Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 52
Cinderella


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas! ♥
Como vão? Eu estou ótima!
Ainda melhor por os vestibulares terem passado, e eu poder finalmente voltar a postar semanalmente. Estava com saudades. :(
Gostaria de agradecer àquelas que ainda estão comigo nessa longa jornada chamada Blood Curse. Já faz muito tempo, né? haha
Enfim, sem mais delongas, mais um capítulo.
xoxo
~Soul



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Rosalya interrompeu seus ritos mágicos ao perceber, de soslaio, um bando de homens trajados de vermelho se aproximando do seu grupo.

– Algum problema? – Debrah a tocou no ombro.

– Não, já acabei. Estamos prontos para partir. – Rosalya estranhou não ter estremecido ao toque da outra. Debrah havia se tornado uma presença aceitável, ao que parecia.

Castiel desviou sua atenção das garotas e olhou adiante. No meio dos homens de vermelho, havia um homem alto, de longos cabelos escuros, trajado de roupas antigas e marrons, que trazia algo nas mãos.

– Você tem certeza disso? – O homem fitava Nathaniel.

O loiro suspirou.

– Prefiro me arrepender de algo que fiz, do que de algo que não fiz. Além disso, eles também ficarão em posse do quadro dos licantropes, não estaremos rebaixados.

Nathaniel recebeu o que o homem trouxera e, depois de contemplá-lo uma última vez, entregou o quadro à Rosalya. A garota, após um momento de relutância, o tomou em suas mãos e franziu o cenho.

– Achei que fosse... maior. Tem certeza que esse é o quadro certo?

– Certamente. – O homem respondeu. – Nathaniel seria capaz de enganar alguém sobre algo tão importante.

– Nathaniel? – Castiel se pronunciou – O que houve com o rei?

– Dimitry foi um pai para mim mais que o antigo rei. – O loiro o encarou – Não que eu lhe deva explicações.

Debrah levou ambas as mãos aos olhos e virou-se de costas para todos. A feiticeira franziu a testa.

– Minha vez de perguntar, Debrah: algum problema?

– Esse quadro está me cegando! Nem mesmo as asas dos anjos brilham tão dourado quanto isso!

Rosalya ficou boquiaberta: ela estava louca? O quadro não podia parecer mais fúnebre! As cores eram mortas, não haviam formas, apenas traços aleatórios se cruzando. Rain havia dito que o quadro lembrava uma pintura modernista, mas... aquele nada se assemelhava a uma.

Rain teria visto o quadro verdadeiro, ou o verdadeiro estava em suas mãos? Mas a reação de Debrah provava que aquele quadro provavelmente era o certo. Isso provaria também que Rain nunca esteve realmente prisioneira de Nathaniel, embora ela tenha dito que o vira todos os dias. O que estava acontecendo?

Ainda assim, Violette havia confirmado que toda a história de Rain era verdadeira, afinal, foi Violette quem a resgatou do Castelo de Nathaniel. Rosalya suspirou: sua cabeça estava criando um nó.

A feiticeira despertou de seu devaneio quando Castiel, com sua jaqueta de couro preta, cobriu o quadro e o tomou de suas mãos.

– Sem mais problemas, certo? Podemos ir?

– Ahm... claro.... É só atravessar o portal e estaremos em Sweet Amoris novamente.

O ruivo, mesmo que a garota ainda não tivesse terminado de falar, já havia atravessado o portal.

– Obrigada, Nathaniel. Esse quadro é muito importante.

– Sim, eu sei. Não é importante apenas para vocês, como para nós também. Consigam o outro.

– Esse é o plano. – Rosalya observou Debrah passar pelo portal.

– Espero que falhar não seja uma opção. Eu juro que, se isso acontecer, eu terei o meu quadro de volta, nem que eu tenha que o conseguir à força.

Rosalya engoliu em seco. O ar de ameaça não estava nada implícito na voz do garoto.

Não é.

Ela assentiu para ele em sinal de reverência e, olhando para Nathaniel por uma última vez de soslaio, passou pelo portal, que se desfez em infinitos fractais coloridos de magia.

