Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 50
Jack the Ripper


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas.
Primeiramente, gostaria de me desculpar pela falta de capítulo semana passada. Estou verdadeiramente sem tempo. Tenho certeza que vou dormir madrugada adentro pois tenho cinco tarefas enormes para amanhã, e ainda não fiz nenhuma, escrevendo para vocês. Talvez os capítulos atrasados não serão raros, principalmente agora, perto do vestibular, segundo semestre, último ano. Está muito difícil, e vou fazer de tudo para continuar postando. s2
Segundo, gostaria de AGRADECER À QUEEN PELA RECOMENDAÇÃO! Muito obrigada, honey, de verdade. FIQUEI MUITO FELIZ, OBRIGADA! Capítulo dedicado a você. :3
Boa leitura, amados, até mais.
~Soul



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– Sou filha de Lilith.

Nina soltou o ar que não sabia que prendia: havia notado um peso enorme esvair de seus ombros depois de finalmente ter pronunciado aquelas palavras. Lysandre, por sua vez, com os olhos arregalados e a boca levemente entreaberta, parecia atônito.

– Filha... de Lilith? – Ele franziu o cenho. Nina sentiu o ar prender no fundo da garganta: então ele duvidaria de sua palavra?

– Sim. – Ela soou firme – Adotiva, pelo menos. – Lysandre cruzou os braços, fazendo a garota prosseguir – Lilith era muito amiga de minha mãe biológica. Quando ela me encontrou, há mais de um século, eu estava perdida em Londres. Eu... – ela mordeu o lábio inferior antes de expirar – Em busca de uma forma de... me livrar do ódio que eu sentia por minha mãe biológica, porque eu achava que ela havia me abandonado, fiz atrocidades. Não apenas matei, como mutilei dezenas de mulheres por vingança: a forma mais útil que descobri de alívio para com a minha dor. – Ela deu de ombros – Mas Lilith me reconheceu pela minha aparência e me explicou a verdade sobre minha mãe, e uma vez que ela estava morta, Lilith cuidou de mim como se eu fosse sua filha.

Lysandre parecia visivelmente aliviado.

– Como Lilith e sua mãe se conheceram?

– Como elas se conheceram, eu não sei. Mas Lilith me contou que, uma vez que ela fazia qualquer coisa para se manter afastada de Lúcifer, minha mãe a abrigou por um bom tempo. Ela presenciou a gravidez de minha mãe, e me viu nascer. Os olhos, o cabelo... possuo as características mais marcantes dela, então foi fácil para Lilith me reconhecer.

– Certo. – A voz de Lysandre soou melodiosa. Nina não sabia se estava certa em contar tudo a ele, mas o garoto possuía uma aura de confiança surpreendente, além de possuir o cheiro tão doce e nostálgico de sua amada mãe adotiva. Não desconfiava dele. – Se me contassem que Jack, o estripador, seria uma garota procurando alívio por suas dores, eu não acreditaria. – Ele sorriu. Nina, envergonhada, desviou os olhos e os abaixou – Como chegou a isso?

– Minha transformação foi... diferente. – Ela balançou a cabeça – Não, aqui não é o começo. – Nina bateu os pés e brincou com os dedos – Um grupo de vampiros, que não concordavam com as regras que o rei dos vampiros havia declamado, rebelou-se. Eles fugiram e, por isso, foram considerados traidores. Passaram a ser caçados sob pena de morte. Mas, uma vez que fariam tudo para poderem viver, mentiram para o rei. Afirmaram que estavam em busca de algo valioso, uma caça a um tesouro. O rei, tão cego por poder, acreditou, e deu a eles algumas semanas para encontrarem o tão magnifico tesouro. Nos últimos dias que lhes restavam, e já desacreditados com seus futuros, ouviram em uma província próxima a um morro que uma garota tão linda quanto um anjo havia engravidado.

Lysandre cruzou as pernas. Mesmo que a história tivesse um fim trágico, Nina a contava melodiosamente, como um conto de fadas. Era fascinante.

