My Sky Angel escrita por Snowflake


Capítulo 21
Capítulo 20 - Elsa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Aqui vai um novo capítulo!



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Corri para fora do dormitório sem pensar nas consequências. Só queria estar sozinha e refletir. Não, eu não queria refletir queria desabar. Aquele pequeno desabafo que tive com Merida fez desencadear uma corrente de sentimentos que eu não queria sentir. As minhas asas estavam descobertas e emanavam um brilho alaranjado devido à reflexão da luz do luar. Faltavam poucos dias para a lua cheia e a lua emanava o seu brilho azulado e frio. O ar não estava frio, estava quente até mas as correntes de ar davam a sensação de frieza. Estava demasiado arreliada para sentir fosse o que fosse e então não sentia os meus braços desnudos a eriçarem-se à mudança de temperatura.

Gritei quando já estava demasiado afastada do resto da pequena população. Um grito angustiado e ansioso por sair. As minhas mãos percorreram o meu cabelo solto e despenteado. Os meus pés percorriam o relvado chutando todas as pedras que encontravam pelo caminho.

Comecei a esbracejar o ar, como se fosse o culpado disto tudo. Os meus braços e as minhas asas chicoteavam-no enquanto a minha garganta ardia de tanto gritar. Mas eu não parei. A minha mente não lhe dava ouvidos e continuava a obriga-la a gritar. Os gritos enraivecidos e atormentados saíam da minha boca sem eu os ordenar. Deixara de ter controlo do meu corpo. Os meus pés estavam doridos mas continuavam a pontapear o chão e as pedras à minha frente.

Não sabia o quanto já tinha passado quando tropecei no chão. Gritei furiosa culpando tudo e todos pela dor que me consumia. Mas os meus gritos sumiram dando lugar a soluços descontrolados. Lágrimas corriam livremente pela minha face. Dor, raiva, angústia, perda… Porque é que eu não conseguia ser feliz e ter por uma vez o que queria? Queria os meus pais. Estavam mortos. Queria a minha irmã. Merida não deixava e eu aceitara isso. Eu não era uma arruinadora de famílias. Se ela queria que eu me afastasse então eu me afastaria.

Subi a um monte bastante alto e atirei-me. O ar a correr-me pela face. A dor a puxar-me para baixo. As minhas asas forçavam-se para abrir e parar a queda mas eu contive-as tanto quanto pude.

Não sei como mas pude sentir o chão. O cheiro a relva, a terra… Vida. Algo que eu não queria. O meu corpo não concordou comigo e no último segundo as asas esticaram-se ao máximo. Tinha, mais ou menos, uma envergadura de dois metros. Os meus pés pisaram o chão e eu suspirei derrotada. Voltei a subir o monte mas em vez de me atirar apreciei a paisagem. A lua, com o seu tom prateado refletia-se na água, fazendo-a parecer prata, nos telhados e até no solo onde as ervas brilhavam como se tivessem sido acabadas de ser regadas. Parecia mágico.

Voltei a suspirar. Eu não queria magia. A dor não me deixava. Eu só queria parar com ela.

Olhei para as penas das minhas asas. Tão suaves, tão frágeis mas ao mesmo tempo resistentes. Toquei numa com a minha mão e puxei. Uma dor aguda irrompeu da minha omoplata. Arfei e gritei mas isso não impediu de eu continuar a puxar. Parecia que me estavam a desmembrar. Mais um pouco. Gritei sentido água salgada na minha boca. Estava a chorar mas eu não podia parar. Um puxão mais forte e a minha mão saltou livremente para a frente enquanto eu caía para o lado, aflita.

Arfei e olhei para a pequena pena que tinha na minha mão. Era branca tornando-se cinzenta nas pontas. Era bastante suave. Quando observei mais para baixo reparei que o cálamo, a extremidade da pena presa à pele, estava ensanguentada. Olhei para a minha asa de onde a desprendera. O sangue quente corria pelas costas. Ainda ardia bastante o lugar onde eu a tinha arrancado e em vez de gritar de horror, ou algo parecido, fiz algo que me surpreendeu.

Eu ri. Aquela dor física fizera-me, por momentos, fazer esquecer a dor emocional que me corroía por dentro. Levei a mão novamente ao lugar para arrancar outra mas fui parada por um abraço forte.

– Larga-me – gritei para o meu agressor. As minhas asas debatiam-se e eu sentia as suas a debaterem-se também para me manterem quieta.

– Não é assim que vais resolver as coisas – ele disse. – Pensa no teu hiddick. O que achas que ele sofreu quando arrancaste a primeira?

Parei de me debater mas o aperto não afrouxou. As suas asas estavam encostadas às minhas esperando que eu voltasse a digladiar. Pensei em Marshmallow. Neste momento não estava comigo. Os hiddicks tinham um poleiro próprio para dormir. Acho que tinha algo a ver com a independência. Tornavam-se mais independentes e isso garantia que não demonstrassem completamente as nossas emoções em caso de ataque.

Quando viu que eu parara de lutar, ele largou-me e sentou-se ao meu lado. Quando virei a cara para o olhar o meu rosto tomou uma expressão de horror.

– Hans? – perguntei. A minha mente tinha estado demasiado enevoada para sequer notar que era uma voz conhecida. – Que estás aqui a fazer?

