Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 43
Rios e Fogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos por todo o apoio para comigo. É muito importante para mim saber o quanto vocês curtem a BC e confiam em mim o bastante para já estarem ansiosos pela minha próxima fanfiction. Vocês me fizeram chorar, eu realmente amo muito vocês. :')
Resolvi fazer uma segunda temporada. Obrigada pela ajuda de todos para com essa decisão. Ela não vai ser tão longa quanto a primeira, e talvez eu comece a postá-la paralelamente com a minha outra fic. Saber que estão ansiosos me angustia. :c Enfim, a segunda temporada não vai demorar para vir. Do jeito como estou ansiosa, talvez venha antes de vocês poderem dizer que estão com saudades da BC. asahusau
Esse é o penúltimo capítulo. Aproveitem. s2
~Soul



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Rain suspirou quando a porta do seu quarto bateu atrás de si. Suas articulações e músculos estavam doloridos, além dos pontos de magia que, estranhamente, conseguia sentir cada um deles fervendo em suas veias.

Ela levou os dedos à sua nuca e, sentindo-a suada, franziu o rosto. Tirou os tênis com a ajuda dos calcanhares e andou até o banheiro. Logo ao abrir a porta, seus olhos encontraram a sua imagem no espelho. Atraída por aquilo, aproximou-se da pia e desfez o rabo de cavalo, ainda com os olhos fixos em suas próprias íris azuis.

Seu globo ocular estava avermelhado graças ao cansaço e sono provindos do treinamento. Mesmo que parecesse delicada e indefesa por fora, Violette era uma treinadora rígida e espartana, que não a havia permitido descansar e nem terminar o treinamento enquanto Rain não obtivesse os resultados que ela desejava.

Transformar água em sague...

Controle do sangue...

Rain estava ciente de que aquela era a sua magia, e que o melhor para ela seria aprender a controla-la. Estava muito grata à Violette, verdadeiramente. Há alguns dias atrás, ela simplesmente não tinha mais esperanças, quando o experimento de Alexy e Armin se viu falho: o quadro de Nathaniel não era o que estavam procurando.

Mas Violette havia se tornado uma luz no fim do túnel para ela, salvando-a da prisão que Nate a colocara e ajudando-a a controlar sua magia. Não tinha agradecido da forma que Violette merecia, nem sabia como fazê-lo, mas estava decidida a agradecer amanhã, sem falta, mesmo que apenas fosse jorrar palavras carregadas de sentimentos.

Ainda assim, mesmo com toda a sua gratidão e consciência, usar a magia estava deixando-a estranha, com um sentimento estranho. Um mal pressentimento, uma angústia. Rain suspirou, andou até o chuveiro e deixou que as águas geladas lavassem seu cansaço e toda a sensação ruim, e que lhe dessem uma boa noite de sono.

Ao colocar um passo fora do banheiro, sentiu uma brisa mais fria que as águas do chuveiro sopra-lhe os cabelos umedecidos. Ela tremeu, andou até a janela e a fechou. Vestida com um baby doll tão azul quanto seus olhos, sentou-se na cama de panos brancos e suspirou.

Não ter visto Kentin saindo da quadra de treino, ou não o ter visto de jeito nenhum desde então também a angustiava. Ela passou o dedo em cima da marca de ligação e mordeu o lábio inferior ao lembrar do que Violette lhe contara: é verdade que ela namorara Castiel?

Rain sentiu seu coração acelerar. Foi ele quem a levou para conhecer os lugares mais bizarros da escola, e todas as vezes que os dois deram banho no dragão de estimação da diretora estavam gravadas em sua mente. Ele se arriscou indo até o outro lado com ela, e era apenas graças a ele que podia usar magia. Foi apenas porque ele a salvou do espírito daquela mulher que ela foi capaz de salvar Kentin. E então, ainda por ela, ele a levou ao baile, mesmo que fosse claro que não quisesse ir. E mesmo usando uma roupa que ele havia deixado explicito que detestava, o garoto a elogiou.

Ela se deixou cair na cama. Embora ele quase a tivesse matado quando chegou em Sweet Amoris, todos os outros momentos a fizeram esquecer daquilo. Realmente, não tinha mais importância. Ainda assim, era engraçado como todas as novas boas lembranças haviam apagado as ruins. Quando estava com Castiel, ela esquecia o quão assustador poderia ser aquele novo mundo. Quando estava com Castiel, embora ela sentisse muitas vezes que iria desmoronar, ele a fazia rir, mesmo que não soubesse a confusão que se passava dentro dela.

