Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 51
Caça à Mentirosa


Notas iniciais do capítulo

Oi todo mundo! õ/
*se esconde das tochas, tridentes, armas de madeira e faquinhas de manteiga*
"Sumiu por dois meses?? Tá louca, mulher??"
;-;
Sim, eu sumi por dois meses. Quem acompanha a fic há mais tempo, - muito mais tempo - sabe que, nessa época de pré-vestibular eu sumo. Não por minha opção, a escola que puxa bem mais. -.- Peço sinceras desculpas por não ter avisado, mas a decisão de me dedicar aos estudos foi meio repentina, e como não havia nenhum capítulo escrito, não havia como eu avisar a vocês.
Não sei se irei voltar semanalmente ou apenas após os vestibulares, por isso havia pensado em criar um twitter para a fic, para avisar vocês quando irei ou não irei postar - ideia essa que ainda não saio do papel, queria saber o que vocês acham.
Esqueci algo?
Ah!
Se não tive tempo para escrever, tive menos ainda para responder os comentários. Prometo responder a todos assim que tiver tempo - planejo hoje ou amanhã, no máximo.
Eu iria voltar definitivamente depois que todos os vestibulares passassem, mas senti saudades de vocês, da fic e culpa por ter sumido sem mais nem menos. :(
Não sei nem se alguém vai ler isso, ou continuar acompanhando a fic depois de tanto tampo, porém, não saberia se não voltasse, então aqui estou eu.
Aproveitem a leitura! :*
Beijinhos,
~Soul.



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– Não há mais como voltar atrás. Os sacrifícios já foram feitos.

Ela encarava atentamente a entidade debaixo do capuz, como que procurasse desvendar o enigma por trás dela. Mas não havia o que descobrir: mesmo que a entidade não tivesse dito a ela com palavras precisas, a garota sentia seu poder, sua superioridade, a calma e sensatez nas palavras sábias e arrastadas.

A Morte.

– Ora, pequenina. Você sabe que o todo é bem maior que apenas os sacrifícios.

Rain franziu o cenho.

– Devo apenas deixar que eles tenham morrido em vão? Por que eu o faria?

– Esse é o ponto, minha querida. Por que você o fará?

A voz rasgada e impertinente da entidade lhe golpeava os tímpanos.

– Como pode ter tanta certeza que irei reverter a situação? É um bom plano. – Ela deu de ombros. – Além disso, sou uma boa filha, que apenas quer agradar ao seu pai.

Para a surpresa da menina, a entidade levou suas mãos ossadas ao capuz e o abaixou, revelando uma jovem e linda mulher, de cabelos longos e tão negros quanto a escuridão, e de olhos vermelhos vibrantes e penetrantes. Rain não pode evitar ficar levemente boquiaberta, o que arrancou um sorriso doce da outra. Com uma voz calma, melodiosa e completamente agradável aos ouvidos, ela disse:

– Eu sei que o fará, pois uma boa filha quererá de trazer orgulho a seus pais.

Rain, ainda contemplando fascinada aquela mulher, sentiu uma vontade inexplicável e quase insuportável de chorar. Não sabia por que, mas sentia que, se abrisse a boca para responder, ela choraria, e não pararia mais.

A visão da mulher foi-se, aos poucos, tornando-se embaçada. Rain a olhava com os olhos de um míope, quando, ao finalmente abrir a boca para falar, viu-se em um quarto escuro, com o sol insistindo uma invasão por através das frestas da janela.

Então, havia sido apenas mais um sonho. Todavia, ela se sentia estranhamente incomodada.

Rain esticou os braços para espreguiçar-se e alcançar o outro lado da cama. Vazio. Mesmo com as roupas de ambos ainda espalhadas pelo chão do quarto dele, Kentin não estava mais lá. A garota franziu o cenho. Por que ele não a acordara? E onde estava ele?

