Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 5
A Feiticeira


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Estou passando rapidinho para deixar mais um capítulo para vocês!



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Rain olhava atentamente para a garota desconhecida na sua frente. Ela possuía a pele clara, e o cabelo era albino. Suas madeixas batiam nas coxas e ela usava um vestido cinza com um colete preto por cima com botões dourados. Usava botas de cadarço de comprimento que passava de seu joelho e seus olhos eram tão dourados quantos os botões. Além de dourados, as íris eram verticais, como olhos de gato.

– E você é...?

– Rosalya! – a garota sorria de orelha a orelha – Sou uma feiticeira.

Feiticeira... Suas bochechas eram rosadas, então ela devia ter a temperatura normal de um mundano. Rain agora entendeu o que Nathaniel quis dizer com a única diferença, entre aspas. Olhos felinos... Hum. Legal!

– Prazer. – os lábios da morena se curvaram em um sorriso. – Eu... Bem...

– Não sabe qual sua raça ainda, pois viveu a vida como uma mundana. Uma grande reviravolta, hein garota? – ela sorria – Vamos? – ela fez com sinal com a cabeça para a porta de madeira.

Rain assentiu com a cabeça e andou a passos lentos e pesados até Rosalya.

– E se eu for... Sei lá... Uma vampira? O sol não vai ser muito bem-vindo, sabe.

– Você passou a vida inteira encarando o sol, não vai ser agora que vai prejudicá-la. – pausa – Falando em vampiros... – Rosalya esticou o braço e puxou uma das pálpebras inferiores de Rain para baixo. O rosto dela perdeu a cor.

– Algum problema? – Rain se afastou instintivamente.

– Eu soube que... Bem... A notícia que corre pela escola é que Castiel bebeu tanto do seu sangue que você estava com anemia.

– A escola inteira já sabe disso? – ela bufou – Parece que foi isso mesmo.

– Não... – Rosalya a olhava confusa – Você não está nem um pouco anêmica! Na verdade, está bastante corada!

– Mas a diretora disse que eu estava anêmica a pouco mais de meia hora! – ela pegou uma mecha e passou a enrolá-la no dedo indicador.

O rosto que a olhava deixou sua expressão confusa se esvair aos poucos.

– Então você se cura rapidamente? Bom, já é um começo para descobrirmos o que você é. – ela pegou a morena pelo pulso e a puxou para o lado de fora.

Os raios solares invadiram os olhos de Rain sem hesitar. Estavam no campus, e as únicas lembranças que a garota tinha daquele lugar eram de sua fuga e de sua vinda indesejada. Rosalya olhava indecisamente para os outros três prédios, decidindo para onde iam primeiro.

Rain percebeu o quanto a grama era bonita, verde e viva aos seus pés calçados com botas. Sweet Amoris era dividida em uma cruz, tendo o prédio principal no meio, dois ao lado direito, paralelamente, e outro ao lado esquerdo. O portão de ferro preto encontrava-se na extremidade oposta ao prédio principal e a grama estava presente em uma longa faixa, até ser interrompida por degraus de cimento que dava acesso ao prédio, e por uma espécie de pátio cimentado antes do portão. As gárgulas não a intimidavam tanto de costas, mas realmente preferia não encará-las.

– Certo. – Rosalya deu um pulo surpreso de felicidade, chamando a atenção da morena – Vamos primeiros naqueles dois, depois voltamos para o dormitório. Você vai ficar na mesma ala que eu, isso realmente me agrada. – ela sorriu.

Rain sorriu de volta, e antes que pudesse responder Rosalya já estava andando em direção aos dois prédios ao lado direito. O terreno era realmente grande, e elas levaram cerca de dez minutos para chegar até os degraus que separavam a grama de um pátio, que dava acesso, alguns passos depois, e direções opostas, aos prédios.

– Nós estávamos no prédio principal. É lá onde se encontra as salas, biblioteca, diretoria, enfermaria e o refeitório. – ela contava nos dedos – Aquele, - ela apontou para o prédio direito – é o ginásio, para as aulas de educação física. E o outro, - ela apontou para o esquerdo – é o lugar onde treinamos para batalhas. Sabe... Combate corpo-a-corpo. – ela deu de ombros. Rain engoliu em seco. Onde ela havia se metido?

– Certo... – balbuciou ela.