E então, quando ela finalmente havia convencido a si de que seu coração não acelerava por ele por nada, Castiel disse a Rain que o que ele sentia por ela, ela nunca iria entender. Ele não poderia estar mais certo: ela nunca iria entender. Ele a havia beijado, mas também havia deixado claro que aquilo não iria se repetir. Depois, quis fingir que nada havia acontecido e agir normalmente com ela, para logo abandoná-la sozinha no castelo de Nathaniel, no meio de centenas de vampiros.

E por mais que, assim como todos os segundos desde que pisara no internato ela se mantivesse forte por fora, tentando convencer a si mesma de que daquele jeito era melhor, que estava tudo bem, a verdade é que aquilo lhe doera de tal forma que ela tinha medo de encarar. Medo de que os problemas se fundissem e que ela desmoronasse de vez e que, finalmente, ela não pudesse mais ser capaz de levantar. Então, ela preferiu apenas sorrir, e dizer que tudo estava bem.

Mas não estava.

E mesmo com Rosalya, Lysandre, Alexy, Violette, Armin, ela sentia um abismo dentro de si sendo aberto a cada segundo mais. Como se não fosse suficiente, seus pais haviam sumido, e ela era filha de um demônio, o que a fazia sentir repulsa de si.

Foi naquele momento que, como um cavaleiro andante montado no seu cavalo branco, Kentin a puxou de volta da escuridão. Mesmo que ele não estivesse sempre ao lado dela desde que se descobriu um licantropo, ele sempre aparecia quando ela mais precisava. Sempre estiveram juntos, sempre. Ele era a única parte de si que ela considerava humana, mesmo que soubesse que ele não o fosse. Havia algo tão natural, normal, em estar com Kentin, que fazia com que todos os problemas desaparecessem, mesmo que momentaneamente.

E finalmente, eles se beijaram. Não estava arrependida, longe disso. Amava-o sim, tinha certeza absoluta de seu amor por ele. Mas, do mesmo jeito que Kentin roubava-lhe o ar, fazia seu coração acelerar e estava sempre em seus pensamentos, mentiria se dissesse que com Castiel também não era assim.

Mas com Castiel era... diferente. Havia algo divergente na forma como se sentia em relação a Castiel e a Kentin. Eles eram completamente distintos um do outro, seria bizarro que o amor dela pelos dois fosse igual.

Kentin era leveza, paz, graça e carinho.

Castiel era desafio, acidez, intensidade, vivacidade.

Kentin era rios. Castiel era fogo.

Rain sentiu suas pálpebras pesarem e a visão escurecer. Será que seus pensamentos gritantes a deixariam dormir?

Além disso...

Estava com a estranha sensação de que alguém a observava atrás de si. Ela olhou de soslaio, mas tudo o que viu foi escuridão. Rain se virou e acendeu a luminária mágica de luz amarelada, e viu uma sombra se mexer no fundo do quarto. Sentindo suas mãos gelarem, encolheu as pernas ao engolir em seco, e fixou o olhar na parede em sua frente.

Então, a sombra se mexeu outra vez. Tudo o que Rain desejou era poder levantar da cama e correr corredor afora, longe do que quer que pudesse ser aquilo, mas seu corpo estava paralisado. Tentou gritar, mas a voz não saiu. De repente, a sombra avançou em cima dela, e Rain, como única alternativa, fechou os olhos.

A força com a qual foi empurrada foi tão grande que Rain desmontou em sua cama. Ela gemeu, embora a voz continuasse a traindo. Sentiu alguma coisa apertar-lhe os braços. Pareciam mãos. Ainda de olhos fechados, Rain ouviu aquele que a segurava rir entre os dentes.

Relutante, Rain abriu os olhos e o viu. Com seus olhos azuis, ela percorreu todo aquele rosto perfeito, embora desconhecido por ela. Ele tinha os cabelos negros que, junto com sua pele pálida e as roupas pretas, davam a ele um ar dramático, que era quebrado pelo brilho dos olhos roxos.

– Seus olhos são lindos. – A voz dele soou rouca – Herança de família?

Rain engoliu em seco. O garoto a tocou no maxilar e desceu o dedo até a clavícula.

Você é linda. – Ele mordeu o lábio inferior – Tem um rosto perfeito, um corpo perfeito. Adoraria ter conhecido você em uma outra situação, em um outro lugar. Poderíamos desfrutar de uma linda história banhada de amor e luxúria.

