Scorpius & Rose (vol. 1) escrita por Janne Esquivel


Capítulo 13
Capitulo 12 - O pedido de perdão


Notas iniciais do capítulo

Olá meu leitores amados, eu sei que demorei um bucadinho, mas é que eu estava tendo um problema com a minha internet e tive que mudar de empresa, processo esse muito demorado.

Mas aqui estou com mais um capitulo prontinho para vocês, bem grande pra compensar! Beijocas e boa leitura ;-D



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Scorpius & Rose

Capitulo XII - O pedido de perdão.

A noite caiu tranquilamente e os meninos tiveram que se retirar, com pesar, mas também mais calmos, da enfermaria. A febre de Rose havia baixado e ela já não suava e nem gemia mais, não tinha acordado ainda, mas dormia como um bebê que passou o dia inteiro fazendo travessuras, a respiração não mais alterava de quinze em quinze minutos, os pulmões tinham o ar que precisavam todo o tempo agora que tinha se livrado de toda aquela água. Madame Pomfrey tinha conseguido evitar o seu resfriado com algumas poções, evitando também uma noite de preocupação para si própria. A cor naturalmente avermelhada havia voltado para o rosto da ruiva e as sardas estavam ainda mais visíveis.

Ela estava se recuperando bem, e graças a um insistente pedido de um grupo de jovens muito preocupados com o estado de Rose Weasley, Madame Pomfrey mantinha toda a Grifinória ciente disso.

Estava na hora do jantar e o Salão Principal já estava lotado de alunos tagarelando sobre o grande assunto que passearia por toda a semana que vinha pela frente, a enorme especulação de que os Weasleys tinham agora uma louca na família.

A única pessoa que ainda não tinha se pronunciado naquela noite sobre tudo que havia rolado mais cedo era Scorpius Malfoy, que preferiu se sentar no fundo da mesa de sua casa. O loiro olhava pro prato a sua frente com indiferença, não havia ninguém perto dele, o aluno mais próximo encontrava-se a quatro acentos a sua frente.

– Ele não esta nada bem... – Dominique cochichou cutucando o namorado depois de olhar de relance para os fundos do salão.

– Quem não está nada bem é minha prima. – James respondeu grave – Ele está ótimo comparado a ela.

– Jay...

– Não me venha com essa de que está com pena dele, Domini! – Lois a repreendeu sentado ao lado oposto do primo.

– Só acho que podíamos muito bem ouvi-lo sobre o que aconteceu essa manhã – a loira insistiu.

– Ouvir o quê? Como a outra beija bem? Não me faça rir...

– Fred! Ele está mal pelo que fez, não vê isso?

– Quer saber o que eu vejo, Dominique? – Hugo se pronunciou com firmeza, mas ainda aos sussurros para que só seus primos ouvissem – Eu vejo uma canalha que nem pra assumir a própria burrada, serve! Tudo bem que ele e Rose não tinham nada concreto, sabemos que se pegaram uma vez aqui e ali, e só sabemos disso porque ele mesmo disse a Albus, mas ele sabe muito bem que ela gosta dele, sabe também que ela não é a pessoa mais aberta do mundo, por isso deveria manter cuidado e cautela, e sabe também que deu esperanças a ela. Estava indo tudo muito bem, pelo que Severus nos contava, eles estavam indo muito bem, mas na primeira oportunidade ele faz uma puta merda dessas e fica por isso mesmo. Eu vejo que minha irmã quase se matou por um babaca que ainda chupa dedo e acha que a vida e só diversão. Eu vejo, minha cara Dominique, um grande idiota sentado no fundo daquela mesa, é isso que eu vejo.

Ninguém se atreveu a dizer uma palavra durante os quinze segundos que se passaram. Nick ainda procurou os olhos de James, mas sabia que nada acharia além de concordância com as palavras de Hugo e se calou depois disso. Foi Albus quem quebrou o silêncio ao terminar de se aproximar dos familiares.

– Achei que você também culparia as cobras, Hugo – disse sentando entre James e Fred.

– Ainda respeito a Sonserina por sua causa e por causa da Finnigan, que também é uma garota legal – o ruivo respondeu sem vontade.

– Agradeço – Albus assentiu – Então, qual é a próxima questão da pauta depois dessa bela definição dos últimos fatos ocorridos neste castelo?

– Sugeri alguma coisa para mudar de clima? – Roxanne quis saber.

– Quando querem apostar?

– Oi? – Fred questionou.

– Quanto querem apostar que a tia Hermione vai enviar um berrado para Rose assim que souber que ela está melhor? – Severus respondeu como se fosse a coisa a mais obvia do mundo olhando para todos os primos.

