Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 2
Bem-vinda à Sweet Amoris


Notas iniciais do capítulo

Hey, minna! Como vão? Eu vou bem, obrigada e.e Bem, por mim eu postaria um capítulo novo todos os dias, mas, enfim não posso. Então, mais um capítulo pra vocês enquanto a escola me deixa respirar! Boa leitura,
~Soul



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As portas de madeira grossa rangeram quando o homem grande as empurrou. Rain observou curiosa cada detalhe do imenso saguão do prédio principal do internato Sweet Amoris. Estava vazio. Provavelmente, àquela hora, todos ainda estavam dormindo.

O chão era totalmente coberto por um assoalho brilhante, onde Rain conseguia ver um turvo de seu reflexo. Em cima, um lustre de vidro escuro iluminava pouco o local. Havia corredores do lado direito e esquerdo, que faziam uma curva alguns metros depois. Os corredores possuíam armários e portas de madeira simples, com placas ao lado, informando qual matéria pertencia àquela sala.

O saguão possuía duas escadas, que levavam uma a cada lado. O lado direito era parcialmente igual ao esquerdo e a parte de baixo do prédio principal. Armários e mais armários de ferro cobriam as paredes, sendo interrompidos por portas de madeira e plaquinhas de ferro branco.

Duas janelas grandes, em lados opostos do primeiro andar, eram cobertas por cortinas de um vermelho-vivo, que impediam que qualquer luz do sol entrasse. Do lado de cada cortina, havia placas com NÃO MECHAM NAS CORTINAS. SUJEITO A EXPULSÃO. As paredes tinham cor nude e eram impecáveis.

– Nossa... – ela sussurrou.

– Levarei suas malas ao seu quarto. Espere aqui por ele.

– Ele quem?

– O representante do corpo discente. Ele é pontual, deve estar a caminho. Repito: Não saia daqui.

– Ta, ta. – ela revirou os olhos.

O homem de voz áspera se retirou e ela apoiou suas costas em uma das duas colunas aos lados do portão de madeira. Rain percebeu que por baixo do assoalho, bem no meio do saguão, estava entalhado um coração atravessado por uma flecha envolta por ramos espinhosos, coberto por um vidro grosso. O mesmo coração que havia no imenso portão de ferro preto que separava seu maior pesadelo à sua felicidade. Talvez aquele fosse o símbolo do internato. Atrás das enormes escadas gêmeas, havia uma passagem quadrada e bastante larga, com o nome REFEITÓRIO pintado em cima. Ela suspirou.

Escutou passos vindos do corredor esquerdo e desencostou suas costas da coluna. O garoto observava muito concentrado vários papeis dentro de uma pasta preta. Ele usava um blazer cinza por cima de uma camisa de mangas longas preta. Uma calça preta e sapatos pretos de couro faziam o acompanhamento. Ele tinha fios dourados comportados e uma pele bastante clara. O garoto parou a alguns passos dela e levantou seus olhos para ela. Rain percebeu o quanto ele era lindo e como todas aquelas roupas pretas faziam com que seus olhos brilhassem douradamente ainda mais.

– Você é a novata, certo?

– Acho que sim. – ela desviou os olhos dele e enfiou os dedos dentro dos jeans escuros.

– Bem-vinda à Sweet Amoris.

– Obrigada.

– Sou Nathaniel. – ele sorriu.

– Rain Mc... – ele a interrompeu, fazendo um sinal de silêncio.

– Aqui. – o garoto esticou a mão e a entregou uma folha. – Regras. Leia a número 3, por hora.

– “Proibido o fornecimento do sobrenome, independente de quem o pedir” – ela sussurrou.

– É isso. Me siga. – ele voltou a andar em direção as escadas gêmeas.

– Espera! Qual é a finalidade de uma regra dessas? As pessoas aqui se conhecem apenas pelo primeiro nome, é isso?

Ele parou e a observou.

– Exatamente. A regra é para que não haja confusões entre clãs de uma mesma raça.

– O que?

– É uma regra nova. – ele voltou a andar – Há uns três anos, dois membros de clãs diferentes brigaram por motivos relacionados à sua raça, então a diretora adicionou mais essa regra.

Rain quase corria para acompanhá-lo. Ele era incrivelmente rápido, mesmo apenas andando.

– Eu observei que ainda faltam algumas coisas na sua ficha, que seus pais não preencheram. Mas é algo que você mesma pode completar.

– V- Você poderia ir mais devagar, por favor? – ela arfava, quase sem fôlego.