– Dimitry, me traga um papel de carta e a pena, – Ordenou o loiro – e encarregue-se de que minha carta esteja na posse de meu destinatário o mais urgente possível.

– Assim como ordenas, meu rei.

*

Rosalya abriu os olhos ao sentir a firmeza do chão novamente abaixo de seus pés e não se surpreendeu com o que vira: Castiel conversando com Lysandre, parecendo estranhamente surpreso. Mais para a esquerda, estavam Alexy, Armin e Kentin, que, com uma mochila de estampa militar em suas costas, já parecia pronto para partir. Debrah estava sentada em uma cadeira, um pouco mais afastada de todos, com as mãos pressionadas contra os olhos. O quarto dos feiticeiros gêmeos mantinha a bagunça de sempre: livro e mais livros espalhados por cima de todos os móveis e pelo chão. O quadro, ainda coberto pela jaqueta de Castiel, agora estava na posse de Lysandre.

A feiticeira sorriu para o garoto de olhos heterocromáticos quando o viu andando em sua direção.

– Castiel parecia incomodado. – Ela sorriu – O que contou a ele?

– Longa história, mas resumindo para você: Rain voltou.

A garota arregalou os olhos.

– Rain... voltou? E como ela está?

– Nada bem, mesmo que Kentin insista em dizer o contrário. Ele está dizendo que ela não mudou, no entanto, Violette nos prova o contrário.

– Violette? – Ela franziu o cenho.

– Sim. – Ele suspirou – Rain quase a matou na noite em que chegou aqui.

Rosalya ficou levemente boquiaberta.

– Por que isso?

– Violette não quis nos dizer, e não somos exatamente amigos da Rain agora, então... não sabemos. Você quer visita-la antes de partir?

– Não, eu passo. Se Violette, que era a melhor amiga da Rain quase morreu, imagine o que ela fará comigo.

Lysandre sorriu.

– Esse termo incomoda você?

– Nós erámos amigas bem antes de Violette aparecer. – Ela deu de ombros – Não parece meio injusto que alguém apareça do nada e roube sua melhor amiga de ti?

– Sim, parece.

– Mas antes de partir... – Rosalya cruzou os braços – há algo me incomodando, você poderia conferir por mim?

– Certamente. O que seria?

– É sobre a Violette.

*

O ruivo saiu do quarto a passos rápidos e inaudíveis. Ela estava de volta? Claro que queria revê-la, mas não achou que seria tão repentino. Demônios, mortes, Noir... não importava, ele apenas queria vê-la.

Castiel interrompeu-se ao fim do corredor ao ouvir, graças à sua audição digna de um vampiro, a voz doce e melodiosa de Rain no andar de cima. Ela sussurrava, ria, ironizava... seus pelos se arrepiaram.

Ele subiu e sentiu seu coração disparar de forma irregular quando seus olhos cinzas como um céu chuvoso a avistou. Ele gritou por ela. A garota virou o seu rosto em câmera lenta, e os seus fios negros balançaram com o movimento. E então, ela sorriu. Com seus lábios carnudos, rosados e dentes brancos, ela tinha o sorriso perfeito. Os seus olhos azuis brilhavam na escuridão do corredor. Ele só queria correr até ela e tê-la novamente em seus braços.

Mas não era nos seus braços que ela estava naquele momento.

Castiel avançou sobre Noir, puxando-lhe pela camiseta preta e o arremessando na parede no fim do corredor. O moreno grunhiu e, no outro segundo, centenas de mãos negras puxavam o ruivo contra o chão. Castiel forçava-se a não sucumbir às forças que o arrastavam quando, de repente, as sombras sumiram e ambos congelaram.

– O que estão fazendo, idiotas?

Castiel olhou imediatamente para Rain: suas íris azuis estavam completamente vermelhas.

– Estou me defendendo. – Respondeu Noir, com tom de ironia. – Ou deveria tê-lo deixado me bater sem motivos?