– Vim dar uma volta já que não conseguia dormir. Depois comecei a ouvir gritos e vim ver o que se passava.

Corei e olhei para baixo. Eu devia estar uma lástima. Os meus olhos estavam vermelhos devido ao choro, a minha garganta estava um pouco rouca e as minhas costas sangravam. Sim, eu estava uma lástima se contarmos também a minha roupa toda suja de terra.

– Então o porquê dessa tua pequena mutilação?

– A minha vida é uma porcaria. – disse olhando ainda para baixo.

– Estou a ver – ele diz.

E, mesmo sem ele pedir eu desabafo tudo. No final parecia que me tinha saído um peso dos ombros. Hans fora compreensivo. Os seus olhos estavam atentos e ouvia tudo calado assentindo para eu continuar. Não sabia que o que me dera mas falar com ele fora tão fácil. Nunca falara tão livremente com alguém mas com Hans era simplesmente natural.

– Então, no final de tudo foi a minha irmã que fez asneira? – ele perguntou e eu assenti – Típico de Merida – ele riu – logo vocês vão estar bem. Ela está arrependida, acredita em mim.

Olhei para ele e algo nos seus olhos esmeralda me fez acreditar. Suspirei.

– Então, – comecei – qual é o teu passado secreto?

Vi os seu ombros retesarem e o seu maxilar contrair mas mesmo assim arqueou as pontas dos lábios.

– Passado secreto? – pergunta e eu olho para ele cética.

– Ninguém que não tenha um passado traumático é tão reservado como tu. Eu vi como olhaste para nós da primeira vez. Como se nós fossemos inimigos sem perdão. Nem Merida, que reparei que é bastante protetora, nos olhou assim. E também me compreendes o que significa que também sofres.

Ele suspira nada confortável.

– Se Anna é tua irmã o que isso faz de nós? – suspirei, aborrecida por ele ter mudado de assunto mas não o pressionei.

– Nada com laços de sangue – disse-lhe, sorrindo também – talvez duas pessoas que se tenham de aturar uma à outra só porque têm uma irmã em comum?

– Bom ponto – ele disse – Toma.

Ele ofereceu-me uma garrafa.

– Para quê? – eu perguntei.

– Para relaxares por agora. – ele diz sorrindo.

Eu abri e cheirei o conteúdo. Tossi.

– Uísque? – perguntei e ao vê-lo assentir olhei para ele incrédula – Tu queres me pôr bêbada?

Ele levantou as mãos como se fosse culpado.

– Tu só bebes se quiseres. Isso sempre é melhor que arrancar penas.

Eu corei e dei um pequeno gole. A bebida ardeu-me quando passou a garganta mas fez-me esquecer na confusão em que me metera por momentos. Dei outro gole e passei-lhe a garrafa. Ele deu um gole também.

– Que tal? – ele pergunta divertido com a minha reação.

– Muito forte – digo tossindo.

Fomos bebendo até acabar a garrafa. Tentei manter-me lúcida mas a bebida era demasiado viciante. Quando dei por mim, já nem eu nem Hans estávamos no controle.

– … e depois ela caiu – ele contava-me uma história, eu já não me lembrava do começo mas no final ambos irrompemos em gargalhadas.

– Eu acho… – a minha voz arrastava-se e a minha língua emaranhava-se toda. Olhei para o céu, estava a amanhecer - … melhor irmos dormir.

– Boa noite –ele diz levantando-se aos tropeções.

– É, - eu digo levantando-me nas mesmas condições – boa noite.

Não sei se foi a bebida mas mesmo naquele estado eu surpreendi-me com o que fiz. Inclinei-me para a frente e quando notei os meus lábios estavam colados aos dele. Fora um beijo calmo e com sabor a bebida. Mas como começou, acabou.

Afastei-me assustada pela minha audácia e fui a voar aos “s” até chegar ao dormitório. Abri a porta e vi Merida a dormir.


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Notas finais do capítulo

E agora que os nossos queridos personagens desabafam eu queria pedir que comentassem mais. Ultimamente tenho 1 a 2 comentários por capítulo! Agradeço do fundo do coração a quem comenta ou já teria desistido! Eu sei que muitos de vocês também são escritores. Falando com eles. Vocês não ficam felizes, não ficam como o Mundo melhorasse quando recebem um comentário? É que eu fico e até fico mais ansiosa por escrever. Tenho 25 acompanhamentos e para mim são muitos obrigada a todos! Tenho 2 recomendações que fizeram o meu coração apertar e fizeram com que, pelo menos naquele instante, eu pensasse que nunca mais teria preocupações. Tenho muito mais que esperei mas de 25 só praticamente, 2 a 3, que comentam? Eu já sei o final da história e só estou a implementar mais algumas coisas. Não posso dizer quantos capítulos faltam pois sempre que escrevo tenho uma nova ideia mas agradeço que comentem. Por favor!
Só precisava de vos dizer! Agradeço se leram, principalmente se vão comentar depois disto! Precisava de dizer: ao menos eu esforcei-me! Eu quero vos agradar mas para isso precisam de dizer o que querem. Quem sabe se não dão uma ideia revolucionária para a história?
Espero que tenham gostado do capítulo!
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Terras Dufins - Rei Lufhins - Asas Azuis
Terras Weerfins - Rei Adnis - Asas Amarelas
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❄Abraços,
Snowflake❄