Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 49
Ligação


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas.
Agora, neste momento, me restam três horas de férias. Meu teclado está encharcado. :c
Passou tão rápido, como isso foi possível? :c
Enfim, voltaremos aos capítulos semanais. *suspiro* I'm sorry. :c
Antes de deixarem vocês lerem o capítulo, eu gostaria de agradecer à MANDYUZUMAKI pela RECOMENDAÇÃO!! MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADA!! *--* Você conseguiu alegrar esse dia triste de despedida de férias :3 Capítulo dedicado a você. :3
Agora, podem ler.
Boas leituras, amadinhas.
~Soul



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Ele andava impacientemente em círculos no quarto escuro. Xingamentos e bufadas não eram raros. O garoto se aproximou da mesa redonda e, segurando-a pelas extremidades, jogou-a com força contra a parede cinza.

Ouviu-se um suspiro feminino, o que chamou a atenção dele.

– Isso está errado, Nina.

Ela ergueu seus olhos lilases para ele e apoiou o queixo na palma das mãos. Nina estava sentada na ponta da cama de lençóis brancos, com as pernas encolhidas. Como ela era pequena, a garota conseguia sentir uma leve adrenalina com aquilo.

– Eu sei, Noir, eu estava lá. – Ela suspirou mais uma vez – Mas quebrar os móveis do seu recém novo quarto não ajudará em nada.

Noir esfregou as costas de sua mão direita na testa: ela e suas têmporas estavam encharcadas. Ele engoliu em seco, e sua garganta áspera se rasgou. Havia passado as últimas duas horas andando de um lado para o outro, gritando com Nina de que algo muito errôneo estava acontecendo, e ela o ouviu calada e pacientemente.

Ele respirou fundo para controlar a respiração e abaixou o olhar.

– Estou curiosa. – Nina pendeu para a frente. Estava a alguns centímetros do chão, e seus cabelos amarrados balançavam ritmicamente. – Isso tem a ver com o plano ou... – ela deixou a perguntar no ar. Noir franziu o cenho e cruzou os braços, o que a fez prosseguir – Toda a sua revolta, quero dizer, afinal você e a Rain...

Nina calou-se quando a porta foi aberta abruptamente. Seu equilíbrio natural vampírico foi o que a manteve no mesmo lugar. Uma humana teria caído graças ao susto.

– Falando de mim, amorzinhos?

Rain atravessou o quarto e, desfazendo-se das botas de salto fino, correu em direção ao banheiro. As aguas correntes do chuveiro foram ouvidas logo em seguida. Nina e Noir se entreolharam antes de abaixarem a cabeça. Não sabiam direito como agir, uma vez que não faziam ideia do que estava acontecendo com ela. Rain não deveria ter bons sentimentos, afinal era um demônio, mas ela havia dito que amava o garoto lobisomem. Nina suspirou internamente.

Noir ergueu seus olhos para a loira: seus brilhantes olhos roxos se destacavam no meio de toda a escuridão. Nina desviou os olhos. Não gostava quando Noir tentava lê-la. Ele era bonito, sedutor, sexy e fascinante, mas ao mesmo tempo, assustador. O garoto nem mesmo tentava esconder seu lado serial killer por trás de seu sorriso perfeito.

Rain abriu a porta do banheiro e o cheiro de sabonete penetrou o ar. Além de usar batom vermelho nos lábios, a morena sempre estava com uma maquiagem pesada e preta, para acentuar ainda mais seus olhos azuis. Nina acreditava fielmente que tudo aquilo era desnecessário: os olhos dela já eram vibrantes o suficiente mesmo sem toda a maquiagem, e Rain já era exageradamente bonita. Chegava a ser injusto.

Ela alcançou suas botas de salto fino à frente de Noir e as calçou novamente em alguns segundos. Embora tivesse acabado de sair do banho, os longos cabelos negros dela estavam secos, ainda que cheirassem a xampu e condicionador.

– Onde você vai? – A voz rouca de Noir quebrou o silêncio.

– Voltei agora da sala da diretora. Paguei a dívida de minhas faltas e o probleminha com a porca da Violette.

– Você foi punida?

– Não. – Ela sorriu maliciosamente.

– Não? – Ele sorriu.

– Você a hipnotizou. – Explicou Nina – Sua hipnose está nos inutilizando.