– Posso fazer um mapinha pra você depois. – ela sorriu – Adoraria entrar com você lá, mas não posso. Minhas aulas começam daqui a meia hora. – seus lábios se tornaram uma linha fina – Depois você vê tudo direitinho. Preciso levá-la para nossa ala. – a voz dela saiu realmente divertida.

Rain assentiu e logo de viu seguindo Rosalya novamente pela grama do campus. Alguns minutos depois, ambas estavam em frente a um grande prédio cinza, com centenas de janelas e quatro andares.

– Cada raça tem seu andar, que são as alas. – Rosalya explicava gesticulando com as mãos – O primeiro andar pertence às fadas. O segundo aos vampiros, cuidado, especialmente você, ao passar por lá – ela segurava o riso -, o terceiro aos feiticeiros e, por último, mas não menos importante, o quarto aos licantropes. Na verdade, cuidado ao passar por todos os lugares aqui. Sempre é perigoso.

Rain assentiu com a cabeça e deu um sorriso forçado. A porta era de uma madeira clara, com o coração atravessado por uma flecha envolta por espinhos, metade de cada lado da porta dupla de uma madeira mais escura. Rosalya fez um movimento simples com os dedos e as portas duplas abriram-se sozinhas. Ela entrou e ficou observando divertidamente a expressão incrédula no rosto da morena, esperando que esta a acompanhasse. Rosalya caiu na gargalhada.

– Você ainda não viu nada. Bem, regrinhas básicas do dormitório: proibido barulho, especialmente na ala à qual você não pertence. É restritamente proibido que qualquer pessoa a visite, especialmente se for do sexo oposto. – resmungou com desdém, fazendo Rain rir e Rosalya a acompanhar. – Acho que só. Cada ala tem suas regras, porque cada raça tem sua necessidade.

– Ok. – estava sendo fácil assimilar as novas informações.

O prédio era simples, comparado ao principal. No canto direito estavam as escadas cimentadas e havia um longo corredor com inúmeras portas do outro lado. Lâmpadas de parede econômicas estavam por todas as partes e as portas eram de uma madeira escura, com plaquinhas do tipo “A-1” pratas, indicando o número do quarto.

– Depois eu dou umas dicas básicas de sobrevivência pra você. – Rosalya já estava se dirigindo às escadas.

– Agradeceria se fosse agora. – Rain tentou fazer sua voz parecer a mais perturbada possível, mesmo que realmente não estivesse. Não mais. Finalmente!

Rosalya riu e assentiu.

– Como estamos na ala das fadas – sussurrava ela, subindo as escadas -, tome bastante cuidado quando estiver passando por aqui. Fadas são perversas e manipuladores. São capazes de qualquer coisa pra poderem se divertir as suas custas.

Rain olhava para Rosalya incrédula, mais uma vez.

– Fadas? Tinker Bell parecia bem boazinha nos filmes. – a outra riu – Que tipo de coisas elas fazem?

– Vão querê-la fazer jogar o jogo delas. Acredite, não vai querer. Não mesmo. Vão usar e abusar dos seus sentimentos, de você, e elas não se importam, contanto que estejam se divertindo.

– Fadas?! – sua voz soou mais incrédula do que ela desejou.

Rosalya ergueu as sobrancelhas.

– Acho que você as idealizou. Fadas não têm nada de boazinhas. Bom, estamos no segundo andar: vampiros. Vampiros e licantropes não se dão nada bem, então, por favor, evite juntá-los em um mesmo lugar. Tanto que nos colocaram para dividi-los. – ela revirou os olhos. – Vamos em frente.

O segundo andar era idêntico ao primeiro. A escada do lado esquerdo e o corredor com as portas... Mas as luzes estavam desligadas e o ar era mais tenebroso.

– Regrinha básica de sobrevivência?

Rosalya cruzou os braços e franziu a testa. Depois de alguns segundos que pareceram horas, disse finalmente:

– Eu diria para você esconder o cheiro, mas como você é uma mundana... Digo, mundana até sabermos o que você é, não o sabe fazer ainda. – sua boca se tornou uma linha rígida – Só... Corra. Mesmo que não adiante muito, mas enfim. A esperança é a ultima que morre. – disse, sorrindo vitoriosamente.

Rain não sabia se ria ou se chorava. O riso venceu. Logo, estavam no terceiro andar.

– Nunca, nunca, confunda um feiticeiro com um bruxo. – alertou – Não existe nada que os feiticeiros odeiem mais do que ser comparados a... Bruxos. – disse a última palavra com nojo – Se o fizer, é melhor que esteja preparada para as consequências. Nós podemos vir a ser tão vingativos quanto às fadas se quisermos.