A morena sorriu, e andou a passos lentos até estar face a face com Castiel.

– Um oi seria suficiente, mas você adora entradas ostentosas, não é verdade?

Castiel abriu a boca para responder, entretanto, interrompeu-se ao abaixar o olhar: não havia de fato pensado nisso, mas o que deveria dizer a ela depois de tê-la abandonado no castelo de Nathaniel?

Rain passou seu dedo indicador direito pela mandíbula do ruivo antes de deixar escapar um sorriso.

– Noir, me ajude: o que eu devo fazer com princesas que esquecem os sapatinhos de cristal em bailes encantados?

– Poderia começar apunhalando-as no coração. – Castiel, ainda congelado, desviou o olhar para Noir, que havia aparecido atrás de Rain – Sem metáforas, um cavaleiro que nem ao menos consegue proteger sua dama não merece viver.

– Isso foi bravo e, no mínimo, excitante, Noir. – A morena aproximou-se ainda mais do garoto a sua frente e passou a sussurrar-lhe nos ouvidos – Sorte sua que eu nunca fui a sua dama, não concorda?

Rain afastou-se, e gargalhou aos olhos levemente arregalados de Castiel.

– Está arrependido de ter vindo atrás de mim? Com certeza deve ter ouvido dos seus amiguinhos que eu, sei lá, mudei. Já provei o suficiente, ou você quer experimentar mais um pouquinho da nova Rain?

– Para Kentin, você não mudou. – Noir provocou.

– Eu amo o Kentin. Noir, você é masoquista ou simplesmente idiota? – Ela voltou seu olhar ao ruivo – Cassy... não sei o que passou pela sua cabeça, mas o seu amor por mim, não me deu amnésia. Achou mesmo que, por ter passado tantos meses, eu simplesmente teria esquecido que você me abandonou para correr atrás de outra garota e me jogaria nos seus braços?

– Ah. Se você está aqui, significa que Debrah também está. – Noir balbuciou.

– Sério? – Rain ergueu as sobrancelhas – Não está preocupado, espero. Mesmo que ela ainda queira te matar por conta da sua suposta traição, agora que Lilith morreu, ela está enfraquecida. Ainda assim, adoraria conhece-la! Sempre quis saber se sangue de bruxo é diferente dos humanos! – Sorriu.

– Ah. – Noir a acarinhou na bochecha – Seu pai deve ter muito orgulho de você. Falando nele, é o real motivo por eu ter vindo até aqui. Temos negócios a tratar, donzela.

– Castiel, ainda pode mexer a boca, junte-se a conversa. Espera! Noir, você não está se referindo àquilo, está?

– Não.

– Estou curiosa.

– Venha comigo, então.

Noir passou por ela, e seguiu pelo corredor sem olhar para trás. Rain o olhou, por cima dos ombros de Castiel, alcançar as escadas e descer para o andar inferior. Ela suspirou antes de, finalmente, voltar seu olhar ao garoto congelado a sua frente.

– Por que você não fala nada? Depois de tantos meses, nós finalmente nos reencontramos e você me deixa a falar só.

– O que eu deveria dizer a você? – Balbuciou, depois de alguns segundos – Está certa, eu miseravelmente deixei você para trás.

Rain forçou um sorriso.

– Não concorde comigo, esse não é você! – Ela expirou – Acho que se desculpar seria uma ótima forma de recomeçar.

– Já pensei nisso: não seria o suficiente.

– E não é. Será apenas o primeiro item de uma lista longa e praticamente infinita de coisas que você terá que fazer por mim até que eu te perdoe.

O ruivo não conseguiu evitar sorrir.

– Virarei seu escravo, é isso?

– Escravo é um termo ofensivo, eu prefiro ajudante não-remunerado. – A morena enfiou os dedos nos bolsos traseiros de seu short – Eu tenho que ir, Noir está me esperando.

– Vai me deixar assim? Não é uma posição que eu escolheria como confortável.

– Deveria, para te deixar refletindo sobre o que fez comigo.

