Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 33
Hemolacria


Notas iniciais do capítulo

Gente.
Então.
CONSEGUI POSTAR A TEMPO! ~dançandodefelicidade~.
Primeiramente, gostaria de dizer a todos que Kentin é meu paquera preferido. s2
Finalmente, gostaria de, então, agradecer à Beatrice pela recomendação! MUITO OBRIGADA! MESMO! FIQUEI MUITO FELIZ! E o capítulo é dedicado a você, Beatrice. s2
Sem mais delongas, boa leitura. *-*
~Soul



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As velas mágicas davam ao sombrio salão uma coloração dourada. As paredes do lado esquerdo estavam repletas de história: quadros e mais quadros, um seguido do outro, representando toda a cronologia monárquica dos vampiros. A parede do lado direito, por sua vez, estava toda coberta por uma grossa cortina vermelha.

No canto direito, um pequeno grupo musical improvisado tocava, com seus órgãos e instrumentos clássicos, as mais variadas valsas. Apenas valsas. Nathaniel olhou entediado para Sora que, no outro segundo, retribuiu o olhar. O loiro ergueu as sobrancelhas e suspirou levemente – para que seus pais não percebessem -, e a garota de cabelos negros deu uma suave risada.

A música parou, e todos no salão se aproximaram do palco, dando ao Rei, que imponentemente recitava um discurso, toda a atenção que ele merecia e queria. Rain já havia se aproximado antes, e a multidão a empurrou ainda mais para perto do palco. Ela, relutantemente, continuou olhando para o palco como Castiel a havia instruído, sem dar nenhum movimento brusco que pudesse, enfim, comprometer seu disfarce.

Mal o Rei acabara de falar, Nathaniel se levantou e alguns guardas se aproximaram, trazendo, consigo, uma espada de prata brilhante – na qual Rain pode perceber o reflexo turvo de Nate -, e uma pessoa encapuzada que não relutava. Rain sentiu-se aflita por aquela pessoa: já suspeitava do que Nathaniel faria, mas não queria acreditar que ele, o doce Nate que conhecia, realmente o faria.

Uma multidão curiosa empurrou Rain ainda mais para perto do palco, fazendo-a ficar bem de frente para as pessoas que estavam em cima da plataforma teatral. Um guarda entregou a espada para Nathaniel com cuidados calculados, enquanto evitava ao máximo olha-lo nos olhos, e andou até a pessoa encapuzada que outros dois guardas mantinham ajoelhado, segurando-o pelos braços.

Ele tirou o capuz e Rain, que assistia a tudo com máxima atenção, sentiu seu estômago embrulhar. Kentin? O que Kentin fazia ali? Ele não estava em uma missão com Dake? Sua visão começou a ficar turva e a garota sentiu uma ânsia quase incontrolável. Ela, congelada, frustrada e muito confusa, olhou com bastante dificuldade para trás, procurando por Castiel.

Mas ele não estava lá. A multidão os havia separado. Foi então que ela finalmente sentiu-se derrotada: estava sozinha, em um castelo com milhares de vampiros que ainda pareciam olhar torto para ela e Kentin estava desacordado bem a sua frente, com sua vida ameaçada por uma espada de prata empunhada por Nathaniel.

Nathaniel não o faria.

Não é?

Rain arriscou uma última olhada para o palco. O Rei olhou de soslaio para o filho e sussurrou algumas poucas palavras que a morena não pode compreender, mas que foram o suficiente para que Nathaniel empunhasse a espada prateada em posição de combate, girasse, e a fizesse atravessar o pescoço daquele em sua frente. Rain fechou os olhos e apertou as mãos, mas pode ouvir o som da espada decapitando o homem plausivelmente.

A garota sentiu algo quente molhar seu rosto e alguma coisa tocar na saia do seu vestido. Ela abriu os olhos e... Viu. Os olhos congelados e arregalados daquela cabeça decapitada a observava com a boca aberta de surpresa. Nathaniel havia sido rápido o suficiente para enganar seus olhos e – Rain olhou para ele – segurar, com a mão esquerda, a coroa do Rei.

