Counting Stars escrita por Petrova


Capítulo 7
Amigos Não São Corteses


Notas iniciais do capítulo

decidi postar o capitulo mais cedo porque estava criativa e comecei a escrever agora, normalmente uso o world e uso a ferramenta em formato de livro, meus capítulos tem a media de dez paginas e acho que esse foi certeiro.
espero que gostem, os proximos capitulos são meus favoritos até agora.
boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501362/chapter/7

Capitulo VII - Amigos Não São Corteses

Por volta das nove horas da noite, tio Jack fechou a porta da sala e voltou para sua do outro lado da cidade. E arrumando qualquer desculpa esfarrapada, me safei de ajudar Ellie com a arrumação da sala de jantar deixando David no meu lugar. Peguei minha toalha e tomei um banho que pode ter durado quase quinze minutos em compensação do que tomei de manhã, atrasado para encontrar Diana.
Arrastei-me para a cama e liguei para John, enquanto eu pensava sobre tio Jack. Quando meu pai tinha obrigações, como ter que viajar para longe por causa do seu trabalho de transportadora, Jack era como se fosse meu segundo pai, mas meu tio não tinha família, não era casado e não tinha filhos, por isso, para ele, eu sempre fui seu filho numero um.
Enquanto eu ouvia as coordenadas de John, eu entendi, pela primeira vez, que quando eu tinha deixado minha família de lado, eu tinha deixado para trás a única experiência paterna do Jack, que eu tinha deixado para trás o vinculo que formamos como se fôssemos pai e filho. Jack não tinha uma família como a nossa, ele não tinha uma família além a do meu pai.
– O quê ao quadrado?
John bufou no telefone.
– Eu disse x ao quadrado, Nick, um x, mas que droga! – ele gritou pelo telefone, não que já não fosse irritante ter que fazer um atividade por telefone.
E de matemática.
– Okay, qual a próxima parte?
– É lógica. – John falou depois de um tempo.
– Mas como se estuda lógica, droga?
– Ah, Nick, você está perguntando para o aluno do ano, esqueceu? – ele gritou novamente. – Droga, eu não consigo achar a pagina.
Rolei os olhos e me joguei para trás, sendo amparado pelo meu travesseiro.
– Não está dando certo isso, cara, não tem como nos encontrar? Passo na tua casa amanhã mais tarde.
John pensou. Pensou por uns três e longos segundos.
– Tudo bem. – ele concordou. – Sem falta, entendeu? Não quero perder uma noite de sábado esperando você, então nem pense sentir falta da sua novata ou resolver algo melhor para fazer. Porque eu também tenho.
Eu ri para mim mesmo.
– Tipo o quê?
Ele ficou quieto por um segundo.
– Tipo ligar para Mary.
– Ei, espere, o que eu perdi? Você criou coragem, cara?
Eu olhei para a união de bolinhas de papel que eu tinha separado antes de decidir escolher terminar essa atividade pelo telefone, por isso voltei a fazer cesta no cesto de lixo. Puxei uma bola e joguei certeiro.
Cesta!
– Nada, por enquanto.
– Como “nada por enquanto”? Você não falou com ela?
– Não ainda, na real, estou articulando um plano para conseguir falar com ela, preciso arrumar uma forma e uma desculpa de falar com ela, sabe, me aproximar. – John me disse com uma animação gritante.
Eu bufei, rindo no telefone.
– Então me explique, John, porque você está animado com um plano que nem começou e que provavelmente será uma catástrofe?
Cesta! E depois John fungou ao telefone.
– Você é um otimista de mer... caramba, em Nick.
Eu soltei uma risada bem alta.
Quando John está no território da Sra. Clewart, ela não ousa falar nenhum palavrão perto de suas irmãs ou se sua mãe, por isso era divertindo irritá-lo quando ele estava sobre essas circunstâncias.
– A Sra. Clewart apareceu por aí, não apareceu? Por isso você não soltou a palavra proibida, não é?