– Posso garantir que reflexão virou uma palavra bem comum no meu dicionário.

Rain sorriu e, tocando nas têmporas dele, grudou suas testas.

– Confesso que foi bom rever você. – Sussurrou.

Ao passo que ia falando, as íris de Rain iam voltando pouco a pouco ao normal, até finalmente estarem novamente azuis. Castiel caiu ajoelhado aos pés dela e, forçando-se a si a não olhar para trás, apenas a escutou partindo mais uma vez para longe.

*

– Então, é verdade verdadeira que você viaja no tempo?

Violette franziu o cenho e recolheu as pernas cobertas pelas longas meias. Estava impossibilitada de sair do quarto graças aos feiticeiros gêmeos, e tinha muita dificuldade em se mexer, graças à Rain.

– Quem é você mesmo?

– Sou Nina. – A garota balançou as pernas no ar – Não ligue para mim, eu sou do mal.

A garota de tranças ergueu as sobrancelhas.

– Você é do... mal?

– E você parece ótima para alguém que, noite passada, levou uma surra da Rain. Qual o seu segredo?

– Magia do tempo faz milagres.

– Preciso dizer, muito me impressiona essa sua... magia. E nem seria pelo tempo ser uma constante proibida.

– O que? – Violette sentiu sua voz falhar.

– Permita-me dizer: eu sou muito velha, e já viajei por todo o mundo, mas nunca, nunca, conheci alguém com magia manipuladora do tempo... simplesmente porque não existe.

A menina de meias apertou os olhos.

– O que você quer?

– A verdade. Sou bastante curiosa. E é por ser curiosa que não deixei de notar um detalhe muito importante. Rain ainda é novata nisso, ela não reparou, mas tenho certeza que Noir também notou.

– Que seria?

– Você sempre usa meias, certo? O que há de tão apavorante com suas pernas que você as esconde tão desesperadamente?

– Nada. – Ela deu de ombros – Apenas estilo.

– Ah, certo. Então você não vai reclamar se eu tirá-las agora, vai?

Antes mesmo que Violette pudesse responder, Nina havia arrancado fora os cobertores e meias da outra, e sorriu ao que seus olhos encontraram: marcas negras, que se cruzavam.

– Não precisa escondê-las, as marcas são lindas. Vê? Eu também as possuo no meu pescoço e braços. É o símbolo de fidelidade da nossa organização.

Violette desviou o olhar. Nina, que agora estava em pé a sua frente, em um piscar de olhos estava ao lado dela.

– Rain vai adorar saber que, além de viajante do tempo, você também é uma de nós.

– Não pode contar a ela! – Sua voz saiu suplicante.

– Ué. – Ela piscou – Por que não?

– Quando descobri que eu menti para ela, Rain vai me matar!

– Não deixaremos que ela te mate até conseguirmos todas as respostas que queremos.

A voz suave, calma e melodiosa havia vindo da porta do quarto de Violette, o que chamou a atenção de ambas as garotas. Lysandre sorriu para Nina em sinal de agradecimento, que sorriu imediatamente de volta para ele.

Violette congelou.

– Ly... sandre?

– Ao que parece, as suspeitas de Rosa estavam corretas. – Lysandre suspirou – E pensar que acreditei que éramos amigos.

Amigos? – A garota grunhiu – Vocês me trancaram num cubículo! E você, Nina, aliando-se ao inimigo? Grande inspiração, Viktor terá grande orgulho de você!

– Agradeço a preocupação, colega, mas Viktor está morto. Há muito tempo, aliás.

– ...morto? – Vio sentiu suas forças fugirem.

Lysandre segurou a garota de tranças pelos ombros e a empurrou contra a cabeceira da cama.

– Não me faça repetir minha pergunta, Violette. Onde está meu irmão?


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Notas finais do capítulo

Gente, eu fui copiar do Word e acabei apertando ctrl + x no lugar de ctrl + c, e acabou apagado tudo. ;-; Meu coração parou de bater, mds.
Agradecimento especial aos desenvolvedores pelo ctrl + z