Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 39
Porque eu te amo


Notas iniciais do capítulo

Pessoooooooas! s2
Desculpem-me pela demora. De novo. :c
Como sempre, comecei a escrever no sabado e iria terminar no domingo, mas o domingo me foi tomado por um trabalho de redação para hoje, então não tive muitas opções. :( Tive que terminá-lo agora a noite. Sorry. :(
Antes de me despedir, gostaria de agradecer a Dul pela RECOMENDAÇÃO! MUITO OBRIGADA, DE VERDADE! Fiquei muito, muito, muito, muito FELIZ!
Vocês precisam ver minha reação ao receber uma recomendação! Eu fico muito, muito louca, gritando, pulando, e chamo logo uma amiga minha no wpp. Sério, gente, eu fico MUITO FELIZ. s2 OBRIGADA MAIS UMA VEZ DUL, capítulo dedicado a você. :3
Bom, acho que acabei.
Sem mais delongas, boa leitura. Espero que gostem. :3
~Soul



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A porta rangeu levemente ao empurrão quase imperceptível da garota. Ela levou a mão à fechadura, e usando de uma força que não mais existia nela, virou a chave. A maçaneta estralou, e a garota se permitiu deslizar para a cama que, felizmente, ficava logo ao lado da porta.

As luzes estavam apagadas, e graças ao horário, tudo estava em completa escuridão. Sua visão privilegiada provinda da licantropia o permitia ver nitidamente o quarto, mas ele não sabia como a garota para qual olhava agora conseguia permanecer tão absorta no escuro.

Com passos silenciosos, ele andou até a pequena mesa de apoio ao lado direito da cama e acendeu a luminária mágica de luz amarelada. Ele percebeu ela apertar os olhos e sentou-se em sua frente, muito próximo dela, uma vez que ela estava sentada com as pernas encolhidas.

Ela suspirou e afundou sua cabeça ainda mais entre os joelhos. Ele desviou o olhar dela e passou a comtemplar o quarto da menina: nada fora do comum. Não havia nada ali que representasse a personalidade da garota que há tantos anos conhecia e amava.

Ao perceber a proximidade em que se encontravam, e a situação – sozinhos em um quarto semi iluminado -, sentiu seu coração acelerar. Ele olhou de soslaio para ela. Os cabelos molhados - que escorriam pela pele rosada e com cheiro de jasmim e sabonete da garota - deixavam leves rastros de água.

Ele a observou apertar os dedos das mãos e dos pés e se encolher ainda mais. O garoto virou-se para ela, permitindo que seu joelho esquerdo descansasse em cima do colchão dela. Ele sentiu vontade de tocá-la, mas recolheu a mão no meio do processo. Ele estava certo em estar ali?

Ele respirou fundo silenciosamente – para que ela não percebesse toda a confusão que passava dentro de si – e decidiu levantar. O garoto andava de um lado para o outro, olhando para ela de tempos em tempos, mas ela não se mexia. Ele passou os dedos pelos fios marrons, e contra suas vontades, resolveu sair.

Kentin andou até a porta do quarto e girou a maçaneta. Trancada. Sua mão deslizou para a chave, e quando estava prestes a girá-la, sentiu alguma coisa puxando sua blusa.

– Não. Fica.

A voz de Rain soou fraca e rouca, e Kentin sentiu seu coração acelerar ainda mais. Ele soltou o ar que não sabia que estava prendendo e se afastou da chave devagar. O garoto sentou-se à frente dela, deixando que seu joelho direito repousasse sob os lençóis brancos da cama.

Ela levantou a cabeça lentamente e encarou os olhos verdes dele pela primeira vez naquela noite. Os olhos azuis raros dela estavam opacos, sem vida, boiando em vermelhidão. Kentin sentiu seu coração apertar. As bochechas da garota estavam molhadas – não pelos cabelos -, e mesmo olhando para ele, as lágrimas dela continuavam a descer.

O garoto perdeu a respiração.

– ...Rain... – sussurrou, com dificuldades.

Com um único gesto, ela se desvencilhou de sua prisão e avançou no garoto. Ele pulou levemente pelo susto, mas Rain já estava com sua testa apoiada no ombro dele, apertando-o contra si. Kentin sorriu. As lágrimas dela molhavam sua camiseta preta, mas aquilo realmente não importava.