– Peço sinceras desculpas a todos os vampiros por ser melhor que vocês nisso. – Ela fez uma pequena reverência antes de gargalhar. Não parecia em nada a Rain que havia pulado no pescoço de um garoto há algumas horas atrás. – Mas agora, eu preciso ir.

– Onde você vai? – A voz de Noir havia soado mais grave.

– Ver o Kentin. – A garota sorriu. Não um sorriso sádico, malicioso, ou qualquer um que ela pudesse ter dado nos últimos quatro meses, mas um sorriso sincero, que fez os olhos de Nina cintilarem.

Noir a segurou pelo pulso.

– Rain, você sabe que algo está errado, não sabe?

Nina olhou para Noir. Poderia ter soado como uma imploração, se houvesse vindo de qualquer outra pessoa. Mas para Noir, aquilo havia sido uma ameaça.

– Sim, Noir, realmente, algo errado. – Rain olhou para a mão dele que a segurava – E eu irei mata-lo se continuar com isso.

O garoto suspirou.

– Temo não poder deixa-la sair até que tudo esteja resolvido.

A morena ergueu seu olhar para ele levemente perplexa. Nina olhou para ela curiosamente: seus lábios tremiam. Provavelmente, Rain estava segurando uma risada que insistia em vir. De repente, ela ficou séria, e encarou os olhos roxos de Noir. Todo o corpo do garoto tremeu e, contra a sua vontade, ele a soltou e caiu de joelhos no chão. Rain girou, acertando-o em cheio com o joelho, fazendo-o se chocar contra a parede cinza mais próxima.

Nina incitou em ir até ele, mas Rain a olhou severamente. Ela entendeu. Iria acontecer o mesmo com ela se interferisse. Nina mordeu o lábio inferior, enquanto observava Rain andar até Noir.

– Está com ciúmes, Noir? – Ela soou divertida.

O garoto não respondeu, levantando-se com dificuldades com o apoio dos cotovelos.

– Você lembra do nosso trato quando começamos a sair? – Ela continuava a soar divertida. Nina engoliu em seco – Sexo sem compromisso, apenas diversão, nada de sentimentos. – Ela mordeu o lábio inferior – Ou vai me dizer que quebrou o trato e se apaixonou por mim? Que pena.

Rain se afastou de Noir e andou até a porta, parando na mesma. Ela olhou para trás e sorriu mais uma vez.

– Deixei você viver pois é importante para o plano, Noir. Mas se meta entre mim e Kentin novamente e eu o mato.

Nina pulou da cama quando Rain atravessou a porta e a fechou. Ela olhou para Noir, mas ele já estava em pé.

– Nina... – ele grunhiu. A garota sentiu todos os pelos se arrepiarem. Ele estava furioso.

– Eu sei, Noir. – Ela tentou parecer o mais calma possível – Vou ver se encontro uma explicação e volto mais tarde.

A loira alcançou a maçaneta, mas foi puxada para trás pela cintura por uma das sombras de Noir. Ela tentou se libertar, mas deveriam haver centenas de sombras naquela corrente que a segurava.

– Eu a conheço, Nina. – Disse ele, simplesmente, e se aproximou dela – Sei que já sabe o que aconteceu com Rain. Fale.

Nina engoliu em seco.

– É... apenas uma suposição. – Gaguejou. Noir ergueu impacientemente uma sobrancelha – Você sabe o porquê de termos matados os pais de Rain, certo?

– Sim. – Noir expirou e passou a mão pelo rosto. Já havia entendido a teoria de Nina. Era bem válida, afinal. – Mas os matamos e criamos a ilusão justamente para não termos esse problema! – Ele xingou. – Isso seria possível?

– Sim. – Ela assentiu – Lembrei que conversei uma vez com Rain sobre o passado dela. Ela havia mesmo citado que tinha um melhor amigo de infância, ou algo do tipo. Se ela pensou nos pais, suas memórias certamente estão ligadas a ele.

– E por que diabos você não me contou isso? – Ele passou os dedos pelos cabelos. Os fios da franja caiam graciosamente sobre os olhos.

– Ela não havia dito que ele era um licantrope! Um humano não interferiria em nada, mas um ser mágico...

Noir suspirou.

– Então, já sabemos o que está acontecendo.

Rain está enleada a ele. – Afirmou ela. – Sua única parte humana é o garoto lobisomem.

Ele encarou a loira

– E o que fazemos?

Nina deu de ombros.

– Ele já deveria estar morto antes do ritual, mais ainda podemos tentar. – Ela retribuiu o olhar. – O matamos.