Ele esperou um segundo.
– Ela estava procurando as chaves do carro. – ele murmurou. – Mas isso não vem o caso, estou irritado com você, muito.
– Desculpe, John.
– Desculpe nada, você deveria ser ficar do meu lado e apoiar.
Funguei.
– Okay, entendi, - disse para tentar acalmá-lo. – e para me redimir, pode contar comigo no plano que está arquitetando.
Eu sabia que não havia chances do que John estiver planejando dar certo, mas seria engraçado vê-lo se esforçando.
– Bem, isso já quer dizer alguma coisa. – ele pensou, ele estava mesmo pensando na minha proposta.
– Claro, eu posso conseguir seu telefone, uma saída, é só eu conseguir chegar na Allison e pronto.
John ficou animado.
– É verdade, é verdade. – suspeitei que ele estava com um sorriso esperançoso no rosto.
– Bem, então eu apareço na sua casa de tarde, okay?
– Feito. Tchau, cara.
Desligamos.
Olhei de soslaio para o telefone e percebi que havia ficado tempo demais ao telefone com John, um pouco mais de meia hora tentando entender matematica com o melhor e mais paciente professor de calculo. Tentei mais algumas cestas, até que desisti e me levantei, arrumei minha cama, vesti apenas uma calça moletom e me arrastei pelo colcão. Um pouco antes de finalmente adormecer, me peguei pensando em Diana.

N

Acordei com uma parte da minha janela aberta, o dia estava extremamente quente, do tipo que você pode esperar fritar um hambúrguer no asfalto. E apesar da desconfortável sensação de calor, acordei com a mesma vontade de voltar a dormir, porque de como gosto de observar, não gasta energia, não te obriga a ver e falar com as pessoa. E pode lhe proporcionar prazeres, como sonhar que está beijando a Jessica Alba, como eu sonhei.
Sábado ainda amanhecia lá fora, o céu levemente coberto por nuvens – mas ainda muito quente -, e mesmo assim, eu ainda podia sentir que, em poucas horas, toda essa paisagem seria tomada pelos raios do sol. Isso chega a ser poético. Os raios do sol, luz, brilho, dia, algo novo para fazer ou recomeçar algo que não que foi terminado.
Peguei uma toalha e fui em direção ao banheiro. Eu sabia que havia prometido a John que passaria em sua casa de tarde, mas mudei os planos, eu não tinha nada em mente para fazer esta manhã e já que eu tinha acordado cedo, infelizmente, decidi adiantar os afazeres. Quando terminei meu banho, enrolei a toalha em volta da minha cintura e abri a porta do armário em cima da pia, peguei uma gilete e creme de barbear, observando minha face distorcida no espelho que estava ofuscado pela umidade. Lavei bem o rosto e enxuguei na toalha cinza pendurada de apoio às mãos, dei as costas e fui até meu guarda-roupa. Vesti um jeans azul e uma blusa cinza de botões, dobrei a manga até os cotovelos, ajeitei meu cabelo no estilo de “passe a mão com ela molhada e descabele levemente os fios do seu cabelo”. Calcei meu tênis e puxei, logo depois, a bolsa da escola de cima da mesa do computador e segui o caminho para o andar de baixo.
Sem muita surpresa, Ellie estava fazendo o café da manhã e ao mesmo tempo assistindo o canal culinária da TV enquanto David brincava no seu joguinho eletrônico todo encolhido na cadeira da cozinha.
– Bom dia! – Ellie disse assim que me viu.
Bocejei sonolento.
– Pois é. – respondi de volta, ou eu achei que tinha sido uma resposta.
Ellie sorriu para mim, mesmo que a minha falta de palavras não a tenha incomodado. Mas ela me observou e avistou minha bolsa jogada nas minhas costas enquanto eu me debruçava no balcão, segurava meu rosto com a mão e lutava contra a minha insônia.
