Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 29
Carpem Noctem


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, quero me desculpar pela demora para postar este capítulo. Foram semanas muito corridas para mim e, como se não bastasse, peguei uma gripe daquelas, de ficar de cama mesmo! ;-; Não estou 100%, mas estou melhor, graças a Deus.
Enfim, desculpas pedidas - espero que me perdoem -, boa leitura! s2
~Soul



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– É esse o livro que eu te falei.

Ela o estendeu para o garoto em sua frente, que o pegou com rapidez curiosa. Ele folheou as primeiras páginas com cuidado e ergueu os olhos lilases para ela.

– Esse livro é muito mais antigo que qualquer um da biblioteca daqui. Sei disso porque os folhei diversas vezes quando procurava com meu irmão uma cura para Lysandre.

– Acho que já ouvi a respeito... – ela levou o dedo indicador direito aos lábios – Você sabe algo sobre esse livro?

– Sei que nunca o vi. – ele fechou o livro – Vamos ao meu quarto. Armin está nos esperando.

Rain assentiu com a cabeça e o seguiu. Ao chegar no quarto dos feiticeiros gêmeos, a morena deparou-se com Rosalya conversando com Armin sobre feitiços antigos. Armin sorriu ao vê-la.

– A volta do filho pródigo. – afirmou.

Rain sorriu de volta.

– E então, como foi sua conversa com Nathaniel? – indagou Rosalya.

–... Normal... Eu acho. – respondeu receosa.

Rosalya franziu o cenho.

– Você tem certeza?

Rain forçou um sorriso, e foi salva por uma intervenção de Alexy.

– Olha o que Rain nos trouxe do outro mundo! – ele derrubou os outros livros abertos de cima da mesa redonda no meio do quarto e colocou o que estava segurando no centro da mesma.

– Não derrube meus livros! – Armin retrucou.

– Esse livro é bem mais interessante. – Alexy sorriu ao irmão. Armin revirou os olhos e andou em direção ao irmão, curvando-se em cima do alfarrábio. Rosalya fez sinal para Rain, e ambas se aproximaram dos garotos.

Quando elas alcançaram a mesa, Rain notou que Armin atritava uma das folhas com os dedos.

– São feitas de pele humana. – informou.

– Também notei. – Alexy estava com a cabeça apoiada na mão direita.

– Pele humana?! – Rain não pode conter sua surpresa enojada.

– Livros de feitiços antigos são todos feitos de pele humana – Rosalya cruzou os braços – Naquela época o papiro não era tão comum. – ela deu de ombros.

– De que época estamos falando? – indagou a morena.

– Chutaria alguns séculos antes de Cristo. Por estar em latim eu não arriscaria mais de cinco séculos. – respondeu Armin.

– Algo me chamou atenção logo na primeira página. – ele virou o livro para si – “Carpem noctem”. – ele apontou para algumas palavras douradas no centro da página e desviou o olhar para Armin.

Armin retribuiu o olhar e suspirou. Rosa mordeu o lábio inferior enquanto, confusa, Rain olhava de um para o outro.

– Por favor, me expliquem.

Os três olharam para ela. Rosalya se dispôs a explicar.

Carpem diem significa aproveite o dia, isso você deve saber. – Rain assentiu – Carpem noctem, da mesma forma, significa aproveite a noite.

– Os rituais de bruxaria são todos realizados depois que o sol se põe porque as trevas deixam as bruxas mais poderosas. Carpem noctem acabou se tornando o lema delas. – interrompeu Armin.

– Isso quer dizer que... – Rain engoliu em seco – Esse é um livro de bruxaria.

– Exato. – afirmou Alexy – Não sei por onde começar a procurar.

– Acho que eu sei. – Rain aproximou-se ainda mais do livro e o abriu na página 643. Ela encarou os olhos negros do homem que segurava o cálice e logo em seguida os desviou.

– E isso seria...?

– Uma longa história. Mas tenho certeza que é essa a página em que devemos procurar. Se há algo para achar, estará aqui.

Os feiticeiros gêmeos trocaram olhares e logo concentraram-se na página aberta na frente de ambos.

– Castiel conhece esse texto. – Rain apontou.

– Algum de vocês dois sabe latim? – Rosalya soou incrédula.

– Bem... Não. – Rosa franziu o cenho – Eu disse que era uma longa história!

– Que seja! – a garota de olhos de gato jogou as mãos para o alto.

– Rain, poderia chamar o Castiel? – indagou Armin.

– Rosa... Tchau. – complementou Alexy.

As garotas ficaram boquiabertas.

– Como?! – Rosa pareceu indignada.

– Não é nada pessoal, mas... Eu e Alexy trabalhamos melhor... A sós.