O cheiro doce de sabonete e jasmim que ela possuía impregnou suas narinas, e ele retribuiu o abraço, apertando-a com força contra si. Kentin receou que ela pudesse ouvir as batidas aceleradas de seu coração. Uma hora depois, as lágrimas dela já haviam cessado, mas ela não se mexia. Quando Kentin achava que ela finalmente havia dormido, ele a mexia de leve, o que só fazia com que ela o apertasse ainda mais.

E assim permaneceram por três horas. Tempo o suficiente para que os longos cabelos dela secassem, e ele estivesse entorpecido pelo aroma doce. Ela se mexeu, e o garoto diminuiu a força com a qual a apertava, mas continuou com seus braços envolta dela. Rain se afastou, e Kentin procurava os olhos azuis dela com os verdes seus. A morena tocou levemente nos braços dele, fazendo-o arrepiar com o simples toque, e os abaixou. Ele, finalmente consciente da situação na qual se encontrava, sentiu suas bochechas queimarem e a soltou, mesmo relutante.

Rain levantou-se devagar e silenciosamente, murmurou algumas meias palavras – que Kentin entendeu – e se dirigiu novamente para o banheiro.

Vou lavar meu rosto, ela dissera.

Kentin apertava seus dedos uns nos outros, quando ela saiu e sentou-se na frente dele. Ela sentou próximo o suficiente para que suas pernas encostassem. Rain o encarou. Era sua vez de estar consciente da situação que se encontravam, e sentiu seu coração acelerar. Ela desviou os olhos ao sentir que enrubescia, fazendo com que o garoto inspirasse profundamente.

– E então? – Disse ele, depois de um longo período de silêncio.

Ele percebeu que os fios dela estavam mais comportados. Talvez ela os tivesse escovado no banheiro.

– E então o quê?

Kentin sentiu-se inquieto e se mexeu, aproximando-se, assim, ainda mais dela, inconscientemente. Rain, por sua vez, sentiu sua veia saltar, e apertou os dedos dos pés. Sempre amou Kentin. Nunca teve dúvida disso. Mas como cresceram juntos, sempre considerou amor de irmão. No entanto, toda a distância, o tempo que passavam separados, os reencontros, os perigos, os abraços, suas conversas, a forma como ela o considerava a única parte sua humana... Ela nunca havia percebido a estranha forma como seu coração saltava ao vê-lo, como ele apertava quando estavam longe, como ela sentia tanta a falta dele quando ele não estava por perto.

E aqui estava seu coração, mais uma vez pulando estranhamente por ele.

– Como você está com tudo isso? - A voz que interrompeu seus devaneios soou melodiosa aos seus ouvidos.

Ela deu de ombros. Nunca escondeu nada de Kentin. Nada. Não iria começar agora.

– Estou me sentindo... estranha. – Ela entrelaçou os dedos das mãos – Estranhamente vazia, estranhamente sozinha.

– Você não está sozinha.

Ela suspirou e jogou as mãos ao alto.

– Eu sei. Assim como a tia Manon, vai dizer que meus pais estão comigo, embora desaparecidos. Que mesmo que eu não seja filha deles, eles são meus pais. Eu já sei disso.

Dessa vez consciente, ele se aproximou dela.

– Não. Eu ia dizer que eu estou aqui com você. Sempre estive, sempre estarei.

Rain sentiu o coração bater ainda mais forte.

– Mas, - ele continuou – o que você disse não deixa de ser verdade. Eles criaram você, amaram você. Eles são seus pais, com laços sanguíneos ou não.

Ela balançou a cabeça.

– Você não entende.

– Rain...

– Eu sou filha de um demônio! – Ela explodiu. – Sou um monstro! Estou com gastura da minha própria pele!

Kentin ficou levemente boquiaberto, mas não se permitiu abalar. Rain precisava que ele fosse forte por ela naquele momento, e ele seria tudo para ela.

– Eu também sou um monstro. Me transformo em lobo. – Ele sorriu com aquele sorriso perfeito que ela tanto amava. Ele relutou em tocá-la, mas decidiu fazê-lo mesmo assim – E se me permite dizer... – ele sussurrava – sua pele é perfeita.

Ao toque dele, ela sentiu todo o seu corpo entrar em combustão. Ele se aproximou ainda mais.

–...assim como você. – Ele completou.

Rain arregalou os olhos superficialmente, suas pupilas dilatadas. Ele continuava se aproximando-se torturantemente devagar da garota.