Se, por milagre dos deuses, aquele cômodo permanecesse em silêncio, eu dormiria ali, em cima do prato vazio no balcão.
– Para onde está indo?
Não me movi, mas abri preguiçosamente os olhos e os ergui para vê-la.
– John. – eu respondi baixinho. – Coisas da escola.
Ela fez um leve murmuro de compreensão e balançou a cabeça na minha direção concordando. Era muito além das expectativas dela que uma vez por toda eu estava me tornando o incrível filho que ela sonhara? Ou perdera?
– Então, antes que eu inunde esse balcão de baba ou de sonhos não sonhados, vou tomar um café com panquecas e me mandar, tudo bem? – endireitei o ombro e coloquei a bolsa no balcão temporariamente para poder entrar na cozinha e merendar.
Ellie não respondeu, apenas se moveu com a panqueca no prato e a levou até a mesa onde eu estava sentado. O cheiro estava ótimo, particularmente Ellie cozinha muito bem. Despejei o café na minha xícara e mordisquei uma parte da panqueca, observando David entreter com seu jogo de mão.
– Já comeu? – perguntei.
David demorou uma eternidade para me responder.
– Não.
Ele demorou quase um minuto para me dar uma resposta com três letras?
– O que acontece se eu pegar esse joguinho e jogar na privada? – sussurrei para ele.
Desta vez ele foi mais astuto e rápido.
– Argh, tudo bem. – preguiçosamente, ele deixou seu jogo de lado e resolveu dar importancia ao seu café da manhã.
Enquanto Ellie se juntava a nós, desdobrando-se para colocar as panquecas quentes no prato vago, não pude evitar os pensamentos. Tenho lamentado muito sobre a vida que eu comecei levando antes do ultimo episódio com o professor Garrett. Será que isso tinha sido o estopim? Que a minha vida estava por um fio e eu nunca tinha percebido? Não sei se tenho a resposta ou se um dia eu vou ter, mas posso responder com muita clareza e sinceridade que, de algum modo, eu consegui abrir os olhos para algo que eu iria perder se fosse tarde demais.
Minha família.
Eu sei que a maioria das pessoas – da minha idade pelo menos – não se preocupam com esses detalhes, não se preocupariam se não tivessem perdido quatro anos da sua vida com a sua família dividida, quebrada e desregulada. Eu fiquei desregulado, fora dos trilhos. O que quer que tenha me colocado de volta a ele, eu agradeço.
– Por que está me olhando? – Ellie me perguntou, de repente.
– O quê?
– Você está me olhando e pensando, tem algo no meu rosto? – ela sorriu achando divertido.
– Nada, mãe, nada.
Ela rolou os olhos e voltou a repartir os pedaços quentes para David.
Bem, era algo que eu não queria me desprender... Dela, do meu irmão, disso.
Depois que terminei meu café da manhã, peguei as chaves em cima da mesa de vidro perto do sofá e fui em direção a garagem para seguir caminho para a casa, um tanto longe do meu bairro. Depois de manobrar o carro para fora da garagem, eu dobrei a esquerda e acelerei, não demorando muito, de carro claro, chegar ao bairro do John. A casa dos Clewarts me lembra os seriados da MTV e The CW, com jardins bem cuidados e verdes, cercas brancas separando a vizinhança, uma total brancura luxuosa e crianças brincando com mangueiras nos seus quintais com piscinas de plásticos tudo muito artificial, mas aparentemente familiar.
Estacionei o carro na frente de sua casa e me dirigi para a entrada, sendo recebido por uma das gêmeas, irmã do John que deve ter a idade do David, a Faye.
– Bom dia, Faye. – massageei o topo da cabeça loura dela, que batia um pouco acima do meu abdome.
– Ei, Nick. – ela acenou com a cabeça para mim.
– Seu irmão está aí?
Ela fez que sim com a cabeça.
– Ele disse para você subir. – ela sorriu para mim, tinha sardas abaixo dos olhos azuis, igualmente ao seu irmão.
