Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 47
Mary Magdalene


Notas iniciais do capítulo

Helloooo peoples!
Como vão? Eu vou bem, obrigada.
Gente, uma amiga minha está passando por um momento difícil. :( Força, Ester. s2
Antes de deixar vocês lerem, gostaria de AGRADECER à ANNATW PELA RECOMENDAÇÃO! MUITO OBRIGADA! Muito obrigada, obrigada, obrigada, obrigada! s2 Capítulo dedicada a você. *--*
Agora, eu permito que leiam. u_u huhu
Boa leitura...
~Soul



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Ela se virou e a água escura e gelada do lago entrou em suas botas de couro de cano médio. A garota esfregou os olhos com as costas das mãos, mas a névoa densa impossibilitava-a ver mais que um palmo à sua frente.

Ela franziu o rosto à água gelada que lhe molhava as meias e sentiu aquela presença passar mais uma vez atrás de si. Não sentia medo, não sentia apreensão, não sentia desconforto. Ser demônio havia a libertado de todos esses sentimentos mundanos. Não apenas eles. Amor, remorso, compaixão... não os sentia mais. Havia se entregado completamente ao prazer carnal, pois era a única coisa que a fazia se sentir viva. Agia de forma repulsiva à sua parte humana, mas era a sua única maneira de viver.

Sentiu a presença rondando-lhe mais uma vez e praguejou. Ódio, raiva, inveja, prazer... ela os sentia. Mas essa era a melhor parte em ser um demônio: fazer qualquer coisa, e não sentir remorso por isso.

– Quem está aí, droga? – Gritou.

O mundo necessita de um balanço, pequena Annabeth.

A morena franziu o cenho.

– Quem?

O mundo dos mortos e dos vivos estão em conflito. A culpa é sua, criança Annabeth.

– Quem está aí? Eu não perguntarei novamente!

E então, ela sentiu mais uma vez. Diferente das outras vezes, a presença não se esvaiu quando Rain virou-se para olhá-la. Ela estava ali, em pé, na sua frente. Parecia ter dois metros de altura, e usava um extenso manto negro que não flutuava em contato com a água do lago. Um capuz cobria-lhe o rosto e caía-lhe sobre a face, mas Rain podia sentir que não havia ninguém ali. Pelo menos, não ninguém humano. Ela deveria estar apavorada, não deveria? Mas ela não sentia medo. Ela não conseguia sentir medo. Apenas raiva.

Eu sou a morte, pequena criança Annabeth. Os mundos estão em conflito por tua culpa. Tu tens te alimentado das almas daqueles que deveriam partir, além do teu maior erro. Concerte-o pelo bem do equilíbrio. Tudo precisa de equilíbrio.

Rain sentiu uma dor no alto da cabeça e abriu os olhos. Através do vidro, o sol se punha laranja no horizonte. Era fascinante; poderia passar o resto de seus dias observando o sol se pôr.

– Você bateu a cabeça. Sinto muito por isso.

Rain virou a cabeça para olhá-lo. Estava tão absorta em seus sonhos que havia esquecido completamente o seu redor: estava a caminho de Sweet Amoris, no carro caro de Noir. O motor do Sportback S7 ronronava aos seus ouvidos.

– Tudo bem. Estava tendo um pesadelo.

Ele a olhou de soslaio.

– Que tipo de sonhos assustam demônios?

– Eu ainda sou metade humana, se você esqueceu.

Ele riu abafado.

– Sim, eu havia esquecido.

Rain revirou os olhos e se permitiu afundar na poltrona. Ela deslizou os olhos azuis para o retrovisor e contemplou Nina. Ela dormia profundamente. Parecia mais uma criança do que nunca.

– Por que você é tão apegada a ela?

A morena abaixou os olhos e respirou fundo.

– Não importa o que ela diga, ela parece apenas uma criança aos meus olhos. Me sinto meio que... uma irmã mais velha.

– Demônios não cuidam de crianças. Demônios matam crianças.

Rain suspirou ao se espreguiçar.

– Eu estou mentindo. Pouco me importa o que aconteça a vocês.

Ele ergueu as sobrancelhas.

– Uau. Fui incluído.

– Obviamente. Não se sinta especial porque nós tivemos alguma coisa. Como você disse, eu sou um demônio, eu não sinto. Você é apenas meu brinquedo da vez, Noir.

A morena percebeu os ombros do garoto enrijecerem e desviou o olhar para através da janela: o sol ainda se punha com um céu um pouco mais escuro. Rain suspirou ao reconhecer aquele caminho: havia passado por ele na primeira vez que seus pais adotivos a levaram para Sweet Amoris.