– E não importa de quem ou do que você seja filha. Independente para onde eu olhe, ou em vão procure, você é tão somente a Rain. A boba Rain que ri de qualquer piada. A doce Rain que chora em finais de animes ou filmes de romance. A Rain que é capaz de enfrentar o rei dos vampiros para salvar alguém. – Ele segurou o riso. – Bem, essa até então eu desconhecia.

Kentin a tocou na marca de ligação no pulso da garota. Queimava, mas não o suficiente para machucar. Rain tremeu. Ele estava perto o suficiente para que ela pudesse sentir o hálito quente dele em sua bochecha.

– Não por alguém. – Ela franziu o cenho. – Por você. Fiz porque eu te amo, e você sabe disso.

Ela sentiu o toque dele falhar por um breve momento. Rain levantou os olhos azuis para ele, e ele a encarou. Os verdes nadavam na imensidão azul, sem medo de afogar-se. Ele abriu a boca, e fechou. Não. Não iria desistir mais uma vez. Ele respirou fundo.

– Você me ama da forma como eu amo você?

Ela piscou.

– ...como?

Ele deslizou os dedos pela pele dela. Quantas vezes ele havia se segurado para não fazer aquilo?

– Quero saber se você me ama... da mesma forma como eu te amo. – Rain o percebeu enrubescer – Eu... preciso saber.

Mesmo com o coração saltando como nunca, ela sorriu.

– Isso depende.

Kentin expirou e desviou os olhos, logo os voltando para os lábios dela. Tão carnudos, tão naturalmente rosados, tão... perfeitos. Ele mordeu o lábio inferior e incitou em se afastar, mas ela o puxou pelo colarinho da camisa branca, forçando-o a se aproximar ainda mais.

Os lábios se encostaram.

Eles ficaram parados, sentindo a respiração rápida, irregular e quente um do outro em suas bochechas. Ele explorava o rosto dela com os olhos, e ela imitava os movimentos. Ambos ouviam o coração acelerado do outro. Rain expirou e mordeu o lábio inferior.

Kentin desviou os olhos por um milésimo de segundo antes de novamente se voltar a ela. Ele a segurou pela cintura e a puxou contra si, obrigando-a a subir em suas pernas e os lábios a se encontrarem mais profundamente.

Rain soltou o colarinho dele e deslizou seus braços para o pescoço do garoto, prendendo-o contra si. Enquanto ele explorava o torso dela por cima da camiseta, os lábios dançavam, as línguas enlouquecidas. Ela puxou os fios dele, e ele arfou. Kentin a empurrou na cama, e logo estava acima dela. Rain o puxou mais uma vez pelo colarinho. De tempos em tempos, ele desviava dos lábios dela, voltando sua atenção aos lóbulos e ao pescoço.

Mas aqueles lábios tão lindamente desenhados apenas para ele havia se tornado a sua droga. Ele desejava cada vez mais estar beijando-a, comprovando-a a cada vez que ela era sua e de mais ninguém. Os corpos de ambos estavam em combustão, prestes a explodir a qualquer momento.

Mas se explodisse, não importaria.

Tudo o que importava, naquele momento, era amar o outro da forma que por tantos anos esperaram que assim o fosse.

*

As corujas piavam, e seus olhos, na escuridão, brilhavam para ele como se o observassem. Sua lamparina mágica falhava raramente. Finalmente o dia já estava amanhecendo.

As botas esmagavam as folhas secas da trilha. A coloração alaranjada da floresta lembrava ao garoto o outono, por mais que ele soubesse que era verão.Ainda teria que agradecer à Rosalya pelo portal de tele transporte. Horas de viagem foram poupadas graças a ela. Ele continuou seguindo pela única trilha que ali havia, e alguns animais vinham observá-lo.

Para um anjo, aquilo era normal. Mas ele não era mais um anjo.

No fim da trilha, ele avistou um chalé de madeira com teto triangular. Sentiu uma leve pressão ao passar por uma árvore mais alaranjada que as outras, mas continuou prosseguindo em direção ao casebre.

Ele respirou fundo e deu batidas na porta que, alguns minutos depois, fora aberta.

A garota parecia surpresa, com olhos arregalados e a boca entreaberta.

– Lysandre... – ela sussurrou.

Ele engoliu em seco.

Lilith.


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Notas finais do capítulo

*Mais uma vez, notinhas rápidas porque a Soul tá apressada :(*
Comeeeeeeeeeeeeeeentem! :3
Espero que tenham gostado, beijinhos, amo vocês. s2
~Soul