– Obrigado, Faye.
Eu entrei e sem muita demora, achei a escada no fim do corredor branco com moveis entre cinza e marrom claro organizados como uma casa de boneca. Ao contrário do quarto do John. Ele tinha pintando três paredes de um azul escuro parecido com preto e uma em tinta branca que estava lotada com pôsteres pendurados nelas, desde AC/DC, Kiss, Queen e outras milionésimas bandas não famosas. Não famosas porque se tratava apenas de uma: A Fanatic Fire, a banda de garagem do John na qual não fazia shows a muito tempo, e para piorar a situação, eles tinham usado metade do dinheiro ganhado em abertura de alguma coisa da da prefeitura em pôsteres como esse e espalhados na cidade. Nada mal, mas John parecia um pouco deformado com o exacerbado uso de Photoshop.
Além disso, John tem uma cama azul. Azul porque tudo nela é azul. O guarda-roupa está meio aberto e você pode observar uma coleção não diversificada de roupas na cor cinza. Para camas John tem o azul, mas para roupas ele é um fã excessivo de tudo aquilo que for entre cinza e prata. No máximo preto carvão. É por essas e outras que as blusas cinzas que ganho de Ellie estão no guarda-roupa ele, eu odeio cinza, mas a alguém que gosta por mim e pela população dele.
Mas de todo modo, a casa dos Clewarts é minha segunda casa.
– Pensei que não chegaria nunca. – ele murmurou saltitando do outro lado do quarto onde ele tem uma bateria pequena e uma guitarra cinza.
– Fazem treze minutos que te liguei, John, não me venha com drama.
Joguei minha bolsa na sua cama e me espalhei nela. Ele deve ter acordado mais cedo que eu, porque sua cama estava arrumada, e por motivos que a Sra. Clewart acorda mais cedo do que eu e ela não deixa seus filhos dormindo até a tarde.
– Não sei como você conseguiu acordar antes das dez. – ele girou na cadeira de rodinhas e se virou para mim.
– Estimulo. – murmurei. – Se eu não tirar notas boas em calculo, reprovarei.
– Tem certeza que foi isso que te tirou da sua cama as nove horas?
– Okay. – dei de ombros. – Eu não tinha nada para fazer nessa droga de sábado, então decidi vim mais cedo.
John me olhou satisfeito.
– O Nick como eu conheço.
John deu um salto e pegou sua bolsa cinza com preto que estava em cima de uma prateleira organizada com livros que ele nunca deve ter lido, mas a Sra. Clewart compra com esperança. Desde Nikolai Gogol à Nietzsche.
– Nossos planos são o seguinte, - ele se aproximou da cama e se sentou na sua cadeira dançante, abrindo rapidamente sua bolsa. – eu dito, você fica sentado e copiando, entendeu?
Ele apontou o dedo para mim como uma ordem, eu estapeei seu dedo fortemente antes de me jogar na cama novamente e descansar.
– Você é tão ridículo, Nick. – ele me examinou com um olhar impaciente.
– Você é tão idiota, John.
Ele me encarou por um segundo em silêncio.
– Por isso somos amigos. – ele me completou, sorrindo.
Era uma forma particular de estarmos elogiando um ao outro, uma forma bem estranha e imbecil, mas era algo minha e do John.

Não foi de longe tão tediosamente irritante passar uma manhã de sábado fazendo deveres de matemática – talvez um pouco -, mas por incrível que pareça o tempo tinha passado absurdamente rápido e quando vi, eu estava sentado à mesa ao lado da Sra. Clewart e as irmãs de John, almoçando e falando cordialmente sobre meu futuro incerto.
Usei palavras que não significavam nada, mas de tão bem ditas pareciam que eu estava querendo dizer alguma coisa.
