Cinzas escrita por Ludi


Capítulo 21
Ressaca Moral


Notas iniciais do capítulo

Oh dear, preciso de ar! Hahaha! Nem demorou muito, não é? Não consigo me livrar dessa história, ela fica cutucando minha mente, surgindo na minha memória nos momentos mais impróprios. O lado bom é que eu consegui adiantar um mooonte de coisas que eu queria. Agora só preciso respirar, ufa!

Mais uma vez, o capítulo é dedicado a Rose que, entre brócolis, unhas destruídas e palavrões, sempre anima meu dia e me dá disposição para escrever cada vez mais e mais!
E, se os capítulos ficam absurdamente grandes, também é culpa dela.Eu acredito piamente que só estou aqui ainda por causa dela, minha fonte de inspiração. Só tenho que agradecer.

E você, que está lendo e não comentando - é, eu sei que está aí, consigo ver tudo, haha - SHAME ON YOU! haha



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Gina acordou sobressaltada e se sentou bruscamente na cama, com a cabeça extremamente pesada e a boca amarga.

Tirando os cabelos bagunçados do rosto, ela olhou pela janela com desespero, tentando se localizar temporalmente; o dia ainda não havia nascido totalmente, mas já anunciava que iria ser um daqueles cinzentos e chuvosos, típicos de Londres.

Aos poucos, as memórias foram voltando para ela, ao mesmo tempo em que a sensação de angústia ia dominando-a por completo.

Passou os dedos pelos longos cabelos e esfregou os olhos vigorosamente, como se quisesse livrar todas as partes do corpo do efeito da poção para dormir que Olívia certamente tinha colocado no chá que tinha mandado Della preparar, assim que puseram os pés na casa de Gina.

Na noite anterior, Gina tinha parado de beber logo que deduziu acertadamente o que continha no chá, sabendo que não tinha direito de dormir enquanto seu mundo virava de pernas para o ar, mas sua força de vontade não foi o suficiente para combater o que ela já havia ingerido. Então os eventos da noite, a gravidez e o nervosismo desmoronaram sobre ela como uma avalanche.

Depois de instantes, sua visão começou a ficar turva e ela soube que dormiria profundamente.

E o fato era que ela tinha dormido algumas poucas horas, mesmo não tendo tomado toda a porcaria da poção.

Algum tempo que poderia ter custado muito caro.

Mecanicamente, desejou se olhar no espelho para ver sua aparência. Alguém – certamente Della – tinha tirado seu luxuoso vestido de festa e substituído-o por uma fina camisola, que já deixava transparecer uma roliça barriga sob o tecido.

Desviou os olhos e mudou de ideia: ela não queria olhar para si mesma, não queria se encarar depois da noite anterior.

Puxando o roupão que Della tinha deixado ao pé da cama, ela cobriu-se para evitar problemas – Olívia já deveria ter ido embora, mas, ainda assim, precaução havia se tornado o lema de Gina nos últimos anos. Pulou para fora da cama, cambaleando.

Precisaria ser muito rápida, sair em busca de informações sobre o que tinha acontecido com Draco e com Blaise. Usaria a Rede de Flu para se comunicar com a Mansão Malfoy e que os céus permitissem que ela conseguisse notícias.

Só uma palavra martelava na sua cabeça.

Escândalo.

Gina nunca tivera medo deles, dado o fato de que era filha de Molly Weasley e tinha passado a infância e adolescência ao lado de Rony, mas, naquele momento onde a discrição era o bem mais precioso que ela possuía, aquele tipo de atenção era mortífero e indesejado.

E ela não queria admitir para si mesma, mas ainda havia a terrível vozinha na sua cabeça tagarelando incessantemente sobre o quão inescrupulosa ela tinha sido na noite anterior. E a memória voltou a passar por ela, como num flash.

Fechando os olhos, ela reviu Draco sacar a varinha, mais pálido do que o normal, enquanto Blaise sorria com a ousadia dos bêbados, ambos colocando-se numa posição de duelo diante dos olhos do Ministro.

As palavras de Blaise se repetiam continuamente em sua memória - eu fiz de você um corno, Draco Malfoy - e todos os olhares se voltaram repentinamente para Gina, muito enrubescida, com seu vestido levemente fora de lugar, arfando e destacando seu decote generoso com o movimento.

Não adiantaria nada dizer para aquelas pessoas que eles não tinham realmente feito nada, que a chegada de Draco tinha interrompido qualquer coisa que pudessem ter feito.

Ela já havia sido julgada e condenada por todos ali.

Merlin, onde ela estava com a cabeça?!

Gina sequer havia percebido quando Olívia se aproximou, enquanto um alvoroço se formava em torno dos dois rapazes e mais algumas pessoas saíam do Salão Principal, curiosas pelo barulho atípico no hall de Hogwarts.

Ainda bem que não foram muitas, e isso foi tudo o que ela conseguiu pensar, no auge da vergonha.