Alcançando com dificuldade preguiçosa seus pertences, a garota vestiu-se e, bufando, saiu do quarto. Ela não deu muitos passos pois, há poucos metros dali Noir a esperava.

*

Mesmo depois da conversa com Debrah no corredor, Castiel via-se incapaz de voltar a dormir. Haviam-se passado horas, que mais pareceram séculos para ele. O cheiro doce de sangue vindo da taça intocável oferecida por Nathaniel embrulhava seu estômago.

Não que ele já não estivesse acostumado com aquela sensação. Não lembrava da última vez que havia dormido bem, ou se alimentado. Culpava-se pelo desaparecimento de Rain no ataque à Sweet Amoris: se ele estivesse lá, poderia tê-la protegido. Ou ao menos tentado. Mas havia se agarrado ao que lhe parecia a única oportunidade de superar todos os conflitos do passado e recomeçar uma nova e eterna vida ao lado da garota que amava.

No entanto, todas as suas ações impulsivas apenas pareciam a cada segundo mais estúpidas: Rain havia virado prisioneira de Nathaniel. Rain havia sido raptada. Rain havia virado um demônio. Rain. Rain. Rain.

A cada segundo, ela lhe escapava progressivamente mais de seus dedos.

Ele lembrava do quão azul eram os olhos dela, do quão macia era a pele dela, do cheiro agridoce dela. A voz, apenas ao longe. O sorriso, ele o forçava lembrar sempre para que a lembrança não lhe escapasse. Mas os sentimentos nunca lhe fugiram. Sentia-se sempre sufocado, com o coração apertado. As piadas não tinham mais graça. O mundo havia perdido muito a sua cor. Era ainda estranho para ele admitir, mas nunca havia sentido tanta falta de alguém como a dela. E arrependia-se amargamente de não ter passado cada segundo que podia ao seu lado.

Castiel andou a passos rápidos até a porta ao ouvir batidas. Era Rosalya, com Debrah logo atrás. Aparentemente, Nathaniel os havia convocado. Finalmente, depois de tantas horas perdidas, eles iriam agir.

Os três atravessaram um longo corredor de parede vermelha escura, repleto de cortinas e quadros que contavam a história dos antigos reinados. O último quadro, para a surpresa de todos, mostrava uma família desconhecida: o rei, a rainha, e uma garota loira com trajes exuberantes. O restante do corredor estava vazio, a espera de ser preenchido com mais história, embora houvesse uma marcação estranha na parede, como se algum quadro, que passado anos exposto, houvesse sido retirado.

Eles seguiram, quietos, pelo infindo tapete marrom que preenchia os chãos dos corredores e escadarias, até que, enfim, avistaram Nathaniel, que trajando roupas azuis e luxuriantes, os aguardava encostado à uma coluna ao canto do salão.

– Confesso que a curiosidade estava a me matar. No entanto, tinha assuntos urgentes de meu reino para resolver. – Nathaniel havia se afastado da coluna e caminhado ao encontro dos três. – Espero que tenham aproveitado a hospedagem, mas me digam, o que mais posso fazer por vocês?

Os três se entreolharam e mantiveram-se em silêncio.

– Rosalya? – O loiro ergueu as sobrancelhas para a feiticeira.

– Precisamos da sua ajuda.

– Isso eu consegui supor sozinho. Como eu posso ajuda-los?

Rosalya não pode evitar ficar perplexa.

– Você vai mesmo nos ajudar?

Nathaniel deu de ombros.

– Se Lysandre está envolvido, arrisco ser algo muito interessante. O fato de ele ser quem é sempre muito me intrigou.

– Pois bem, é de fato interessante. – Rosalya cruzou os braços. – Precisamos de um quadro.

O loiro franziu o cenho.

– Quadro?

– Sim, uma verdadeira antiguidade. – Interveio Debrah. – Existem apenas dois dele no mundo: um em posse dos vampiros, e o outro, dos licantropes.

Expirando, Nathaniel sorriu.