A Sra. Clewart riu um bocado, acreditou em mim e no salafrário do John ao dizermos que íamos muito bem na escola e nem chegávamos perto de encrencas. Talvez não nesta semana, mas na semana passada, John e eu tínhamos lugares reservados na sala de detenção. Nossos nomes estavam desenhados lá juntamente com o símbolo da banda do John e vários peitos de mulheres.
Só de me lembrar que Diana quase tinha visto esses desenhos na mesa de laboratório, tive uma passageira vergonha de mim mesmo. Dezoito anos e ainda desenhando peitos numa mesa manchada como se nunca tivesse visto ou tocado em um. Parece infantil ou desesperado demais. Com dezoito anos a maioria dos adolescentes estão chegando na fase de maturidade, aquela com prudência e responsabilidade, aquela que te faz pensar em como ser um cidadão civil, tipo de coisa que aprendemos naquelas aulas facultativas quando um professor falta e não tem substituto então a psicológica da escola faz uma pequena demonstração tediosa sobre como se tornar um cidadão além de falar sobre nossas impulsividades, de que nada dura para sempre e que deveríamos estudar mais do que ir a festa e transar sem camisinha.
Bem, eu não sabia exatamente se era isso que a psicóloga falava, normalmente eu estava dormindo na minha cadeira ou fugindo da aula me escondendo no banheiro ou atrás do campo de futebol fumando.
– O que disse? – eu perguntei de repente até perceber que uma das irmãs do John estava me cutucando o braço.
– Pudim ou Sorvete? – Kristen estava sorrindo para mim, ela tinha o cabelo louro trançado para o lado, como Diana estava na primeira vez que a vi.
Apesar das semelhanças, como serem loiras, Kristen não tinha os olhos castanho esverdeados de Diana.
– Ah, pudim.
– Okay. – ela despejou uma tigela de alumínio no meu lado e levou a parte do sorvete para a cozinha.
Faye estava comendo seu sorvete ao mesmo tempo que espiava seu celular escondido dos olhares da Sra. Clewart. Um tempo depois Kristen voltou com seu sorvete também. John estava impacientemente roendo o canto das unhas enquanto seu prato já estava vazio e tinha rejeitado sua sobremesa. Parece que alguém estava com pressa, porque John nunca rejeita comida.
– Isso está muito bom, Sra. Clewart. – suspirei de satisfação após a primeira colheirada.
Ela corou um pouco, como sempre faz a elogios.
– Nem está tão bom, eu errei a receita.
– De qualquer forma, está muito, muito bom.
Peguei uma rápida imagem do John revirando os olhos.
– Então me conte, como está Ellie? Queria ter tido tempo para visitá-la. – Sra. Clewart tinha o cabelo louro liso na altura dos ombros, os olhos azuis e sardas gastas, ela vestia saias compridas até os joelhos e blusas entre branco e bege.
Era magra, mas mais alta que Ellie, ambas haviam estudado o colegial e a faculdade juntas, todos aqui se conheciam para falar a verdade.
– Ah, ela está bem, muito bem, ultimamente anda sem tempo também, tem o trabalho, o David e a casa, mas está bem.
Ela fez que sim com a cabeça e agradeci pela Sra. Clewart nunca tocar no assunto do meu pai e da separação, se estávamos indo bem ou mesmo Ellie, se ela chorava pelos cantos como aconteceu nos primeiros anos, se estava faltando alguma coisa dentro de casa ou se tínhamos noticias dele. Eu a agradecia do fundo do meu coração.
Após algumas conversas paralelas, a Faye ter sido pega mandando mensagens para alguém em particular e Kristen como sempre quieta no seu canto apenas nos observando conversar, terminei meu pudim e ajudei as filhas da Sra. Clewart a levar o restante dos pratos para a cozinha. Fora do meu ambiente normal, eu era cavalheiro as vezes, as vezes na maioria queria dizer na frente dos pais dos meus amigos ou colegas.
– Obrigada, querido. – Sra. Clewart me deu um ligeiro abraço. – Venha mais vezes estudar com o John.
