A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 13
O Melhor Presente


Notas iniciais do capítulo

Enfim, o aniversário do Rony, e um bom presente de aniversário!



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– Gina, tem certeza que não quer que eu vá com vocês?

– Ah não, Harry. Fica aqui com o Rony e com o James. Vamos comprar só o que falta.

– Eu já falei que não precisa disso...

– E eu já falei pra você não reclamar Ronald. Vamos comemorar seu aniversário e acabou-se. Seremos só nós, só os Weasley. Só a nossa família. Não é todo dia que se faz vinte e seis anos, maninho!

– É. Estou ficando velho mesmo...

– Sim, está, e temos que comemorar.

– Como assim, Ginevra?

– Terminei. - Hermione desceu as escadas - Vamos Gina.

– Finalmente eim, Mione. Como demorou.

– É que não tinha uma roupa legal e esse cabelo que não tem jeito.

– Pra mim é perfeito assim, tanto seu cabelo como seu corpo.

– Ok, ok! - Gina interrompeu quando Rony acariciou o rosto da esposa.

– Sua opinião é neutra, amor - Hermione concluiu - E vamos logo, Gina. Ron, daqui a pouco sua mãe vai chegar para começar com as comidas e os demais preparativos. Por favor, não fique roubando os salgados e doces, você poderá comê-los todos à noite. Ajudem a Molly no que puderem e não façam bagunça.

“O Artur vem mais tarde para ajudar com os feitiços de extensão lá no quintal. E não se esqueçam de usar abafadores nos vizinhos enquanto lançam os feitiços. A Gina e eu vamos a Hogsmead comprar o que falta e depois vamos buscar meus pais. Harry, por favor, não deixe o Ronald se esforçar de mais e... comportem-se.”

Os dois a olhavam atordoados. Gina sorria como se nada houvesse acontecido e apenas concordava com tudo o que a amiga falava. Hermione precipitou-se, deu um beijo no marido, um em Harry e um no pequeno James, sendo seguida por Gina. Logo elas entraram na lareira e eles só lembram-se de ter ouvido Hogsmead e em seguida verem a fuligem levantar.

– Por que elas são tão autoritárias?

– Não faço ideia cara.

****

– Mamãe.

– Oi, Mione. Olá Gina. Está linda como sempre.

– Obrigada Leila. São seus olhos, certamente.

– E o papai já chegou?

– Não. Ainda não. Está tudo bem minha filha?

– Tudo ótimo. Preciso de sua ajuda antes do papai voltar.

– O que precisa?

– Preciso ir ao médico.

– Você está bem minha filha? - o tom ficou tenso - O bebê?

– Sim mamãe, estamos bem. Agora vamos que eu conto pra senhora no caminho. A Gina ainda não sabe dirigir e as náuseas não me permitem.

****

– Olá... - Ouviu-se um estrondo na lareira e uma voz familiar fez Rony adiantar-se para a sala.

– Ah... Graças a Merlin, mamãe. A Mione saiu com a Gina e me deixou passando fome com o Harry.

– Ah... Não seja dramático, Roniquinho. - Molly defendeu - Tenho certeza que tem comida pronta aqui. Bastava apenas esquentar...

– Mas a Mione disse que não posso me esforçar, mamãe... Ai Harry... Pô cara...

Ele acabara de levar uma tapa do amigo bem no cocuruto. Estava de repouso, mas não precisava exagerar e os dois riram.

– Não exagera, Rony, e nós não estamos passando fome coisa nenhuma, Molly. A Mione deixou muita coisa ai...

– Eu imagino. A Mione é muito organizada. Jamais deixaria o marido e o irmão do coração passando fome...

– Isso porque a senhora não saiu procurando as horcrux com a gente... Ai Harry - outro tapa.

– Precisa de ajuda, Molly.

– Ah não... Não Harry, querido. Obrigada. Pode continuar fazendo companhia para o Rony, prefiro ficar sozinha na cozinha.

– E o papai?

– Está terminando umas coisas no Ministério e vem em seguida.

– Adoraria ir trabalhar também...

– Ronald, por favor, você está em casa há apenas cinco dias. Controle-se, meu filho, não há necessidades de ficar assim. Nem a Mione ficou tão irritada enquanto esteve de licença...

– A Mione? De licença? Ela passou mal?

