Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 27
Especial - Vida de Rei - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Não, essa não é a continuação do capítulo anterior. Resolvi fazer esses especias para contar a vocês resumidamente a vida de alguns personagens influenciáveis na história - e protagonistas - antes de chegarem ao internato. Quando eu postar o especial eu vou postar - tentar - paralelamente o capítulo da semana em questão. *-* Espero que gostem da ideia. Foi feito com muito amor! Caso não gostem, eu paro com os especiais, e a gente volta para a história limpa e seca. Como é Carnaval, tô com um tempinho mais folgado, então eu vou postar - tentar e.e - a parte dois do especial e o capítulo tão aguardando por vocês!
"Tia Soul, isso é só para deixar a gente mais na curiosidade ainda!" Talvez, porque eu sou má! Brincadeira, tia ama vocês! s2 Sem mais delongas, espero que gostem! *-*
~Soul



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A janela do último quarto do corredor do quinto andar estava embaçada graças à neve do lado de fora. O garoto a tocou, e seus dedos ficaram marcados na mesma. Ele se perguntou como seria a sensação de sentir frio. Ou sentir calor. Nunca tinha sentido nenhuma sensação térmica, mas os humanos, seres tão inferiores a ele, sim.

No entanto, não era isso o que o preocupava. Ele observava, com os olhos brilhando, o portão imenso de ferro dos fundos do castelo. O garoto não gostava daquele portão. Sempre que seu pai e alguns homens passavam por ele, ele sentia seu coração que mal palpitava apertar. Era conhecido por todos como o Portão da Guerra. Era por ele que o Rei e seu exército iam para o combate. E, quando voltavam, traziam consigo cortes, ferimentos, envenenamentos e seus espólios de guerra.

Os escravos, obtidos através do ataque dos vampiros ou no campo de batalha, eram forçados a todo tipo de trabalho. Até mesmo para lutar em próximas guerras contra seu próprio povo. Os que não serviam para serem escravizados, eram executados. Executados por ninguém mais, ninguém menos, que o garoto. Ele odiava aquilo. Os gritos, o sangue escorrendo, o sujando... Mas quando eles começavam a implorar por suas vidas, o garoto considerava aquele o pior momento, pois ele nada podia a fazer, a não ser continuar matando-os um a um.

– Nathaniel!

O garoto se afastou da janela e olhou para quem o chamara. A mulher estava de braços cruzados e com uma expressão furiosa. Essa visão não o amedrontava mais, já que ela sempre olhou para ele daquela maneira.

– Algum problema, mamãe?

– Você é o problema! O que pensa que está fazendo? Creio ter sido clara o suficiente quanto aos seus afazeres! Você não irá brincar com os plebeus! – ela franziu o cenho.

– Não quero mais brincar com eles. – ele desviou o olhar – Não gosto do quarto preto... – sussurrou.

A mulher se aproximou do garoto e deu-lhe um tapa.

– Não desvie os olhos ao falar comigo! – o garoto sentiu seus olhos arderem – E não chore! Seu povo não precisa de um Rei que derrama lágrimas.

– Sinto muito, mamãe.

Ela lhe deu outro tapa.

– Não sinta! Um Rei precisa ter total certeza de suas decisões. Me diga, o que estava fazendo na janela?

– ... Não gosto quando papai atravessa o portão. Estava o esperando voltar.

– Seu pai foi para a guerra, Nathaniel. – ela semicerrou os olhos - Entenda! Um dia, será você quem atravessará o portão e trará glória ao reino.

– Certo... – ele murmurou.

Ela levantou a mão para mais um tapa, mas outra mão a segurou pelo pulso.

– Não precisa sujar suas mãos com isso, sua Majestade. – ele sorria – Eu cuido disso, por favor, me permita.

Ela puxou sua mão contra si.

– Quanta audácia de tocar-me, Dimitry! Eu devia sentencia-lo à morte!

– Peço mil perdões por minha ousadia, minha rainha. – ele se curvou diante dela. – No entanto, creio que há tarefas mais importante para sua Majestade do que se interessar pela minha simplória existência.

– Do que está falando?

– Minha amada princesa parece ter-se ferido em uma de suas brincadeiras com os plebeus. Ela entrou no palácio aos gritos e lágrimas.

– Bem, creio que preciso cuidar de minha filha. Cuide de Nathaniel, por favor.

– Farei tudo ao meu alcance para realizar os desejos de meus reis sem jamais contestá-los.

A mulher sorriu superior e se retirou do quarto. O homem de longos cabelos castanhos aproximou-se de Nathaniel e agachou-se. Ainda assim, ele era mais alto do que uma criança de cinco anos.

– Tio Dimitry, por que tudo o que eu faço é errado?

Ele o olhou com olhos surpresos.