O que estava acontecendo? Era um sonho?

– Adoraria saber se você tem uma voz tão linda como todo o resto, mas você poderia gritar, sinto muito por isso.

Rain mais uma vez engoliu em seco. Ele realmente parecia sentir por aquilo. O garoto, uma vez que estava em cima dela, se curvou e a beijou na clavícula, subindo com os lábios até o maxilar. A morena quis se contorcer, mas continuava paralisada.

– Pronto. Você pode falar agora. – Ele sussurrava – Quero falar com você. Quero poder escutar sua voz. Mas não grite, ou eu mato você.

Rain expirou, e estava ciente que seu ar quente o havia alcançado na bochecha.

– Quem é você? – Ela sussurrou.

O garoto virou o rosto lentamente para ela. Embora se sentisse ameaçada por ele, ela não podia negar que ele realmente era lindo.

– Pode me chamar de Noir, milady. Sou o senhor das sombras. E se me permite dizer, sua voz é uma melodia deliciosa que eu gostaria de ouvir por toda a eternidade.

– Por que está aqui, Noir? O que quer de mim?

Rain o viu arfar e franziu o cenho.

– O som do meu nome em seus lábios é... realmente muito excitante. Eu não poderia ser mais grato sabendo que servirei você por toda a eternidade.

– Servir... a mim? – Rain arregalou os olhos.

– Sim, milady. Aguarde apenas mais algumas horas. Tudo irá começar em algumas horas.

As últimas palavras deles soaram distantes e tudo se transformou em um borrão. Quando Rain deu por si, a luz do sol já invadia seu quatro através das frestas da janela. Não se lembrava de ter dormido, mas não se sentia cansada.

Rain se sentia incomodada. O que havia acontecido na noite passada não passava de um pesadelo, ou havia alguma coisa real naquilo tudo? Ela esticou os braços, espreguiçando-se, e alcançou o relógio: sete e dez.

Seus olhos arregalaram e, em um pulo, correu até o seu guarda-roupa para se trocar. Ela alcançou seus livros que estavam jogados em uma cadeira próxima e passou a correr pelos corredores. Como os vampiros eram afetados pelo sol, o campus estava praticamente vazio àquela hora da manhã. Em alguns pontos, haviam grupos de pessoas das outras raças, mas apenas os vampiros gostavam de ficar dispersos pelo campus.

Quando ela atravessou as portas duplas do prédio principal, o sino soou. Ela apressou o passo na direção da sua sala de aula. Era verdade que, há um bom tempo, ela já havia se descoberto feiticeira, mas a diretora preferiu que ela permanecesse na sala dos licantropes. Rain adorou. Já estava familiarizada com o professor e com todos os outros alunos, e podia estudar com Kentin novamente. Além disso, embora ela fosse de uma raça diferente dos demais, não havia nenhuma rixa natural entre feiticeiros e licantropes, então eles não a discriminavam por isso.

Rain desviou ao quase esbarrar com o professor na porta da sala. Sorrindo satisfeito pela manobra da menina, ele permitiu que ela entrasse. Ela sorriu para ele e seguiu para o seu lugar: sentava ao lado de Kentin.

Ele não a havia olhado quando ela passou por ele, e sorriu forçadamente quando Rain o desejou bom dia. A garota franziu o cenho: o que havia acontecido com ele?

A morena o olhava de tempos em tempos, esperando que ele a olhasse de volta, mas foi em vão. Ao fim da terceira aula, ela o viu rabiscar algumas palavras em um pedaço de papel, e colocar em sua mesa de forma que o professor não visse.

Estou precisando falar com você., ele dizia.

O mais urgente possível, por favor., ela respondeu.

O sino soou o intervalo, e os alunos suspiraram de alívio. Rain levantou-se e incitou sair da sala, mas Kentin a segurou pelo pulso. Ele continuou a segurando, até que todos os alunos houvessem saído. Quando ele a soltou, Rain caminhou até a janela e a abriu: estava realmente fazendo calor naquela manhã.

– Iris me contou uma história interessante. – Ele se aproximou dela.

– Que tipo de história? – Rain mordeu o lábio inferior. Ainda se sentia incomodada pelo sonho que tivera na madrugada passada.

– Sobre Castiel. – Rain ergueu os olhos para ele. Nunca havia ouvido Kentin falar de Castiel, ou vice-versa. – Ela me disse que vocês são bem próximos.