– Essa cena vai ser nosso único consolo diante essa história toda, mano.

– Credo, garotos! – Rox resmungou – Já não basta o que ela passou?

– Vai me dizer que não vai ser divertido, prazeroso ou qualquer outra coisa parecida ver Rose Weasley receber o primeiro berrador da vida dela? – Louis sorriu.

– Não vejo por que da tia Hermione mandar isto, que eu saiba a ruiva é quem é a vitima aqui – a morena continuou.

– Rox, querida. Rose continuaria sendo a vitima total se um certo garoto não tivesse, antes de vir para esse jantar delicioso, escrito todo um relatório sobre o dia de hoje para a mãe dele – James respondeu sorrindo maliciosamente enquanto olhava para Hugo.

– Você não fez isso, Hugo?! – Dominique voltou a falar e parecia furiosa.

– Se nem Rose consegue se controlar, acho que mamãe pode muito bem intervir, caso contrario minha irmãzinha acaba virando uma louca mesmo – o ruivo disse sonsamente – Mas rezemos, porque eu esqueci de avisar para a coruja que a carta era diretamente para minha mãe, caso o meu pai receba o relatório... Infelizmente, minha irmã estará ferrada.

– Você é um monstro!

– Não, Dominique. Eu sou um irmão.

–X-

O domingo trouxe seus primeiros raios de sol com uma preguiça enorme. O dia ia amanhecendo devagarzinho e silenciosamente, tomando todo cuidado para não acordar ninguém, como se já soubesse que era responsável por boas e longas 24 horas de descanso. O castelo estava muito bem preparado para aproveitá-lo, porém, uma pessoa que nele habitava, não.

Rose bateu as pálpebras pesadamente quando um tímido raio de sol descasou pelo seu rosto. Ela tentava focar o lugar onde estava para poder reconhecê-lo e finalmente tentar entender porque sua cabeça estava entranha e assustadoramente vazia, mas a tarefa não estava fácil. Com dificuldade focou a ala hospitalar a sua volta e se perguntou umas zilhões de vezes porque estava sozinha ali e porque seu corpo pesava tanto. A resposta veio-lhe poucos segundos depois como uma Maldição da Morte certeira.

Um filme do dia anterior tinha se passado rápido demais pela sua cabeça e parado na hora mais agonizante, poucos segundos que se pareciam mais com horas antes de apagar de vez. Rose estremeceu e fechou os olhos com força, tentando se livrar das sensações terríveis, tais como as de seus pulmões se rasgando por ar, ou a de seu corpo lutando contra a invasão da água, ou até mesmo da luta sem esperança de suas pernas e braços em busca da superfície. Mal percebeu quando mãos delicadas seguraram seus ombros que tremiam freneticamente, Rose só parou mesmo quando uma voz doce passou a chamá-la.

– Rose... Rose... Acalme-se... Está tudo bem, você está bem. Por favor, acalme-se! – Pedia a voz com paciência.

A ruiva, pouco a pouco ia voltando ao normal, mas não parava de tremer. Letamente, por medo, Rose ia abrindo os olhos devagar, checando com cuidado o ambiente ao seu redor. Quando encontrou um par de olhos cor de mel, tão serenos quanto a dona, ela se acalmou, afinal não era mais a escuridão do lago que a envolvia.

– Lara? – sussurrou.

– Eu mesma – a garota respondeu com um leve movimento alegre nos lábios – Bom dia, dorminhoca!

– Por quanto tempo apaguei? – Rose perguntou, percebendo só então que tinha um pouco de dificuldade para falar.

– Acho que vai completar umas 24 horas, não se preocupe, não perdeu nada.

– Acho que eu até sei o que deve ter acontecido no resto do dia...

– Se você diz respeito de toda a escola ter falado sobre você o dia inteiro, bem, sim. – Lara dizia enquanto se sentava numa cadeira ao lado da cama de Rose.

– Imaginei... – a ruiva resmungou revirando os olhos e focando o teto, mas depois voltou com uma expressão muito intrigada para a morena de cabelos curtos e desfiados ao seu lado – Mas e você, o que faz aqui?

– Ah, eu? Bem, eu ajudo a Madame Pomfrey na Enfermaria nos fins de semana e como só tinha você hoje, então ela me colocou aqui sozinha enquanto aproveita mais umas horinhas de sono... O que é muito esperto da parte dela, quem desperdiçarem uma cama com um domingo desses.

– Você pode voltar a dormi se quiser, Lara. Eu cuido dessa ai – Albus Severus anunciou da porta da enfermaria.

Rose tentou se levantar para ver o primo melhor, mas o seu corpo todo doía. Lara se virou para o moreno e corou involuntária e violentamente quando o viu, os olhos dele faiscaram em resposta, impedindo-a de fazer qualquer movimento. Longos segundos se passaram.

