Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 23
Faca de Dois Gumes - Parte 1 - Mar de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Abaixem essas tochas, espadas, bombas nucleares e faquinhas de manteiga! ;-;
Sei que demorei! "Duas semanas, Soul? Tá louca, mulher?"
Mas, no último capítulo, eu disse que tinha ficado de recuperação! Então eu me concentrei em estudar né? Repetir de ano não está no meu dicionário! (resultado ainda não saiu... ~medo). Enfim, finalmente eu estou de Féeeerias. A linda, maravilhosa, sedosa e super desejada férias. Férias deixa a Megan Fox no chinelo u_u
Aqui estou eu de novo, trazendo mais um capítulo para vocês!
E como eu estou de férias, vou passar a postar mais vezes do que só no domingo, porque ninguém merece né? Quer dizer, depende do número de comentários. u_u
Talvez eu não viva em função da fic como queria pois próximo mês tem Sana e a Soul aqui tá empenhada no seu cosplay! *-* Enfim, ok ok.
Sem mais delongas, boa leitura! :*
~Soul



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Quando Rain deu por si, estava acordando, sozinha, em um lugar completamente desconhecido. Uma floresta. O sol começava a se pôr no horizonte. A garota engoliu em seco. Lembrou-se de imediato de uma das dicas que Armin a havia dado: não importa onde você vá parar, sempre, primeiramente, procure um abrigo. Não importa a situação, nunca passe a noite desabrigada.

Ela olhou ao seu redor. Árvores e mais arvores, de diversos tamanhos, amontoavam-se, e suspirou. Um vento gelado soprou seus longos cabelos negros, e ela logo percebeu que a combinação tênis mais camiseta não era tão boa assim. Ao menos estava de calça. Pelo menos estava de calça. Ainda assim, precisa achar um lugar para ficar. O tempo a havia avisado que haveria de chover em breve.

Desnorteada, Rain começou a andar em direção ao norte. Sentia-se cada vez mais perdida, e a impressão de que já havia passado por certos lugares não era rara. Sentiu um pingo escorrer por sua bochecha seca e olhou para o céu. A chuva ameaçava cair a qualquer momento, dando seus primeiros pingos. Rain bufou, e continuou a andar, quando sentiu alguém puxar-lhe a camiseta preta.

Ela congelou, e respirava descompassadamente, a procura da coragem que lhe fugira. Engoliu em seco, e se virou. Seu coração estava a mil. O mesmo acalmou quando os olhos azuis como o céu de chuva daquele estranho lugar encontraram uma menina. Aparentava ter uns seis, sete anos, usava um vestido branco que ia até seus pés, uma sapatilha vermelha e, na mão que não segurava a camiseta da garota, mantinha uma boneca de porcelana presa ao corpo. Ela tinha cabelos pretos, presos em marias-chiquinhas, e estava com a cabeça abaixada.

– Moça? – disse, depois de um longo espaço de tempo.

Rain manteve-se calada e engoliu em seco.

– Você está perdida? – ela continuou.

Rain não se pronunciou. A voz havia-lhe fugido.

– Nunca a vi por aqui. Percebi que havia algo anormal e... Vim verificar.

– Você mora aqui por perto? – A morena finalmente havia conseguido se acalmar.

A criança assentiu.

– Você está perdida? Nunca a vi por aqui. Percebi que havia algo anormal e... Vim verificar.

Rain franziu o cenho.

– Sim, estou perdida.

– Ah! Suspeitei. Percebi que havia algo anormal e... Vim verificar.

– Algo anormal?

– Sim, nunca a vi por aqui. Você não é daqui. Vim verificar... E encontrei você. O que faz aqui?

– De onde você veio?

– Eu sou daqui. Você não é. Percebi que havia algo anormal e... Vim verificar.

– E então me encontrou.

– Isso. – ela assentiu. Ainda não havia levantado a cabeça.

– Poderia me soltar, por favor? Preciso ir antes que comece a chover mais forte. Você deveria ir para casa, aliás.

– Em minha casa não existem anormalidades. Não preciso verificar lá.

– Prometo que não irei incomodar. Irei embora assim que achar o caminho certo.

– Você... Promete? – ela olhou para Rain pela primeira vez. Seus olhos eram escarlates.

– Sim. Não se preocupe.

A criança sorriu.

– Obrigada, moça. Por ali há um lugar para você ficar enquanto a chuva não para. – ela apontou para oeste. – Você tem um coração bom.