– Não vejo diferença entre bruxo e um feiticeiro. – Rain deu de ombros.

A face de Rosalya se fechou ameaçadoramente.

– Não se ofenda, sou nova nisso tudo. – a morena pôs as mãos para frente, em sinal de defesa.

A garota de cabelos brancos inspirou com muita paciência.

– Você vai ter aulas depois que explique tudo. Só não compare, se quiser continuar viva. – sua voz estava impressionantemente séria. – E tenha cuidado com os feiticeiros gêmeos! Eles são loucos! – Ufa! A velha Rosalya estava de volta!

– Erh... Literalmente?

–... Não! Eles são realmente bons no que fazem. São conhecidos no mundo inteiro por serem tão bons! Mas às vezes eles ultrapassam os limites e usam os outros como suas cobaias sem pedirem permissão. – ela riu. – Tenho várias histórias sobre isso, se quiser ouvir depois.

– Acho que vou gostar de ouvir! – ela sorriu.

– Posso contar uma resumidamente, rapidinho. Houve uma vez que eles estavam testando um novo feitiço de destemor, criado por eles. Usaram um garoto de cobaia e ele acabou por ligar para a garota que gostava e se confessou pra ela. A coitada não esperava, ficou muda, o efeito de feitiço passou, ele percebeu o que havia feito e desligou antes dela responder. Eu estava lá. Ele ficou muuuito zangado.

O jeito que Rosalya havia contado a história era realmente hilário, e Rain desatou em risos.

– Isso é uma coisa horrível de se fazer!

– Repito: São loucos!

– Ok, ter muito cuidado com eles está na minha lista.

Elas riram por mais alguns minutos, até que finalmente:

– Vou me atrasar para a aula, droga. – Rosalya resmungou.

– Sinto muito.

– A culpa não é sua. E não ligo, estou me divertindo! A diretora não tem do que reclamar, Nathaniel que pediu que eu trouxesse você.

– Nathaniel?

– Sim. Ele queria que fosse alguém da sua ala pra você se enturmar e eu estava disponível. Só falta a última ala.

A terceira e quarta alas eram também idênticas as outras duas. O ar aqui era bem mais amigável do que o andar dos vampiros.

– Abaixa! – Rosalya gritou.

O raciocínio da morena, no entanto, não acompanhou e Rain foi atingida em cheio com uma blusa branca bem no rosto! Só escutava Rosalya inutilmente tentando segurar o riso... E... Havia outra pessoa segurando o riso também?

– Sinto muito. – Ah, um garoto. Provavelmente o que a acertou em cheio com a blusa.

Rain abaixou a cabeça, bufando, e retirou a blusa-míssil de seu rosto devagar e jogou com toda a força no garoto em sua frente. Ele se virou instantaneamente e arremessou a bola-míssil sem muito esforço, mas ela foi incrivelmente longe.

– Ai! – outro garoto gritou.

– Você quem deveria se desculpar com a garota, Dajan! – disse ele, entre risos.

Rain já havia acabado de ajeitar os fios comportadamente e levantou o rosto para olhá-los. O garoto-desculpas se virou e o sorriso no rosto dele desapareceu quando ele fitou o rosto em fúrias da morena. O sangue no rosto dele escapou e ele abriu a boca e a fechou, tentando, sem sucesso, pronunciar alguma palavra, e repetiu o movimento mais duas vezes. Rain e Rosalya se entreolharam confusas.

Ela é a novata? – ele perguntou à Rosa.

A respiração dele estava acelerada e os músculos da mandíbula se contraiam visivelmente.

– Sim... – respondeu ela, hesitante.

– Por que não me disse que vinha para cá, Rain?

Oi? Ele a conhecia? De onde?

– Estou em desvantagem... – balbuciou ela, olhando dele para Rosalya.

Ele riu nervoso e esfregou as palmas das mãos uma na outra.

– Não me reconhece? – e molhou os lábios.

Ela o ficou olhando confusa por alguns segundos, que novamente pareceram horas, e sabia! O conhecia! Mas...

Como?

– Ken?!


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews? Não deixem de comentar, prometo responder assim que possível! Mas eu os leio, obrigada a quem comenta, vcs me motivam! Foi por vocês que eu roteei a internet do celular para postar!