– O rei ficou muito animado com a ideia de um Nephilim, uma raça tão abominada, nascer, e deu ao grupo de vampiros o tempo que eles precisavam até que a criança nascesse. Quando aconteceu, eles aguardaram ansiosos o tempo certo para agirem: Lilith era uma ameaça. No dia que a mulher saiu para comprar mantimentos na província, o grupo de vampiros atacou, e levaram consigo a criança e o homem. Ainda com pensamentos anárquicos quanto ao rei, tiveram uma melhor ideia do que os entregar para aquele cego homem: transformá-los. Na época, a transformação não era comum. Nunca havia acontecido. Deram ao homem um cálice de sangue do líder do grupo de vampiros e o obrigaram a beber. Depois, drenaram todo o seu sangue e, por ser uma doença demoníaca, desenharam pentagramas em suas solas dos pés e nas palmas das mãos com um vidro bento por um padre, e o deixaram afogado em sangue de virgens. Algumas horas depois, o homem, que deveria estar morto, levantou-se, com presas que lhe rasgavam os lábios.

Nina respirou pacientemente pela boca.

– A garota, infelizmente, não teve a mesma sorte. Por ser Nephilim, seu sistema imunológico a protegia das doenças demoníacas. Por ser Nephilim, ela não podia morrer. Mas eles não desistiram. Dia após dia, eles drenaram todo o sangue dela, quebraram o seu pescoço, arrancaram suas veias. Mas sua parte anjo os reconstituía, não a permitia morrer. Então, ela começou a odiar sua parte anjo, e aquela que a tinha dado para ela. – A garota mantinha o olhar fixo no nada, intrigando o garoto – Durante esse meio tempo, o rei perdeu muita força militar: o anjo havia se vingado. A mulher havia amaldiçoado a todos os vampiros com a tão conhecida maldição do sol. Milhares e milhares de vampiros morreram, até que finalmente entenderam que era o sol que os matava. O rei ligou os pontos, adivinhou enfim que a garota Nephilim já havia sido raptada e, ao pôr-do-sol, ordenou que todos os vampiros caçassem ao grupo anarquista, o que não demorou muito para ocorrer. O rei ficou fascinado com o humano transformado, era um vampiro perfeito, e o levou consigo. A garota, no entanto, uma vez que estava novamente em processo de transformação, parecendo morta, inútil e nada especial aos olhos do rei, foi deixada para trás.

Lysandre arqueou as costas para a frente, e apoiou os cotovelos nos joelhos.

– O grupo, revoltado e ciente que iriam morrer, apenas concordaram com a decisão do rei. A menina, que iria completar um ano, acordou sozinha, faminta e aos prantos algumas horas depois. Por anos, ninguém apareceu, e ela, uma vez Nephilim, nem mesmo de fome poderia morrer. – Ela forçou um sorriso – Vampiros puros envelhecem normalmente, como humanos, até o fim de sua puberdade. Depois disso, eles continuam envelhecendo, mas um ano seus equivale a cinquenta anos humanos. Vampiros transformados, a partir de sua transformação, não importa a idade, nunca mais envelhecem. Com os Nephilim não é muito diferente. Eles envelhecem como humanos até o início de sua puberdade. Quando a alcançam, nunca mais envelhecem, e não são imortais: têm vida limitada, vivendo dois mil anos. No entanto, todo o vírus demoníaco no corpo da menina havia afetado seu organismo, fazendo-a viver apenas pouco mais de mil e quinhentos anos. Na hora da morte dela, a menina que finalmente acreditou que estaria liberta de todo seu sofrimento, viu-se redondamente enganada: todo o vírus no corpo dela, que estava adormecido durante todos os séculos, acordou, e ela, agora, era uma vampira. Mas por ter sido Nephilim, ela não era apenas uma vampira: na primeira lua cheia, ela também se descobriu licantrope. Com o desejo incontrolável de sangue dos vampiros e toda a necessidade de carnificina provinda dos licantropes, ela vagou sem rumo até chegar em Londres em 1888. Algum tempo depois, Lilith, que estava em Londres em negócios com uma bruxa sua, encontrou a garota graças ao acaso e explicou para ela tudo o que acontecera. Sua mãe biológica havia falecido ao dar todo o seu poder em prol de um bem maior: Sweet Amoris.

Lysandre estava surpreso.

– Você é a filha da fundadora?

– O nome da mulher era Mary Magdalaine; o do homem, Dimitry. Sim, sou a filha Nephilim da fundadora.

– E por que está ajudando Lúcifer? Não era isso o que Lilith queria.

– Sim, eu sei. Quando Lilith engravidou de Rain, ela sabia que não importava o que fizesse, ainda haveria chances de Lúcifer consegui-la para o seu plano. Então, ela me pediu que entrasse na organização de Viktor para, assim, poder protege-la caso o pior acontecesse. – Ela expirou – O único jeito de me manter na organização é o obedecendo, mesmo que não seja a minha vontade.