Ela via os olhares zombeteiros e escandalizados dos presentes, que seguiam dos dois rapazes prestes a duelar até Gina, num movimento rítmico e coordenado que fazia com que ela tivesse vontade de arrancar os olhos de todos ali. Tinha permanecido imóvel e demonstrando toda dignidade que pôde reunir, com seu queixo erguido e olhar desafiador, mas, internamente, ela só tinha vontade de sair correndo.

"Querida, precisa sair daqui." Olívia puxou-a firmemente pelo braço, tentando retirá-la do meio do alvoroço.

Gina fez um movimento inconsciente para se soltar das mãos da mulher do Ministro, não se movendo para longe como queria Olívia.

Embora quisesse estar em qualquer lugar do mundo menos ali, ela sabia que não podia deixar seu marido e seu melhor amigo se azararem sem fazer nada. Passividade nunca esteve na sua natureza.

"Mas-" Ela começou a gaguejar, numa tentativa de argumento.

Olívia interrompeu o débil protesto energicamente, trocando a abordagem bondosa por uma que não admitia contestação.

"Sem 'mas', Ginevra! Vai sair daqui, e rápido! Você não deve estar aqui e exposta quando os outros comensais aparecerem, chamando atenção para sua presença. Daria mais margem às fofocas!"

"Ir embora agora não vai apagar o que eu fiz e nem o fato de que todos vão falar sobre mim, saber da minha existência." Ela teimou, sem tirar os olhos de Draco e Blaise, ainda circulando um ao outro, se analisando mutuamente antes de começarem o duelo.

Blaise sorria agressivamente e Draco levantou uma sobrancelha, dando um meio sorriso como se estivesse desafiando Zabini a lançar o primeiro feitiço.

"Certamente não vai apagar." Olívia concordou. "Mas, se você agir corretamente e se ocultar agora, logo um outro escândalo será a diversão dessa gente e eles vão deixar sua vida em paz. Ficar em paz, não é o que você quer, Ginevra?"

Gina reconheceu a verdade naquelas palavras, mas ainda assim não conseguia fugir sem olhar para trás.

"Pense no seu filho!" E contra essas últimas palavras de Olívia ela não podia argumentar, nem relutar. Gina concordou tristemente.

James era o que realmente importava.

Ela virou as costas para as pessoas ali, saindo apressadamente do hall e do castelo, lançando um último olhar preocupado sobre o ombro em direção à pequena aglomeração que se formou, sem conseguir ver Draco ou Blaise, já ocultados pelas pessoas ao redor.

Que Merlin nos ajude, ela desejou fervorosamente enquanto seguia os passos de Olívia.

Elas caminharam rapidamente se distanciando da entrada do castelo e Olívia continuou a falar, também para distrair a mente de Gina.

"Hoje eu obtive permissão para aparatar em Hogwarts para que pudesse trazer Pio para cá. Geralmente sou eu que o levo de um lugar para outro nesses eventos sociais, por causa das condições... peculiares dele. Você me entende, Ginevra?"

"Sim." Gina respondeu prontamente, tentando pensar em algo que não fossem os acontecimentos da noite.

"Ótimo. Vou aparatar em Hogsmeade e de lá você nos leva até a sua casa. Você tem condições de aparatar?" Olívia perguntou enquanto elas caminhavam apressadamente e Gina assentiu distraidamente.

Olívia segurou na mão de Gina e, num piscar de olhos estavam em Hogsmeade. Chegando lá, mal tiveram tempo de olhar ao redor porque foi a vez de Gina aparatar até sua casa, guiando Olívia até sua residência.

Então, a mulher do Ministro havia ficado lá até se certificar de que Gina estaria na cama, com a promessa de que enviaria notícias assim que as tivesse.

Deixando as lembranças de lado, Gina começou a se trocar às pressas, com a sensação de que não havia mais tempo a perder; quando estava revirando suas gavetas em busca das meias com gestos apressados da varinha, ouviu um rebuliço no andar de baixo da sua casa.

O que será dessa vez? Por que viriam à minha casa ainda de madrugada?, ela pensou exasperada.

Jogou uma capa por cima dos ombros e saiu, ainda descalça, em direção ao barulho que vinha da sua sala.

Desceu os degraus aos pulos, se debruçando atônita no corrimão antes de chegar ao fim da escada, porque o que ela viu a deixou imóvel por uns segundos.

Avistou Draco apoiado no seu elfo, Edril – que apesar de bater na cintura do seu amo, dava uma espécie de sustentação para o rapaz – formando uma cena que faria Gina rir por dias, se não ela estivesse tão absolutamente nervosa.

Draco levantou a cabeça, tirando do rosto suado os cabelos muito loiros. Sua expressão não revelava nada, a não ser os olhos, que estavam da cor do céu prestes a desabar uma tempestade, num claro sinal de agitação interna.

"Acabei de matar Blaise." Ele disse sem preâmbulos, quando avistou a figura dela na escada.

