Counting Stars escrita por Petrova


Capítulo 8
O Topo do Mundo


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAA ANJOSSS
como o combinado
cá estar meu capitulo
eu sinceramente, amei escrever este, não quero dizer que está perfeito, creio que não esteja, mas no fundo, eu acho que ele foi além dos desejos fúteis do Nick, foi além de coisas superficiais, foi difícil de escrevê-lo, e o próximo será mais ainda, mas espero que gostem
quero agradecer a The Divergent e Julia R C Potter pelas recomendações maravilhosas que recebi, vocês são incríveis e me deixam tãaaao feliz por descobrir que o jeito como escrevo e construo essa fic tenha agrado vocês, muito muito muito obrigada, anjos!
eu realmente espero, quando finalizar essa fic, investir nela profissionalmente, estou pensando em mandar para um amigo do meu pai que investe em jovens escritores, mas irei fazer isso depois de terminá-la!
enfim, obrigada por tudo
boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501362/chapter/8

Capitulo VIII - O Topo do Mundo

Como eu havia dito, em poucas horas, as nuvens tinham sumido do céu e mostrado um sol escaldante e até um pouco irritante, convenhamos, eu estava saindo da casa do John em direção ao café perto do “grande” centro, isso levaria entre vinte minutos a meia hora nessas circunstâncias. Depois de dez minutos, eu xinguei o John mentalmente por ter inventado essa droga de saída momentânea com meu carro. Depois de quinze minutos eu já tinha uma carranca no rosto e ignorava qualquer movimentação na rua enquanto desejava que Mary escapulisse do clube e John tenha sido um fracasso no planp de ir encontrá-la, mas pensando bem, tode esse sacrificio não valeria a pena, porque nem isso o John teria conseguido, então decidi que era bom ele conseguir encontrá-la, assim minha raiva e meu esforço tenham servido para alguma coisa, além de estar aqui transpirando com mais de trinta graus estourando aqui fora

Depois de vinte minutos, tentei decidir qual das opções eu tinha para contar a Ellie caso eu chegasse em casa sem o carro. Ela ficaria uma fera comigo se soubesse o motivo de eu emprestar ao John, mesmo que ela o adorasse, sabia que tanto ele quanto eu não tinhámos propensão a ser prudentes e cautelosos, na verdade, éramos o significado literário de dois furacões precipitosos. Era uma boa definição para dois melhores amigos que são uma catastofre, mas não seriamos amigos se combinássemos tanto, não é mesmo?

Quando ultrapassei algumas lojas e umas lanchonetes depois da igrime rua assim que você se afasta do bairro cinematográfico dos Clewart, encontrei Seth com a roupa do nosso time segurando uma bola entre as mãos enquanto olhava disfarçadamente para as vitrines assim que andava. Nós nos encontramos e comentamos sobre coisas vagas, além da festa da Allison que seria amanhã, como o motivo dele estar usando nossa farda permanente de treino, sobre o clube onde ele está treinando – que coincidentemente o faz parte dos convidados do Lucas, não que eu esteja invejando, Lucas e eu nunca fomos de ser amigos, éramos no máximo colegas de classe que jogavam no mesmo time e as vezes pegava as mesmas mulheres – até que me despedi e ele fez o mesmo. Seth era um dos caras do time que eu mais gostava, não vinha da realeza como eu gostava de citar as pessoas que eram como lucas, Lydia e Allison, ricos de berço. Seth trabalhava na panificadora do seu pai e não sentia abismado e nem envergonhado dos demais saberem isso, afinal, ele trabalhava por conta propria, ganhava seu proprio salário e era mais independente do que a maioria da escola antes mesmo de se formar e poder dar o fora daqui.

Eu queria, da minha lista de desejos O Topo do Mundo – é engraçado, mas eu chamava a minha lista dessa forma por motivos de ansiar tudo que eu tinha direito, tudo mesmo que fosse além do meu alcance, até mesmo aquilo que está no topo do mundo – conseguir um emprego, qualquer que fosse, mas o suficiente para juntar economicamente e finalmente ter por onde começar quando eu saísse da escola, como ir para Nova Iorque, construir minha vida lá, uma vida diferente dos Byron que tecnicamente criaram raízes em Mountown e aqui ficaram sem perspectiva de vida. Além de conseguir minha carta de liberdade daqui, eu poderia ter direito sobre aquilo que eu poderia ter, como quantas coisas comprar, mesmo que sejam estupidas e causem danos a vida dos seres humanos, como cigarros. Eu não me importava.

Eu acredito que fazer parte do mundo, de ter uma vida, de vivê-la, não quer dizer que você tenha que envelhecer numa cadeira de balanço com tantos anos quanto você mesmo, ter um cabelo grisalho e ter de tomar remédios para memória, uma vida não se faz de quantos anos você tem, mas sim de quantas histórias você tem para contar, eu poderia ter todo o tipo de experiência surpreendente sem ao menos completar trinta anos. É essa vida que eu quero, não a sem prosperidade, mas a que pode surpreender a qualquer a momento.

Isso é clichê.

E sonhador, mas este sou eu sendo um pouco acima do nível do chão.

Quando abri bem os olhos e despertei dos devaneios rotineiros, absorvi uma vitrine totalmente dentro dos padrões básicos do capitalismo: um manequim vermelho sem olhos, sem expressão, sem nada que o parecesse um pouquinho humano, tinha um cachecol verde em volta do pescoço e das golas de um vestido preto com saia de balão, ou mesmo parecia, só era menos tão “rodado e cheio”. As cores eram gritantes e foi por esse motivo que fiquei encarando aquilo com uma expressão perdida até conhecer aqueles cabelos.