– Ambre faz as mesmas coisas que eu, as vezes piores – ele continuou -, mas ela nunca recebe tapas e nem é trancada no quarto preto.

– Isso porque você é deveras especial, meu pequenino rei. – ele afagou o cabelo do garoto.

– Não me apetece ser especial. Ser especial é um caminho cheio de feridas.

– As suas feridas sempre se curarão, meu pequenino rei. É uma das coisas que o faz tão especial. Seus cortes sempre desaparecem, não é?

– Meu corte do peito não se cura. Dói há muito tempo, mas não se cura. Isso faz parte de ser especial? E por que Ambre também não é especial?

– Ambre também é especial. Mas você é mais, meu príncipe.

– Por quê?

– Quando você tinha apenas dois meses de vida, alguns licantropes invadiram nosso reino. Eles entraram sem que ninguém percebesse, e encontraram sem problemas o berçário real, e lá estava você. Seu pai havia sentido o cheiro dos invasores, mas, ao chegar no berçário, parecia que era tarde demais. Eles haviam enfiado um pequeno punhal em seu pescoço e, logo em seguida, fugiram. Como sua mãe havia tido deveras dificuldades em engravidar de você, talvez isso fosse o suficiente para acabar com a linhagem monárquica vampírica. No entanto, para a feliz surpresa de seu pai, o corte havia já cicatrizado ao redor do punhal. Ele retirou o gládio e o corte cicatrizou. – Nathaniel o observava com olhos confusos. Dimitry riu – A idade mínima para um vampiro adquirir o poder de cura é aos doze anos de idade. Sua mãe foi com quinze, seu pai com dez. Não é à toa que ele é o rei mais poderoso que tivemos até os dias de hoje. – ele retirou um pequeno punhal de seu sobretudo – Se eu cortá-lo assim... – ele fez um pequeno corte no braço esquerdo do garoto. – Ele cura, está vendo? Ambre ainda não despertou essa habilidade, aos seus quatro anos.

Os olhos do garoto brilharam.

– Você acha que o papai tem orgulho de mim?

– Com certeza. – ele sorriu – E vai ter ainda mais se o senhor fizer suas obrigações e estudar as regras do reino. – ele mostrou ao garoto um livro grosso de capa marrom.

– Sim! – o garoto sorriu, pegou o livro e correu para sua cama.

*

O garoto olhou de relance por através da janela, e desviou os olhos para as últimas palavras do livro. Havia então, finalmente, decorado todas as seis mil antigas leis de seu povo. Ele ouviu batidas na porta e ordenou que entrassem.

Tinha-se passado pouco mais de seis meses desde que seu pai havia atravessado o portão com o seu exército.

– Príncipe. – era Dimitry, o braço direito do Rei – O rei está chegando aos seus aposentos.

– Sim, eu o vi passando pelo portão. – ele desceu da cama – Acabei de terminar o livro. – ele sorria. – Papai vai ficar orgulhoso de mim! – ele passou correndo pelo homem e atravessou o corredor.

– Papai, papai. – Ambre pulava em cima dele – Adivinha! Adivinha!

– O que foi, meu amor? – ele agachou-se.

– Eu já consigo me curar! – ela ria. O homem a pegou nos braços e a girou no ar.

– Demora alguns minutos, mas já é um progresso. – a rainha interveio.

– Papai! – Nathaniel correu até ele. O homem colocou a menina no chão. – Eu terminei o livro de regras!

O homem se levantou sério.

– Saber as regras é um passo fundamental para tornar-se um bom rei. – e seguiu para seu quarto. Ambre olhou para Nathaniel e seguiu o caminho contrário de seu pai. A mulher acompanhou o marido. Dimitry se aproximou do garoto e agachou-se.

– Ele está orgulhoso.

– Eu sei. – ele afirmou com a cabeça – É por eu ser especial, já entendi tio Dimitry.

*

Ele pulou para o lado, tocou suavemente o chão, e partiu para o ataque. O outro esquivou com dificuldades diante da velocidade do loiro, e a espada fez um corte em sua bochecha. Nathaniel jogou a espada para o lado e puxou o outro pelo braço, girando-o em 360º. Antes da volta completar, o loiro deu-lhe uma joelhada na barriga, fazendo seu oponente tossir sangue, e outra na cabeça, que o fez girar e cair ao chão.

O outro tentou levantar, mas Nathaniel foi mais rápido e já estava com a espada em mãos novamente, e o decapitou.

O loiro ouviu palmas e se virou.

– Não acha que foi longe demais novamente, irmãozinho?

Nathaniel apontou a arma para ela.

– Quer treinar, também?

– Para ser decapitada? Não, obrigada.

– Eu não machucaria a minha irmã. – ele mexeu em um dos cachos dela com a ponta da espada.