Gina ofegou e teve que se agarrar no corrimão com mais força para não cair quando uma vertigem muito forte a atingiu. Seu corpo tremeu descontroladamente porque ela queria chorar por Blaise e também chorar por... Draco.

E todos os furacões de pensamentos que estavam na sua mente deram lugar a uma única idéia, que retumbava na sua cabeça e que até aquele momento ela não havia se dado conta que era sua maior preocupação.

Draco está vivo, Draco está vivo, Draco está vivo.

Seu coração acelerou ainda mais, querendo pular pela boca.

Depois que esse pensamento se assentou, tudo que ela sentiu foi dor e pesar.

Blaise... Blaise havia morrido por causa dela!

Gina fechou os olhos brevemente, colocando aquele sentimento num recanto escondido dentro de si e de onde ela só tiraria quando estivesse sozinha, com aquela situação resolvida. Depois, quando estivesse novamente com tudo sob controle, lamentaria Blaise sem pensar em mais nada. Não poderia dar menos a ele.

Tentando se concentrar, ela desceu rapidamente os degraus que restavam e foi até Draco, vendo que a cara camisa que ele utilizara sob o smoking preto estava empapada de sangue logo acima do abdômen e que o nó da gravata estava frouxo, como se ele tivesse sido desfeito às pressas e sem cuidado.

Conhecia Draco Malfoy há quase quinze anos e era a primeira vez que ele trazia a roupa totalmente em desalinho; ela percebeu com apreensão que ele estava segurando o braço direito com a mão esquerda, enquanto o elfo segurava o robe do seu mestre com a mão livre.

"Como você conseguiu sair de Hogwarts depois... disso?" Gina perguntou sem querer pensar em Blaise e olhando preocupada para a quantidade de sangue que o tecido suave da camisa havia sugado. "E por que demorou tanto?" Ela completou, se dando conta que ele tinha levado algumas horas para fazer o trajeto.

"Um dos meus aurores de confiança me ajudou a sair de lá antes que chegassem mais comensais que pudessem espalhar o caso. Acabei demorando porque não pude aparatar nesse estado, nem acompanhado por ele. Então o dispensei, convoquei Edril e vim para cá de carruagem. Aqui não será a primeira opção onde eles me procurarão." Ele respondeu com a voz se arrastando um pouco mais, como se fosse difícil organizar as ideias. "Todos pensam que você vive comigo na Mansão Malfoy e que essa casa está vazia…"

"Você está ferido…" Ela disse com a voz anestesiada, constatando o óbvio. "É sério?"

Draco tentou fazer alguma réplica sarcástica diante da pergunta idiota, mas preferiu negar em silêncio, empalidecendo cada vez mais.

Então Gina se obrigou a tomar as rédeas da situação, afastou o elfo com um gesto impaciente e apoiou o corpo de Draco no seu, passando o braço do rapaz sobre seus ombros e guiando-o lentamente pelas escadas, até seu quarto.

Certamente ele estava bem confuso, uma vez que não fez nenhum comentário diante da reação dela, nem sequer aqueles carregados de zombarias e sarcasmos tradicionais.

"Para onde está me levando?" Ele perguntou depois que subiram alguns degraus com esforço.

"Para o meu quarto." Ela respondeu com a respiração ofegante. O idiota era realmente pesado. "Quer que eu te levite?"

"E realizar facilmente seu sonho de me levar rendido e indefeso para seu quarto?" Ele disse sorrindo fracamente e Gina teve que frear a vontade de dar uma cotovelada nas costelas dele. "Não, Weasley, obrigado. Quero ter o controle pleno de todos os meus movimentos."

Gina se limitou a revirar os olhos enquanto Draco andava com dificuldade e respirando fundo.

Ao chegar ao quarto de Gina, ele se deixou cair pesadamente sobre uma poltrona, fechando os olhos. O tom da sua pele era assustador e Gina voltou a se preocupar. Era preciso cuidar do ferimento dele logo.

Ela pegou sua varinha em cima da cama e pediu a Della – que subira atrás deles junto com Edril – que trouxesse água e suas poções curativas. Pegou a garrafa de firewhiskey intocada de cima da lareira e serviu uma boa dose para ele.

"Beba isso." Ela entregou o copo para Draco e ele a obedeceu dócil pela primeira vez, parecendo reanimar-se um pouco na sequência quando duas manchas rosadas apareceram nas suas bochechas.

Ela retirou o copo da mão dele e, com um movimento brusco, rasgou o tecido da camisa que estava por cima do ferimento; Draco gemeu e Gina não soube se tinha sido pela destruição da camisa ou pela dor que ele tinha sentido pelo movimento.

"E lá se vai uma camisa muito cara e feita sob medida…" Ele murmurou respondendo à pergunta que ela se tinha feito e retirando definitivamente a gravata com a mão esquerda.

"Shhh." Ela ordenou enquanto analisava os estragos que o feitiço havia feito. "Se ficar quieto prometo que deixo você comprar mais uma dúzia dessas, com o dinheiro que você roubou do meu cofre."