A morena não teve tempo para ficar enojada, embora estivesse. Não era só ela, ou a cabeça que estavam surpresas, mas sim todos os milhares de vampiros que os observavam. Todos congelaram. Um silêncio mortal tomou conta do lugar, e foi interrompido por um grito estridente da Rainha.

Ela levantou do seu trono com os olhos marejados.

– O que você fez, seu... seu...

Nathaniel, que até então estava parado, com os olhos fechados, enfiou a espada no chão e fixou, com leveza, a coroa de ouro em sua cabeça. Ele abriu os olhos devagar e, com uma frieza arrepiante, deslizou as íris douradas para sua mãe.

– Queria poder dizer que não é nada pessoal, mas, sim, foi por puro egoísmo meu.

– Depois que tudo que fizemos por você... – grunhiu entre os dentes.

– Foi exatamente por tudo o que fizeram por mim. – ele cuspiu as palavras enojado – Você devia agradecer à Sora no tempo que te restas. Eu pretendia fazer muito mais com vocês, mas ela me convenceu a apenas executá-los.

– Não precisa agradecer. – Sora se aproximou de Adelaide e retirou, com movimentos calmos, a coroa da cabeça da Rainha e a fixou na sua.

Quando Sora deu às costas à Rainha, a mulher avançou em cima da garota, mas foi impedida por Nathaniel, que apareceu no meio das duas e empunhou a espada no pescoço de sua mãe.

– Não toque suas mãos nojentas nela.

A mulher engoliu em seco.

– Como ousa preferir os licantropes à sua raça?

– Como? – Nathaniel franziu o cenho ameaçadoramente.

– Escolheu matar o Rei no lugar do licantrope que trouxemos para você! – Ela apontou para Kentin, que ainda estava sendo segurado pelos guardas, que, por sua vez, estavam atordoados como todos os outros. – Antes disso! Matou seu pai!

– Meu... Pai? – Nathaniel gargalhou sadicamente – Ele não é o meu pai! Nunca foi meu pai! Não venha com teatrinho familiar agora por puro medo de morrer!

– Morrer? – a mulher sorriu torto – Vampiros são imortais, seu tolo!

Tola... É a senhora, senhora Adelaide. – Sora aproximou-se da mulher – Existem apenas duas formas de se matar um vampiro: decapitando-o com prata, ou por desnutrição, no caso da falta contínua de sangue humano.

– Tudo que começa, um dia chega ao fim. – Prosseguiu Nathaniel – E hoje, seu reinado, e a sua vida, chegam ao fim. – O loiro aproximou ainda mais a espada do pescoço da mulher, fazendo um pequeno corte. – Você é uma mulher imunda, que merece muito mais do que apenas a morte, mas, infelizmente, minha doce esposa não o permite. Torço, então, para que o Diabo se encarregue de fazê-la sofrer por mim. – Nathaniel sorriu, empunhou a espada e, como se tivesse treinado a vida toda para aquilo, decepou a cabeça da mulher que, um dia, conseguiu amar como sua mãe.

Antes que a cabeça pudesse tocar o chão, Nathaniel a segurou pelos fios dourados como os seus. Enfiou a espada no chão, andou em direção ao centro do palco e, dirigindo-se as centenas de vampiros ali presentes, a ergueu como um troféu.

– Eu sou seu novo Rei! – Ele gritava – Hoje, daremos início a uma nova monarquia, a um novo sistema! E todos aqueles que se opuserem a mim... Morrerão!

Sora aproximou-se da espada e, com um movimento preciso e rápido, a retirou de onde Nathaniel a havia deixado. O loiro a olhou de soslaio e, logo, virou-se para ela: Sora mantinha uma garota presa, segurando-a pelo pulso com a mão esquerda enquanto, com a direita, segurava a espada no pescoço dela.