O garoto encostou-se nas costas da poltrona e respirou profundamente. Ele a ouviu contar, atento e pacientemente, tudo o que aconteceu desde que Rain foi sequestrada por Noir, até o momento presente. Lysandre suspirou ao fim.

– Então, seguindo o trato, agora é a minha vez de contar a minha história. E, se desejar, sua ajuda será muito bem-vinda.

Nina franziu o cenho.

*

Kentin passou os olhos pelas capas dos livros e suspirou: não estava com cabeça para estudar. A volta de Rain havia o afetado mais do que ele tinha coragem de admitir, e sabia que as coisas que ele havia dito para ela horas mais cedo eram mentiras.

Embora tivesse dito para Violette que não amava mais Rain da forma como achava que a amava, ele no fundo sabia que, assim como a cicatriz da marca de ligação em seu pulso esquerdo, os seus sentimentos por ela nunca iriam sumir.

E também havia a história com os quadros. Precisava de uma ótima desculpa para levar consigo o quadro do saguão da base da Caninus: era a obra de arte mais rara e cara do mundo, eles não a dariam tão facilmente. Se contasse a verdade, ele poderia vir a ser expulso da Caninus por não ter sido capaz de proteger a sua escolhida, o que tornaria, aos olhos dos líderes, todo o resto sua culpa.

Ele suspirou e deixou-se cair escorregar na cadeira. Uma brisa gelada entrou pelo quarto, o que forçou o garoto a ir até a janela aberta e a fechar. Era de madrugada, e por mais que ele estivesse esperando Armin vir chama-lo, suspeitava que ele não viesse aquele horário: seria sua hora de partir, quando Castiel e os outros chegassem.

O garoto ouviu batidas na porta e, franzindo o cenho, andou até a mesma e abriu. Sentindo seu coração pular, forçou a si a não demonstrar qualquer emoção. Rain. Mas não era a garota que havia vindo horas mais cedo. Ela estava completamente como antes, como se nada tivesse acontecido: shorts de pano azul escuro, uma camiseta preta e um par de all star. Nenhum sinal de toda a maquiagem pesada que ela usava.

Ele forçou um suspiro pesado.

– O que você quer agora?

Ela ergue os olhos azuis para ele.

– Conversar. Posso entrar?

– Pelas regras do dormitório, devo dizer que não.

Rain cruzou os braços.

– Lembro de toda a importância que deu a essa regra quando entrou no meu quarto.

Kentin suspirou.

– Não acha que já conversamos tudo o que tínhamos para conversar?

– Se eu realmente achasse que não há mais nada para ser dito, eu não perderia meu tempo vindo até aqui.

– Sinto dizer que realmente você perdeu seu tempo.

O garoto fez menção em fechar a porta, mas foi interrompido por Rain que, usando de sua força, o impediu.

– Você não quer conversar, então, façamos assim: olhe nos meus olhos e repita para mim tudo o que havia dito para Violette.

Ele arregalou os olhos.

– O que?

– Eu escutei a sua conversa com ela. E devo admitir que aquilo me doeu bem mais do que ter sido expulsa daqui. Mas eu não acredito que, depois de tudo o que nós passamos, aquilo seja verdade. Então, se olhar nos meus olhos e repetir para mim, eu me dou como vencida, e nunca mais procuro você.

– Nunca? – Ele a encarou. Ela tinha os olhos azuis que ele tanto amava, o cheiro que ele tanto amava, a voz que ele tanto amava. Não importa onde procurasse, era a Rain.

– Nunca. – Ela soou firme. A ideia de nunca mais ter Rain ao seu lado fez o coração do garoto apertar.

Kentin a segurou pelo pulso e a puxou para dentro do quarto. O garoto apoiou as costas na porta fechada e, com a cabeça abaixada, ergueu os olhos para ela. No meio de toda a escuridão da madrugada, tudo o que ela conseguia ver era o verde dos olhos dele.

– Por que você acha que eu menti para a Violette?

A voz dele havia soado fria e firme, como um lobo predador. Rain aproximou suas pernas ao sentir seus pelos se arrepiarem.

– Você sabe que eu nunca concordei com as idiotices que as pessoas falavam de você. E, mais uma vez, eu não concordo. Você não seria idiota ao ponto de confundir os seus sentimentos e me beijar por achar que estava apaixonado por mim. Você estava sim apaixonado por mim, assim como eu por você, pois retribui.

