Blood Curse escrita por Soul Kurohime


Capítulo 14
O anjo que caiu do Céu


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pandas! Como vão vocês? Eu vou bem, obrigada! Como sempre, o capítulo demorou pois eu estou realmente sem tempo. -.- Desculpem-me, mas eu prefiro não postar do que escrevê-lo de qualquer jeito. Enfim, antes de tudo, quero dizer que não quero afrontar a religião, a opinião, nem a doutrina de ninguém com esse capítulo. É só ficção! Outro ponto é que o capítulo foi escrito a partir da narração de Lysandre. Sim, ele quem narra. :3 Espero que gostem. Sei que tinha muita gente curiosa com esse capítulo, mas realmente não me sinto muito motivada a escrever com um ou dois comentários. D: Qual é né gente?
Bom, mas ta aí, mesmo que eu esteja magoada com vocês! T.T Sabrina-chan e Tachibana-chan que me salvaram! Obrigada pandinhas *-* Sem mais delongas, boa leitura.
~Soul



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505788/chapter/14

– Anjo?

Os olhos da menina estavam arregalados: ela não conseguia esconder a expressão de incredulidade e surpresa. Ri abafado. É realmente tão complexo acreditar que anjos existem, assim como vampiros? Bem, talvez sim. Em especial para uma mundana que em nenhum momento ouviu falar da existência de nosso mundo até dias atrás.

Respirei fundo.

– Rain... Você acredita em Deus?

Ela me observou por alguns segundos, como se processasse a informação. Suas pupilas estavam dilatadas e a respiração entrecortada. Apoiava os cotovelas em minha cama e a cabeça em suas mãos. Era divertido vê-la assim.

Ela assentiu com a cabeça.

– Isso é bom. – sorri – Deus existe. Isso posso confirmar a você. Eu já o vi.

– Você viu Deus? – ela estava perplexa mais uma vez.

– Sim, eu sou um anjo, Rain. Há quanto tempo você acha que estou vivo? – ela negou com a cabeça – Sinto saudades do Jardim do Éden. Todas as espécies juntas em um só lugar, os rios, o canto dos pássaros... Era magnifico.

Era?

Olhei para ela, e logo em seguida desviei os olhos.

– Eu não sei como ele está atualmente. - afirmei, seriamente – Eu... Fui expulso do Jardim do Éden. – suspirei. – E é aqui que minha história começa.

Lembro que estava sentado no topo de uma encosta, observando os coelhos, como costumava fazer diariamente. Ainda ecoa na minha mente o som do canto dos pássaros misturado com o da cachoeira, mais ao fundo. Ela chegou, e sentou-se ao meu lado. Era o último dia dela entre nós.

– Lysandre?

Olhei para ela. O cabelo extremamente liso, negro e comprido dela me fascinava. Os grandes olhos vermelhos me enfeitiçavam. A voz doce e suave me maravilhava. Ela pegou uma de minhas mãos.

– Estás nervosa, Lilith?

– Muito! Por que eu preciso ser transformada em uma humana? Eu não quero isso!

– É a vontade de Deus...

– Ele criou Adão! Por que não pode criar uma mulher humana também?

– Nós já tivemos essa conversa... Ele deve ter seus princípios.

– Não adianta querer conhece-los. Ele virá de novo com aquela história de que abriria mão de qualquer um de seus soldados pela sua mais perfeita criação. - ela revirou os olhos.

– Não faça isso. Não O afronte.

– Por que? Eu já recebi meu castigo antes mesmo de ter feito algo ruim. Nós somos perfeitos! Por que eles são a mais perfeita criação?

Ri abafadamente.

– Tu pensas como Lúcifer.

– E ele não está errado! Falar nisso... – suspirou.

– Algum problema?

– Ele já está a discutir novamente com Deus. Sobre esse assunto mesmo. A paciência do Pai é infinita...

Nós escutamos os gritos de Lúcifer e voamos para o local de onde vinha. Percebi, naquele momento, que as asas de Lilith haviam perdido algumas de suas penas brancas.