Próximos? O que Iris tinha a ver com ela e Castiel ou com Kentin?

– Ele me ajudou bastante. – Ela deu de ombros – Somos bons amigos.

Apenas amigos? – Ele se aproximou ainda mais dela – Você tem certeza?

Rain lembrou-se do beijo de Castiel e sentiu sua veia pulsante pular.

–...Kentin... – Ela desviou os olhos. O garoto a segurou mais uma vez pelo pulso e encarou com suas esmeraldas brilhantes os olhos exoticamente azuis dela.

– Você sabe... o quanto eu amo você, não sabe? Eu morreria antes de machucar você. – Ele engoliu em seco – Não quero que pense que estou obrigando-a a tomar decisões novamente, mas só quero ter certeza que eu nunca perderei você. Por isso... – ele olhou para baixo, e Rain sentiu os dedos dele tremerem – eu achei que esse pudesse ser o melhor momento para... pedi-la em namoro.

A morena arregalou os olhos. Embora as últimas palavras dele soassem praticamente inaudíveis, foi o suficiente para que ela escutasse. Ela tinha certeza que o amava, mas por que se sentia tão hesitante? Uma brisa fria soprou-lhe os cabelos e ela olhou por através da janela. Rain sentiu o sangue escapar-lhe do rosto e suas pernas bambearem.

O que era aquilo?

Havia uma imensa fumaça negra, como uma cúmulo-nimbo das trevas, passando por cima dos portões de ferro do internato. De repente, o sino soou uma melodia bizarra e descompassada. Rain levou as mãos aos ouvidos, e Kentin a imitou. Ela olhou mais uma vez pela janela, e a nuvem continuava invadindo cada vez mais a escola, separando-se devagar.

Subitamente, todos os móveis e o chão tremeram. Kentin a segurou pelo pulso e se afastou para trás rapidamente, levando a garota junto. Ela desequilibrou e caiu sobre ele, mas ele não se mexeu. Houve um alto barulho, e a garota olhou para trás: a estante de produtos químicos caiu no lugar onde ela estava.

– Precisamos sair daqui.

Kentin, ainda a segurando, começou a correr pelos corredores. Rain se esforçou ao máximo para conseguiu igualar sua velocidade a dele. Quando eles finalmente avistaram o saguão, algo negro passou rapidamente por eles. Kentin se interrompeu bruscamente, e Rain chocou-se com as costas dele.

– Isso é... um vulto?

Ela se lembrou de seu sonho. Pode me chamar de Noir, milady. Sou o senhor das sombras. Então... não havia sido apenas um sonho?

– Acho que não. – Ela mordeu o lábio inferior.

Kentin virou-se para olhá-la e a analisou. Noir estava aqui porque a queria, mas Rain não sabia exatamente para o quê. Ainda assim...

– Kentin. Acho que você deveria ir procurar a diretora. Ela deve estar dando instruções aos alunos nesse momento.

– Ok, vamos.

Rain puxou seu pulso.

Você vai. Eu vou procurar por Violette. Ela deve saber o que está acontecendo.

Kentin franziu o cenho.

Não vou deixa-la sozinha.

Rain o puxou pela manga da camisa branca e o beijou.

– Eu vou ficar bem. – Ela sorriu – Vai logo.

Contra sua vontade, Kentin suspirou e se deu por vencido. Rain o observou, com o coração apertado, correr escadas acima.

– Você é uma mentirosa maravilhosa, milady. Mentiu para seu namorado para que ele se afastasse de mim, parabéns. – Ele bateu palmas. Rain virou-se para ele – É ainda mais bonita a luz do dia, se me permite dizer, mas estou terrivelmente curioso sobre uma coisa: como sabia que eu estava por perto?

– Noir. – Ela expirou – Aquela sombra que passou por nós me deu a mesma angústia que senti noite passada. Suspeitei que fosse você.

Rain o viu sorrir de orelha a orelha.

– Estou feliz que lembre meu nome.

– Sou boa com nomes.

– E então, o que vai ser?

Rain ergueu as sobrancelhas.

– Preciso leva-la de uma forma ou de outra. – Ele explicou – Você vai lutar, ou se entregar?


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Notas finais do capítulo

Gostaria de avisar que o próximo capítulo vai sair antes do domingo. O dia, não sei, mas no decorrer da semana talvez ele já esteja aqui. Vou me esforçar. o/
COMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENTEM!!
Obrigada por lerem, beijinhos, Soul ama muito vocês. s2
~Soul