Scorpius & Rose

Capitulo XIII - Eu amo você, caramba!

A segunda-feira chegou muito movimentada. O Salão Principal fervilhava de alunos tagarelando sobre diversos assuntos, desde os últimos acontecimentos do fim de semana, passando pelo retorno do professor Potter e seguindo até assuntos menos populares, como a próxima aula nas estufas. O clima de euforia atingia todo o castelo, exceto apenas, pelas masmorras...

– Ela não mandou nenhuma resposta? – Scorpius perguntou a Albus enquanto se sentava na beirada da sua cama para amarrar os sapatos.

– Sinto muito cara, mas foi só isso que aconteceu – o moreno respondeu dando de ombros – Ela terminou de ler a carta, ficou em silêncio por um tempo e depois pediu para que a deixássemos sozinha e que não queria mais nenhuma visita.

O loiro nada disse, terminou em silêncio o que estava fazendo e suspirou antes de se levantar e seguir pesadamente para o Café da Manhã. Albus bufou antes de segui-lo e terminou por revirar os olhos quando os dois tiveram que fazer uma parada bastante indesejada na saída do Salão Comunal.

– Scorpius! Espere, vou com você! – Amanda Zabini chamou enquanto saia do dormitório feminino.

– Eu não to afim de papo hoje, Amanda – ele avisou seguindo caminho. A loira estava quase correndo até ele quando Albus entrou no meio dos dois.

Amanda recuou instantaneamente quando seus olhos focaram os do moreno. Foi com muita frieza, raiva, desprezo e ironia que Severus desejou um bom dia a ela, que o encarou com um certo medo na expressão ficando parada no mesmo lugar enquanto os dois seguiam seu caminho.

– Obrigando – murmurou Scorpius para o amigo enquanto os dois viravam para um longo corredor.

– Relaxa, não fiz só por você. Se ela desce mais um passo eu a azararia. Nunca a suportei...

– Scorpius Malfoy! – a voz irritante voltou a ser ouvida atrás deles – Se você acha que pode me ignorar depois de tudo o que fiz por você, saiba que está muito enganado.

O loiro parou e respirou fundo antes de se virar tentando controlar os pensamentos homicidas que de repente inundaram a sua mente. Enquanto ele se virava sem um pingo de vontade, Albus apenas abaixou a cabeça e colocou as mãos nos bolsos, ele não estava nem um pouco afim de perder a cabeça.

– E o que você acha que fez por mim, Zabini? – perguntou Malfoy para a garota parada no meio da virada de corredores.

– Como assim agora eu sou “Zabini” para você?

– Eu perguntei primeiro – ele insistiu gravemente.

Nesse momento, a passos calmos e cansados, Rose virava na outra ponta do corredor, mas ao ver toda aquela cena, congelou. Scorpius, como estava de costas, não percebeu, continuava a olhar sem expressão para Amanda, sua cabeça estava cansada demais naquela manhã, mas se ele quisesse se livrar dela, que fosse logo. Albus percebeu a pequena movimentação e ergueu a cabeça, arregalando os olhos logo em seguida por dois motivos bem claros: o que Rose fazia fora da cama e porque ela estava só de pijama. Mas antes que ele abrisse a boca para questioná-la, com seus grandes olhos azuis Rose pediu desesperada para que ele continuasse calado e foi quando ela colocou o dedo indicador na boca para reforçar o pedido que Felícia percebeu sua presença.

– Pois bem, queridinho – ela disse – Me responda quem foi que te ofereceu apoio e carinho nessa fase difícil? A primeira pessoa que te ajudou? Me diz, Scorpius Malfoy, se estar ao seu lado ontem não foi um grande prova do que eu sinto por você!

– Carinho? Apoio? Ajuda? – o loiro questionou rindo sarcasticamente – Você só pirou as coisas ontem! Não percebe o que você fez? Por causa do que aconteceu ontem, por sua causa, eu quase pedi a garota da minha vida!

A voz de Scorpius ecoou por todo o corredor. Albus arregalou os olhos para prima, mas na expressão da ruiva não havia nenhuma mudança, ela continuava com o dedo na boca pedindo pra ele ficar quieto - ela não deixaria passar nenhuma emoção enquanto uma certa loira estivesse presente. Amanda ficou ainda mais furiosa quando sua intenção de aborrecer Rose foi por água a baixo. As duas trocaram um olhar rápido, a loira tremia de raiva e a ruiva era desafiadora, erguendo uma sugestiva sobrancelha.

– Eu não consigo acreditar no que você esta me dizendo, Malfoy! – Amanda exclamou – Você pirou com tudo que aconteceu com você, só pode! Não acredito que ela seja melhor do que eu!

– É, Amanda, ela é melhor do que você sim – Scorpius murmurou levando as mãos a cabeça para não perder a calma. Ele estava muito cansado e só queria comer alguma coisa e não se atrasar para a primeira aula de DCAT depois do retorno do professor Potter. Foi aí que ele percebeu que seu melhor amiga fazia movimentos exasperados do seu lado para algo atrás de si, quando se virou para quem Albus fazia aquelas loucuras ele a viu e travou.

– Rose?