Os anjos presentes ignoravam aquele teatro. Já estávamos todos acostumados.

Horas mais tarde, Deus retirou a aureola que brilhava mais dourado que ouro da cabeça de Lilith, e a jogou no mundo dos humanos. Aquele foi o ponto definitivo para Lúcifer perder a cabeça. Como a mais formosa, forte e inteligente dos anjos mulheres poderia ser transformada em uma reles humana?

Foi então que, consumido pelo ódio, o anjo vingador matou, em um único ataque, mais de cinquenta anjos. Deus finalmente também se deu por irrevogável, e o expulsou dos Céus, do Éden, de tudo. Ele foi banido para a parte mais exilada e obscura existente na Terra. Foi nesse dia que perdi a mulher que eu amava e o meu melhor amigo.

Assim, Lúcifer quis superar Deus. E tentando superar o sol, criou a lua. Tentando superar o Céu, criou o Inferno. Frustrado, percebeu que algo ainda faltava: um exército. A aureola dele escureceu, e virou pó. Suas asas perderam todas as penas antes mesmo de ser expulso do Céu, e tudo o que se via eram ossos.

Depois de um tempo, eu continuava sentando no topo da encosta, solitário. Mas não mais observava os coelhos. Eu a observava. Meus sentimentos não haviam mudado. Para Deus, amor era um sentimento humano, e como um anjo, era errado eu senti-los. Mas eu não podia evitar. Era mais forte que meu autocontrole.

Quase que consumida pela loucura, Lilith tentou matar Adão. Ela não era subjugada a ele, e o mantinha sempre à distância. Deus estava decepcionado. Mas quando ela tentou mata-lo, foi o ápice, e ela foi exilada para o mesmo lugar que o anjo vingador.

Aguentei enquanto pude, mas a falta que ela me fazia, mesmo que apenas a observasse de longe, me consumiu em desespero. Foi quando Deus criou Eva das costelas de Adão, substituindo-a como se nada fosse, que fui consumado pelo ódio. Senti minha alma queimando, como se estivesse pegando fogo enquanto vivo, e em alguns minutos não estava mais no Céu. Estava em um lugar escuro, gelado e inabitado.

Me virei, e vi o anjo vingador, sorrindo malicioso. Era o mesmo homem, de cachos dourados e olhos azuis, com aparência perfeita, mas havia algo de muito diferente nele. Algo evidentemente diferente. Uma aura maligna, uma junção de sentimentos ruins, que arrepiou todos os pelos do meu corpo.

Foi quando eu a vi. Sorrindo, angelicalmente. Parecia ainda que estávamos no Céu. Mas... Ela não me olhava como antes. Ela me olhava, mas não me via.

– Bem-vindo ao Inferno, caro Lysandre. – disse ele. – Sabia que era tudo questão de tempo até tu nos acompanhar.

Ela estava... Grávida?

Ele seguiu meu olhar.

– Ah, tu entendes não é? Preciso de um exército.

Foi naquele momento que finalmente percebi que ele estava totalmente cego pela vingança e inveja, e, assim sendo, não era mais meu amigo. Não lembro do que aconteceu depois, mas sei que passei bons anos sem vê-los, vagando no mundo humano como um desertor.

Foi quando, creio que duas décadas mais tarde, eu finalmente a revi. E foi a última vez que a vi. Ela também havia mudado bastante, e estava gravida novamente. Eu a vi colocando Caim contra Abel. Fazendo brotar sentimentos ruins no coração de um dos irmãos, até que finalmente no leito de morte de Abel, ela gargalhou vitoriosa, e eu percebi que a havia perdido para sempre.

Vê-la tão mudada mexeu muito comigo. De formas nada boas. Até hoje me os arrependo de ter sido assim tão fraco e não ter impedido o final trágico que os irmãos tiveram. Eu poderia ter impedido...

Milênios depois, vivendo como um nômade, misturando-me aos humanos, aconteceu a Primeira Guerra Demoníaca. Lúcifer finalmente havia conseguido seu tão querido exército, e invadiu o mundo humano e os céus.