Rain olhou para a direção em que a menina apontara, e virou-se novamente para ela, mas ela não estava mais lá. Todos os pelos do corpo de Rain se arrepiaram, e ela sentiu um vento frio soprar em sua espinha. Ela respirou fundo duas vezes, e começou a correr na direção que a garotinha apontara.

*

Quando Rain finalmente chegou ao lugar indicado pela garota, o tempo já havia escurecido totalmente. A noite já havia chegado depois dos dois quilômetros e meio que tinha andando até ali. A chuva estranhamente havia cessado temporariamente, e os pingos novamente iniciaram a cair.

O lugar era todo feito de madeira, e aparentava ser muito antigo. A madeira estava escurecida e a porta principal rangeu quando Rain a atravessou. Havia um pequeno pátio, com três filas de armários de metal, seguidos por um corredor, direcionado à direita e à esquerda.

Uma escola.

Rain inspirou, e decidiu seguir na direção esquerda em busca da enfermaria para descansar. O corredor, por sua vez, era repleto de portas, todas abertas, dando acesso às salas. As cadeiras estavam desorganizadas e os quadros negros arranhados. Não havia luz nas salas, e as dos corredores falhavam de vez em quando. Ao fim de alguns metros, o corredor dividia-se em outros dois, com plaquinhas indicativas que estavam meio tortas. Enfermaria e Banheiro.

A morena sorriu e seguiu novamente a esquerda. Alguns passos depois, atravessou a porta que dava acesso a enfermaria que, assim como as outras, estava aberta. A enfermaria era bem simples, comparada a de Sweet Amoris: duas camas, cada uma encostada em uma parede, uma mesa com uma cadeira encostada à parede da frente e uma cortina branca que balançava por conta do vento vindo da janela aberta ao lado da mesa.

A chuva havia se transformado em uma tempestade, fazendo com que incontáveis gotas de água molhassem os tecidos. Rain andou em direção a janela, quando, na metade do caminho, um vento forte vindo da mesma fechou a porta pela qual a garota entrara. Ela bufou, e trancou a janela. Em seguida, sentou-se na cama a esquerda e retirou os tênis que insistiam em estar desconfortáveis na pior hora possível. Logo depois, ela deitou-se, e fechou os olhos.

Mal acabara de fechá-los, escutou uma mulher a chorar. Ela abriu os olhos e tentou se levantar, mas não conseguia se mexer. Mexia seus olhos em todas as direções humanamente possíveis, mas o resto de seu corpo estava paralisado. O choro ficava cada vez mais alto, aproximando-se da morena, quando sangue começou a sair pelas paredes, escorrendo e escorrendo, lentamente colorindo a madeira escurecida de escarlate.

Rain não conseguia respirar e sua visão já estava tornando-se desfocada quando a morena sentiu uma presença a milímetros dela. Seus pelos se arrepiaram e ela engoliu em seco quando finalmente conseguiu mover sua cabeça. Seus olhos instantaneamente se arregalaram ao que ela viu: o lápis movia-se livremente em cima da mesa, escrevendo palavras como se alguém o conduzisse, mas não havia ninguém ali.

Ela gelou mais do que já estava e seu coração não possuía mais ritmo há muito tempo. O chão já estava alagado de sangue quando finalmente conseguiu uma parte de seus movimentos de volta. Ela já respirava e mexia os dedos. O sangue continuava a escorrer, a mulher a chorar, o lápis a escrever... Um pesadelo sem fim que se repetia continuamente do qual ela precisava se libertar. Suas roupas já estavam absorvendo o sangue uma vez absorvido pelas cobertas da cama quando, em um gesto de desespero, Rain quebrou o próprio dedo indicador em busca de liberdade.

Finalmente, com o choque, a morena conseguiu controlar seus movimentos, e mordeu o lábio inferior com força para não gritar de dor. O lápis caiu e rolou até seus pés, uma vez que Rain havia já se levantado. A morena andou relutantemente até a mesa e pegou os papeis que ali estavam, pondo-os no bolso de sua calça jeans. O choro da mulher aos poucos se afastava e, ao ficar quase inaudível, eclodiu em um grito que quebrou o vidro da janela e arrancou a cortina.

Os móveis começaram a se mover na direção de Rain, e a garota correu para a porta. Ela, por sua vez, para desespero da morena, estava coberta por algum tipo de fio, que parecia cabelo, ou talvez fosse mais grosso. Com as próprias mãos, ela começou a arrancar, esforçando-se ao máximo para não gritar em desespero enquanto os fios cortavam seus dedos.