"Não é uma questão de dinheiro." Draco respondeu e estremeceu quando ela tocou a região machucada com um pouco mais de força. "E sim de exclusividade."

"Ok, Sr. Exclusivo." Gina disse, tentando sem sucesso que ele ficasse quieto. "Continue falando e eu lançarei um feitiço imobilus em você."

Draco bufou baixinho, mas fez como ela queria e Gina pôde olhar o machucado com mais atenção.

Mesmo que não parecesse tão grave quando ela o examinou, o ferimento era um grande corte, que ia do braço direito até a metade do peito, aparentando ser relativamente profundo.

Gina se questionou sobre quais feitiços Blaise teria usado para fazer aquilo, mas se obrigou a desviar os pensamentos de Zabini quando começou a murmurar alguns encantamentos curativos básicos que sempre usava quando James se machucava, tocando com as pontas dos dedos o peito liso, muito branco. Precisava fechar o corte antes de usar suas poções, do contrário elas não fariam o efeito desejado.

Malfoy permaneceu impassível, até mesmo quando ela deduziu que deveria estar doendo razoavelmente.

Repentinamente, Draco virou a cabeça para ela e seus olhares se cruzaram momentaneamente, antes dela voltar a murmurar seus encantamentos e desviar o olhar, levemente envergonhada.

Permaneceram em silêncio por mais alguns minutos, até que Malfoy rompeu a paz momentânea, murmurando mais para si mesmo do que para ela.

"Estou curioso para saber como vão fazer para cumprir as determinações do Ministério."

Gina parou abruptamente. "Quais determinações?"

"Para minha prisão." Ele disse simplesmente e, notando a expressão de leve confusão no rosto dela, completou levantando uma sobrancelha. "Preciso te lembrar que os duelos entre bruxos de sangue puro são proibidos e que o Departamento de Execução das Leis da Magia é o responsável pelas prisões? É uma ironia do destino que eu seja o chefe dele."

Ele não conseguiu evitar seu sorriso cínico, mesmo que a expressão tivesse terminado numa leve careta de dor quando ele se mexeu para ficar mais confortável na poltrona.

"Não posso prender a mim mesmo, não é? Nem prender o idiota do Zabini, dada minha parcialidade no assunto…"

"Ainda mais porque não se pode prender um morto." Gina apontou desnecessariamente, sentindo os olhos arderem e um calafrio percorrer sua espinha ao pensar em Blaise.

Por quanto tempo mais veria seus amigos serem mortos?

Ainda estava atordoada demais para julgar a situação, para saber como reagiria aquele crime cometido por causa dela. Sentiu mais uma vez as lágrimas querendo a liberdade para correrem livremente pelo seu rosto, mas fungou para evitá-las.

Lidaria com aquilo depois que curasse Draco.

"Blaise?" Draco sorriu zombeteiramente para ela, como um menino que tivesse cometido alguma travessura. "Não tem um arranhão."

Pela segunda vez, Gina parou subitamente com a varinha no alto, dessa vez procurando os olhos de Draco propositadamente.

"Mas você disse que-"

"Eu sei o que eu disse." Draco deu de ombros, fazendo uma careta de dor na sequência devido ao movimento. "Queria saber se você desmaiaria por ele."

Um brilho de malícia cintilou nos olhos cinzas e Gina fechou os olhos contando até dez, controlando a vontade louca de esfolar Draco vivo. E, ao mesmo tempo, uma onda avassaladora de alívio a invadiu, deixando suas pernas mais fracas.

Naquele momento, alguém precisa ser o adulto da situação, certo?, ela pensou, convocando toda a calma disponível e que ela nem achava que possuía.

"Draco Malfoy," Gina disse com os dentes cerrados e com um rubor de raiva cobrindo as bochechas. "eu juro que se você pudesse se defender, eu te azararia agora."

Draco, por sua vez, se limitou a sorrir arrogantemente e encará-la, num desafio mudo.

Se controlando para não esganá-lo, Gina bufou sonoramente e levantou o braço para continuar com os feitiços. Foi então que os olhos de Draco pararam nas visíveis marcas roxas que ele tinha deixado no seu pulso.

O sorriso morreu no rosto dele.

"Está doendo?" Ele perguntou com a voz baixa.

"Importa?" Gina fingiu indiferença, ainda sentindo raiva pela mentira infantil dele.

"Eu ainda tenho boas maneiras, Weasley." Ele afirmou com convicção, como se quisesse fazer, de alguma forma, com que ela acreditasse naquilo. "Minha mãe se certificou de que fosse assim."

"E...?" Ela incentivou sem se comprometer ou olhá-lo diretamente.

Draco bufou. "E, ainda que seu comportamento não tenha sido de forma alguma adequado," Ele disse frisando as palavras num tom petulante e dessa vez Gina olhou feio para ele. "eu não tinha intenção de que terminasse daquele jeito."

"Não tinha?" Gina ouviu o leve tom acusador que havia empregado na voz e não se arrependeu nenhum pouco dele. "Tem certeza?" Ela deixou o pulso no nível dos olhos dele, evidenciando as marcas roxas.

