Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo! Espero do fundo do meu coração que gostem. Enfim, sendo o primeiro, não vai acontecer muita coisa, mas estou realmente animada para com esta fic!! Boa leitura :*
~Soul



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Ela corria sem olhar para trás. O salto de sua bota preta com cadarços chocava-se contra a lama e a chuva batia como ácido em seu rosto. Driblava as árvores e os troncos do chão como se houvesse sido treinada por anos para fazer aquilo, mas era puro desespero. Aquilo não era real, não poderia ser real.

Sabia que não conseguiria fugir dele, de nenhum deles, mas ao mesmo tempo seu cérebro forçava seu corpo a não desistir. Corria diminuindo o ritmo aos poucos, enquanto o cansaço a consumia cada vez mais rápido. Seu coração batia desgovernadamente e arfava sem objeção.

Estava escuro, totalmente escuro, e não sabia como conseguia desviar tão bem dos troncos grossos que estavam em seu caminho. Aquele labirinto denso de árvores tornava-se cada vez mais estranho e assustador com os piados das corujas e o som do bater das asas dos corvos. O cadarço da bota se desfez, ela pisou, e caiu ao chão com deselegância.

As palmas das suas mãos e seus joelhos sangravam. Pouco, mas sim. Quase nada, mas sim. Aquela foi a sua sentença. Escutou os passos rápidos e se encolheu no aconchego de uma árvore fria, molhada e morta. A garota piscou, e ele já estava agachado em sua frente.

Seu coração acelerou e suas mãos passaram a tremer. Ela arfava cada vez mais forte e estava paralisada de medo. Ele sorriu e a tocou no joelho. Ele não possuía temperatura alguma, era gelado, como se estivesse morto. E não tremia de frio.

O garoto se aproximou dela devagar, segurando o riso enquanto observava cada detalhe da reação da garota: seus olhos arregalados, o grito que não saia de sua boca entreaberta, e as mãos e os joelhos que tremiam na mesma velocidade.

Ela olhou para ele. Seu lábio inferior sangrava com o rasgo feito com a presa, mas ele já parecia ter se acostumado com aquela sensação. Ele aproximou-se milímetros mais dela, seus cabelos vermelhos tocaram a pele branca da garota, e ela gemeu. Ele riu sufocado, e a garota odiou a sim mesma naquele momento por não ser capaz de gritar. Mas, quem a ajudaria?

Ele abaixou a cabeça de modo que seus lábios estivessem na mesma altura do pescoço da garota. Passou o dedo indicador, de cima para baixo, continuamente, na veia que pulsava no pescoço da menina. Ela gemeu novamente e sentiu seus olhos arderem. Não! Por mais que estivesse com medo, não iria chorar. Não na frente dele!

O garoto sorriu e as presas rasgaram ainda mais seu lábio inferior, fazendo com que mais sangue descesse por seu queixo e pingasse na sua camisa vermelha, criando um estranho contraste de dois tons de uma mesma cor.

Ele botou a língua para fora, e com um desejo quase incontrolável, passou a lamber a veia do pescoço da garota. Ela apertou a terra molhada preparando-se para sentir a dor e mordeu o lábio inferior com bastante força. Lama entrou em suas unhas e sangue desceu.

A garota viu os ombros do garoto enrijecerem. As mãos dele tremiam e ele arfava. Ela o observou curiosamente. Ele paralisou, tentando controlar o seu desejo de matá-la quando sentiu o cheiro exoticamente agridoce do sangue dela, e ela viu ali uma chance de escapar. Mexeu-se alguns milímetros e no outro segundo ele já a segurava com força pelos braços. O grito finalmente saiu, rasgando sua garganta seca. Ele penetrou suas presas com desejo no pescoço dela, e a garota enfiou suas unhas nas palmas das mãos para suportar a dor.

Mas a força com a qual ela apertava diminuía com o passar dos segundos, e ela entrava em um transe. Quando menos percebeu, notou o quanto era gostosa aquela sensação. Levou suas mãos às costas dele e apertou a jaqueta do garoto de cabelos vermelhos. O apertou contra si. Queria sentir mais daquilo, muito mais.

Quando escutava seu sangue descendo pela garganta dele, ela arfava. A cada gole, ela gemia, e o apertava ainda mais contra si. Ela desejava mais e mais aquela sensação. Queria que fosse mais forte, mais penetrante, mais desconcertante. E a cada segundo que sua vida esvaia, aquela sensação aumentava.

Ela escutou galopes de cavalos e sentiu a presa dele saindo. Olhou para ele e a boca do garoto estava vermelha, combinando com seus cabelos, e ele a limpou na manga da jaqueta preta de couro. A visão dela escureceu, e ela desmaiou, caindo sobre o peitoral dele.