– Ah... Er... Sim... - a mulher ficou vermelha e tentou desconversar - Aquela confusão toda, meu filho. Você sabe... Foi muito para os nervos dela...

– Mas ela não me contou nada.

– Mas certamente contará. Agora saia daqui... Preciso cozinhar.

– Harry, você sabe o que a Mione tem? Ela está doente? Você sabe o que a mamãe, a Mione e a Gina estão aprontando? – Harry apenas deu de ombros, mas a pulga já insistia em pular na orelha do ruivo.

Um tempo depois o senhor Weasley chegou e Harry agradeceu intimamente, assim não seria mais encostado contra a parede pelo amigo. Rumaram para o quintal e Harry lembrou–se imediatamente de todas as advertências de Hermione. Lançou feitiços abafadores nos vizinhos e conjurou uma cadeira para um Rony muito mal agradecido.

O tempo passou voando. Quando Gina, Mione e seus pais apareceram pela lareira já era fim de tarde. Os homens podiam ser ouvidos aos berros no quintal. Denis adiantou-se a cumprimentá-los e enquanto Hermione subiu rapidamente para o quarto com um embrulho nas mãos, Gina e Leila rumaram para a cozinha a fim de ajudar Molly.

O jardim estava perfeitamente aparado e cheirava a grama recém-cortada. Cheiro que Hermione adorava. A mesa estava enorme. Parecia ter sido aumentado umas três vezes e não parecia nem de longe a pequena mesa de quatro lugares que eles tinham na sala de jantar.

A música era suave. Harry tinha trazido o rádio trouxa que tocava cd e aceitava um tal de pen drive que o senhor Weasley olhava e sorria encantado enquanto tentava descobrir que tipo de magia era utilizada para colocar mais de 200 músicas em um pedaço de plástico tão pequeno.

Era possível ouvir as gargalhadas do homem e do pai de Hermione de longe e elas superavam o som da própria música que tocava.

O pequeno Teddy tinha os cabelos vermelho Weasley durante a noite, e também era possível observar a quase todo instante os lindos cabelos cor de prata de Fleur ou os cachos negros como a noite de Angelina correndo atrás de Victorie e Fred, que se juntavam com Teddy tentando alegrar a festa.

As gargalhadas de Jorge superaram as dos patriarcas ali presentes. Provavelmente havia falado alguma gaiatice para Carlinhos, que dos demais ruivos presentes no grupo, era o único que apresentava as orelhas tipicamente vermelhas de vergonha.

Rony estava sentado com Harry e Gina em um dos sofás conjurados por Hermione para que o marido pudesse descansar. Eram dois sofás ligeiramente estendidos, que formavam um L. Estavam juntos, fechados em quase um quadrado perfeito, não fosse a pequena abertura deixada por ela para que as pessoas pudessem transitar e para que a pequena mesa de centro pudesse ser magicamente preenchida com comida, que Rony agradecia a cada nova aparição.

– Vejam, o Percy e a Audrey acabaram de chegar – Rony apontou para o portão chacoalhando a mão para que o irmão o visse.

– Gente, eu vou ver a Mione, ela já devia ter decido – Gina adiantou-se - Olá maninho. Audrey. A casa não é minha, mas fiquem à vontade. E você, dona Molly, como está? – A pequena de cabelos amarelo-avermelhados se jogou nos braços da tia que não teve opções a não ser levá-la.

***

– Mione?

– Ah, oi Gina!

– O que você tem? Parece está tão aflita?

– Estou gorda. Essa saia não me cabe mais. Não fecha. Pensei em usá-la com a blusa azul, o Rony adora ela - a voz era choramingada.

– Mione, você não está gorda, minha amiga. Está linda.

– Ai, Gina. – Ela sentou-se desconsolada na cama, a saia com o zíper aberto – Já não bastava esse cabelo horrível, agora não tenho mais roupa.

– Tia Mione! – a menina atirou-se em seu colo.

– Ah... Oi meu amor, me desculpe. Como você está, eim, bonequinha?

– Mione, onde está aquele monte de vestidos que você comprou?

– São para usar com o bebê, Gina. São largos. Se aparecer assim, todos saberão.

– E qual é o problema?

– Quero contar ao Rony primeiro.

– Tudo bem, e entendo - a ruiva suspirou - Sou ótima com feitiços de reparo. Quer usar essa saia, então vamos lá. Tire-a.