Ele ergueu a mão trêmula e pálida como se fosse tocar o braço dela no ponto machucado e Gina congelou. Draco pareceu mudar de idéia no meio do caminho, deixando o braço cair ao lado do corpo.

Ele suspirou para controlar a dor e o mal-estar, ao mesmo tempo em que pareceu um pouco exasperado e irritado.

"Eu não planejei... fazer isso." Ele praticamente sufocou para encontrar uma palavra que definisse o que ele tinha feito, mas não encontrou nenhuma apropriada. Depois de engolir em seco visivelmente e de suas bochechas ficarem um pouquinho rosadas, ele continuou. "Não estava mentindo quando disse aquilo tudo para você, mas não deveria ter te machucado. Não queria ter te machucado." Ele arrastou as palavras como sempre fazia naquele jeito peculiar e único de falar, mas, daquela vez, elas estavam desprovidas de qualquer veneno.

Gina tinha certeza que tinha ficado extremamente vermelha e dessa vez não pela raiva. Jamais imaginou que viveria para ver Draco Malfoy pedindo desculpas por alguma coisa, mesmo que não com todas as palavras e olhares tradicionais que as pessoas normais usavam para mostrar arrependimento.

Mudou de assunto rapidamente, não sabendo como lidar com aquilo naquele momento.

"Você perdeu o duelo com Blaise, então?" Ela perguntou, voltando a fazer os feitiços.

"Claro que sim." Ele disse aparentando desgosto, mas ao mesmo tempo aliviado pela mudança de assunto. "Alguém tinha que parar com aquela estupidez. Zabini estava bêbado e tentando me provocar, seja lá por qual razão, então eu me deixei acertar pelo feitiço cortante que ele lançou e fim da história. Fugimos de lá o mais rápido que pudemos, separados para dificultar a busca." Ele deu de ombros de novo, com uma nova careta. "Eu não destruiria uma amizade de mais de vinte anos por uma mulher, nem mesmo por você."

Gina ficou imóvel diante da última frase, proferida enquanto ele fechava os olhos e seu rosto se empalidecia ainda mais, num acesso de fraqueza.

Nem mesmo por mim…, ela pensou sentindo seu estômago afundar. Ele me considera de alguma forma diferente das outras?

Sem parar para pensar naquilo, ela pousou a mão na testa dele num raro gesto de contato entre os dois, sentindo seu corpo se arrepiar. Tocá-lo sem agressividade era tão estranho.

E ao mesmo tempo tão... íntimo.

Gina sorriu fracamente quando ele não repudiou o toque suave.

"Em uma só noite você salvou minha vida, me deixou a beira de um ataque de raiva e duelou por minha causa. Acho que nós não podemos reclamar de que nosso casamento é monótono, não é?"

Ele abriu os olhos límpidos e claros em direção a ela, mas não respondeu. Sua atenção tinha se voltado para outra coisa. Ele ergueu a mão para indicar que ela não deveria falar mais nada e Gina retirou a mão da testa dele depois de hesitar um instante.

"Acho que me encontraram." Draco disse baixinho depois um momento, relaxando na poltrona como se estivesse resignado. "Demorou menos do que eu imaginei… Estou realmente deixando o Departamento mais eficiente."

Gina teve que controlar a língua para não dizer que ele se superestimava demais, mas apurou os ouvidos para qualquer movimentação no andar de baixo.

Havia passos subindo a escada e ela se ergueu se preparando para atacar quem quer ousasse entrar no seu quarto, se posicionando de forma protetora na frente de Draco.

A porta se abriu lentamente, revelando dois elfos muito preocupados e um grande auror do Ministério por trás deles, com a expressão muito perturbada. Gina imaginou que aquilo se devia ao fato de que não era todo dia que alguém era designado para prender seu próprio chefe.

"Perdão mestres, Edril e Della tentaram impedir, mas o grande rapaz insistiu." O elfo de Draco disse, já procurando com os olhos algo para se castigar.

Draco encostou a cabeça na poltrona, como se estivesse muito cansado.

"Pode voltar para a Mansão, elfo." Ele disse impassivelmente e Edril não esperou outra ordem, desaparecendo um 'pop'. Então Malfoy voltou sua atenção para o auror. "Olá Oliver. Veio para me prender?" Ele perguntou, com um brilho de malícia quase divertida nos olhos cinzas.

Prisão! A realidade atingiu Gina como um raio. Não imaginava que Draco estivesse falando sério e que iriam realmente prendê-lo.

Ela ficou imóvel, sem saber se azarava o auror ou se desabava na cama, inerte.

O auror confirmou, com um movimento desolado da cabeça.

"Sim, senhor." Ele disse como se estivesse pedindo desculpas.

Gina olhou de Oliver para Draco e depois para Oliver novamente, tomando sua decisão de atacar o auror e tirar Malfoy dali em segurança.