– Oi – ela acenou sorrindo timidamente sentindo um pouco de vergonha por ter sido pega no flagra.

– Há... Há quanto tempo você está aí? E o que faz fora da cama? Você não devia estar descansando?

– Era o que eu também queria saber – Albus observou estupefato.

– Bom, respondendo a sua primeira pergunta, eu to aqui desde o começo da conversa – a ruiva falou – Eu meio que precisava conversar com você, pensei muito e não conseguiria ficar quieta se não o fizesse... Eu acabei fugindo da enfermaria.

– Rose Weasley fugindo da enfermaria? – o queixo de Severus caiu.

– Quem se importa com o que essa louca fez? – Zabini se pronunciou do outro lado – Não vire as costas para mim, Scorpius!

– Ei Zabini – Rose chamou a atenção da loira com um sorriso malicioso no rosto – Vê se obedece pelo menos uma vez na sua vida e cala a boca, não vê que o foco sou eu agora?

– Você tem noção do que está falando, garota louca? Cala a boca você que é muito melhor.

Rose perdeu a paciência e caminhou para mais perto dos meninos puxando a varinha de Albus do bolso dele e apontando para Amanda.

– Faça a escolha, Zabini: ou você se manda calada, ou duela comigo, ou é petrificada... – ameaçou a ruiva.

– Rose, o que você está fazendo? – Scorpius franziu as sobrancelhas para o perfil da ruiva.

– Ei, você quer pegar leve? – Albus pediu ameaçando estender o braço na frente da prima.

– Severus Potter, se você terminar esse movimento, eu estuporo você! – ela avisou ainda com os olhos em Amanda – Então, querida? O que vai ser?

– Você pirou de vez! Duvido que você seja capaz de fazer alguma coisa comigo!

– Quer pagar pra ver, fofa?

Zabini passou segundos tentando arranjar uma solução para aquilo tudo, mas nada lhe veio a cabeça. Acabou por bufar e bater os pés com força no chão, correndo com lágrimas nos olhos em direção aos três a sua frente e passando por eles feito um furacão. Quando ela sumiu no final do corredor, Rose abaixou a varinha e se virou para Scorpius.

– E então? – perguntou.

– “E então” o que? – Scorpius arregalou os olhos.

Albus logo percebeu que naquela conversa ele sobraria, então se retirou devagar sem ser interrompido e sem interromper ninguém.

– Eu deveria começar com um pedido de perdão? – o loiro quis saber.

– Quer saber? Eu começo... Eu li a sua carta, Scorpius e sinto muito pelo seu avô, mas isso não explica tudo que aconteceu ontem. Você parecia muito confortável sendo beijado pela Zabini.

– Rose, eu sei o que pareceu ontem! Por isso que eu estou te pedindo perdão, porque eu não sei o que me deu, mas seja lá o que for, eu estou arrependido!

A ruiva riu sarcástica e se afastou um pouco.

– Beleza, digamos que eu acredite nisso, ainda não anula o fato de acontecer de novo, Scorpius. Não impede de você fazer a mesma merda de novo!

– Claro que não! – ele exclamou erguendo os braços, frustrado – Estou arrependido, Rose, mas eu poderia não está porque não temos nada. Você deixa bem isso bem claro toda hora! E isso também me machuca, você não sabe o quanto!

– E a culpa é minha agora? Você engole a Amanda e a culpa é minha?

– Eu não disse isso! Mas eu preciso de uma certeza, merda! Eu não aguento mais essa agonia, Rose Weasley! Não dá pra segurar essa indecisão sua! Antes de ontem eu estava esgotado, sem pensar direito e deu no que deu. Até agora estou sem receber uma carta da minha família. Eu estou exausto, exausto de tudo isso!

– E o que você quer que eu faça? – Rose quase gritou pela tensão do momento.

– Que você se decida! Que me diga sim ou não, em vez de talvez ou do silêncio! – Scorpius pediu juntando as mãos – Eu amo você, caramba! Eu...

As ultimas palavras ditas não o deixam continuar. Aquela frase atingiu os dois com a mesma intensidade, Scorpius não pensou em dizê-la, não estava nem perto, mas simplesmente saiu, saiu com uma leveza e depois do choque o loiro se sentiu tão leve e tranquilo que teve a certeza que se tivesse dito aquilo antes, muitos problemas teriam sido evitados. Já Rose, também não esperava que aquelas três palavrinhas saíssem da boca de Scorpius, nem da expressão que ele fez logo em seguida. Ela viu a verdade nos olhos dele, mas mesmo assim não conseguia excluir a alternativa de que talvez tudo aquilo fosse uma linda ilusão.

– O que você falou? – ela arfava.

– Eu amo você, Rose – ele não demorou em responder, ele não queria demorar.

Os olhares se prenderam, muita coisa foi compartilhada entre a imensidão azul e o céu nublado naquele momento. Tudo passava por eles com uma rapidez inebriante. Ficaram sem saber o que fazer por muito tempo, apenas se encaravam. Estavam, acima de toda a emoção do momento, assutados com o paço que dariam em seguida. Qual dos dois tomaria a iniciativa final?

– Ah, seu idiota... – Rose resmungou por fim, pulando em cima de Scorpius e o beijando com muita, muita vontade.