*

Ela mordeu o lábio inferior e ajeitou os fios da franja com as pontas dos dedos. Expirando com a boca, a garota deu leves batidas na porta e esperou por dois minutos – o que mais pareceu um ano para ela – até que, enfim, a porta foi aberta, e o garoto, ao vê-la, suspirou.

– Ah. É você. – Apenas metade do corpo dele aparecia na porta entreaberta.

– Que alegria em me ver. – Ironizou.

O garoto suspirou ao olhar para o alto.

– O que você quer?

– Eu vim ver você, não parece óbvio?

– Não. – Ele soou curto grosso. Rain mordeu mais uma vez o lábio inferior. Aquilo havia virado um hábito e, na maioria das vezes, ela o fazia sem sentir.

– Você está com raiva?

– Se eu estou com raiva? – Ele ergueu o tom de voz – É claro que eu estou com raiva. Ou você já esqueceu o que fez com a Violette?

Rain cruzou os braços ao franzir o cenho.

– Por que o que acontece com ela incomoda você?

Kentin abriu a porta completamente e apoiou-se no batente da mesma.

– Não tem a ver com a Violette. Você machucou uma amiga minha, que também é sua amiga. Como pode fazer isso?

– Violette não é minha amiga. – A morena cruzou os braços.

– Claro que é. Ela ajudou você.

– Apenas porque alguém ajudou você uma ou duas vezes não significa que são amigos. Para uma amizade, é preciso reconhecimento mútuo do que um sente pelo o outro, além de confiança, é claro. Violette veio de não sei onde dizendo-se minha amiga. Não sou obrigada a reconhecer isso, uma vez que nunca a havia visto.

Kentin ficou com os olhos levemente arregalados.

– O que aconteceu com você? – Disse ele calmamente, após alguns segundos de um silêncio perturbador, olhando-a de baixo para cima.

– Como assim, o que houve comigo?

– Achei que isso seria difícil, então me dói saber que me convencer que você não é a Rain foi assim tão fácil.

Rain sentiu o chão sumir.

– Eu... sou a Rain, não diga loucuras. – Gaguejou.

– Toda essa maquiagem, roupas e essa nova... personalidade... – ele pigarreou – Definitivamente, você não é Rain, embora ainda pareça com ela.

– Eu sou a Rain! – Ela pisou com força – Só um pouco mais... estilosa.

Ele forçou um sorriso.

– Adeus, garota.

Ele fechou a porta devagar, fazendo com que os fios dela balançassem. Rain se sentiu... estranha. Havia tempos que ela não sentia o coração apertar, ou os seus olhos arderem. Não lembrava mais da sensação.

Mas era horrível.

Equilibrando-se no alto salto fino de sua bota de couro, ela andou, a passos lentos, de volta para o seu quarto onde, um dia, o garoto que ela amava, mas que hoje a odiava, havia para ela declarado o seu amor.

*

Debrah rolou na cama e, forçando-se a fechar os olhos, percebeu que seria inútil tentar dormir. Não que reclamasse da hospitalidade de Nathaniel, longe disso. Ele era um rei, e como um rei, havia provindo aos seus convidados um ótimo quarto para que pudessem descansar.

Ela sentou na cama e suspirou. Olhou de soslaio e viu, na cama ao lado, Rosalya ainda dormindo como um bebê. Era meio-dia, de acordo com o relógio da garota. Debrah passou os dedos pelas mechas marcadas pelas tranças e se livrou dos panos que a cobriam. Embora houvessem grandes janelas no quarto, ela não poderia abri-las, afinal, estava em um castelo cheio de vampiros.

Alcançando sua bolsa, a garota levantou-se com um pulo e saiu do quarto em busca do banheiro: estava suando de calor, precisava de um bom banho. O lavatório, por sua vez, ficava entre o quarto em que ela e Rosalya estavam e o quarto de Castiel.

Quando a garota apanhou a maçaneta de ouro do banheiro, a porta ao lado se abriu, o que chamou sua atenção. Saindo de lá, Castiel, que aparentemente havia deixado sua jaqueta jogada em algum lugar, desviou os olhos ao vê-la.

– É apenas meio-dia. Vampiros normalmente estão dormindo esse horário.

Ele voltou seus olhos cinzas para ela.

– Não estou com sono.

Debrah ergueu as sobrancelhas, embora soubesse bem o que havia tirado a sonolência do garoto.

– Está preocupado?

Castiel desviou os olhos mais uma vez.