Hermione entregou a pequena Molly de volta para Gina e retirou a saia reta na cor cinza chumbo que teimava em não fechar e a blusa azul que teimava em deixa-la desengonçada atirando-as em cima da cama.

Gina, ainda com a menina nos braços, pegou a varinha no bolso da calça que usava e fez um simples floreio. Hermione imaginou que em breve teria essa prática, esquecendo-se da roupa e olhando apreensiva para a forma como Gina fazia o feitiço tranquilamente com uma mão enquanto segurava a menina confiante com a outra.

– Pronto. Veste. Vê se ficou bom.

Hermione acordou de seus pensamentos ainda um pouco zonza. Colocou a blusa azul turquesa em seda fina no corpo. Achou que não ficara demasiado desengonçada agora. Vestiu a saia animada e sorriu feliz para a ruiva quando sentiu o zíper fechar.

Olhou sua imagem no espelho e sentiu-se bem. A blusa tinha leves detalhes na frente. Abotoava no pescoço e era fofinha. Roni gostava, dizia que ela ficava com cara de executiva trouxa e achava aquilo muito sensual e, graças ao busto mais avantajado e redondo, sentiu-se sim, sensual... Lembrou-se então de perguntar a medibruxa quando poderia ter relações com Rony novamente. Sentiu a face esquentar com o pensamento.

As costas estavam nuas, com um buraco delicado que ia até um pouco acima da cintura. A saia reta completava o look, e ela adiantou-se em ensacar-se e deixar um pouco de tecido da blusa caindo sobre a faixa da saia, colocou um cinto preto brilhante destacando mais a cintura ainda bem presente, e virou-se para a amiga colocando as mãos sobre o ventre.

– Está muito aparente?

– Um pouco. Meu sobrinho está crescendo com vontade - Gina sorria feliz.

– Acha que vão notar?

– Não. Digo... As mulheres da família certamente te acharão mais rechonchuda e levando-se em consideração que todas já passaram por isto, certamente irão desconfiar, mas não comentarão nada enquanto não estiverem em suas devidas casas.

“Já os homens, certamente que não. São completos idiotas e não são capazes de ver um dedo na frente do nariz. Diria que só achariam estranho o fato de você aparecer um dia qualquer em casa com uma criança nos braços. Preocupe-se apenas com o Jorge, que é mais atento, quanto aos outros, pode ficar tranquila”.

Ela concordou com a cabeça e sorriu enquanto acariciava a pequena bolinha que se formava em seu ventre. Amarrou o cabelo em um rabo de cavalo, colocou os sapatos com salto de 5 cm, “não vou abusar usando salto alto”, e desceu com Gina.

– Mione, você está... Linda! - Os olhos do ruivo brilhavam e ela sorria feliz e satisfeita.

– Realmente, Mione, está linda... - Harry concordou.

– E eu não estou? - Gina contestou.

– Você é linda sempre, Gina...

– Então eu não sou linda sempre, Harry? - Mione perguntou colocando as mãos na cintura.

– Ferrou-se colega – Rony sentou e Hermione o seguiu. Todos sorriam da cara espantada que Harry fazia.

– Tudo bem, Harry – Hermione continuou – Dessa vez passa porque sei que a Gina é sua bela preferida...

– Mas logo após ela vem você, Mione, juro...

Novas gargalhadas. E assim o jantar continuou e para a felicidade de Hermione, Gina estava correta. As mulheres a olharam desconfiada, mas ninguém comentou nada. Jorge não percebeu e para sua alegria, sabia que os outros também não, pelo menos, foi o que pensou.

***

– Harry - Jorge adiantou-se para o amigo discretamente enquanto ia buscar Fred em algum lugar.

– Oi Jorge - o moreno respondeu.

– É impressão minha ou a Mione está mais rechonchuda que o normal?

– Er... Por quê? Ahm... Você acha? Nem notei.

– Ah Harry, não queira subestimar minha perspicácia. Sabia que havia alguma coisa errada quando ela passou mal no Ministério. Até comentei com Angelina, mas tudo bem. Deixa pra lá, afinal, acho que o Rony deveria saber antes que nós.

– É...

– Faça de contas que não perguntei nada, ok?

– Ok.

***

– Pois eu tenho certezz... - Fleur cochichava com Audrey e Angelina - Nom há outra explicacion. Ela está muite barrigude...

