Os Últimos Passos de Um Homem escrita por Bruno Silfer


Capítulo 17
Capítulo 17: Frustração




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Os olhos de Gaara não saíam da tela da televisão. O que estava acontecendo era um verdadeiro debate entre os que eram a favor e contra a pena de morte, com a Ino no centro tentando mediar o quase conflito. Enquanto assistiam Gaara e Naruto argumentavam.

– Continuo achando tudo isso desnecessário. – disse Gaara.

– Deixa de ser rabugento cara... Não vê que ela foi inteligente?

– Tem certeza?

– Lógico. Que outro meio é mais eficiente para influenciar a opinião das pessoas?

– E com essa pressão podem poupar a minha vida...

– Exatamente. Finalmente entendeu.

Lá fora os ânimos se acalmaram um pouco quando o diretor saiu e falou com os jornalistas. Ino aproveitou e entrou no presídio, indo parar na cela do Gaara que a recebeu com um beijo.

– O que você fez Ino?

– Eu disse que iria tentar te salvar não disse?

– Disse. Só não disse que teria tumulto.

– Mas não tem tumulto nenhum. Aliás já era hora de alguém enfrentar de frente esse absurdo de pena de morte.

A firmeza da Ino com a última frase fez Gaara pensar. No fundo ela tinha razão. Mas deixaram a discussão de lado e foram namorar um pouco, afinal era pra isso que ela estava lá. Aos poucos esse namoro ficava mais íntimo até chegar ao mais profundo amor. Eles sabiam que tinham pouco tempo e queriam aproveitar tudo o que podiam. Do lado de fora do presídio a multidão se havia dispersado. O diretor conseguiu acalmar os ânimos e também a imprensa se retirou, prometendo que a partir daquele dia dariam cobertura total ao caso Gaara.

– Finalmente acabou. – disse Gaara aliviado.

– Acabou nada. – respondeu Ino – Só começou.

– O que ainda vai fazer?

– Eu nada. Agora os jornais, revistas e canais de televisão compraram a briga. São eles que vão enfrentar a decisão da justiça.

E Ino tinha razão. A partir do dia seguinte a essa conversa os veículos de comunicação publicaram suas reportagens que contavam com novas informações, novos depoimentos, os possíveis erros no processo, além de dar muita ênfase à “manifestação” que ocorrera. O povo voltava a debater sobre o assunto, mas parecia que, mesmo com as recentes críticas, o governo e o poder judiciário não davam sinais que reveriam a decisão.

– Minha última esperança é a Ino. – disse Gaara enquanto conversava com Naruto durante o banho de sol.

– Ela se empenhou mesmo em te ajudar.

– É.

– Posso te perguntar uma coisa sinceramente?

– Pergunte.

– E se ela não conseguir te livrar? O que vai fazer?

Gaara respirou fundo com um ar de preocupação e respondeu:

– Vou enfrentar a morte. Com a minha loirinha ao meu lado.

Naruto teve que admitir que uma coisa que o amigo tinha era coragem. Os dias passavam e Ino nunca deixava de visitá-lo. Ela era o conforto e o que dava coragem ao ruivo, além de ser sua namorada, mesmo por pouco tempo.

– Escuta Ino.

– O que foi?

– Aquela história de imprensa, televisão... Deu algum resultado?

– Acho que não.

Essa conversa foi dois dias antes da data da execução. Quanto mais o dia se aproximava, mais tempo eles ficavam juntos.

– Eu pensei que fazendo um “estardalhaço” na opinião do povo adiantava alguma coisa, mas pelo visto me enganei.

– Não se preocupe. Você fez o que pôde.

– Mas não foi o suficiente.

Ino não conseguiu segurar o choro. Gaara a abraçou e procurou acalmá-la. Quando conseguiu, continuou a conversa.

– Preciso contar uma coisa.

– O que? – perguntou Ino curiosa.

– Hoje, antes que você chegasse, vieram representantes de dois canais de televisão para falar comigo.

– E o que eles queriam?

– Pediram para transmitir a minha morte.

– E você?

– Eu autorizei.

– Mas não é exposição demais?

– Não importa. Tenho certeza que esse povo que apóia a pena de morte nunca viu uma execução.

– Então você...

– Isso mesmo. Quem sabe se vendo a minha morte eles mudem de opinião.

– Não sei...

– Não custa tentar.

– Pode ser.

– Agora vou começar a arrumar minhas coisas.

– Pra que?

– Em dois dias não estarei mais aqui. Quero deixar tudo arrumado.

Conversaram mais um pouco e passaram o resto do tempo “namorando”. Podia-se pensar que tudo era exagero, que não tinham energia para fazer amor todos os dias, mas eles sabiam que em pouco tempo nunca mais se veriam. Quando o desespero domina, nada importa. Tudo o que queriam era estar juntos no pouco tempo que tinham. Gaara notou que a Ino nunca pediu que ele usasse algum contraceptivo e também ele não perguntou nada desse tipo para ela. Ele não sabia o que aconteceria com ela no futuro, mas confiava plenamente nela. Com essa certeza ele afastou suas dúvidas. Só queriam sentir e viver o momento.


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