Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 15
Camisa Risca de Giz


Notas iniciais do capítulo

Oie pessoas! Como vão? Eu estou muito feliz! Muito obrigada por todos os comentários! :3 E um agradecimento especial à Tachibana-chan, que recomendou a fic! Muito obrigada pandinha!! Esse capítulo é dedicado a você, pandinha! *-* Sem mais delongas, boa leitura.
~Soul
"A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro"
— John Kennedy



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A Primeira Grande Guerra Demoníaca também é vulgarmente conhecida por outros diversos nomes: a batalha do anjo vingador, décimo terceiro às de copas, marasmo escarlate.

Ela percorreu todo o mundo carnal, colorindo de vermelho até o último ponto de vácuo incolor. No entanto, mesmo com tantas mortes, lágrimas, e gritos de desespero, é um fato histórico não citado em livros de história. Nem mesmo na Bíblia. Deus não queria que seus filhos tivessem conhecimento da barbaridade e frieza a qual até mesmo seus anjos de luz e paz foram capazes. Ninguém, mesmo que possua uma aureola brilhante na cabeça, fica são depois de testemunhar com seus próprios olhos uma guerra, e matar com suas mãos talhadas para florescer o amor, um inimigo.

Até porque, anjos não foram criados para matar, empunhar armas ou criar estratégias de assassinatos e exterminação.

Mesmo vencendo, os danos recebidos pelos Céus foram demasiados. Diante de tanta conturbação, muitos anjos perderam sua Graça. Suas penas caíram... Suas aureolas perderam o brilho e viraram pó... Tiveram que ser expulsos.

Com tamanha injustiça, depois de batalharem pelo bem do Divino, os anjos caídos sucumbiram ao ódio e ao desejo de vingança, e afundaram-se nas trevas. Lúcifer estendeu uma de suas mãos banhadas de sangue a eles, e finalmente considerando os humanos inferiores, aliaram-se a ele.

O que teria de tão extraordinário em mundanos que eram considerados superiores aos anjos, que por sua vez eram seres divinos, com voz perfeita, asas perfeitas, habilidades natas com instrumentos musicais, que voavam...?

Assim, liderando os anjos injustiçados, seu mais novo exército, e os sobreviventes de outrora, partiram em rumo da Segunda Grande Guerra Demoníaca, que aconteceu durante as duas grandes guerras mundanas.

O que eu soube, na verdade, foi que demônios incitaram os humanos uns contra os outros. Ouvi boatos de alguns informantes do submundo, mas eu realmente não duvido que isso seja verdade. Seria a forma mais prática para Lúcifer destruir a raça humana.

Eu estava no interior, longe de tudo, longe de todos. Em uma floresta, na qual eu havia posto uma magia de proteção. Em uma casa simples, de paredes de tijolos e teto de palha. Nada fora do normal. Quem visse de longe julgaria ser a casa de um agricultor que trabalha para si próprio, pois até minha pequena plantação, para meu sustento, eu possuía.

Os únicos que conseguiam entrar eram os meus informantes. Precisava saber como estava o mundo lá fora... Deus, o anjo vingador, minha amada, porém perdida, Lilith. Na época eu não havia entendido muito bem como tudo aconteceu, mas depois de um tempo, pude tirar minhas dúvidas.

Não sei bem quem me sequestrou, até hoje não sei, nem seus motivos, mas eles conseguiram adentrar na barreira de proteção de uma forma um tanto... Peculiar. Caçaram, e mataram um de meus antigos informantes. Drenaram parte de seu sangue, e o passaram em suas vestimentas. A barreira não constatou nenhuma alteração anormal. Mas também... Era uma magia antiga, uma das poucas de proteção que eu me lembrava.

Eram cerca de meia dúzia de pessoas. Estavam encapuzadas com túnicas vermelhas, e me doparam com algum tipo de veneno inodoro e incolor. Lembro de meu corpo entorpecer, de minha vista escurecer, e de bater a cabeça na mesa baixa do centro da sala.

Quando acordei, estava preso em uma cadeira, com os punhos e tornozelos amarrados com cintos de couro em uma cadeira de metal. Estava em uma cela cinzenta, de teto baixo, e a tinta do metal dos ferros descascava. O ar era rarefeito e eu respirava com dificuldade.