Matou tantos humanos quanto foi capaz, até quase dizimá-los. Quando não os matava, acabava com a sua humanidade, misturando venenos feito por ele próprio, misturando-os na água e comida dos humanos, e transformando-os em vampiros e lobisomens.

Foi uma Guerra horrível e sangrenta, que durou 400 anos no mundo espiritual. Mesmo com o fim dela, anjos e demônios misturaram-se com os humanos em seu mundo carnal. Nisso, a relação entre anjos e demônios deu vida às fadas; demônios e humanos, feiticeiros; e não sabe-se o porquê, mas os bebes frutos da relação entre humanos e anjos nasciam todos mortos. Reza a lenda que Lilith amaldiçoa cada um deles.

Mas foi na Segunda Guerra que parte dos humanos tomaram conhecimento da magia. Deus havia proibido os anjos de fornecer magia para eles, pois isso tiraria sua humanidade. Mas Lúcifer viu então a oportunidade de mais uma vez destruir sua então odiada raça. Foi aqui finalmente que surgiram os bruxos: humanos que vendiam sua alma ao anjo vingador em troca de um pouco de magia.

Me escondi durantes ambas as Guerras. Não tinha por quem lutar. Ambas foram vencidas pelo Bem, embora confesso que com um pouco de dificuldade.

Me escondi enquanto pude. A segunda e última Guerra não faz tanto tempo assim. Trezentos anos, talvez? Sim, enquanto pude. Quando finalmente achei que a Guerra havia acabado, fui capturado.

Era uma organização. Não lembro de muita coisa, passei o tempo todo engaiolado, e a maioria dele, vendado. Foi uma das experiências mais horríveis que já vivi, senão, a pior.

Mas lembro de uma mulher. Não era Lilith, disso tenho certeza. Ela tinha os cabelos castanhos, e não parecia nem um pouco com ela. Era ela quem fazia os experimentos. Cortava meus membros, arrancava meus cabelos, tirava meu sangue. Se eu fosse um humano, teria morrido nos dois primeiros dias por falta dele. Mas como um anjo, tenho a regeneração rápida. Quando ela cortava um membro fora, no outro dia ele já havia nascido novamente, e então ela o cortava mais uma vez. Beirei à loucura.

Até blasfemei diversas vezes que desejava morrer. Um dia, no entanto, não sei o motivo, eles me libertaram. Me jogaram em um rio. Creio que no meu estado de outrora, eu estava prestes a morrer.

Foi então que, no meu leito de morte, a diretora deste colégio me encontrou e me trouxe para cá. Cuidou de mim o quanto pode, mas eu estava doente, tossindo sangue, pronto para morrer a qualquer minuto.

– E foi por isso que você me viu tossir no outro dia, Rain. Estou muito doente, só esperando o dia em que Deus tenha piedade de mim e me leve de volta para o lado dele. Mas, se fosse para eu ser levado agora, eu estaria feliz, mesmo com uma vida muito longa de sofrimento. Afinal, mesmo com tudo o que passei, no fim eu pude conhecer você. E Castiel.

– Lysandre... – ela estava com os olhos cheio de lágrimas.

– Não, não chore, Rain. – sorri – Você realmente é uma pessoa gentil... Como já disse, pelo menos no fim, eu pude ser um pouco feliz.

– Mas... Mas você está doente, e... – ela segurou minha mão direita.

Repousei a esquerda em sua cabeça.

– Não há necessidade para isso Rain. Só... durma.

E ela adormeceu, sob efeito da magia dos anjos, enquanto apertava minha mão.

– Eu... Irei salvar você... – murmurou.

Sorri, e olhei pelo teto, tentando ver através dele. Minha visão escureceu, e meus batimentos desaceleraram. Fechei meus olhos para nunca mais abri-los de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? :3
Espero que tenham lido as notas iniciais e.e
Comentem gente! Vou fazer greve! e.e
Olhem o tanto de palavras do capítulo! 'o' Tio Lu encorporou mesmo, hein?
Até mais ><~Soul