Ela finalmente conseguiu achar a maçaneta e abrir a porta. Os fios foram rasgando-se a medida que a porta ia abrindo, e a morena pulou para o lado de fora o mais rápido que pode, fechando-a atrás de si. Rain caiu no chão, arfando e sem forças, enquanto o sangue escorria através de seus leves ferimentos nas mãos. Ela ainda não sabia como estava viva, mas estava imensamente aliviada.

Rain.

Uma voz ecoou pelos corredores.

Rain.

A morena reconhecia aquela voz.

Rain.

A garota levantou-se e passou a andar na direção de onde a voz que lhe chamara vinha. Rain estava em um transe... Não pensava e não controlava seus passos, apenas sentia que o certo era ir naquela direção. Precisava encontrá-la.

Melody.

Ela refez os passos, e voltou pelo corredor que tinha vindo, dobrando na direção do banheiro. A voz vinha de lá. Melody estava lá. Chamando por ela.

O banheiro também era simples. Havia um espelho – manchado -, uma pia branca e três vasos separados por divisórias. Rain suspirou. Ela não estava lá. Claro que não estaria. Aproveitou que estava no banheiro e dirigiu-se à pia para lavar os ferimentos. Estava exausta... Sentia que cada músculo seu havia sido distorcido.

A água corrente ardeu quando bateu nos ferimentos, e Rain aproveitou para lavar o rosto. Tudo o que ela queria era sair dali. Não importava mais ser uma feiticeira. Ela só queria sair dali, encontrar seus pais, e viver de novo sua vida como se nada tivesse acontecido.

Rain.

A voz de Melody despertou-a de seus devaneios. Ela vinha dali, daquele lugar. Rain sentiu os pelos arrepiarem. Não havia notado que, enquanto deixava suas mãos debaixo da água corrente da torneira, a água havia-se transformando em sangue, sujando as mãos da morena mais uma vez. Ela olhou para o espelho e viu, rapidamente, a imagem de uma mulher de preto formada atrás da sua.

Rain virou-se, mas nada ali havia. Seu coração mais uma vez disparou, e ela virou-se novamente para a pia, na tentativa de parar o sangue, mas, por mais que fechasse a torneira, ele continua a escorrer, inundando, assim, a pia.

Rain.

A morena fechou as mãos com força. Já estava no seu limite. A voz havia vindo de uma das três divisórias do banheiro. Abriu a primeira... Estava vazio. A segunda... Vazio. A terceira... Vazio também. Rain soltou o ar que não sabia que estava prendendo e encostou suas costas na parede atrás de si.

Rain escutou o barulho dos papeis amassando e despertou mais uma vez. Não tinha lido ainda. Havia se esquecido completamente de procurar informações sobre sua magia. Pegou os papeis, os leu e... Arregalou os olhos.

– Isso é... – Um estava limpo, com nada escrito, em nenhum dos lados. Rain o amassou e o jogou no chão. O outro, por sua vez...

A morena desencostou da parede e começou a andar para o lado de fora quando, por reflexo, viu alguém em pé na frente do vaso do meio. Rain parou e, relutantemente, voltou.

Lágrimas escorreram pelo rosto da morena quase que instantaneamente, e ela caiu sem forças no chão.

Melody.

Era Melody. Rain comprovou isso esticando o braço e tocando no braço frio da garota. Era de carne e osso. Estava ali.

Estava ali, mas não estava em pé.

Estava com seus pés a vários centímetros do chão, balançando lentamente de um lado para o outro, com sague escorrendo de seus braços. O nome de Nathaniel estava cortado em ambos os braços da garota. Mas não era isso que tinha feito os olhos azuis da morena lacrimejarem.

E sim a horrenda imagem de Melody a encarando com olhos sem pupila, enquanto a corda em seu pescoço dava ao seu rosto uma cor arroxeada.

Permita-me acabar com o seu sofrimento. Deixe-me comer sua alma. Prometo que não será doloroso. Sua angústia irá acabar em menos de um segundo. Poderá rever seus amigos mais rápido do que imaginas. Você só precisa... Dizer... Sim.


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Notas finais do capítulo

Que. O.O Tenso. O.O. Meu. O.O Deus. O.O
Eu humildemente amei o capítulo! hue *-*
Gente, quanto ao concurso, o resultado ainda não saiu porque... Quando eu for conversar com a pessoa, eu vou dizer para ela qual o papel da personagem na fic, logicamente. Então, eu vou esperar se aproximar bem mais do acontecido para ir conversar com a vencedora para não ser um spoiler tão monstruoso assim.
Beijinhos, beijinhos, comentem, COMENTEM (nha :3), beijocas, beijos, kissus, e até mais!
Soul tá muito louca hoje, hein? '-'
~Soul