– Isso não diz respeito a você.

– Se Rain é realmente toda essa benevolência que vocês dizem e clamam, ela vai ficar bem.

– Desculpe, mas não quero ser reconfortado por você.

– Eu só estou tentando ajudar!

– Você já está ajudando: sendo uma bruxa, que é o que sabe fazer de melhor. Não pense que isso muda algo entre a gente. Não tenho a menor intenção de refazer nossos laços.

– Eu muito menos! Não me entenda mal, Castiel, não quero voltar a ser sua esposa. – Ela apertou os olhos – Se você não lembra, você me abandonou.

Ele ergueu as sobrancelhas.

– Espera! Está me culpando pelo nosso término? Se eu bem me lembro, você me transformou em um vampiro.

Debrah abriu a boca para responder, mas, alcançando mais uma vez a maçaneta, a fechou.

– Eu... sinto muito por isso. Não deveria ter transformado você sem o seu consentimento, ou mentido para você. Agora que Lilith morreu, não tenho magia o suficiente para nada, nem para transformar você em humano novamente.

Castiel suspirou.

– Não fique se lamentando, ok? Não vai mudar nada. E também... ser vampiro não é tão ruim, finalmente.

– Finalmente? – Debrah franziu o cenho, sorrindo.

– Se eu não fosse um vampiro, eu teria morrido cedo. – Explicou – E eu não teria sido capaz de conhecer a Rain.

Debrah, dando-se por vencida, sorriu.

– E eu pensei que nunca veria seus olhos brilharem ao falar de alguém.

Castiel ficou boquiaberto. Existiam diversas coisas que ele, há algum tempo atrás, apenas por ser ele, seria incapaz de falar. Mas depois de tudo o que aconteceu em Sweet Amoris, suas autocensuras não importavam mais.

– Eu amo a Rain, Debrah, e eu sou capaz de qualquer coisa por ela. Até mesmo falar com você, mesmo te odiando. – Ele deu de ombros.

Debrah gargalhou, mas voltou a olhá-lo seriamente.

– Acho que, depois de tudo o que fiz a você, o mínimo que posso fazer é dar o meu melhor para tentar salvar a garota que você ama. – Ela alcançou a maçaneta pela terceira vez – Eu juro por Lilith.

Castiel encostou na parede, imperceptivelmente surpreso. Debrah não parecia em nada a garota de um século atrás, mas ele também não era o mesmo homem. Talvez o tempo realmente mudasse as pessoas. Ele bocejou e, sorrindo, voltou ao seu quarto escuro.

*

Lysandre abriu a porta do seu quarto e entrou. Estava tarde, e embora anjos não tivessem sono, era proibido a qualquer um, que não fosse vampiro, circular por aquele horário. Talvez Castiel não soubesse disso quando carregava Rain para toda a parte.

Ou talvez soubesse. Lysandre sorriu, e alcançou o interruptor da lâmpada mágica ao lado da porta. Virando-se para sua cama, arregalou os olhou ao vê-la ali.

– Você... – Ele franziu o cenho – O que faz aqui?

– Estava esperando você voltar. – Ela levantou-se da cama dele em um pulo – Precisamos conversar.

– Sim? – Lysandre, calmo e paciente como apenas ele conseguia ser, apenas se sentou em uma poltrona próxima. – Você estava com a Rain e o outro garoto, certo?

– Sim, meu nome é Nina. Sei que é um anjo, através do seu cheiro.

– O meu... cheiro? – Ele franziu o cenho mais uma vez – Você é uma vampira, certo? Então, isso significa que já esteve em contato com outro anjo antes.

– De fato. – Ela voltou a se sentar na cama – E quero explicações suas. Por que diabos você possui o cheiro de Lilith?

Lysandre arregalou os olhos.

– Soube que ela morreu. – A menina continuou – Foi você quem matou? E então roubou a Graça dela, foi isso?

– Não! – Lysandre se levantou – Não é nada disso. Estou disposto a contar a minha história, se você me contar a sua. Como conheceu a Lilith?

Receosa, Nina engoliu em seco. Deveria confiar nele? Não sabia, mas talvez fosse sensato arriscar.

– Podemos dizer que Rain... é minha meia-irmã. Sou filha de Lilith.


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Notas finais do capítulo

Não vou me prolongar, pois ainda vou personalizar a capa dos meus cadernos. :(
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Obrigada por lerem, amo vocês.
Beijinhos.
~Soul