Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 3
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oii doces e docetes perdidos na confeitaria à esquina da Sweet Amoris!



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O grito saiu rasgando de sua garganta seca e ela o empurrou com toda a força que seus braços a permitiram. O garoto não se mexeu e Rain observou com seus olhos azuis cada detalhe do rosto surpreso do garoto. Surpreso... Talvez ele achasse que ela ainda estivesse desacordada.

Sua pele pálida, os olhos acinzentados levemente arregalados que brilhavam enquanto a encarava de tanto desejo, um nariz perfeito, as mechas vermelhas dele que a tocavam no rosto por conta da proximidade, os lábios também perfeitos... Vermelhos. Vermelhos de sangue. Sangue por conta do rasgo feito com suas presas.

Ela tentou fugir, mexendo-se de um lado para outro na cama branca da enfermaria, mas os braços musculosos dele prendiam-na.

– Saia de cima de mim! – ela gritou.

Ele cerrou os olhos.

– O que uma mundana faz no meu espaço?

– Isso não tem nada a ver com você, pode ter certeza!

– Ah, tenho minhas dúvidas quanto a isso. Sabe... Segundas à noite é o dia que eu me alimento.

– E...?

– E... – continuou ele, impaciente – Se há uma mundana aqui, significa que você é o meu alimento. Não parece bastante óbvio?

– Ah, claro. - prosseguiu ela ironicamente – É completamente óbvio que uma garota desmaiada na enfermaria seja nada mais do que sua comida.

– Que bom que você entende. – ele sorriu.

Rain começou a se debater na cama quando o garoto deslizou sobre ela em direção ao seu pescoço. A garota ia voltar a gritar quando uma mulher de voz familiar apareceu na porta da enfermaria:

– Castiel! – a diretora gritava furiosa ­– O que você pensa que esta fazendo?

O garoto que atendia pelo nome de Castiel revirou os olhos.

– Me alimentando. O que parece que estou fazendo? – ele falava com desdém.

– Sr. Castiel, você sabe perfeitamente bem que é restritamente proibido que vampiros se alimentem de outras raças dentro de nossa instituição.

– Sim, eu sei. – ele voltou a revirar os olhos. – Mas ela é uma mundana. E hoje é segunda-feira. Estou em meu total direito de mordê-la, se eu quiser. – ele se levantou e passou a encarar a diretora. – E eu quero.

A diretora suspirou.

– Srta. Rain calce suas botas. Irei levá-la ao seu quarto.

Rain, com as mãos tremendo e arfando com força, devagar se descobriu e levou os pés ao chão. Enfiou os pés dentro das botas com cadarços o mais depressa que pode e deu um nó mal dado. Castiel olhava da garota para a diretora, confuso.

– Quarto?

– É uma história bastante complicada, Sr. Castiel.

Ele seguia com os olhos a garota que andava lentamente até a diretora. Ao passar pela mulher, Rain olhou para as presas no rosto do garoto por cima de seu ombro e respirou forte. Olhou para o corredor cheio de armários à sua frente e percebeu que ainda estava dentro do prédio principal. Inspirou profundo mais uma vez e começou a correr pelo corredor o mais rápido que podia sem olhar para trás.

A diretora olhava surpresa para as costas da garota, vendo os compridos cabelos escuros dela balançando ritmicamente. Castiel, por sua vez, sorriu malicioso.

– Mundanos... – ele abafava o riso, vendo a expressão de surpresa no rosto da mulher.

– Não ouse atacá-la! – a diretora gritou.

– Darei a ela dez minutos de vantagem... Vamos ver se ela consegue fugir de mim...

– Castiel... – afirmou a mulher, em um tom ameaçador.

– O que? – mas ele se divertia com aquela situação.

Rain deslizou na curva do corredor, mas conseguiu manter-se de pé apoiando-se na parede. Voltou a correr o mais rápido que podia: precisava deixar aquele lugar. Deu Graças a Deus quando percebeu que a enfermaria ficava no primeiro andar e a porta de madeira estava bem a sua frente. Sua franja estava colada na testa por conta do suor e ela transpirava desespero.

Chegando a porta grande de madeira, empurrou-a com toda a força que ainda lhe restava, e para sua maior surpresa, ela abriu. O campus estava repleto de alunos, todos vestidos de preto e diversas outras cores escuras, e aqui acolá havia aqueles que insistiam em quebrar as regras de vestuário, como o garoto de vermelho que a atacou na enfermaria.

Atacou... Ela lembrou-se das presas que desejavam matá-la, e foi como um tiro para que continuasse sua fuga. Apressou os passos, e realmente não se importava se todos os alunos ali a olhavam como se fosse uma total maluca. Correu até o portão, driblando ao máximo todos os corpos que ali estavam e logo se deparou com ele.

Percebeu que não havia ninguém naquela área, mas ignorou. Começou a balançar o portão com suas mãos esguias e brancas com a força que lhe restava, mas ele mal mexia. Uma corrente muito grossa e um imenso cadeado o mantinha devidamente fechado.

– Abra! – ela gritava continuamente.