– Ah, o conheço bem. Os quadros pintados por Lilith, certo? – Debrah arregalou quase que imperceptivelmente os olhos. Como ele sabia? – Reza a lenda que ela os pintou e entregou ao primeiro vampiro e licantropo. Desde então, ele é passado de geração em geração, e representa a honra, força, coragem e orgulho de ambas as raças. – Ele suspirou – Não posso entrega-lo a vocês.

– Como não? – Rosalya ergueu o tom de voz e cruzou os braços – Você disse que nos ajudaria!

Nathaniel sorriu sem graça.

– Acabei de explicar a vocês, Rosalya. Se vieram apenas por ele, acredito que já podem se retirar.

– E eu acredito que, depois de manter Rain como sua prisioneira em um quarto escuro e frio durante dias, nos entregar esse maldito quadro é o mínimo que você, Nathaniel, pode fazer para recompensa-la, não concorda? – Castiel pigarreou – Digo, sua majestade. – Ironizou.

O loiro abriu a boca para responder, mas, franzindo o cenho, a fechou.

– Como? – Disse, finalmente.

– Peço desculpas por Castiel, ele age estupidamente com todo mundo, embora esteja falando a verdade. – A feiticeira interveio.

Nathaniel, ainda parecendo pasmo, sorriu mais uma vez.

– Eu nunca mantive Rain prisioneira aqui.

– Desculpa Nate, não sei qual a sua ideia de manter alguém prisioneiro, mas...

– Não nenhuma ideia. A primeira coisa que fiz, como rei, foi libertar todos os escravos e destruir todas as celas. Não haveria lugar para mantê-la presa; pelo menos, não um lugar escuro e frio.

– Alguns vampiros seus nos devolveram Kentin. –Rosalya cruzou os braços. – Onde estava Rain, então?

Nathaniel suspirou.

– Sim, mandei que o deixassem lá, mas apenas depois dos primeiros socorros. Ele é um intrigante da Caninus, fazer qualquer mal a ele seria declarar uma guerra.

– E a Rain? – Insistiu o ruivo. Nathaniel revirou os olhos.

– Ela havia desmaiado. Depois disso, pedi a todos que se retirassem. Ordenei a Dimitry, um vampiro que é de muita confiança minha, que levasse os dois a um de nossos quartos e tratasse de seus ferimentos. Ele levou o garoto, mas, ao voltar para busca-la, Rain havia sumido.

– E eu devo acreditar em você por....? – Rosalya ergueu as sobrancelhas.

– Eu posso lhes confirmar que tudo o que meu marido disse não é nada além da verdade.

Todos olharam para o alto da escadaria. A mulher de cabelos negros e olhos azuis como o céu sem nuvem trajava um longo vestido rosa claro e juntou-se ao grupo.

– Sua... cúmplice? – Debrah franziu o cenho.

– Minha rainha. – Ele deu o braço a ela. Toda a sua postura representava bem o seu papel.

– Ouvi a conversa de vocês. – Declarou, finalmente. – Não estava bisbilhotando, apenas tenho bons ouvidos, afinal, sou uma vampira. Disseram que queriam o quadro. Por que? Para que? Como uma pintura pode ajudar-lhes de alguma maneira?

Os três se entreolharam. As garotas suspiraram, mas logo dispuseram-se a contar todos os detalhes relevantes aos reis. Nathaniel parecia levemente abalado. Sora, incomodada.

– Então está além de nosso alcance. – Afirmou ela.

Nathaniel assentiu, ainda se sentindo incomodado. Rain sempre fora tão cheia de vida, de confusões, de emoções. Sempre muito altruísta, sempre se preocupando mais com os outros do que o necessário. Agora, era um demônio? Toda aquela história soava nada mais que ridícula.

E seria apenas ridícula, se as palpitações aceleradas dos corações de Rosalya e Castiel não denunciasse que era tudo verdade.

– Sora, peça aos guardas que tragam o quadro para eles.

