Os Últimos Passos de Um Homem escrita por Bruno Silfer
Como uma pessoa comum reagiria ao ser informado sobre a sua futura morte? Uma notícia assim costuma ser dada com sutileza, cuidado e perícia. Com o Gaara foi muito diferente. Ela veio dentro de um envelope, foi lida sem ninguém ao lado dele, sem a menor preocupação de tentar pelo menos aliviar a dor. Gaara ainda abraçava forte a sua amada e ela tinha um começo de choro quando apoiava a cabeça no ombro dele. Depois se acalmaram o máximo que puderam para terem condições de conversar.
– Não fica assim Ino. Eu não gosto de te ver assim.
– Como eu fico então? Mataram o nosso sonho...
– Era isso que eu temia. Ver você triste.
Ela lhe lançou um olhar amoroso, se aproximou e o beijou. Um beijo tranqüilo que contrastava com o clima pesado no ar. Enquanto o beijava, foi empurrando-o para trás até que ele perdeu o equilíbrio e caiu deitado na cama. Logo Ino deitou-se sobre ele que perguntou:
– O que está fazendo?
– Sabe... – respondeu Ino sem olhá-lo – Eu ia fazer isso quando você saísse daqui, mas agora você não pode mais sair... Então eu pensei que...
– É o que eu estou pensando Ino?
Ela não respondeu. Arrumou-se de modo a ficar sentada e desabotoou os três pequenos botões de sua blusa. Porém, quando ia tirá-la, Gaara segurou suas mãos.
– Tem certeza Ino?
– Tenho. Se eu soubesse que não te soltariam, teria feito isso quando estive na sua casa.
– Mas não pode ser de qualquer jeito. Não falo por mim, mas por você.
– Não se preocupe. – disse Ino tocando-lhe o rosto. – Eu quero. Ou aqui ou em qualquer lugar o que eu quero é estar com o homem que eu amo.
Essa resposta derrubou o último muro de resistência que ele tinha. Ele não a impediu de fazer o que planejava e tudo aconteceu naturalmente. O lugar era inadequado, nada confortável, pequeno, mas quem se importava? Há meses que ele queria sentir aquela loirinha em seus braços e tudo estava acontecendo da maneira que ambos queriam: por amor, sempre respeitando o ritmo um do outro e sempre olhando nos olhos do outro quando não beijavam. Não foi uma relação curta e, apesar de terem sentido como nunca o amor e o contato físico do outro, não conseguiram esquecer os problemas e quando tudo terminou ela se apoiou no peito dele que a envolveu em seus braços.
– Gaara.
– Oi.
– Tem certeza que não tem nenhum modo de te salvar?
– Tenho sim. – suspiro. – Não tem mais onde recorrer.
– Droga.
Ino então teve uma idéia. Levantou-se e foi ao pequeno banheiro da cela se vestir. Quando voltou, Gaara já estava vestido.
– Agora tenho que ir.
– Mas você mal acabou de chegar. (!!!)
– É que tenho uma idéia pra tirar você daqui.
– Olha lá hein? Não faça loucuras.
– Eu tenho que fazer alguma coisa. Pelo menos tentar.
– Tá bem. Mas você vem amanhã né?
– Venho todos os dias. Não se preocupe.
Deram um beijão de até logo e ela foi embora. Gaara sentiu que mesmo com todas as dificuldades aquele fora o melhor dia de sua vida. Nunca se sentira tão amado como em instantes atrás ou em qualquer momento da sua vida. Ele passou o resto do dia com esse pensamento e, pouco antes de dormir, ficou a pensar sobre qual a idéia que Ino tivera.
Amanhece e Gaara ainda dormia. Naruto foi até a cela e ficou a chamá-lo. Ele acordou e ficou reclamando.
– Pô Naruto! Que escândalo é esse?
– Acorda logo cara.
– Eu “tô” cansado pô! Me deixa quieto.
– Cansado... Eu sei o porquê desse cansaço.
Gaara estranhou a indireta. Perguntou:
– O que quer dizer?
– Não se preocupe. Eu sei o que aconteceu aqui ontem.
– Ficou espionando?
– Não. A Ino me contou quando foi embora. ela pediu que quando viesse não deixasse ninguém entrar na cela.
Com razão o ruivo ficou um pouco encabulado, mas o policial tratou de acalmá-lo.
– Fique tranqüilo. Eu disse que você gostava dela não disse? Olha como eu tinha razão.
– Ih o cara se gabando...
– Aliás, pode contar com o meu apoio. Quando ela vier aqui ninguém vai sequer chegar perto da sua cela.
– Obrigado. – respondeu ironicamente. – Agora posso saber por que me acordou tão cedo?
– Ah sim. É porque tem uma multidão lá fora.
– Multidão?
– É. São jornalistas, repórteres e câmeras de tudo que é canal de rádio e televisão.
– E o que eles querem?
– Falar com você? A Ino convocou todo mundo e contou o que realmente aconteceu no seu caso.
– Mas todo mundo já sabe o que aconteceu.
– Eles podem saber o que aconteceu, mas não sabem porque aconteceu, a história por trás de tudo. E a sua morte ainda é assunto forte para eles.
– Isso é verdade.
– A Ino foi esperta. Ela está usando a mesma imprensa que te condenou para tentar reverter a situação.
– E isso pode dar certo?
– Se vai funcionar não sei. Mas esses jornais, televisão, rádios sabem manipular pessoas muito bem. Com isso eu não duvido que revoguem a decisão, embora seja muito difícil.
– Ela não devia estar fazendo isso.
– Pelo contrário. Eu apóio o que ela está fazendo. Ela está dando a cara pra bater, contra a justiça e a opinião pública só pra tentar te salvar. Ela te ama de verdade.
O que estava acontecendo na porta do presídio era transmitido ao vivo para todo o país. Pouco depois o mundo inteiro também assistia graças aos canais por assinatura e via satélite. Por eles se via que o aglomerado de pessoas crescia cada vez mais com a chegada dos manifestantes a favor e contra a pena de morte. Ino estava no centro explicando as razões de ter chamado tantos veículos de comunicação e respondendo as perguntas dos jornalistas que não paravam de ligar para o presídio solicitando uma entrevista com o Gaara. Gaara, aliás, via tudo o que estava acontecendo através da pequena televisão que Naruto lhe trouxera. Aquilo tudo era novo. Nunca uma condenação tivera tanta repercussão na mídia e com o que estava acontecendo o assunto voltara com muita força. Gaara não sabia o que achar de tudo isso e queria ver Ino logo.
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