Rain sentiu um choque nas mãos e instintivamente soltou o portão de ferro. Percebeu, boquiaberta, que a corrente havia se partido e o cadeado estava aberto. Ambos estavam jogados no chão e o grande portão estava abrindo-se sozinho, devagar.

Ela não esperou que ele terminasse de abrir, e mesmo com suas mãos e joelhos tremendo, ela voltou a correr, já sem forças. Acreditou que correndo pela floresta ele não a encontraria. Nenhum deles a encontraria.

Rain desviava entre as árvores como se tivesse sido treinada por anos para fazer aquilo, mas era puro desespero. Sabia que não conseguiria fugir dele, mas ao mesmo tempo seu cérebro forçava seu corpo a não desistir. Corria diminuindo o ritmo aos poucos, enquanto o cansaço a consumia cada vez mais rápido. Seu coração batia desgovernadamente e arfava sem objeção.

Estava escuro, totalmente escuro, e não sabia como conseguia desviar tão bem dos troncos grossos que estavam em seu caminho. Aquele labirinto denso de árvores tornava-se cada vez mais estranho e assustador com os piados das corujas e o som do bater das asas dos corvos. O cadarço da bota se desfez, ela pisou, e caiu ao chão com deselegância.

As palmas das suas mãos e seus joelhos sangravam. Pouco, mas sim. Quase nada, mas sim. Aquela foi a sua sentença. Escutou os passos rápidos e se encolheu no aconchego de uma árvore fria, molhada e morta. A garota piscou, e ele já estava agachado em sua frente.

Seu coração acelerou e suas mãos passaram a tremer ainda mais rápidas. Rain arfava cada vez mais forte e estava paralisada de medo. Castiel sorriu e a tocou no joelho. Ele não possuía temperatura alguma, era gelado, como se estivesse morto. E não tremia de frio.

O garoto se aproximou dela devagar, segurando o riso enquanto observava cada detalhe da reação da garota: seus olhos arregalados, o grito que não saia de sua boca entreaberta, e as mãos e os joelhos que tremiam na mesma velocidade.

Ela olhou para ele. Seu lábio inferior sangrava com o rasgo feito com a presa, mas ele já parecia ter se acostumado com aquela sensação. Ele aproximou-se milímetros mais dela, seus cabelos vermelhos tocaram a pele branca da garota, e ela gemeu. Ele riu sufocado, e Rain odiou a sim mesma naquele momento por não ser capaz de gritar. Mas, quem a ajudaria?

Castiel abaixou a cabeça de modo que seus lábios estivessem na mesma altura do pescoço da garota. Passou o dedo indicador, de cima para baixo, continuamente, na veia que pulsava no pescoço da menina. Ela gemeu novamente e sentiu seus olhos arderem. Não! Por mais que estivesse com medo, não iria chorar. Não na frente dele!

O garoto sorriu e as presas rasgaram ainda mais seu lábio inferior, fazendo com que mais sangue descesse por seu queixo e pingasse na sua camisa vermelha, criando um estranho contraste de dois tons de uma mesma cor.

Castiel botou a língua para fora, e com um desejo quase incontrolável, passou a lamber a veia do pescoço da garota. Ela apertou a terra molhada preparando-se para sentir a dor e mordeu o lábio inferior com bastante força. Lama entrou em suas unhas e sangue desceu.

Rain viu os ombros do garoto enrijecerem. As mãos dele tremiam e ele arfava. Ela o observou curiosamente. Ele paralisou, tentando controlar o seu desejo de matá-la quando sentiu o cheiro exoticamente agridoce do sangue dela, e ela viu ali uma chance de escapar. Mexeu-se alguns milímetros e no outro segundo ele já a segurava com força pelos braços. O grito finalmente saiu, rasgando sua garganta seca. Ele penetrou suas presas com desejo no pescoço dela, e a garota enfiou suas unhas nas palmas das mãos para suportar a dor.

Mas a força com a qual ela apertava diminuía com o passar dos segundos, e ela entrava em um transe. Quando menos percebeu, notou o quanto era gostosa aquela sensação. Levou suas mãos às costas dele e apertou a jaqueta do garoto de cabelos vermelhos. O apertou contra si. Queria sentir mais daquilo, muito mais.

Quando escutava seu sangue descendo pela garganta dele, ela arfava. A cada gole, ela gemia, e o apertava ainda mais contra si. Ela desejava mais e mais aquela sensação. Queria que fosse mais forte, mais penetrante, mais desconcertante. E a cada segundo que sua vida esvaia, aquela sensação aumentava.

Ela escutou galopes de cavalos e sentiu a presa dele saindo. Olhou para ele e a boca do garoto estava vermelha, combinando com seus cabelos, e ele a limpou na manga da jaqueta preta de couro. A visão dela escureceu, e ela mais uma vez desmaiou, caindo sobre o peitoral dele.


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Notas finais do capítulo

Estão curiosos com o rumo que a fic vai tomar agora? Estão gostando? Mereço Reviews? Não, eu não sou curiosa u.u Obrigada por lerem, kissus e até mais! õ/