A mulher olhou-o de soslaio, com uma surpresa quase despercebida. Sorrindo, ela se afastou do grupo, e andou a passos rápidos até sumir nas sombras do corredor mais próximo.

– Vou começar o portal. – Avisou Rosalya, e deu costas ao grupo.

Os três continuaram a observar a feiticeira proclamar palavras estranhas, que apareciam no ar em cor de ouro e derretiam, formando, pouco a pouco, um círculo que crescia progressivamente. Finalmente, Debrah rompeu o silêncio.

– Não a sequestrou mesmo?

Nathaniel a olhou de soslaio e suspirou.

– Não esconderia se realmente o tivesse feito.

– Mas Rain afirmou que esteve com você. – Castiel interveio. – Que a levava para ver o quadro e depois a trancava novamente.

– Não sei com quem ela estava, porém, posso garantir que não era comigo.

Debrah deixou escapar uma risada.

– O que é tão engraçado? – Castiel soou irritadiço.

– Não percebe? – Debrah respondeu – Estamos começando um novo jogo, minhas queridas: Caça à mentirosa.

*

– Noir, por favor, eu não sei!

O moreno a apertou o pulso e a empurrou ainda mais contra a parede.

– Não está tentando fugir agora, está?

– Não, eu não estou! – Ela bufou. – Não irei voltar atrás.

Noir a soltou e expulsou todo o ar que não sabia que estava prendendo.

– Todos os sacrifícios já foram feitos, é um pouco tarde para voltar a trás. – Ela continuou.

– Nem todos os sacrifícios. – Ele riu.

Rain forçou um sorriso.

– Também irei rir quando este dia chegar, eu prometo. Mas não sei mesmo onde Nina está.

– Acha que a capturaram?

– Vou repetir, devagar, para você entender: Não. Sei. – Ela revirou os olhos – Maldita escola no século XIX que não nos permite usar celulares.

– Dizer que é do século XIX é um elogio, você sabe.

Rain ergueu as sobrancelhas, mas logo depois mordeu o lábio inferior.

– Será que toda essa sua repentina preocupação com a Nina não é apenas uma desculpa para conversar comigo? O fato de eu estar com o Kentin agora te perturba mesmo tanto assim?

Noir ficou boquiaberto.

– Você... é horrível, sabia?

– Obrigada. – Ela riu e o segurou pelo pulso – Eu, mesmo demônio, fui capaz de descongelar o seu coração? – Rain se aproximou – Você é tão bonito, parece uma obra de arte. Sabe quantas garotas adorariam estar no meu lugar? Fico realmente honrada.

Noir a empurrou novamente contra a parede, mas abaixou o olhar. Rain riu.

– Posso tentar adivinhar por que você não olha para mim? Hm? Isso é um sim? Vejamos... Se você me olhar com seus olhos brilhantes e roxos, você vai querer muito me beijar, mas sabe que se o fizer, eu te matarei, porque eu te ameacei. Então, está agora pensando se um último beijo meu vale a pena seus últimos segundos de vida. Estou certa! ... Não estou?

Noir, sem forças e derrotado, levantou o olhar e a encarou por através dos seus cílios longos e negros.

– Rain... – forçou-se a falar.

– Rain!

No entanto, o chamado de Noir fora abafado pelo grito de alguém que também a chamara, do início do corredor do último andar do dormitório. Ambos olharam na direção em que a voz viera, e Noir franziu o cenho.

O que ele fazia ali?

Rain, por sua vez, com uma mistura de surpresa e confusão, apenas sorriu.

– Olá, herói. – Ironizou.

Castiel.


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Notas finais do capítulo

Não tenho muito o que dizer, estou bem apressada - o que não é novidade para ninguém.
Comentem gente, de verdade! Preciso saber quem ainda está comigo! :)
Prometo responder todos os comentários em breve. u.u
Ahm...
Estou muito feliz por estar de volta!! Uhuuuu o/
Beijinhos, e até breve.
~Soul ;)