E uma vez que toda a visão deles com Noir não havia passado de uma ilusão de Viktor, eles estavam mortos. Uma garota de dezesseis anos comum choraria por meses ao saber da morte dos pais que ela tanto amava. Mas não ela. Ela não sentia nada, era completamente oca e vazia por dentro. Rain se sentia como uma marionete controlada por Lúcifer, feita apenas para realizar seus desejos.

Mas ela de fato era. Quando ele lhe proveu de um pouco de liberdade, Rain sentiu-se perdida, desnorteada. Sua única alternativa fora voltar para Sweet Amoris, um lugar que um dia ela tanto amou, mas que agora não sentia mais nada por ele. Era, no mínimo, muito confuso.

– Rosalya me falou uma vez sobre Sweet Amoris. – Rain ajeitou-se na poltrona e permaneceu olhando para a frente. – Ela disse que não era apenas uma escola, mas um lugar que simbolizava a paz. Mesmo que forçadamente, as raças são obrigadas a conviver umas com as outras, sem intrigas, sem desentendimentos. A criadora, Mary Magdalene, era um anjo que havia se apaixonado por um humano. Ela viveu escondida da humanidade para poder desfrutar do seu amor sem as discriminações dos outros. Anos se passaram, e sua filha nasceu Nephilim. De alguma forma, um grupo de vampiros acabou descobrindo a garota e levaram a ela e ao homem como forma de castigo. Irada, Mary cantou sobre eles a maldição do sol. Ao descobrir, anos depois, que a sua filha e o homem que amava haviam sido transformados em vampiros pelos sequestradores como experimentos, Mary sentiu-se desolada, entrou em depressão, chorou por anos: ela havia amaldiçoado aqueles que ela mais amava. A procura de uma forma para se redimir e ao perdão de sua família, ela fundou a Sweet Amoris como um lugar em que todas as raças pudessem viver em harmonia, sem as discriminações. Seria o primeiro passo para que o mundo fosse um lugar melhor.

Noir a olhou de soslaio.

– O que aconteceu com a garota Nephilim?

Rain deu de ombros.

– Deve ter morrido. Vampirismo é uma doença demoníaca e, com exceção de mim, não existe outro ser capaz de suportar demônios e anjos brigando dentro si.

– Mas ela era Nephilim. Como raça proibida, não há nenhum fato comprovado sobre eles.

– Verdade. Pode ter acontecido qualquer coisa.

– E o que você acha da história?

Rain o olhou de soslaio e desviou o olhar. Quantas vezes mais Noir a testaria? Claro que eram ordens de Lúcifer, mas aquilo já estava irritando-a.

– Uma bobagem. Mary cometeu um crime e pagou por ele. Nephilim são abominados pelas leis de Deus e, ainda assim, ela escolheu errar por causa do amor. O amor enfraquece as pessoas.

Noir riu ironicamente.

– Nunca entendi o desprezo pelos Nephilim.

– Nephilim são desprezados tanto quanto os bruxos. Existem anjos, humanos e demônios, todo o resto é apenas resto.

– Você é terrível.

Ela suspirou.

– Tudo precisa de um equilíbrio, Noir, e o mundo está desbalanceado.

*

– Castiel, Debrah e Rosalya irão primeiro.

Os três se entreolharam e assentiram.

– Quando voltarem, nós guardamos o quadro na sala do porão.

– Tem uma sala no porão? – Castiel se pronunciou.

– Você levou dezenas de castigos em que tinha que dar banho no Totó, e nem isso notou? – Rosalya retrucou.

– Com certeza ele se concentrou em coisas mais importantes. – Alexy afirmou.

– Ah sim, é verdade. – Rosalya segurou o riso – Qual era a finalidade de levar a pobre da Rain em seus castigos? – Kentin ergueu os olhos para eles – Nem mesmo conseguiu esconder que estava apaixonado por ela?

Castiel sorriu ironicamente.

– Se ainda acharem que não falaram o bastante da minha vida, por favor, continuem.

– Podemos voltar ao assunto, por favor? – Debrah interrompeu – Seria uma pena se tivermos que falar dela no passado para sempre. Continue Lysandre.

Lysandre suspirou.

– Depois, Kentin, Rosalya e Debrah irão.

– Por que eu de novo? – Indagou a garota de olhos de gato.

– É a única de nós com facilidade em fazer portais. – Esclareceu Armin – Eu e Alexy levaríamos horas, levando em conta a distância. Não é a nossa especialidade. – Ele deu de ombros.

– Nem a minha! – Ela se levantou.