Ela estava me levando para o corredor, um tanto depois da sala onde Faye e Kristen dividiam o sofá para assistir episódios divertidos – e escondidos – no leptop de Gossip Girl.
Por que toda garota gosta de Gossip Girl?
– Com toda certeza, Sra. Clewart. Será um prazer. – eu disse. Eu digo muito bem, não acha?
John estava do meu lado entediado e impaciente.
– Não puxe tanto saco. – ele se inclinou ligeiramente para mim e sussurrou.
– Avise a Ellie que o grupo de Mensageiros do Divino está de volta, e mudou os horários. – a Sra. Clewart lembrou-se, pegando rapidamente alguns papéis amontoados organizadamente de cima de uma mesa de vidro perto da escada.
Mensageiros do Divino é um grupo religioso em que minha mãe participava quando era casada com meu pai. Depois do divórcio as coisas mudaram muito. A religão em si não aceita o divórcio e minha mãe passou muito tempo evitando boatos e intrigas, mas quando se mora numa cidade em que todo mundo conhece todo mundo e fala sobre todo mundo se torna impossível não ser notado. Então Ellie não quis piorar a situação. A Sra. Clewart, diferente de Ellie, perdeu o marido num acidente e não por causa de um divórcio, e de certo modo que ajudou a integração de Ellie de volta ao grupo, exceto esse ultimo mês em que a casa onde se reúnem frequentemente estava em reforma.
– Aqui está, entregue a ela, - Sra. Clewart me passou os papéis cuidadosamente com um sorriso materno no rosto. – diga também que eu estou convidando-a para uma visita, faz muito tempo que não conversamos.
Eu concordei sem muita demora.
– Eu direi, com certeza. – dei um sorriso cortês. – Até mais, Sra. Clewart.
Ela me deu um ultimo sorriso materno e depois acenou, antes de John me levar para a saída.
Normalmente John nunca me leva até a porta, na real, ele está sempre espatifado no sofá pedindo para que uma de suas irmãs me leve com educação. A não ser quando ele quer algo de mim. Eu lembro com atenção que John recebeu uma mensagem barulhenta na hora da sobremesa, no exato momento que a Sra. Clewart percebeu que Faye estava usando celular e achava que tinha vindo dela, mas na verdade era John que tinha esquecido de silenciar seu celular. Fora naquele momento que decidi finalizar com a sobremesa, porque na verdade não tinha sido a primeira mensagem dele, porque antes de almoçarmos, ele tinha recebido uma outra mensagem que mudou totalmente seu comportamento. Amigos não são corteses, logo amigos como John não são.
Nós fechamos a porta e parei no alpendre esperando por John, mas ele não disse nada, estava na verdade receoso de como iria falar comigo.
– Então, qual é?
– O quê?
– Não enrole John, o que você quer me pedir?
Ele manejou a cabeça tentando mostrar qualquer imparcialidade, mas no fim entendeu que eu havia percebido tudo.
– Okay, não vou enrolar, - ele disse. – recebi uma mensagem do Lucas antes do almoço, ele disse que tinha visto a Mary no clube onde estou treinando.
– Que clube? Desde quando você frequenta clube?
– Ah, eu não te contei? – ele pareceu surpreso e eu irritado. Joh sempre me conta tudo. – O pai do Lucas é sócio do clube e ele me ofereceu uma ida para treinar no campo, bem, não me pergunte o porquê da boa vontade dele, você sabe, o Lucas nunca é de ser cortês com ninguém, logo comigo, nunca fomos próximos, a não ser quando um precisa do outro para pegar alguma garota ou mesmo sobre besteiras, sabe, rir a toa, rir das gordinhas que deixam a barriga a mostra, olhar calcinhas das meninas subindo a esca...
– Eu não quero saber das suas aventuras pervertidas com o Lucas, eu quero a real, John. – revirei os olhos e cruzei os braços.
Ele fez uma sonora pausa.