– Certo. E o que mais?

Rain apertou os dentes.

– Você já era amigo de Armin, Alexy, Rosa, Dajan, Melody, e de várias outras pessoas bem antes de nós nos beijarmos. Tempo o suficiente para saber a forma que me amava antes de me beijar, não acha?

– Acho. – Ele se afastou da porta – Mas se passaram longos quatro meses, e nossa ligação de alma não existe mais.

Rain olhou institivamente para seu pulso. Embora não conseguisse ver nada, aquela era a primeira vez que o fim da ligação havia passado por sua cabeça. Antes, não passava de uma cicatriz que marcava sua pele.

– Mas mesmo que você já saiba o que esses quatros meses me significaram, você quer ouvir da minha boca, não é verdade?

Ele se aproximou da garota e, mantendo seu olhar fixo no dela, alcançou os pulsos da menina e os segurou. Rain engoliu em seco.

– Minha melhor amiga sumiu por quatro meses depois de voltar dos mortos. E por eu estar terrivelmente apaixonado por ela, quase não suportei a falta que ela me fazia.

Rain ficou boquiaberta. Em algum momento enquanto ele se aproximava dela, a garota realmente chegou a acreditar que ele fosse repetir para ela o que havia dito para Violette. Ele a puxou e a apertou contra si.

– Nunca mais me deixe, morena. – Ele sussurrou. Rain, com os olhos marejados, sorriu.

Quando Rain retribuiu o abraço, ele a afastou e a alcançou os lábios. O beijo, recheado de saudade e um pouco de desespero, foi por uma fração de segundo quase doloroso. O garoto puxava-a cada vez mais para si, suavizando o beijo ao ponto de poder senti-la completamente. Sentir os desejos dela, o amor dela, a vontade dela.

Kentin passou as mãos pelas costas dela até alcançar o maxilar da garota. Rain alcançou as mãos dele e, com seus dedos esguios, os deslizou pelo antebraço do garoto. A morena, ainda deslizando os dedos, alcançou o abdômen do moreno e o empurrou levemente, fazendo-o cair em sua cama.

O garoto, segurando-a pelo pulso, a levou consigo. Ele passou o polegar nos lábios dela antes de os atacar novamente. O roçar dos lábios contra lábios e a guerra entre línguas e dentes era puro prazer. Ele a amava, e nunca teve tanta certeza disso.

Kentin sentou-se na cama e, levantando-a pelas coxas, obrigou que ela sentasse nas coxas dele. Rain foi rápida e hábil em arrancar fora a camiseta preta que ele usava. Ela o empurrou pelos ombros e, obrigando-o a deitar, explorou com os lábios toda a extensão do pescoço do moreno.

Kentin, alcançando a bainha da camiseta dela, também a retirou com um único movimento. Os corpos se encaixavam perfeitamente, e os beijos ardentes significavam pura possessão. O moreno apertou as coxas nuas da garota, e deslizando suas mãos pela pele macia dela, alcançou seus shorts e, impaciente, o rasgou com um único puxão.

Rain sorriu entre os beijos, e o moreno a empurrou. Rain, gargalhando baixinho, caiu de costas na cama, sendo calada mais uma vez pelos beijos de Kentin. Ela entrelaçou suas pernas com as dele e colou seus corpos. O moreno, que havia se afastado alguns centímetros para encará-la, arfava quente contra pele dela.

Era a sensação mais deliciosa que Rain já havia sentido.

Rain alcançou a mão esquerda do garoto e colou suas cicatrizes. Suas peles estavam ainda mais quentes naquele lugar. Não importava que a marca não estivesse mais ali: a ligação entre os dois ainda existia. Sempre existiu, e nunca iria se extinguir.

Kentin sorriu, e Rain o beijou castamente. Ela passava os dedos ritmicamente nos fios amarronzados dele. O dedo dele traçou o contorno de sua boca.

– Por que me evitou? – Ela sussurrou.

– Não sabia o que esperar de você. – Ele respondeu, ao mesmo tom. – Mas não me importa mais. Eu estou eternamente acorrentado a você.

– Kentin...

– Eu te amo. Sempre. – E se moveu para cobrir o corpo dela com o seu.


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Notas finais do capítulo

Não vou me prolongar, pois tenho que correr para fazer as tarefinhas demoniacas de casa. :c
Comeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeentem.
Beijinhos, obrigada por lerem, amo vocês. s2
~Soul