– Ah. – ele parou no meio da escada e voltou para onde ela estava – Sinto muito, não sabia se você conseguiria me acompanhar ou não.

– C- Certo. – ela respirava forte para recuperar o fôlego.

– Continuemos? – ele ofereceu à mão a ela. Rain percebeu o quanto ele estava gelado. O tempo estava realmente frio naquela manhã de segunda-feira.

Nathaniel havia diminuído o passo e Rain podia finalmente andar lado a lado com ele.

– Então... – eles subiam pela escada esquerda – Uma das coisas que não lista na sua ficha é sua raça. Qual é?

Rain sentiu o tom de curiosidade vindo da voz do garoto.

– Não sei... – ela deu de ombros – Branca? – ele riu.

– Quis dizer sua classe.

Rain ficava cada vez mais confusa. Ele era louco ou o que?

– Bom, meus pais não são necessariamente ricos, mas também não passamos fome. Classe média.

– Quer saber? Deixa pra lá.

Eles haviam atravessado o corredor do lado esquerdo do segundo andar e chegado ate uma porta diferente das demais. O mesmo coração que havia debaixo do vidro estava esculpido na porta.

– Onde estamos? – ela perguntou.

– A diretora quer conversar com você. – ele sorriu.

– Ah, certo...

– Não se preocupe. Ela é uma boa pessoa.

Nathaniel bateu duas vezes na porta e uma voz feminina pediu que entrassem. Ele abriu a porta e fez sinal com a cabeça para que ela entrasse. Rain deu um sorriso forçado e entrou. O garoto fechou a porta e a menina a ficou observando confusa, acreditando que ele fosse entrar junto com ela.

– Sente. – a diretora chamou a atenção da garota, fazendo sinal para uma das duas cadeiras de couro que estavam à frente do birô de madeira escura.

Rain observou curiosa a sala da diretora. O assoalho era velho, diferente do saguão, e não brilhava. Era de madeira escura e grande parte dele estava coberta por um tapete aparentemente caro, vindo das Índias. Os tons de roxo e preto faziam contraste com um verde e um roxo mais claro, formando um estranho desenho, mas realmente bonito, como um mosaico. Havia, ao lado da porta, uma estante cheia de livros grossos de escrituras estranhas. Talvez latim, ou alguma outra língua que ela não conhecia.

A diretora estava sentada em uma poltrona de couro marrom e segurava uma pena de caneta tinteiro. Atrás da diretora, havia um grande quadro de uma mulher com cabelos loiros e olhos lilases.

– Essa é nossa fundadora – a diretora informou, percebendo o olhar curioso no rosto da menina. – Mary Magdaleine. Foi o Anjo que fundou a Sweet Amoris. Sente-se, por favor.

Rain percebeu o tom autoritário e impaciente da diretora e sentou-se em uma das duas poltronas de couro.

– Primeiramente, deixe-me dar-lhe as boas vindas à nossa instituição. – a mulher de fios grisalhos havia repousado a pena, e agora matinha os dedos cruzados uns nos outros, apoiando os cotovelos na mesa de madeira.

–... Obrigada. – Quantas vezes mais ela teria que ouvir que era bem-vinda naquele lugar? Para falar a verdade, ela nem queria estar ali!

– Em segundo lugar, observei que há informações vazias na sua ficha. Eu preciso sabê-las para saber em qual turno você estará, dormitório, as aulas que frenquentará... – a mulher movimentava as mãos como se estivesse dando uma palestra.

– Ahm... O homem do portão já levou minhas malas para meu quarto. – Rain fez sinal com o polegar para a porta atrás dela.

Seu quarto? Mas nós ainda nem decidimos sua ala! – ela bateu com a mão na testa. – Trols. – e revirou os olhos.

Rain afundou na poltrona, desconfortável.

– Então... Qual sua raça? – a mulher havia pegado novamente a pena, com a mão esquerda. Rain sempre achou tão bonito a forma como as pessoas canhotas escreviam... Não sabia exatamente o porquê, mas aquilo a fascinava. E para seu desgosto, era destra.

–... Branca?

A mulher sorriu.

– Não falo de sua cor, querida. – ela fez uma pausa – Você cheira a mundanos. Não precisa disfarçar seu cheiro aqui dentro, que fique claro. Todos nós somos membros do submundo, assim como você.

– Como? – ela franziu o cenho.

– Sua raça, querida...

– Eu realmente não entendo o que a senhora quer saber. – ela ergueu as sobrancelhas.

– Não temos o dia todo! – a mulher se irritou – Vampira, licantrope, feiticeira, a qual delas você pertence?