– O chão está todo sujo de sangue, talvez na próxima. Até porque, eu sei bem que, contra você, este duelo terminaria comigo ao chão. – ela afastou a espada com a ponta dos dedos.

– E o que traz a minha linda irmãzinha a um lugar tão sujo?

– Nossos pais nos convocaram no salão principal, e eu me candidatei a vir te chamar. Mas não viria se soubesse que aqui estaria com cheiro de sangue vencido e... – ela tampou o nariz – suor de irmão.

Nathaniel riu.

– Vencido? – ele cutucou o corpo com a espada. – Marco tinha só quinhentos anos.

Marco? – a voz da garota soou surpresa – Achei que eram amigos. Melhores amigos, na verdade. – ela cruzou os braços.

Nathaniel deu de ombros.

– Era, falou certo. Agora ele está morto. – ele passou por ela em uma velocidade surpreendente, que até mesmo os olhos vampíricos dela não detectaram, e passou a puxá-la pelo pulso. – Vamos, não quero receber bronca daqueles dois.

Eles desceram as escadas do centro de treinamento e percorreram um longo corredor de paredes escarlates, com esculturas e quadros de reis antecessores. Chegaram, finalmente, à frente de uma enorme porta marrom-escura, que empurraram.

Eles passaram pelas colunas, atravessando o tapete vermelho, repleto de guardas em ambos os lados, e pararam em frente aos tronos, em uma parte superior. Do lado do trono do rei, estava Dimitry, me pé. Ao lado direito, havia várias pessoas acorrentadas – nas mãos e nos pés -, sangrando por todo o corpo e com as roupas rasgadas.

– Como sabem, voltei recentemente de uma caçada. Trouxe vários tesouros comigo, e, Nathaniel, você sabe qual o seu trabalho.

– Sim, eu sei. Eu viria de madrugada executá-los. – ele desviou os olhos friamente aos acorrentados – São esses?

– Sim. Não o faça aqui dentro de novo. Você suja tudo, e eu preciso desta sala limpa.

– Desculpe se eles sangram quando têm suas cabeças arrancadas. – ele sorriu sarcasticamente – Não faço de propósito. Posso me retirar agora?

– Ainda não. – Nathaniel revirou os olhos. – Hoje você completa quinze anos, meu filho. Quando um vampiro alcança essa idade, os da realeza, recebem um escravo. Não é à toa que sai para caçar recentemente.

– Não quero um escravo. – ele franziu o cenho. – Não preciso disso.

– É uma tradição na nossa família, Nathaniel.

– Tudo bem, eu aceito. E minha primeira ordem vai ser que aceite de bom grado ser executado por mim, como os outros de sua raça. – ele sorriu.

– Nathaniel, aceite o seu escravo! – a rainha se levantou – É uma ordem!

– Aprendi com você mesma que, como um Rei, não recebo ordens, eu ordeno.

– Você ainda não é um rei, Nathaniel. Como rainha e mãe, ordeno que me obedeça.

Nathaniel abriu a boca para responder, mas Ambre puxou sua blusa antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Ele olhou para ela e suspirou.

– Tudo bem. Farei tudo ao meu alcance para realizar os desejos de meus reis sem jamais contestá-los. É essa a primeira lei para os plebeus, não é?

A mulher suspirou. Um homem de armadura trouxe duas garotas acorrentadas, assim como os tesouros de guerra que seriam eliminados.

– A de cabelo preto é para Ambre. – informou o Rei, imponentemente. – Diga seu nome, escrava.

– Li. – respondeu com dificuldades. O homem de armadura a empurrou na direção da loira.

– Ambre tem catorze anos. – afirmou Nathaniel.

– E? – respondeu a Rainha.

– Segundo a tradição da família – desdenhou -, ela não receberia sua escrava apenas próximo ano?

– Ó, Nathaniel. Não seja tão frio. Seria injustiça com sua irmã você ter um escravo e ela não.

– Quem é você para falar de injustiças?

– Nathaniel! – o homem no trono gritou – Chega! Tenho sido bom com você por ser seu aniversário, mas mais uma palavra e eu trancarei você no Quarto de Punição!

Nathaniel engoliu em seco e desviou os olhos.

– Onde eu errei com esse garoto? – a rainha murmurou, ao levar seus dedos à testa.

– A outra escrava é para você. – continuou ela – Mantenha ela viva! É uma ordem!

O homem de armadura a empurrou em direção a ele.

– Diga seu nome, licantrope.

Ela ergueu os olhos azuis claros para Nathaniel.

Melody.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O que vocês acharam? Me contem a opinião de vocês!
Estou caindo de sono por ser duas da manhã, mas por você tudo vale a pena. s2
Comente, beijinhos e nos vemos nos comentários. :3
~Soul