– Opa – a ruiva pigarreou quebrando instantaneamente a troca de olhares – Eu não queria atrapalhar o momento, não queria mesmo, mas é que infelizmente eu percebi que estou com muita sede, muita mesmo.

– Eu vou buscar água para você – Lara se levantou em um pulo e correu para fora da ala hospitalar passando como um furacão por Albus, que quase desmaiou ao sentir o cheiro do perfume dela se espalhar pelo ar.

– Pelo visto, não sou só eu a ter comportamentos estranhos ao passar por isso que chamam de se apaixonar – Rose brincou enquanto finalmente o primo começou a se aproximar.

– Nem comece, Rose... Não esta sendo nada fácil me aproximar dela.

– Pois eu acho que você devia analisar melhor a situação, priminho, porque está praticamente escrito na testa dela.

– Podemos parar de falar de mim? – Albus bufou.

– E de quem vamos falar, se veio aqui para me julgar, dê meia volta. Deixe isso para os meus pais. Hugo já escreveu para eles?

– Um relatório inteiro e não é pra te julgar que estou aqui. Estou fazendo papel de coruja hoje.

– Há carta para mim no domingo? Um berrador dos meus pais provavelmente...

– Não, Rose. A carta que trouxe a você vem da cama a frente da minha.

Rose demorou um pouco para raciocinar o seu remetente, mas quando se deu conta, a tristeza que sentiu no dia anterior a estapeou sem pena.

– Não lerei nada dele, Severus – ela avisou com a voz fraca, buscando outro foco que não fosse o rosto do primo.

– Deixe ele...

– Não há nada a explicar, ele não me deve isso. Não tenho nada a ver com o que ele faz ou deixa de fazer.

– Ele tem sim muito o que te explicar e não finja que você não quer pelo menos uma versão dele sobre tudo que aconteceu ontem. – Albus ralhou tirando do bolso da calça um envelope amarelado – Juro a você que até esta manhã eu desejei a cabeça dele pelo o que aconteceu com você.

– Não percebe o que está me pedindo? – Rose perguntou frustrada enquanto Lara retornava com uma taça de água.

– Não estou pedindo para perdoá-lo, não sei se há desculpas para o que ele fez. Só leia a carta.

– Para uma menina que adora ler, que problema terá para ler uma cartinha dessas – Lara soltou descontraída enquanto servia a taça a Rose.

Albus olhou para Lara com a carta na mão, sua expressão era encantada. Rose a olhou surpresa.

– Desculpe, não devia ter me metido – a morena se adiantou diante aquela atenção – Finjam que nem estou aqui.

– Não, Lara. – Al pediu fazendo uma pequena reverencia – Obrigado! Foi um ótimo argumento – completou olhando para a prima – Então Rose, não vai tomar nem dez minutos do seu tempo essa leitura.

– E tempo é o que você mais tem hoje – Lara falou sem pensar de novo.

Rose lançou um olhar mortal de repreensão para ela.

– Não se intimide com esses olhinhos azuis, Lara – o moreno pediu vendo a morena ficar pálida.

– Eu não confiaria nele, querida. Garotas da língua grande nunca se deram bem comigo – ameaçou a ruiva.

– Ela não encosta um dedo em você enquanto eu estiver aqui – Severus garantiu, o que deixou Lara muito corada – Até porque além de hospitalizada, esse teatrinho todo de durona é só um pretexto pra esquecermos de que ela tem que ler a carta.

– Quer calar a boca, Severus Potter! – a ruiva exclamou arranjando com muita dificuldade, forças para jogar a taça já vazia nele, que desviou por pouco.

– Você lê a carta e eu te deixo em paz.

Rose o olhou incrédula por muitos minutos. Tentando fazê-lo desistir da idéia através daquele diálogo silencioso, mas na verdade, ela mais do que ninguém naquela enfermaria queria saber o que havia na carta. Era completamente consciente de que as palavras escritas ali poderiam ter grandes chances de machucá-la ainda mais, porém, não conseguiria ficar sossegada enquanto não ouvisse a versão dele, já que aparentemente ele insistia tanto em publicá-la.

– Qual argumento Scorpius usou para te fazer vir até aqui me entregar isso? – ela perguntou com paciência.

Albus suspirou e olhou com pesar para Lara.

– Como só aconteceu um pouco depois da primeira edição do Profeta de ontem estar pronta, receio que você não saiba, já que o mundo bruxo só soube hoje – foi ela quem falou primeiro, olhando com serenidade para Rose - Mas a notícia chegou a Scorpius alguns minutos antes do café da manhã de ontem.