Fechou os dedos firmemente ao redor da varinha se aproveitando do fato de que Oliver estava distraído com Draco e certamente pensando que ela estava com a varinha na mão porque estava curando seu marido e não porque quisesse estuporá-lo.

Contudo, Draco pareceu ler sua reação e com um gesto rápido e suave ele segurou a sua mão livre, entrelaçando seus dedos gelados nos dela, como se estivesse buscando apoio para se levantar. Gina sabia que era um recado para que ela não fizesse nada idiota como atacar um auror, mas, ainda assim, o gesto incomum a deixou espantada. Ela olhou boquiaberta para as mãos entrelaçadas.

"O que aconteceu com Zabini?" Draco perguntou, se erguendo com esforço e apoiando seu peso em Gina, que o ajudou a ficar de pé depois de se recompor um pouquinho.

Quando finalmente se equilibrou por si só, Draco soltou a mão dela depois de um momento, mas não sem antes apertar seus dedos suavemente e lançar-lhe um olhar penetrante, como se quisesse dizer 'não seja estúpida' ou 'vai dar tudo certo'.

Gina não soube qual das opções a desconcertava mais.

"Já está em Glastonbury, senhor. Ele foi encontrado na própria Mansão há uma hora." Oliver respondeu, eficiente. "Sr. Goyle está cuidando de tudo."

Draco revirou os olhos, parecendo mais entediado do que sua situação permitia enquanto jogava a capa sobre si para cobrir o torso nu. "Goyle... Eu esperava coisa melhor para cuidar do meu caso."

Ao ouvir sobre Goyle e constatar que Draco estava realmente indo para a prisão, a cabeça de Gina girou. Tinha horror a ideia de que alguém da sua família fosse encarcerado, ainda que ela mesma tivesse ido para lá certa vez.

Outro giro a fez constatar que ela, num momento impertinente e irracional, tinha considerado Draco como parte da sua família. Devia estar feliz por ele provar seu próprio veneno e ir para a mesma prisão para a qual ele tinha mandado-a uma vez. Certo?

Certo?!

Ela não percebeu quando abriu a boca e só se deu conta das palavras quando elas já estavam saindo da sua boca.

"Sr. Oliver!" Ela se precipitou em direção ao auror, enquanto Draco tentava caminhar lentamente. "Por favor, não o leve para lá, por favor, não para Glastonbury."

Queria dizer que ele podia ficar preso na Mansão Malfoy até ser punido, mas que Merlin permitisse que ele não fosse para a prisão. Não podia lidar com mais ausências, mesmo que fosse a dele.

"Senhora, eu lamento, mas são as ordens do Ministério. A senhora não ignora que o Sr. Malfoy cometeu um delito ao duelar, não é? Temos proibições expressas contra o duelo de bruxos de sangue puro." Ele disse educado e tímido, enquanto Gina não segurava uma lágrima que teimou em descer pelo rosto. "Mas não se preocupe, ele será bem cuidado e seu ferimento será tratado."

"Não, na prisão não!" Gina bateu o pé perdendo o controle, enquanto Draco, dessa vez apoiado pelo auror, se encaminhava para a porta.

Draco se virou para ela, levantando uma sobrancelha e parecendo levemente irritado.

"E para onde você queria que me levassem? Para Askaban, talvez? Compartilhar as celas com os traidores e com os indesejáveis?" E com essas palavras impacientes ele se virou novamente, acenando para que o auror o ajudasse a sair do quarto e descer as escadas.

Draco jamais entenderia o que significava para Gina ver alguém próximo a ela sendo levado para uma prisão, ainda que fosse uma prisão melhor do que Askaban.

Passou tantos anos com medo daquilo, com pavor de que sua família fosse apanhada e tirada dela de uma vez por todas... Era como se o pesadelo estivesse virando realidade e sufocando-a com as suas implicações.

Suspirou resignada quando eles finalmente saíram.

E se jogou na poltrona onde Draco estivera segundos antes, se enrolando em posição fetal e desejando apenas dormir durante horas.

***

Gina pouco se lembrou das horas subsequentes, apenas que Della tinha dado a ela mais poções para dormir e que ela tinha chorado e dormido, não necessariamente nessa ordem.

Tinha recusado comida, companhia, conversas. Num momento de lucidez, ela conjecturou corretamente que a gravidez tinha um papel bastante relevante naquela letargia que não era típica dela, mas deu de ombros e voltou a dormir.

Lembrou-se vagamente de James entrar no quarto e olhar para ela com olhos verdes brilhantes de preocupação; entretanto, nem James conseguiu fazer com que ela se levantasse. Sabia que o filho estava em casa e seguro naquele momento e isso lhe dava conforto para permanecer ali, como uma viúva inconsolável – sem estar viúva de fato, mas Gina resolveu ignorar aquele pequeno detalhe.

E foi assim que uma figura encapuzada a encontrou no seu quarto, abrindo as cortinas deixando que o sol entrasse pelas grandes janelas do ambiente.

Anestesiada, Gina abriu os olhos devagar, se sentindo incomodada com a quantidade de luminosidade do ambiente.