Então, ela chegou. Destrancou a cela, entrou a passos lentos e calculados, com uma seringa na mão. Pegou a manga da túnica e a puxou até o cotovelo. Ela tinha uma tatuagem no pulso: uma caveira risonha segurando uma cruz nos dentes. Percebi, depois de um certo tempo naquele lugar, que todos daquela organização usavam as túnicas com cor de vinho e possuíam a tatuagem no pulso. A mulher murmurou algo sobre dor, tempo, e esperança. Não consegui acompanhar suas citações, pois ainda estava meio zonzo do veneno.

Finalmente despertei quando ela furou minha veia do braço esquerdo e retirou sangue o suficiente para encher dez tubos de ensaio. Na do braço direito, ela injetou uma espécie de liquido viscoso, esverdeado, que logo descobri que era veneno demoníaco: ele me dava alucinações, queimava meu corpo, aumentava a produção de saliva.

Quando eu estava quase a fugir das alucinações, ela arrancava meus dentes com um alicate. É claro, eu sentia toda a dor. Depois voltava-se para meus pés, cortava meus dedos, em seguida fazia o mesmo com minhas mãos. Eu gritava e me debatia de dor, me rebaixei ao nível de implorar para aquela mulher que parasse com a tortura.

Mas ela não parava.

A cada vez que ela percebia que eu estava quase perdendo a consciência, ela injetava mais um pouco de veneno em minha veia. Então, voltava para minha boca...

– Os dentes já estão crescendo!

Exclamava ela, com uma incredulidade feliz, nojenta e doentia. Minha recuperação era rápida, muito rápida. Meus dedos e dentes cresciam novamente em poucos minutos, e ela recomeçava todo o processo.

Os únicos momentos que eu não agoniava de dor era quando ela finalmente se recolhia para dormir. Não era um ser noturno, afinal.

Assim continuei por três intensos e intermináveis anos. Minha recuperação estava demasiadamente desacelerada, e levavam-se horas para que finalmente um dente crescesse novamente.

Estava quase morrendo. E pior: assim como humanos viciam-se em drogas, meu organismo estava viciado naquela substância, naquele veneno.

Foi então que, quase no meu leito de morte, jogaram-me semi - morto ao rio. A correnteza me levou, e levou, até que finalmente, depois creio eu que dias, uma moça me encontrou.

Era a atual diretora de Sweet Amoris, que na época não deveria ter mais de dezessete anos. Ela cuidou de mim, tratou de meus ferimentos, procurou a cura. Mas nada. Eu estava terrivelmente doente graças à tortura que eu havia sofrido nos últimos anos, e principalmente, ao veneno.”

*

Rain não via nada além de escuridão, mas ouvia ao longe a voz de Lysandre. Não sabia onde estava, mas sentia que ele estava com ela, então não temeu o vácuo. Finalmente, viu a poucos metros de distância brilhar uma luz. Era apenas um pequeno pontinho branco, como uma estrela vista a olho nu, mas foi tornando-se maior, e maior, e brilho dourado começou a jorrar de dentro do pontinho branco.

Ela fechou os olhos institivamente, e quando percebeu que a luz havia abaixado sua intensidade, abri-os novamente. Mas agora, na sua frente, estava Lysandre. Mas não o Lysandre doente, pálido e abatido que ela conhecia, mas um Lysandre corado, revigorado, com longas asas brancas se movimentando de um lado para o outro, e um aureola que brilhava mais dourado que o ouro.

Ela aproximou-se a passos lentos, e quando quase o tocou...

Estava de volta ao quarto do garoto de cabelos brancos. Ele tinha uma expressão tranquila, deitado na cama onde ela apoiava sua cabeça enquanto dormia. Não se lembrava de ter dormido. Estava conversando com ele, e de repente encontrou-se em um lugar escuro e frio.

Rain percebeu algo diferente no garoto. Ele não estava como costumava ser. Corou quando percebeu sua mão em cima da dele, e a retirou rapidamente por impulso, e voltou a contemplá-lo. Mas o que estava tão diferente nele?