– Rosa não pode procurar pelo Castiel? Eu estava pensando em visitar o Ken assim que saísse daqui... – Rain ajeitava o cabelo desconfortavelmente.

– Kentin saiu em uma missão há algumas semanas atrás com Dake. – respondeu Alexy.

– Se eu não posso ajudar aqui, vou procurar pelo Nathaniel. – disse Rosalya, visivelmente irritada – Você nos interrompeu Rain, e eu estava falando algo importantíssimo. Não vou continuar como representante. Ele já está bem, já pode voltar para o cargo. Onde eu estava com a cabeça quando me candidatei? – Rosa tocou na parede mais próxima, fazendo-a derreter como se fosse ácido, e passou por ele.

– Tch. Odeio quando ela faz isso. – Alexy estalou os dedos e o buraco fechou-se magicamente. – Acho que você terá que procurar por ele. Quanto mais soubermos, mais rápido terminaremos.

Rain suspirou e saiu do quarto. Respirou fundo ao sentir seu coração começar a acelerar quando pensou em reencontrar Castiel. Isso era mais importante do que qualquer motivo que ele tivesse para não querer vê-la. Ela também não queria ter que vê-lo tão cedo.

Ela desceu as escadas para o segundo andar, mas interrompeu-se no caminho ao ver, de relance, Castiel apoiado na parede, conversando com Ambre. Com Ambre? O que ela poderia querer com ele, ou vice-versa?

Rain deu meia-volta, e sentiu-se idiota por estar se escondendo. Eles eram vampiros, já sabiam que ela estava ali. Ela respirou fundo mais uma vez e desceu as escadas novamente. Ambre não estava mais lá, nem mesmo Castiel. A garota ficou levemente confusa... Teria passado de uma ilusão?

Sentiu as pernas bambearem quando começou a andar em direção ao quarto de Castiel. Era o primeiro lugar que procuraria por ele e, no fundo, ela torcia para que ele não respondesse. Bateu três vezes na porta e aguardou alguns segundos que pareceram anos.

– O que você quer?

Ela escutou a voz dele vindo por trás da porta quando estava quase indo embora.

– Eu... Eu preciso falar com você. – ela gaguejava. Rain se apoiou na porta e respirou fundo outra vez.

– Não tenho nada para falar com você. – respondeu ele, depois de dois segundos silenciosamente sombrios.

–...Castiel....

– Você é mesmo irritante! Quão explicito eu preciso ser para que você entenda que eu quero que você vá embora?

Ela arregalou levemente os olhos.

– Ir-ritante? – sorriu ironicamente ao sussurrar.

A porta foi aberta bruscamente, fazendo com que a garota perdesse o equilíbrio. Castiel pôs o braço na frente da garota, segurando-a pela cintura.

– Você é mesmo desajeitada.

Ela corou e se afastou, evitando ao máximo olha-lo nos olhos.

– Pode me dizer o que quer de uma vez?

– Armin pediu que eu o chamasse.

– Armin? – ele franziu o cenho. – O que ele quer comigo?

– Ele e Alexy estão tentando decifrar o livro que a garotinha nos deu. Eu acabei falando que você conhecia aquele texto e agora ele quer que você vá até lá. O que ele quer, especificamente, eu não sei.

– No entanto, acho que entendi tudo. – ele deu ombros – Acho que devo ir até lá. Deve servir como compensação por eu ter invadido o ritual altamente perigoso deles. – desdenhou. Ele saiu do quarto e fez sinal para que ela saísse também. Logo ele começou a andar pelo corredor.

– Vou com você.

Castiel parou e olhou-a de soslaio por cima do ombro.

– Você já falou com Lysandre?

Lysandre? Ele está de volta?

– Se ele quer falar com você, supõe-se que sim.

– Acho que posso falar com ele depois.

– Parecia importante.

Rain apertou os olhos.

– Olha Castiel, se não quer que eu te acompanhe, fale de uma vez.

Ele virou-se para ela.

– Não seja tão egocêntrica! Realmente parecia importante. Lysandre estava aflito. Conversei com ele em seu quarto há pouco e ele parecia mais avoado que o normal. – ele suspirou – Olhe, eu sei o que fiz, mas não sou imaturo a ponto de agir como um idiota por aquilo. Foi uma besteira que não irá se repetir e que eu não quero mais falar sobre. Se puder fazer a gentileza de esquecer, eu seria mais que grato e ajudaria na sua busca, ou sei lá o que, com prazer.

Rain ficou sem palavras.

– Eu só quero entender o porquê.

– Se você esquecer não precisará de um porquê.

Rain molhou os lábios e cruzou os braços.

– Tudo bem, então. Não é como se eu ligasse.

Castiel arregalou imperceptivelmente os olhos.