Quanto tempo teria se passado desde que Draco fora preso? E quem era a figura baixa e encapuzada, que circulava pelo quarto com uma autoridade incontestável?

A pessoa parou na frente da cama de Gina, jogando as cobertas para fora com um gesto impaciente da varinha. Ela ameaçou um protesto débil, que morreu na sua garganta no instante em que a figura abaixou seu capuz, revelando um rosto cheio de desagrado.

Um rosto redondo, ruivo, assustador.

"Mãe!" Gina se sentou como se sua cama tivesse se transformado num leito de espinhos.

"Será possível que eu tive que vir até aqui para te dar uns bons tapas, Gina Weasley!?" Ela disse, com as mãos na cintura.

Gina ignorou a dureza da frase da mãe e se jogou nos braços da bruxa mais velha com uma rapidez que pegou Molly desprevenida, fazendo com que ela cambaleasse dois passos para trás para manter o equilíbrio.

"Calma, calma, meu coração." Molly a embalou mudando de atitude na mesma velocidade com que mudava de humor, enquanto Gina se deliciava com aquele cheiro tão particular e do qual ela tinha sentido tanta falta. "Mamãe está aqui."

Gina sentiu seu corpo flutuar, até se dar conta de que algo estava errado. Ela recuou para se sentar na cama rigidamente, voltando a si.

"Mãe, o que a senhora está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? É muito perigoso e..."

Molly a calou com um gesto. "Já estou cansada dessa conversa de perigo, que me afasta dos meus filhos." Ela suspirou e pareceu cansada. "Eu tive uma boa razão para vir; sua elfo, apesar de ter vínculos com outra família, parece se importar bastante com você, o que me agrada muito. Ela usou o galeão encantado para se comunicar conosco e dizer que você estava há dois dias sem comer ou levantar da cama e que não tinha... condições de continuar assim." Molly olhou diretamente para a barriguinha de Gina e sorriu abertamente, pela primeira vez. "Agora eu vejo quais são essas condições." Ela pousou a mão sobre a barriga da filha, com os olhos castanhos brilhando. "Fiquei muito feliz de ter vindo, Gina. Ganhei três presentes inestimáveis; ver você, ver James e receber essa notícia."

"Você viu James?" Gina perguntou, se perdendo na gentileza e suavidade que só o toque de mãe possuía.

"Fiquei um bom tempo com ele, antes de entrar aqui. Apesar de não poder contar exatamente quem eu sou, ele me fez muito feliz nessas poucas horas que fiquei ao lado dele." Ela contou, ficando com os olhos marejados de novo. "E ainda há mais um!" Ela disse animadamente, juntando as mãos sobre o peito.

Gina sorriu em resposta e abraçou sua mãe. Era tão bom encontrar alguém que realmente gostasse da ideia de ela estar grávida, mesmo de um filho de Draco Malfoy. Molly pareceu ler seus pensamentos e deu tapinhas reconfortantes nas costas da sua única filha.

"Nós vamos amá-lo como amamos James, querida. Independente do pai que ele tiver. Seus irmãos só vão precisar de um tempo adicional para lidar com a ideia, mas eu garantirei que eles entendam, de um jeito ou de outro."

Se era possível, Gina sentiu alívio e apreensão ao mesmo tempo. "Não conte a eles, por favor. Acho que ainda não estou pronta para lidar com tudo isso..."

Sua mãe não respondeu e ficou subitamente mais séria, como se estivesse carregando o mundo nas costas. "Gina, preste atenção. E dependendo da resposta, eu estou disposta a te levar daqui arrastada, sem mais essa história de 'precisar ficar longe da família'."

Gina abafou um novo protesto; não via sua mãe há anos, não tinha sentido em começar a brigar justamente naquele momento, então simplesmente aguardou em silêncio o que Molly tinha a dizer.

"Quando eu soube que você iria se casar com Draco Malfoy, bem, eu não fiquei feliz. E certamente seus irmãos também não, mas eles vieram até aqui e tiveram de você a impressão que esse era um casamento de conveniência, por quais razões, só Merlin sabe."

Ela disse perscrutando sua filha com astutos olhos castanhos e Gina ficou tensa; não queria se lembrar de como tinha conseguido que Draco se casasse com ela, muito menos que seus pais soubessem do seu artifício. Sua mãe continuou, alheia à sua reação.

"E nós sabemos que um casamento nesses termos não permitiria que um bebê fosse gerado, então se ele forçou você de qualquer forma, eu vou te arrastar daqui e-"

Gina não aguentou.

Começou a rir de tensão, de vergonha e do tom surreal da conversa que estava tendo com sua mãe. Por um instante, achou que sua mãe estava questionando seriamente sua sanidade, o que a fez rir mais.

E, de repente, se deu conta de que sua família nunca acreditaria no fato de que, indiretamente e graças à mente ardilosa de Blaise, tinha sido a própria Gina a estipular a condição que a deixou grávida e que, por mais que sua mente tivesse gritado de repúdio, seu corpo traidor tinha sido bem permissivo com Draco.