– Olhe o que achei tentando invadir o palco, amor. – Sora cantarolou.

Os olhos de Nathaniel brilharam e ele parecia realmente surpreso – por dois segundos.

– Rain... – ele sussurrou.

– Conhece? – Sora olhou para ele, depois para ela.

– O suficiente. O que faz aqui, Rain? Estou realmente surpreso.

–... Ken... Tin...

­– Como? – Nathaniel, que já havia se aproximado dela, franziu o cenho.

– Solte o Kentin, Nathaniel, eu te imploro.

O loiro arregalou levemente os olhos quando viu, pela primeira vez naquela noite, as feições da morena: olhos vermelhos, e as maças do rosto completamente molhadas pelas lágrimas.

– Você está com uma espada no pescoço, e mesmo assim está pedindo pela vida de outra pessoa? – Ele riu.

– Pouco me importa o que aconteça comigo... desde que Ken esteja bem.

– Claro, claro. Façamos uma troca justa, então. Me conte por que está aqui, e eu o solto.

Sora a soltou relutantemente depois de receber um sinal com os olhos de Nathaniel, andou até o lado do loiro e entrelaçou seu braço no dele. Rain olhou torto para eles: era estranho ver Nathaniel com outra pessoa que não fosse Melody. Ainda assim, eles pareciam complementares.

– Bem... – começou Rain – Os feiticeiros gêmeos acreditam que eu poderia encontrar algo relacionado a minha magia aqui, então eu aproveitei a oportunidade e vim. – Ela desviou os olhos para Kentin.

– Por que aqui? E temos milhares de guardas em todos os lugares. Como entrou? – indagou Sora – Não pense que duvido da capacidade dos feiticeiros gêmeos. Os conheço e sei que sua fama os precede.

– Tudo tem relação a um pequeno fragmento de texto que encontramos em um livro. Castiel afirmou que havia o visto aqui, e foi por isso que viemos. Chegamos no jardim através de um teleporte criado por eles e, como Castiel possuía o convite, conseguimos entrar sem problemas. – Rain sentiu-se enrubescer e desviou o olhar do casal em sua frente. Estava contado todo o plano! Por mais que não o quisesse fazer, as palavras simplesmente jorravam de sua boca.

– Castiel? – Sora olhou para Nathaniel.

– Você não o conhece, acredito. – Nate levou uma mecha solta de Sora para detrás do ouvido – É um genérico.

– Por que o chama assim? – Rain indagou. – Não é a primeira vez que vejo você chamando-o assim, Nathaniel.

– Simplesmente... Porque é o que ele é. Genéricos são uma imitação de vampiros de verdade.

– Licantropes são divididos em puros e impuros. Puros são aqueles que possuem ambos os pais também licantropes e são os únicos que conseguem ingressar na Caninus Lupus. Impuros são quando um dos pais é humano. – Afirmou Rain, lembrando de suas aulas em Sweet Amoris. – Vocês se dividem dessa forma também?

– Não, que horror! – Sora praguejou – Não nos compare aos licantropes! Vampiros puros nascem vampiros. Todos aqui somos puros. Filhos de vampiros com humanos nascem humanos, mas precisam beber sangue e limitam-se a isso. Os genéricos, por sua vez...

– São humanos mudados geneticamente. – Nathaniel interferiu - Feitos em laboratório. Amaldiçoados. Doentes por doenças demoníacas. Tanto faz. Eles já foram humanos.

Hu... Mano? – A morena sussurrou.

Rei?!

Graças a velocidade nata do vampiro, Rain não pode perceber aquele homem de barba grisalha se aproximar de Kentin. Mas lá estava ele, ameaçando-o com um punhal.

– Um moleque idiota como você não pode simplesmente assassinar nossos reis e achar que iremos aceitar suas imposições! Alguém como você que está do lado dos licantropes não pode nos governar!