Lysandre abriu lentamente os olhos heterocromáticos e encarou os azuis escuros de Rain. Sua boca estava entreaberta, e o cabelo levemente bagunçado. Sua camisa risca de giz branca estava aberta, e um cobertor grosso com listras amarelas cobria suas pernas. Rain desviou o olhar – sabia que estava corada – e afundou na poltrona.

– Não acha que deveria deixa-lo descansar?

Rain saltou em susto, mas Lysandre não pareceu ter se surpreendido. Era Castiel, claro, que havia entrado silenciosamente e estava claramente com uma leve irritação na voz.

– Eu... – começou ela. Sentiu o coração estranhamente acelerar.

Estou vivo? – sussurrou o garoto de cabelo branco.

– O que? – a morena não escutou.

– Mas é claro, idiota. Por que não estaria? – respondeu o ruivo.

– Eu... – iniciou, confuso – Contei para ela, Castiel. – disse, finalmente.

O ruivo voltou sua atenção ao amigo.

– Contou o que para ela? – ele estreitou os olhos. Por que está tão irritado?, pensou Rain.

– Tudo. De onde eu vim até o porquê de eu estar aqui.

– Não tinha que ter contado.

– Achei que deveria.

– Por que achou que deveria?

– Não sei. Sinto que tirei um peso dos ombros.

O garoto de jaqueta preta revirou os olhos e sentou-se na cama do enfermo. Olhou com curiosidade para a menina de olhos azuis e levou seu polegar direito até seu lábio inferior, passando-o de um lado para o outro com delicadeza.

– Você está sangrando. – disse, levando o mesmo dedo à boca e desviando o olhar.

Rain sentiu seu coração disparar e levou os dedos trêmulos até a boca.

–... Devo ter mordido enquanto dormia. – disse, com dificuldades.

Ele voltou sua atenção a ela.

– Por que está tão vermelha? – e gargalhou.

O ruivo olhou para o outro garoto como uma curiosidade fascinada e esdrúxula. Apertou os lábios e franziu o cenho.

– Rain, não acha que deveria deixar Lysandre descansar? – indagou, com um tom mais sério que o normal.

– Eu...

– Não estou cansado. – cortou.

Rain se levantou da cadeira.

– Mas já está tarde.

Lysandre a segurou pelo pulso.

– Precisa mesmo ir?

Ela virou-se e o contemplou.

– Sim, ela precisa ir. – Castiel já estava segurando o pulso de Lysandre. – Rain não é um ser noturno, ela precisa dormir.

Lysandre voltou seus olhos para ela, e a garota forçou um sorriso. Ele a soltou.

– Que pena. Gostaria que ficasse. Eu realmente queria uma companhia.

– Eu faço companhia pra você. – sentou-se na cadeira da qual a garota havia acabado de se levantar.

– Você não é tão bonito quanto a Rain.

– Que grosseria... Muitos dos que já me viram comparam a experiência a observar o sol.

– Queriam dizer que você dá dor de cabeça... – ele fechou os olhos – E tinham razão.

– Além do mais... Já são quase cinco da manhã.

– Você não deveria estar em aula, então?

Castiel revirou os olhos e afundou na cadeira. Lysandre desejou um ‘boa noite’ à Rain, que assentiu com a cabeça e se retirou do quarto. A garota fechou a porta atrás de si, encostou suas costas na mesma e respirou forte. Sentiu uma pontada no coração, mas ainda notava sua pulsação acelerada na veia do pescoço. Não entendeu muito bem o porquê, mas de alguma forma sentiu que Castiel precisava que ela saísse dali. Não sabia como... A entonação da voz, seus movimentos... Mordeu o lábio inferior, andou até as escadas no começo do corredor e se dirigiu para seu quarto.

*

– O que deu em você? – indagou ao ruivo.

– Eu quem pergunto!

Castiel aproximou-se do outro em uma velocidade surpreendente, e em um piscar de olhos, já estava apoiado na cama do outro.

– Pode me dizer por que diabos você está cheirando a um mundano?!


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Notas finais do capítulo

uuuuuh! Reviravoltas, reviravoltas! Deus está vendo, Soul! O.O
Gostaram? Reviews? Reviiiiiiiiiiiiiieeeeeews!! Estou super animada hoje! *-* tuts tuts tuts
Até mais, pandas do meu kokoro!
~Soul



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