– Sim... É barriga de grávida. Será que o Rony já sabe? - Audrey perguntou sorrindo.

– Acredito eu que não. - Angelina falou - Do jeito que ele é encantado por crianças, deveria está fazendo a dança do vampiro louco encima da mesa. E também não sabemos se é realmente. Ela passou dois meses na casa dos pais e...

– Exacto. Tempo o suficiente parra a barrigui aparrecerr...

***

– O que você tem, Harry? - Rony perguntou quando o amigo afundou o corpo pesadamente sobre o sofá estendido.

– Nada. Só um pouco cansado.

– Também estou cansado

– Rony... Cansado do que, cara? Você tá exagerando nessa moribundice, eim...

– É. Acho que não vai mais colar por muito tempo - ele fez uma careta engraçada e tomou um pouco de cerveja amanteigada.

– Realmente. Muda a desculpa que essa daí já tá velha. - Eles sorriram.

– Ei, Harry, preciso te falar uma coisa - Rony abaixou o tom antes de continuar.

– O que foi? - Harry se contorceu imaginando um novo interrogatório sobre Hermione.

– A Mione tá estranha.

– Estranha? Como assim? - Ele afundou no sofá novamente, comprovando as suspeitas.

– Ela tá muito sensível... Muito mais que o normal. Às vezes sorri do nada, e por nada começa a chorar. Antes eu pensei que fosse pelos acontecidos, mas acho que não, e olha que eu estou só há cinco dias em casa.

– E o que você acha que pode ser? - Harry engoliu em seco.

– Bem... Eu não sei muito bem, mas... Ela tem comido muito, sabe? E está inquieta durante a noite. Outras noites ela dorme como uma pedra. E eu percebi que... Bem, os... Você sabe... - ele fazia gestos arredondados no tórax dele balançando o tronco enquanto as orelhas ardiam.

– Sim, sei! - Harry sentiu o rosto esquentar também - O que tem?

– Bem... Eles estão maiores que antes. Eu lembro bem o tamanho que tinham antes da louca, e estão maiores sim, bem maiores e... E também tem a barriga, olha pra ela - ele olhou-a conversando distraída com Gina e a mãe mais adiante e pediu que Harry fizesse o mesmo - Olha aquela barriguinha ali...

– E o que você quer que eu diga?

– Eu não sei - ele continuava olhando a esposa, encantado com sua beleza e suas suspeitas.

– Talvez ela só tenha engordado, o que mais poderia ser?

– Bem, eu pensei que talvez... É! - Ele descansou o corpo no sofá e continuou olhando a mulher - Deve ser isso. Do jeito que ela tem comido, deve ser isto.

Harry suspirou aliviado quando Molly chamou a todos para cantarem parabéns, enquanto ela comandava magicamente o caminho do bolo até a mesa central no quintal. Rony parecia uma criança apagando as velinhas do bolo no formato dos dois C’s do Chudley Cannons e ficou abobalhado com a quantidade de presentes que recebeu.

Uma varinha de enfeite que jorrava luzes prateadas da ponta dada por Gui e Fleur, “comprada na França”, como a meio veela falou alegremente. Já a miniatura do dragão norueguês que rugia e soltava fogo de mentira de Carlinhos pareceu ser bem mais atrativo; um livro que ele odiou, sob o título de “Guia Prático de Como ser um Auror Exemplar”, dado sob muitas gargalhadas de Jorge e um olhar irritado de Hermione. Depois recebeu um par de luvas de goleiro profissional de Angelina, seguido por um sonoro pedido de desculpas pela gracinha do marido.

Ganhou outro livro e revirou os olhos sem entender o que realmente queria dizer. Olhou com a cara mais irritante pra Gina que sorria feliz ao lado do Harry.

– Pra que esse livro, Gina? Está me chamando de complexado descaradamente?

– Jamais, maninho. Acredito que você gostará da leitura.

“Como sentir-se seguro e confiante nessa nova fase da vida”, não vejo como gostar desse tipo de livros. Olha a grossura... E é autoajuda... Não gosto de ler esse tipo de...

– Não seja mal educado, Ronald. E o Harry gostou quando dei de presente pra ele... - Gina concluiu a discussão e Hermione sentiu as bochechas queimarem ao perceber que todos, com exceção de Harry, Gina e Rony olhavam para ela e para a sua barriga, agora muito aparente a todos.