Nathaniel virou-se para ele nenhum pouco surpreso. Sora parecia visivelmente incomodada com as acusações para com seu marido. Rain sentiu seus dedos tremerem e os entrelaçou. O loiro abriu a boca para responder, mas o homem já estava empunhando a arma e dirigindo sua lâmina para o pescoço do licantrope.

Rain, por impulso, correu na direção do vampiro – passando por Nathaniel que observava divertidamente a reação da garota – e gritou:

Não!

O grito saiu rasgando secamente a garganta da menina, e um líquido quente jorrou de seus olhos. O homem ficou imóvel, olhando congelado para a garota que corria em sua direção. Rain, ao perceber que ele havia parado, parou também, e percebeu, tardiamente, que suas bochechas estavam molhadas. Com as mãos nuas, ela limpou suas bochechas, e enganou-se extremamente ao acreditar que eram apenas lágrimas.

Sangue?

O homem a sua frente gritou desesperadamente.

– Não consigo me mexer! O que está acontecendo?! Meu sangue está fervendo, meu sangue está-

E como uma bomba relógio, o homem explodiu de dentro para fora. Rain sentiu-se completamente enojada e caiu de joelhos no chão. O que estava acontecendo? Nathaniel aproximou-se dela e arregalou os olhos quando viu o rosto da morena. Ela, com os olhos completamente negros e chorando sangue, olhou uma última vez para Kentin e sussurrou o seu nome, antes de cair desmaiada no chão do palco do grande salão.

*

Castiel ergueu a cabeça em busca de Rain e praguejou. A multidão os havia separado, levando o ruivo para o outro lado da sala, perto da porta que separava o salão e o corredor. Mas a melhor hora de procurar o quadro, sem chamar a atenção das centenas de vampiros ali presente seria agora, durante o discurso do pai de Nathaniel, então ele precisava acha-la.

Ele, enfim, resolveu contornar o aglomerado de pessoas e fazer uso de sua visão privilegiada para encontrá-la. O uso do olfato estava fora de questão: o cheiro das pessoas se misturavam e seria impossível achar alguém ali.

– Deixe-a em paz, Castiel.

Quando ele finalmente começou a andar, foi interrompido por uma voz feminina que vinha do corredor. Ele franziu o cenho e seguiu para onde a voz viera. Havia uma garota de madeixas loiras-escuras com as costas e a perna direita encostadas na parede, usando uma jaqueta de algodão cor de vinho e uma saia de couro preta.

– Desculpe desapontá-la, mas eu prezo pelo bem-estar de meus escravos.

A garota gargalhou e mexeu no cabelo com a mão esquerda, e Castiel pode ver nitidamente a tatuagem que ela trazia no pulso: uma caveira risonha segurando uma cruz nos dentes.

– Quem é você? – O ruivo indagou.

Depois de alguns segundos que mais pareceram vidas, a garota resolveu responder.

– Me chamam de Charlotte.

A mesma tatuagem da organização que torturou Lysandre, pensou o ruivo.

– E, repito. – a mulher prosseguiu – Deixe a nossa menina em paz!


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Notas finais do capítulo

Gente, só esclarecendo que o rumo da história já estava planejada desde que as ideias começaram a surgir. Então, não é nada do tipo mudou apenas para agradar, ou vice-versa, embora eu ame imensamente vocês. Até porque, já estava implícito no final do capítulo anterior que não fora o Kentin quem morrera. Por que uma plateia de vampiros ficariam boquiabertos com um licantrope morrendo, se eles simplesmente se odeiam? Ah, e o pai do Nathaniel também possui cabelo castanho. Claro que o que eu queria era que vocês pensassem que Ken quem sofrera o ataque, então não posso ter deixado de ficar feliz por isso. Mais uma vez, desculpe. ashaush
Enfim, enfim.
Eu sei que vocês me amam, podem admitir. s2
Comentem!Comentem!Comentem!Comentem!Comentem!Comentem!Comentem!
Têm alguma teoria? O que acharam do capítulo?
Obrigada por lerem!
Soul ama vocês. s2
~Soul.