– Sim, é, com certeza. – Alexy comentou. – Como meu irmão disse, mesmo nós levaríamos, no mínimo, duas horas para fazer um bom portal.

Rosalya suspirou e se sentou novamente.

– E por que ela tem que ir?

– Se vai haver algo nos quadros, talvez Debrah seja a única que consiga ver. É apenas uma suposição, mas falhar não é uma opção. – Explicou Lysandre.

– Não que eu me importe, - Debrah se pronunciou – mas espero que a diretora de vocês já esteja a par da situação.

– Sim, ela está.

– Ótimo. Irei começar o portal. Voltem daqui a meia hora, sim?

*

Ela escutou batidas na porta e deixou o livro ao lado. A garota levantou as meias que lhe apertavam as coxas e andou até a mesma. A abriu, o convidou para entrar e a fechou novamente. Ele, como o de costume, sentou-se na ponta da poltrona longa, e ela sentou-se ao lado dele.

– E então?

– Castiel, Debrah e Rosalya vão atrás do primeiro quadro.

– Você não me parece confiante.

Ele olhou para ela e deixou uma risada escapar-lhes os lábios.

– É um tiro no escuro. – Ele deixou a cabeça suspensa para trás. – Não sei se podemos confiar em Debrah.

Ela apertou os lábios.

– Temos que tentar, não é verdade?

O garoto a encarou e logo desviou o olhar. Ela abaixou o seu e encolheu as pernas.

– Você realmente não... – Ele começou.

– Não, eu não tenho nenhuma ideia do que pode acontecer, Kentin. Já tivemos essa conversa. É a primeira vez que Debrah nos ajuda, então... – ela expirou – pode ser a nossa luz no fim do túnel. – Ela deu de ombros.

Violette mordeu o lábio inferior. Ela nunca havia tido a oportunidade de conversar com Kentin; era até estranho conversar com ele. Ele nunca havia sobrevivido, afinal. No entanto, nos últimos quatro meses, desde que ela havia sido trancada naquele quarto por Lysandre, Alexy e Armin, Kentin a havia ido visitar todos os dias. Talvez pelos os dois amarem Rain na mesma proporção, ele se sentia obrigado àquilo. Ambos a amavam, ambos estavam preparados para morrer por ela, ambos estavam sofrendo por tudo o que estava acontecendo a ela. Kentin era apenas gentil.

E Violette achava toda essa gentileza adorável. Kentin era completamente encantador, e ela finalmente pode entender o porquê de Rain amá-lo tanto. Violette não sabia quando, mas, em alguma hora, ela simplesmente se viu incapaz de encará-lo.

– Espero que funcione. – Disse ela, afinal.

Kentin olhou para ela.

– Sim.

A garota de cabelos lilases expirou. Seu peito estava estranhamente apertado.

– Você tinha razão, Vio. – Declarou, sorrindo sem graça.

– Hm? – Ela olhou para ele – Sobre o que?

– Castiel. – Ele arqueou para a frente – Ele a ama.

Violette engoliu em seco e apertou os lábios. É verdade que Kentin, curioso como tantos outros, havia pedido para que ela contasse a ele sobre sua história. E ela contou. Mas não imaginava que ele ficaria tão chocado em saber sobre Rain e Castiel em suas voltas.

– Rain está com você, Kentin, não com ele. – Declarou.

– Será que está mesmo? – Ironizou – Então, todas as vezes que eu a procurei, ela estava dando banho em um mostrengo com Castiel? Provavelmente ela também está apaixonada por ele. – Kentin se levantou.

– Mas... você não tem certeza. – Violette o imitou.

– Por que a está defendendo? – Ele ergueu o tom de voz.

– Não... estamos em tempo de ficar contra a Rain agora, Kentin. – Vio abaixou o seu – Não importa por quem ela está apaixonada, ou não está, pelo menos não agora. Somos todos amigos dela, e ela precisa de nossa ajuda.

Kentin abriu a boca para responder, mas logo a fechou. Sua respiração estava desregulada e a veia pulsava em seu pescoço. Havia perdido o controle. Os genes da licantropia sempre o alteravam, mas Violette tinha o estranho poder de o acalmar.

Ele sorriu e se permitiu cair na poltrona atrás de si. Violette sentou no fim da poltrona longa, de modo a ficar de frente a ele.

– Eu nunca fui do tipo... popular. – Ele se permitiu sorrir mais uma vez – Mas isso não importava para a Rain. Fui o primeiro amigo que Rain fez depois que ela se mudou para a minha rua e, mesmo que ela fosse popular, ela nunca me permitiu sair do lado dela.

Violette sorriu. Havia acontecido da mesma forma com ela.