– Tudo bem.

– Ah... Obrigado mamãe.

Era um suéter cor de tijolo. Ele jamais poderia negar. Achou estranho que não fosse um R bordado na frente, mas achou melhor não contestar os dois W’s e o G que havia ornamentavam a frente da roupa. Um W maior, um G um pouco menor e outro menorzinho, um W pequenininho entrelaçado nas outras letras.

Todos estavam agindo estranhamente agora e ele achou melhor ficar na dele, alegrando-se desmedidamente ao abrir o presente que ganhara de Percy e Audrey: Uma caixa enorme repleta de Sapos de Chocolate e Feijõezinhos de todos os sabores.

A noite foi então terminando e os Weasley aparatando. Sobraram apenas as mães e pais dos donos da casa, Harry e Gina. Os dois homens mais velhos conversavam animados na sala, os outros estavam assentados na mesa já colocada para dentro e devidamente diminuída.

Era possível observar Rony e Harry confiscando salgados e docinhos que ainda restavam em bandejas sobre a mesa na maior cara de “não deixa elas verem” enquanto Molly e Gina terminavam de organizar a cozinha e conversavam animadas sobre utilidades domésticas com Leila e Mione.

– Hermione, querida. Já pensou em contratar um elfo doméstico para te ajuda?

– Já sim Molly. Tenho pensado muito no assunto.

– Se quiser falo com o Monstro pra ele indicar algum.

– Ah, eu quero sim, Gina, e agradeço, mas um que queira receber salário e todos os direitos, por favor.

– Mas pra que um elfo?

– Coisas de mulher, Rony. Você não entenderia.

– Por que não entenderia, irmãzinha?

– Porque você tem a amplitude emocional de uma colher de chá, esqueceu? E continua comendo calado que é melhor.

Rony e Harry arregalaram os olhos e se olharam assustados compreendendo-se no silêncio sem uma explicação lógica. Elas estão de costas, como podem ter visto? Saíram do lugar disfarçadamente.

– Eles sempre discutem assim, Molly?

– Sempre, Leila. Desde pequenos. Todos.

– Ainda bem que só tive a Hermione.

– Eu adoraria ter tido irmãos, tá, mamãe.

– Minha filha, depois que tiver o seu você me diz se mudou de ideia. A Molly é uma guerreira. Não sei se conseguiria.

– Quer dizer que dei trabalho, mamãe? - Hermione fez bico.

– Não. Pelo contrário. Sempre foi tão centrada em tudo. Eu também adoraria ter tido mais um ou dois filhos, mas... E gora você tem vários irmãos postiços, e nós uma família enorme.

– Teve problemas para engravidar, Leila?

– Ah sim. Depois da Mione, o médico que me acompanhava informou que seria muito arriscado tentar uma nova gravidez.

– Por que não procura um curandeiro? É tão moça ainda. Poderia ter outros filhos.

– Não... Acho que não seria muito prudente. Não na minha idade.

– Eu adoraria ter irmãos, mamãe - Hermione repetiu - Se o problema sou eu, saiba que eu assino embaixo a ideia da Molly.

– Minha filha, eu acho que não seria possível.

– Claro que seria, Leila - Gina ajudou - Os remédios bruxos são muito mais evoluídos que os remédios trouxas. Se quiser, eu te levo no meu curandeiro e você poderia se consultar.

– Ou pode ir à minha, mamãe. Sei que não gosta de se consultar com homens, e o da Gina é homem, a minha é uma mulher.

– Ciúmes a essa altura da vida, Mione?

– Qual o problema eim, Gina?

Muitas risadas chamaram a atenção de Harry e Rony que continuavam afanando os salgados que restaram da festa. Achando que já haviam sobrevivido a uma quantidade muito grande de olhares femininos, decidiram sair do campo de concentração mulheril e partirem para um local menos arriscado com os homens na sala, não sem antes afanar mais alguns bolinhos e salgadinhos.

________ *** _________

– E então, Ron, gostou do jantar?

– Foi ótimo, Mione. Obrigado.

Eles estavam deitados, prontos para dormir. Ela tinha a cabeça recostada em seu peito e o acariciava com carinho enquanto ouvia o bater de seu coração.

Ele tinha o braço esquerdo estendido sob o corpo dela e o usava para aproximá-la dele quando queria, enquanto a mão direita brincava numa delicada excursão por seus cabelos.