– Que notícia? – a ruiva buscou resposta atordoada com o primo, mas ele estava de cabeça baixa, olhando para os próprios pés – Vamos Severus! O que aconteceu?!

– Lúcios Malfoy cometeu suicido na manhã desse sábado, Rose.

Instantaneamente, ela estendeu a mão para o primo e ele lhe deu o envelope. Os dedos ágeis de Rose logo o rasgou e achou dois pergaminhos dentro, todos ocupados pela letra corrida e elegante de Scorpius. Ela leu o seguinte:

Oi, ruiva.

Primeiro, para garanti que você vá ler isso até o final pense que se eu não estivesse mortalmente arrependido pelo que aconteceu ontem, então porque eu estaria me dando o trabalho de escrever uma explicação para você? Segundo, quero que você saiba que enlouqueci quando me caiu a ficha do que você realmente tinha feito. Eu não dormi, Rose, pergunte ao seu primo. Nunca mais faça isso ou qualquer coisa parecida, nunca mais...

Confesso que da noite de sexta para sábado eu quase não dormi também, mas foi por um bom motivo (de ante mão, se quiser me deixar com insônia, que seja por bons motivos, okey? Tá bom,foi mal, parei). Falando sério, eu fiquei pensando em ti, na gente, essas coisas. Na manhã de sábado eu acordei com a coruja do meu pai piando no parapeito da única e minúscula janela que tem no meu dormitório, ela vinha com uma pequena e direta mensagem, meu avô tinha falecido, havia sido um suicídio e um “sinto muito” no final.

Eu sei muito bem do que meu avô fez no passado, mas eu nunca me importei, pra mim ele era só meu avô, podia ser um cara severo demais, mas era um ótimo avô. Eu acredito que eu era a única alegria dele, sabe? Comigo ele sempre procurava ser uma boa pessoa, ouvi minha mãe dizer uma vez, que eu era uma nova chance dele se retratar em relação a criação que deu ao meu pai. Mas eu sempre percebi, nos olhos dele havia muita coisa ruim, muita tristeza... Nunca vou saber se era por arrependimento ou sei lá, o desejo frustrado.

Enfim, eu lia tudo pela milésima enquanto seguia pro Salão Comunal da Sonserina e Zabini veio me dar bom dia, acho que minha cara tava péssima, ela encostou do meu lado e leu o mesmo que eu. Acho que eu tava em transe porque ela começou a falar e eu não conseguia ouvir nada e nem ver nada. Ela tirou a carta das minhas mãos e lembro de ela ter comentado que eu precisava comer alguma coisa e me guiou até o Salão Principal, as imagens do meu avó rodavam na minha cabeça...

Quando dei por mim eu a vi me abraçando na mesa da Sonserina e dizendo alguma coisa parecida de que ficaria tudo bem, ela estava comigo e essas coisas, eu acho. Eu não prestava muita atenção, acho que na hora nem sabia direito onde eu estava ou quem eu era. Quando dei por mim, ela estava me beijando. Juro que tentei me afastar, Rose, juro! Mas ela não deixou e quando vi de novo eu já estava retribuindo. A dor havia me cegado e aquele beijo me distraiu porque eu tinha que me preocupar com ele, eu tinha que me preocupar como você reagiria a ele. Eu tinha que ver que não era você que eu estava beijando e sim uma pessoa totalmente estranha. Você veio na minha cabeça como um balaço, acompanhada da voz de Albus e bum! Eu me dei conta de que aquilo estava putamente errado e você já sabe o resto.

Eu não espero que você me perdoe com essa explicação tão louca (eu acabei de reler e sim, percebi que não há nada concreto que justifique os meus atos). Mas Rose, eu estou me odiando por isso, me odiando por ter ferido você, me odiando por ter feito isso no dia que meu avô morreu, me odiando por você quase ter morrido também... Seria um outro suicídio... Eu... Eu...

Olha, essa é minha desculpa, meu arrependimento. Eu sou louco por você, Rose e isso está me deixando sem chão, eu não sei mais o que fazer sobre nada. Eu sei que não sou santo por nada que aconteceu, mas eu estou arrependido. Por favor, considere em me perdoar, apenas considere. Me dê um sinal que poderemos ficar bem, não agora eu sei, mas logo adiante, diga que podemos tentar de novo. Eu fiz burrada, eu sei, mas, por favor, me dê outra chance.

Eu sei que você quer isso tanto quanto eu, então, por favor, não coloque uma venda no seu coração, deixe-me tentar de novo.

S.M


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Notas finais do capítulo

E ai? Scorpius merece sair da forca? O que acham, tem muito furo nessa carta? Comentem!