– Ah! – Ele afundou na poltrona – Acho que, no fim, acabei amando-a demais, mas da forma errada.

Ela virou o rosto.

– Da forma errada?

– Quando eu olho para você, eu vejo que, finalmente, não era o que achava que era.

Violette sentiu as bochechas queimarem.

– Quando... olha para mim?

Kentin enrubesceu à reação da garota.

– Não... – Ele levou a mão ao rosto – Eu sempre estive ao lado da Rain. Sempre. Nunca me interessei em ter outras amizades. Para mim, ela era mais que o suficiente. E eu a amei muito... senti que nunca poderia amar outra pessoa.

Violette apertou os lábios.

– E então?

– Então, eu vim para Sweet Amoris. E uma vez que eu estava sem ela ao meu lado pela primeira vez, me vi obrigado a fazer outras amizades. Conheci Dajan, Nathaniel, Melody, Lysandre, Armin, Alexy e você. A verdade é que eu realmente a amo muito, e quero passar o resto da minha vida ao lado dela, mas... – ele expirou pela boca – eu simplesmente não consigo mais me imaginar casando com ela. – Ele sorriu sem graça – Eu fazia muito isso.

Violette engoliu em seco.

– Não precisa fazer essa cara. – Kentin riu – Estranhamente, eu estou bem. Talvez, no fundo, eu já esperasse por isso. – Ele deu de ombros.

– Isso... tem a ver com o que eu disse, não tem? Kentin, a Rain namorou com o Castiel muito depois de...

– Eu sei. – Ele a interrompeu – Não é culpa sua. Acho que... – Ele soltou o ar que não sabia que prendia – Acho que eu acreditava que a Rain se sentia da mesma forma que eu. Saber que ela foi capaz de amar outra pessoa foi, no mínimo, um choque. – Ele sorriu. – Mas eu estou bem. E... é óbvio que eu ainda sinto ciúmes dela. Eu ainda a amo, e ela continua sendo a minha Rain.

A garota estava chocada, com a boca levemente aberta.

– Eu...

– Não precisa dizer nada, Vio, estou apenas desabafando, gosto de conversar com você. – Ele se levantou – Eu preciso ir, Rosalya vai me matar se eu me atrasar.

Violette se levantou, mas ele já estava passando pela porta. Ela fechou a boca e deixou-se cair na poltrona. Estava chocada. De todas as coisas que Kentin pudesse ter vindo dizer a ela, essa seria a última de sua lista. O que ela havia feito? Afinal, era culpa dela, ou não?

Kentin havia dito que não era culpa dela, mas ele era gentil. Ele não diria para ela, se de fato fosse. Ela encolheu as pernas e as abraçou. Rain a teria repreendido por isso. Se está com dúvida, vá atrás dele, grite por ele. Se você o ama, não o deixe escapar pelos seus dedos., ela diria.

Sentiu seus olhos arderem e afundou sua cabeça entre as pernas. Rain fazia tanta, tanta falta. Era sua melhor amiga, amava-a como uma irmã. Doía não a ter por perto. Doía tanto ao ponto de Violette ser capaz de dar um pouco de sua vida apenas para poder vê-la mais uma vez. Apenas para poder passar mais um tempo ao lado dela.

– Você está apaixonada por ele? – Ela riu – E conseguiu fazê-lo me esquecer como o grande amor de sua vida. Está de parabéns, Violette.

A garota estremeceu. Aquela voz, aquela risada. Sim, ela reconheceria em qualquer lugar. Violette levantou a cabeça levemente para olha-la, e então, a viu: ela estava sentada, com as pernas cruzadas, na poltrona que Kentin outrora estava sentado, a poucos metros dela.

– Rain...

Sua voz falhou.


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Notas finais do capítulo

O capítulo ia sair ontem, mas deu alguns bugs loucos quando eu trouxe pro site. Passei horas consertando mas, no fim, preferi não postar. e.e
Gente! Aos fãs de Kentin e Rain, e Lysandre e Violette, NÃO ME ODEIEM! Eu estou apenas seguindo o roteiro original, i'm sorry. :c
E vocês não podem me odiar porque eu amo vocês, e amor não-correspondido não é uma atitude legal, ok? ok.
Enfim.
Ai Senhor, espero que eu não me arrependa. ;-;
"Posto, ou não posto, eis a questão."
"Vou postar sim, porque sou radicalidade."
"Ai minha Nossa Senhora"
Comentem. Comentem. Comentem. Comentem. Comentem. *-*
Soul ama vocês, beijinhos e até mais.
Obrigada por lerem.
~Soul
P.S: Soul ama muito vocês. :3