**

Rain estava desfazendo-se de todas as roupas claras que possuía no armário. Para o internato aonde ia, apenas roupas escuras eram permitidas, o que ela não entendia muito bem o porquê. Sua sorte é que nunca fora fã de rosa, azul-claro ou verde. Sempre preferiu preto, roxo ou azul bem escuro.

Amarrou os cabelos pretos compridos que iam até na cintura em um rabo de cavalo e retocou a maquiagem. Suas roupas escuras nas malas, as claras empacotadas para a doação, e escolheu sua guitarra com amplificador como o “objeto insubstituível” que dizia no contrato. Os alunos poderiam escolher alguma coisa para levar para a escola. Alguma coisa que não fosse cortante, pontiaguda, que pudesse matar alguém ou algo do estilo latinhas de spray que pudesse estragar a fisionomia da escola.

Seu pai bateu na porta e entrou pálido. A garota sorriu para ele e o homem não sorriu de volta, apenas pegou as malas e desceu para o carro. A menina o seguiu, e viu sua mãe parada ao lado do carro simples de cor marrom. A mulher evitava olhá-la nos olhos, e quando viu a filha aproximando-se dela, entrou no carro e trancou a porta.

Rain seguiu o movimento da mãe, e entrou no carro. O pai, segundos depois, entrou no veículo e deu partida. Algumas horas depois, ela, que havia adormecido, acordou com o movimento brusco de um carro antigo passando por cima de uma grande pedra.

Olhou pela janela e viu, no topo de uma montanha cercada por uma floresta densa, sua futura escola: o internato Sweet Amoris. Era um grande terreno, cercado por uma muralha grossa em tom nude com espinhos pretos em cima. Gárgulas sorriam sombriamente para ela, uma em cada lado do portão e nos pontos de curvas da muralha. O portão de ferro também possuía as peças perfurantes em cima. Ele era preto, e ferros o detalhavam com um coração, metade de cada lado, atravessado por uma flecha envolta por ramos espinhosos.

- Rain – sua mãe finalmente quebrou o silêncio quase absoluto, perturbado apenas pelo ronco do motor do carro -, chegamos.

Ela abaixou o vidro fosco do carro e observou atentamente cada detalhe de sua futura escola, e engoliu em seco quando percebeu o quanto aquelas gárgulas a intimidavam. Os três desceram do carro e um homem grande e muito musculoso com vestes pretas abriu o portão.

- Apenas a garota entra. – disse ele, com uma voz áspera e imponente.

- O que?

- Sentiremos sua falta querida. – o pai se pronunciou.

- Vocês não vão entrar comigo? – ela sentiu um leve tom de desespero em sua voz.

- São as regras, filha. É o melhor para você, já conversamos sobre isso. – afirmou a mãe docemente.

- Conversamos muito sobre isso. Mas eu achei que... Bom, não achei que vocês só vinham me deixar no portão!

- Eu guiarei você. – afirmou o homem de vestes negras.

- Não é disso que se trata, eu-

- Filha. É assim que deve ser. Iremos sentir muitas saudades suas.

- Nunca iremos esquecê-la, ouviu? Amamos você.

- Vocês falam como se nunca mais fossem me ver... Eu volto para casa nas férias, lembram? – ela sorriu.

Os rostos dos pais ficaram ilegíveis.

- S- Sim, querida... – falava a mãe. – Até as férias.

A menina deu um abraço forte nos pais e se virou para o homem grande que estava agora com suas malas. Ela atravessou o portão, e sentiu que o ar pesara, mas logo se acostumou. Ficou observando o carro velho de seus pais descendo a ladeira, e internamente gritava para que eles voltassem, que não a abandonassem ali, que devolvessem sua felicidade.

O homem grande pigarreou impaciente, chamando-a a atenção. Ela se virou para a direção oposta ao portão preto, e, a passos lentos, começou a andar em direção ao prédio do meio dentre os outros quatro que formavam a Sweet Amoris. Ele parou abruptamente, e ela, curiosa, parou e o observou. O homem fez sinal com a cabeça para que ela voltasse sua atenção ao prédio principal, e, com sua voz áspera, disse:

- Seja muito bem vinda à Sweet Amoris!


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Notas finais do capítulo

E então? Ainda está no comecinho, mas é sempre assim mesmo - ou na maioria das vezes e.e - Bom, o que vocês acharam? O que acham que vai acontecer? Gostaram? Mereço reviews? - diz que siiiim, êêê!! Kissus e até mais!! :*
~Soul