ali quando escutou um sibilo baixo e, com uma velocidade calculada, atirou sua faca na escuridão, diretamente de onde viera o som.

Ao invés de escutar alguém caindo pesadamente no chão ou algo assim, Sasha escutou uma risada reptiliana que a deixou arrepiada. E a risada parou tão repentinamente quanto começou.

–Boa tentativa, humana. –Uma voz baixa e triste falou. –Mas eu não morreria assim tão facilmente.

–Quem é você? –Sasha deu um passo para trás e quase pisou no cadáver, o que poderia ter sido um erro fatal, já que a marca de seu sapato talvez fosse encontrada. Ela se afastou do sangue.

–Vim aqui lhe fazer uma proposta, queridinha...

E então a coisa mais bizarra que Sasha já tinha visto em sua vida saiu das sombras. Uma mulher-cobra de cabelos oleosos e um rosto completamente macabro e psicótico. Parecia a personificação da própria loucura.

–O- O que eu poderia querer com você? –Sasha perguntou nervosamente, mas seu rosto estava mais pálido que o normal. Não era normal dela ficar assustada, mas tinha uma mulher-réptil bem diante de seus olhos!

–Tudo, ora, Srta. Assassina Genial... –A cobra riu ao pronunciar o nome de assassina de Sasha. –Tão egocêntrica...

Sasha lhe lançou um olhar frio.

A mulher-cobra lhe explicou as regras do “jogo”, deixando a Assassina subitamente interessada no que aquele monstro poderia lhe oferecer. Quando a explicação terminou, Sasha apenas perguntou, com um sorrisinho sádico nos lábios:

–Mas como encontrarei as outras “peças”?

–Só posso lhe dar algumas dicas. A primeira é que o “tabuleiro”, o campo de batalha, é em Berlim, na Alemanha.

–Certo... Terei que viajar então.

–Exato. –A mulher cobra pegou uma mecha de cabelo verde oleoso e começou a enrolá-la na ponta dos dedos, imitando o gesto típico de Sasha de um modo zombeteiro. –E posso lhe dar os nomes de assassinos de seus adversários.

–Então me diga, e eu os encontrarei... Afinal, se você não consegue vencer os jogos que te propõe, você é um perdedor.

A mulher-cobra soltou outra risada reptiliana assustadora e satisfeita.

(Flashback – off)

Sasha não se lembrava dos nomes de todos os seus adversários no momento, mas lembrava-se com perfeição de:

“Violinista Fantasma”, “Chama da Noite” e “Alice”, o primeiro era alemão, o segundo irlandês e o terceiro era canadense. Lembrava-se bem deles, pois eram assassinos bastante populares nos jornais de vários países.

Também recebera dicas de assassinos que não eram famosos. As dicas eram:

“Nêmesis”, “Fugitiva”, canadense e alemã, respectivamente. Os outros nomes e dicas estavam anotados em seu caderno que estava dentro da mala.

Como exatamente ela descobriria quem eles eram? Ainda ia pensar nisso. Mas tinha plena convicção de que conseguiria, e que os eliminaria e venceria aquele novo jogo.


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Notas finais do capítulo

Quero só falar algumas coisas sobre essa fanfic aqui (coisas que eu provavelmente deveria ter dito no primeiro capítulo, mas como eu sou uma animal, acabei me esquecendo!):
1-Ela NÃO é movida à base de comentários, mas seria legal para mim se você mandasse algum. Só pra animar, mesmo que eu vá continuar postando ou não, independentemente deles.
2-Ela não será escrita do estilo "comum" das Interativas (ex.: apresentação dos personagens e depois fazer alguma coisa para que eles se encontrem e pá), será escrita como se fosse uma fanfic normal e alguns personagens vão aparecendo (e divando) no decorrer dela. Mas relaxem: ninguém vai vir a aparecer só no centésimo capítulo.
3-Talvez eu demore um pouco para postar o próximo por alguns... "probleminhas da vida".
4-Meliá Berlim não é um hotel fictício, mas o Zuhause sim. "JA" quer dizer "sim" em alemão, e "dämlich", até onde me lembro, quer dizer "imbecil".
Era só isso.
Obrigada por ter lindo!