Sentiu um arrepio percorrer seu corpo e parou de rir, limpando uma lágrima que escorreu do olho.

"Isso é muito sério, Gina Weasley!" Sua mãe disse, perdendo um pouco da rara paciência e colocando as mãos na cintura.

"Eu sei, mãe. Me desculpe, é que eu não estou acostumada com esse tipo de conversa." Ela parou e viu a expressão de Molly ainda demandando uma resposta, que Gina se obrigou a dar depois de um momento. "Não, Draco não me forçou a nada. O que ocorreu entre nós, se não foi extremamente justificável, pelo menos foi consensual. Uma coisa que simplesmente aconteceu." E ela se surpreendeu com a própria voz, como se tivesse tomado um tom mais íntimo.

Molly ruborizou mais uma vez.

"Por Merlin, Gina! Você gosta dele!" Sua mãe tinha aparência de quem desmaiaria a qualquer momento e foi como se Gina tivesse tomado um choque.

"Claro que não!" Foi sua vez de ficar da cor dos cabelos. Primeiro Rony com aquela ideia, agora sua mãe. Estavam todos loucos. "Não sei da onde a senhora tirou essa idéia. Malfoy foi apenas um meio para atingir meu objetivo, que é proteger James." Gina retrucou atropelando as palavras.

Molly a olhou com olhos tristes, como se soubesse de coisas que Gina estava longe de entender, e isso a desagradou profundamente.

"E é por causa desse 'meio' que você está há dois dias abatida na cama, como se sua vida tivesse perdido sentido?"

Gina se sentiu acuada; não tinha argumentos contra aquilo, embora sua mente tivesse se rebelado de maneira contundente contra as palavras da mãe.

Ninguém parecia entender...

Ela quase sufocava diante da sensação de perder mais alguém próximo a ela, ainda doía demais pensar em Fred, em Neville, em Harry. E naquela prisão... Gina simplesmente odiava a idéia de ter que lidar com encarceramento, com a privação da liberdade…

Só tinha saído da maldita prisão porque tivera a ajuda de Anne; Draco, por outro lado, nunca teria chances, ninguém iria ajudá-lo. Era totalmente irracional, mas era como se ele nunca mais fosse poder sair.

"Eu acho que me apavorei, vendo Draco ser levado daquele jeito, como se tivesse feito algo imperdoável." Ela apenas murmurou em resposta.

"Ele fez coisas imperdoáveis no passado e eu não duvido que tenha feito novamente agora." Molly afirmou cruzando os braços rechonchudos e Gina lançou a ela um olhar zangado. "Oh, nunca imaginei que fosse ver você assim, tão... envolvida. Não depois de Harry..."

"Não estou envolvida!" Ela respondeu de maneira veemente e, diante do olhar cético da sua mãe, resolveu mudar de tática. "Foi por isso que veio? Eu acho que Della exagerou e a senhora se expôs muito. Com certeza meus irmãos não queriam que viesse."

"Ela não exagerou em nada! Olhe seu estado, Gina! Está péssima! Se eu pudesse ficar mais tempo, te jogaria no banho e tiraria essas bolsas embaixo dos seus olhos com uma boa poção, mas não posso... Seus irmãos realmente não queriam que eu viesse. A bem da verdade, eles queriam vir pessoalmente, mas tive o pressentimento de que não seria uma boa idéia." Ela disse e Gina sentiu um carinho imenso pela mãe.

"Obrigada por você ter escolhido vir, mãe." Gina disse a verdade simplesmente. "Eu penso em você todos os dias."

Molly sorriu abertamente. "Você é minha única filha. Era minha obrigação e é também um prazer." Ela colocou a mão sobre a mão de Gina.

Gina sorriu verdadeiramente, feliz com aquele pequeno pedaço do seu coração, de volta ao alcance dos seus braços.

"E Gina." Molly chamou sua atenção, com uma sombra de apreensão passando pelos olhos. "Eu nunca vou esquecer o que os Malfoy nos fizeram... Gui, a Câmara Secreta..." Subitamente, ela não pôde terminar e mudou de abordagem. "Mas, por você e pelo que vi aqui hoje, vou tentar seguir em frente. Já passa da hora de deixar o passado onde ele merece estar: atrás de nós."

E Gina não soube dizer ao certo porque uma onda de alívio devastadora a invadiu daquela forma. Então simplesmente assentiu, sem resposta.

O assunto pareceu encerrado entre as duas e Molly se lembrou de algo mais.

"Agora que fique claro: se você não se levantar dessa cama e começar a se comportar como uma pessoa normal, eu vou mandar um berrador, não importam as consequências!"

E assim, com ajuda da mãe, ela jogou para o lado as cobertas que foram seu refúgio durante os últimos dias, simbolicamente dizendo que os dias de lamentação tinham chegado ao fim.

Precisava retomar as rédeas da sua vida e tirar Draco da prisão.


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