– Que bom que gostou. Não poderíamos deixar passar em branco o seu aniversário.

– Nem precisava, Mione. Já estou tão feliz de poder estar com você que isso nem teria importância.

– Mesmo assim, fico feliz que tenha se divertido.

– Me diverti sim. E você estava muito sexy com aquela roupa...

– Eu sei, mas pare. Ainda não conversamos com a medibruxa sobre isso e não quero arriscar que você tenha algum tipo de recaída. Ela disse para livrá-lo de todo tipo de esforço.

– Mas não seria esforço nenhum, Mione, pelo contrário... Meu presente de aniversário... O que acha? Senti muito a sua falta...

– Acho que você é muito galanteador, mas não é esse o presente que vou te dar.

Ela falava enquanto se levantava. Os afagos e sussurros ao pé do ouvido não foram o suficiente para fazer Hermione se dar por vencida. Rumou até o roupeiro e pegou um embrulho que ele pensou ser mais um livro.

“Outro livro eu não aguento. Querem que me torne Hermione em versão masculina só porque casei com ela?”

– Este é o meu presente – ela entregou um pouco nervosa o embrulho cor verde e lilás– Abre!

– Outro livro, Mione? Sinceramente, não entendi a dos livros essa noite, mas...

– Não é um livro, Ronald. Abra por favor – ela disse impaciente.

Ele abriu o embrulho com cuidado enquanto olhava apreensivo para ela. Um porta-retratos e um foto trouxa muito borrada. Sim, era trouxa, a imagem não se mexia e parecia desbotada.

Olhou para Hermione, confuso. Não queria ser grosseiro, mas estava sem saber como agir ou como poderia perguntar para ela do que se tratava, tendo em vista os picos hormonais que ela tinha ultimamente. Então, para a alegria dele, ela respirou fundo, e começou:

– Está vendo aqui? – ela apontava um borrão arredondado naquela imensidão negra. Ele apenas assentiu com a cabeça temendo ser estuporado se falasse alguma besteira.

– Então... Esta é a cabecinha. – ela continuou e ele franziu o cenho desconfiado enquanto acompanhava a explicação da foto – E esta aqui é uma das mãozinhas. Esta aqui que ele tem na boca, provavelmente é a outra mãozinha.

Rony não entendia muito bem o que estava acontecendo. Não entendia a voz embargada de Hermione, muito menos os olhos lacrimosos. Ou será que entendia muito bem, mas não acreditava no que via?

A imagem era estranha para ele, mas era como se ele a reconhecesse. No topo esquerdo da foto havia o nome dela “Hermione Granger Weasley” e logo abaixo a data de 01 de março de 2005. Muitos nomes e números estranhos que ele não entendeu.

Na verdade, estava entendendo tudo, mas achava que estava ficando louco por pensar no que estava pensando, então reparou em Hermione e ela continuava falando, embora ele não ouvisse muito bem o que ela falava agora.

Ele viu que dos olhos dela pingavam lágrimas agora, enquanto sorria, e ele reparou neste momento em uma pequena frase ao fim do lado direito da foto. Entendeu as lágrimas da esposa e ele mesmo não conseguiu conter uma lágrima astuta quando leu para si em silêncio “Tempo gestacional: 13ª semana”...

Gestacional? Tempo gestacional? Ele a encarou e ela sorriu percebendo que ele entendeu antes do que ela poderia imaginar. Ele tinha razão. Duvidou e agora tinha certeza. Eram uma família, afinal. Ela piscou os olhos encharcados e voltando-se para a imagem, continuou:

– E estes são os pezinhos... Na verdade, os pezões... Acho que herdou do pai e aqui...

Ela não continuou. Foi deitada sobre a cama enquanto era beijada por todos os lados por um ruivo abobalhado que sorria enquanto chorava. Ela não se conteve e desatou a chorar e sorrir também e depois de muitos minutos entre beijos, lágrimas e sorrisos, a primeira frase foi dita por ele.

– Hermione, eu... Eu te amo!

– Eu... Eu quis te dar muitas coisas. Eu pensei em te contar de várias formas, mas achei que não conseguiria falar - respirou fundo - Embora simples, é tão... tão... assustador... Então eu... Chamei a Gina hoje de manhã e com o pretexto de comprarmos o que faltava fui buscar minha mãe. Ela me levou em um médico trouxa, eu fiz o ultrassom e pedi a foto, comprei o porta-retratos e embrulhei nesse papel porque ainda não sei se é um menino ou uma menina...