– Ótimo. Vamos logo, tenho muito o que fazer.

Eles fizeram todo o percurso com um silêncio absoluto interrompido pelos passos. Rain bateu na porta e a abriu, e deu de cara com uma Rosalya furiosa, de braços cruzados, batendo o pé no chão, enquanto Alexy e Armin a fitavam como se a qualquer momento fossem botá-la para fora.

– O que aconteceu, Rosa? – a morena indagou.

– Nathaniel aconteceu! – a menina de olhos de gato bufou.

– Como assim?

– Ele deixou o cargo permanentemente e a diretora me colocou em seu lugar. Eu tentei argumentar, mas de nada adiantou. Ela me obrigou a ser a nova representante!

– Por que Nathaniel abandonou o cargo? Achei que ele gostasse de ser o representante...

– Ele gostava de dar ordens nos outros, na verdade. – interrompeu Castiel.

– Achei que soubesse, Rain. Pensei que tivesse ficado estranha daquela maneira quando te perguntei da sua conversa com o Nate por já saber. – Rosalya ignorou a intervenção do ruivo.

Rain sentiu os dedos tremerem.

– Rosa... Pelo amor... Saber de que?

– Que Nathaniel saiu da escola. A diretora disse que já fazia umas horas que ele partiu.

– Ele... Ele o que? – todos prestaram atenção em Rain – E Ambre? Ela já foi?

– Não, Ambre ainda está aqui, embora já deva estar arrumando suas coisas para partir. Por que?

Rain virou-se e ia saindo, quando Castiel a segurou pelo pulso.

– Onde você vai?

– Falar com a Ambre, é óbvio. Poderia me soltar, por favor?

Castiel desviou os olhos e a soltou. O ruivo a observava enquanto os cabelos negros da garota balançavam de um lado para o outro no ritmo em que ela corria pelos corredores.

*

– Você sabe que tomou a decisão certa, não sabe?

Nathaniel deslizou os olhos para eles.

– Suponho que sim.

– Estarás na festa, Nathaniel? – a mulher indagou – Não queremos ter que adiar a coroação mais uma vez. – ela revirou os olhos.

– Sim, mamãe. Não tenho mais motivos para não aceitar meu destino.

– Certo. – ela apertou os olhos. – Sabe também que cometeu diversos crimes para com nossa legislação, mesmo sendo o príncipe.

– Sim, eu sei.

– E é por isso que deverás pagar por seus pecados.

– Suspeitei que fosse ordenar punições para mim.

– Que bom que conhece a mamãe, Nate. – ela sorriu. Um sorriso nojento e sádico.

– Não vejo motivos para que Nathaniel sofra punições. – interrompeu o Rei.

– Ele nos ofendeu! Ofendeu nossa família! Às coroas!

– Nunca ofendi vocês.

A mulher olhou para ele com olhos vermelhos como sangue.

– Brincar de namoradinho com aquela ratinha de esgoto foi um insulto a nós!

Nathaniel arregalou os olhos.

– Se eu soubesse que ela mudaria tanto você teria deixado que a matasse no dia que ela chegou ao castelo. Beber sangue animal? – ela revirou os olhos – Quem é você? Não é à toa que estás tão fraco.

– Chega! – o Rei elevou a voz. – Eles chegaram.

– Já não era sem tempo.

– Eles? – indagou Nathaniel.

Um homem e uma garota andavam pelo tapete vermelho em direção ao trono. O homem, com cabelos grisalhos, de terno, e alguns centímetros mais baixo que a garota que estava de braços entrelaçados. A menina, por sua vez, com um longo vestido rodado vermelho, cabelos negros como carvão arrumados em um coque e um colar de diamantes no pescoço.

O Rei desceu do trono para recebe-los e a Rainha apenas levantou-se. Nathaniel observava-os curiosamente, mas foi quando a garota olhou-o com seus olhos azuis claro como o céu de primavera, que o loiro percebeu como ela era estupendamente bonita.

Ela mexeu nos fios soltos com gestos sutis e controlados e se aproximou dele. O Rei a anunciou.

– Nathaniel, meu filho, apresento-te Sora, sua noiva.

Nathaniel desviou um olhar perplexo para a garota em sua frente que, em toda a sua perfeita compostura, sorriu.


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Notas finais do capítulo

Explicações a caminho:
1- A conversa entre Lysandre e Castiel já aconteceu, mas postarei depois. Muito provavelmente no próximo capítulo.
2- Sora é a docete ganhadora do concurso! Obrigada a todos que concorreram e à leitora que dispôs do seu tempo para me responder! s2
Obrigada por lerem! *-* Comentem! Comentem! Comentem! Comentem! *-*
~Soul