– Okay. Então ele me deu essa chance e por incrível que pareça é o mesmo clube que Allison e Mary frequentam para jogar tênis.
– E?
– E que o Lucas estava lá agora a pouco e deve ter visto ela treinando com aquelas mini saias brancas com a Allison, e eu preciso ver isso.
– Certo, bem, você está a quanto tempo sem transar com alguém? Dois meses? Entendo, então o que isso tem a ver comigo? – arqueei a sobrancelha sem me mover.
– Não faz dois meses que... – ele revirou os olhos e me ignorou. – Enfim. Eu já ia chegar a essa parte. Você sabe como minha mãe é em relação ao carro da família. Há regras. Finais de semana nós o usamos só com extrema urgencia, e ir atrás de uma garota não é urgencia para ela. Desde a morte do meu pai as coisas estão mais fechadas.
Eu tive um certo segundo para processar o que ele queria.
– Tudo bem, eu te levo até lá. – eu murmurei virando-me para os degraus do alpendre. – Se era isso que queria, John, uma carona, não precisava planejar um discurso de fim de formatura, cara.
– Nick, espere...
Eu me virei para ele.
– O quê?
– Eu não quero a carona. – ele me olhou timidamente. – Cara, me entenda, se eu conseguir falar com ela, eu posso até oferecer uma carona ou mesmo um sorvete, um lanche, qualquer coisa e não posso oferecer isso estando a pé ou com você de motorista.
– Espere, espere. – ergui as mãos para ele não se mover. – Você quer meu carro? Você quer meu precioso carro?
– É, bem, é isso. – ele deu um sorriso angelical. Mas mesmo assim parecia o diabo. - Você sabe o quanto estou lutando para sair com a Mary e essa pode ser minha chance. E você sabe que está me devendo uma, pelo o que consegui com o nosso professor de biologia. Você me deve uma.
Rolei os olhos para meu carro. Estava impecável, eu tinha pedido que lavassem dentro e fora, e a lataria preta estava brilhando, o estofado dos bancos estavam incrivelmente limpo e só de imaginar John transando com Mary naqueles bancos atrás me fazia vomitar, mas ele estava certo. Eu devia isso a ele graças a sua tentativa de tornar Diana minha parceira, que deu certo.
– Você coloca gasolina, entendeu?
– Espere, sério? Você disse sim? Sério isso? – ele abriu a boca surpreso depois me abraço fortemente quase esmagando meus ombros. – Você é o melhor amigo do mundo.
– Bem, isso eu já sei, agora me largue.
Ele ajeitou minha camisa cuidadosamente com um sorriso ordinário. Tirei as chaves do bolso e joguei para ele.
– Valeu, Nick.
– Antes, - eu o parei antes de descer o degrau. – algumas precauções. Veja se não furou o pneu, quero o tanque cheio e se por algum milagre dos Deuses você trouxer Mary para trás desse banco, a Ellie usa esse carro as vezes, então se ela encontrar uma camisinha suja aberta nesse chão, adivinha quem ela vai expulsar de casa? Eu. Então vê lá o que for fazer dentro desse carro.
John revirou os olhos.
– Você falando alto assim é capaz da minha mãe me expulsar de casa. – ele desceu os degraus e me ultrapassou. – Quer que eu te deixe em casa?
Eu fiz que não.
– O clube e minha casa são contrários, e também estou pensando em passar numa cafeteria que acabou de abrir.
Ele fez que sim com a cabeça parando em frente a porta do meu carro.
– Vou te agradecer para sempre. – ele sorriu para mim. – Te ligo se tiver alguma novidade.
– Okay.
Ele abriu a porta e entrou, depois de dar a marcha e manobrar o carro a minha ultima visão foi a traseira do meu carro sumir numa curva a esquerda.
Puxei a alsa da minha bolsa por cima dos meus ombros e inspirei fôlego, eu tinha uma longa caminhada até a cafeteria e depois disso para casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, comentem!