– Então... – Ele sorria abobalhado e levantou-se de um supetão. Tudo fazia sentido agora. Voltou com a caixa que continha os presentes que ganhara há pouco.

O primeiro a pegar foi o suéter cor de tijolo. Tocou com carinho e em silêncio as letras tão bem entrelaçadas bordadas pela mãe e a lágrima não se conteve em seus olhos. Hermione apenas aproximou-se e com carinho a enxugou enquanto de seus próprios olhos rompiam mais e mais lágrimas.

Rasgou a capa transparente que protegia o livro dado por Harry e Gina e leu de uma forma diferente o título que agora dizia muito pra ele: "Como sentir-se seguro e confiante nessa nova fase da vida" – era um livro de autoajuda sim, um livro trouxa, grosso e sem imagens, mas que ele iria ler e comer absorvendo tudo o que fosse possível no melhor estilo Hermione de ser.

Abriu a capa e viu no subtítulo: A Importância do Pai Durante a Gestação e após o Parto. Olhou novamente para a esposa e abaixando novamente os olhos ao livro ele leu na contracapa reconhecendo a letra de Harry:

Sabemos o quanto você adora livros e que este só será aberto depois que a Mione te contar, então, sem mais o que dizer: feliz aniversário papai Weasley, faça bom uso deste livro e trate a minha irmãzinha como a rainha que ela é.

Felicidades! Harry, Gina e James Potter”.

Porquê não conseguia parar de chorar, ele não sabia. Porquê não conseguia formar frases era uma questão sem resposta. Sentia-se incrivelmente bem. Queria gritar. Não sabia o que falar... As lágrimas lavando o rosto sardento.

As grandes mãos tremiam enquanto colocava carinhosamente o livro na cabeceira da cama e pegava novamente aquela foto borrada. O porta-retratos com uma foto imóvel, mas que dizia muito mais que qualquer um pudesse dizer.

– Então... Pai? - ele olhou para ela ansioso.

– Sim – ela afirmou também com a cabeça, sorrindo e chorando.

– Mas como? Passei quase dois meses sem te ver e...

– Lembra da viajem para a Escócia? Lembra-se que na semana anterior antecipamos nosso aniversário de casamento por várias noites?

– Claro que lembro.

– Então... Quando você saiu em Missão com o Harry, eu já estava grávida, só não sabia. Então começaram a acontecer todas àquelas coisas e os sintomas clássicos de uma gravidez, para mim e para minha mãe, eram sinal de fadiga e estresse.

– Mas...

– Eu só tive certeza quando a Estella esteve no Ministério - ela entristeceu o semblante momentaneamente - Eu passei mal e desmaiei. Estava subnutrida, não me alimentava bem e o Harry me amparou e me levou ao St Mungus.

"Lá conheci a Dra Aurora que tem me acompanhado desde então. Me passou poções e vitaminas para recuperar o peso e o do bebê, e agora estamos muito bem, saudáveis e felizes de termos você de volta."

– Por que não me disse antes? Claro, que pergunta idiota a minha... Você é tão forte, Mione... E eu te fiz tão mal... A você e ao nosso bebê.

– Ron, por favor, não se culpe mais. Tudo passou. Já acabou. Estamos bem agora, e continuaremos assim...

– E já sabe o que é?

– Não. Estava esperando que você voltasse para nós, e então poderíamos descobrir juntos.

– Hermione... Eu sou o homem mais feliz do mundo. Eu te amo com todas as minhas forças.

– Eu te amo, Ron, e... Agora não somos mais um casal feliz...

– Não. – ele adiantou-se colocando a mão grande de forma carinhosa sobre o ventre da esposa e reparando agora que ele estava mais estufado que antes – Somos uma família feliz...

– Sim... – ela concordou com a mão sobre a dele. Os olhares que se lançaram falavam muito mais que qualquer palavra dita. Foram envolvidos em um abraço tenro, carinhoso e companheiro.

O abraço foi seguido por um beijo arrebatador que selou o momento, e esquecendo-se do resto, apenas se amaram. Amaram-se como há muito não podiam e celebraram da forma mais íntima, mais completa e mais perfeita os 26 anos de Ronald Abílio Weasley.


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