– Isso é algum tipo de brincadeira? – Rain se levantou – Resolveram brincar com a cara da notava, é isso? Nathaniel também me fez essa pergunta, e eu já cansei disso, ok?! Raça, classe... Qual o problema de vocês? Achei que esse internato fosse uma instituição séria... – ela sentiu o sarcasmo na própria voz.

– Nós somos uma instituição séria. E a senhorita vai ser expulsa antes mesmo de chegar a ser devidamente matriculada se continuar com esse teatrinho.

– Estou vendo o quão sérios vocês são. – Rain cruzou os braços – Certo... Você quer saber minha raça, então. Sou humana! Cem por cento humana!

– Humana? – a mulher franziu o cenho.

– Sim... – ela soltou o rabo de cavalo e passou a enrolar uma mecha de cabelo nos dedos, como sempre fazia quando estava nervosa.

– Não, não é possível... – a mulher parecia atordoada. – Se você fosse humana não teria nem conseguido atravessar o portão... Tem certeza que não é uma vampira, ou até mesmo uma licantrope?

– O que é um licantrope?

– Popularmente conhecido como lobisomens... – a diretora levantou-se da cadeira e andou até a estante de livros.

– Vampiros não existem, muito menos lobisomens! Vocês são todos loucos... Ligue para meus pais, eu quero ir embora daqui!

– Seus pais não deixaram nada para contato, o que é outro ponto da sua lista que temos que preencher. – ela abriu o livro que havia pegado na estante. O insuportável cheiro de mofo e poeira fez com que Rain tossisse e seus olhos lacrimejassem.

– A senhora está brincando comigo, não está? Podemos passar logo para a parte onde esse internato é perfeitamente normal como todos os outros e me enviar para o meu quarto? – a voz da garota saía suplicante.

– Eu adoraria dizer que sim, mas não, não é brincadeira nenhuma. O que me intriga é por que uma reles mundana conseguiu atravessar nossas barreiras de proteção e por que seus pais a matriculariam aqui!

Rain deixou seu corpo cair na poltrona que outrora estava sentada.

– Isso não pode estar acontecendo... – murmurou.

– É isso! – a diretora finalmente saía do estado de total aflição e desespero – Sabia que nossa fundadora não nos deixaria na mão em momento algum. – Rain olhou derrotadamente com seus olhos azuis para a mulher em sua frente de vestido cinza – Conforme o artigo 547 – 89, você, senhorita Rain, é uma de nós! Mas, por motivos momentaneamente desconhecidos, foi criada como uma mundana. Precisará ter aulas que explique tudo sobre o mundo que pertencemos e treinamento. Logo, logo, descobriremos a qual raça você pertence.

Rain apoiou sua cabeça nas palmas das mãos e os cotovelos no joelho. Passava os dedos esguios nos fios longos e escuros, em uma busca de uma resposta racional para aquilo tudo. Era um sonho. Só poderia ser.

– Deve ser muita coisa para você assimilar – continuou a diretora, docemente.

– Você não faz ideia... – murmurou.

– Mas iremos cuidar de tudo para que você processe tudo direitinho.

– Certo... – a voz da menina quase não saiu.

Rain sentiu o corpo ficar quente e a visão ficar turva. De repente, tudo estava girando e escurecendo, e tudo que ela ouvia era a voz da diretora do internato Sweet Amoris chamando seu nome ao longe.

Quando abriu os olhos, estava finalmente em um lugar claro: a enfermaria. As camas cobriam as paredes, em fileiras. Todas as camas eram cobertas por panos brancos, e as cortinas também eram brancas. Olhou pela janela e percebeu que já havia escurecido. Passei o dia todo desacordada?, pensou ela.

A cabeça dela ainda latejava, mas tirando isso, estava fisicamente bem. Psicologicamente, não. Havia tido o sonho mais estranho de sua vida, e ele parecia tão real que a sufocava.

Escutou um estalo na porta branca de ferro, o que chamou sua atenção. No outro segundo, um garoto estava em cima dela, encarando-a com olhos cinzentos. Ele vestia calças negras e uma blusa vermelha com uma caveira na frente. Usava uma jaqueta preta e calçava All Star vermelhos. Sua pele era realmente pálida, e seu cabelo era vermelho como sangue.

– Então... – começou ele – é de você que vem esse cheiro tão bom?

Rain viu as presas do garoto descendo e rasgar seu lábio inferior. Ela gritou.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Mereço reviews? Obrigada por lerem.