Não os cabelos do manequim, tão insano e estranho isso seria? Afinal, o manequim não era nada parecido com ser humano, ele era careca. Os cabelos vinham de uma garota atrás desse manequim, perto de uns assentos vermelhos e afofados, perto de vários cabides pendurados numa fortaleza de ferro. Os cabelos loiros, na altura da desenvoltura da clavicula até a marca da cintura, louro e ondulado, a garota se mexeu e deixou que eu tivesse minhas certezas. Era Diana.

Ignorei que o café estava a alguns metros daqui e entrei mesmo que a loja parecesse o contrario de qualquer estabelecimento dirigido ao publico masculino. A loja era realmente grande e tinha tantos manequins em volta, mulheres, cabides e balcões, que ninguém me notaria. Ou nos notaria. Diana estava segurando uma blusa de botões enormes e redondos pretos combinando com o pano vermelho do tecido, era um sobretudo que a protegeria do frio a noite em Mountown, ela ficaria excepcional nele, eu poderia imaginar o tecido grudado na sua pele de seda, sua frágil pele... oh, meu Deus, isso não faz bem algum para minha sanidade.

Diana pulou para um conjunto bem diferente da que estava antes, na verdade, diferente num estagio bem avançado. Ela foi de coberta para seminua. Diana mudou a sessão de roupas de frio para lingerie. Ela encarou cuidadosamente um conjunto lilás de sutiã e calcinha rendados...

Se eu não tinha perdido meu total controle com meus pensamentos, bem, agora eu estava totalmente entregado aos meus devaneios nada sóbrios... e prudentes.

– Compre o lilás. – sussurrei. – Combina com seu tom de pele.

Diana ergueu os olhos para cima e me encontrou.

– Nicolas?! – ela deu um pulo de susto para trás e arregalou os olhos, sua respiração um pouco falha, suas bochechas vermelhas. – O, o que você está fazendo aqui?

Abri um sorriso sedutor.

– Eu a vi pela vitrine então entrei.

– E, e você acha que pode, pode aparecer assim sem mais nem menos e falando essas coisas para mim? – Diana não parecia ter se recuperado da minha aparacição.

– Fique tranquila, Diana, eu não a vi seminua com esse sutiã, eu apenas ofereci uma dica construtiva. É uma boa escolha o rendado aqui.

Ela corou mais ainda.

– Por favor, Nicolas.

Eu sabia que era uma péssima hora de procovocá-la, mas juro que eu não fazia isso por causa de um desejo sádico de ver sua expressão, estava mais para impulsividade, as vezes eu não conseguia segurar a lingua dentro da boca.

– Desculpe, não queria tê-la deixado constrangida com a minha sinceridade.

– Sua sinceridade é realmente um enorme e inconsequente problema. – ela me disse um pouco melhor do que antes.

– Sério? Por quê?

Por quê? – ela refez a pergunta ironicamente surpresa. – Porque você tem um sério costume de me deixar em situações... Complicadas.

– Complicadas como? – aproximei-me. – Constrangida? Nervosa? Diana, eu te deixo nervosa?

Ela abriu bem os olhos e a boca, mas demorou um longo segundo para medir suas palavras.

– Para falar a verdade, - ela gaguejou. – sim.

– O quão nervosa você fica?

Eu não esperava que ela falasse, eu esperava que ela não fugisse, mesmo me aproximando tão de pressa.

– Nicolas, - ela disse numa pausa de embaraço. – se afaste.

– Vou corgitar que isso também está envolvido com a forma em que te deixo nervosa. – eu me afastei.

– Será que podemos parar de falar nisso?

– Sim, podemos, até que você me dê uma resposta melhor do que pedir para me afastar. – cruzei os braços.

A sua expressão não era nada doce, mas mesmo assim ela se mantinha impecavelmente atraente.

– Qual o propostio de tentar me deixar tão... – ela não soube completar.

Nervosa? Eu não sei, parece que tudo que eu digo te deixa assim.

– Ora, você ainda diz que não sabe?

Eu me aproximei novamente.

– Diana. – eu a chamei. – Sejamos francos. Um atrai o outro. Simples, isso não arrancou um pedaço do meu cérebro por eu confessar.

Ela abriu a boca, mas não soube me responder.

– Você não precisa me olhar como se eu tivesse acabado de te oferecer um quarto em um motel. – completei ainda com os braços cruzados.

– Nicolas!

Dei um sorriso lateral, mostrando parcialmente meus dentes quando normalmente eu estou me divertindo. Diana não gosta de provocações, isso eu já percebi, mas agora tenho certeza que ela não gosta nada que insinue atração física, como por exemplo, sexo.

– Você poderia, por favor, não ficar tão colado em mim? – ela sussurrou.

– Isso será um trabalho difícil.

Eu tive que sorrir. Diana me olhou com uma carranca e com as sobrancelhas franzidas.

– Pare! – ele sussurrou mais autoritária. – E tire esse sorriso ordinário do rosto.

– O que tem o meu sorriso?

Ela cruzou os braços também. Não pude evitar de observar com afinco que esse gesto fez com que seus seios crescessem consideravelmente de tamanho.

– Você ainda pergunta? – ela arqueou as sobrancelhas. – Ele demonstra muito os tipos de pensamentos que estão passando na sua cabeça.

Pisquei algumas vezes surpreso. Eu não sabia que meu sorriso podia transmetir meus pensamentos, mas, pensando bem, eu não pude evitar ter esse sorriso traiçoeiro nos lábios enquanto eu encarava desfarçadamente seus seios.

– Foi o que eu disse. – aproximei até tocar meus cotovelos dobrados nos seus. – É atração.

Diana olhou feio para mim.

– Nicolas, se afaste agor...

– Ana, eu encontrei um conj... – uma voz soou um pouco atrás de nós até se aproximar e cessar.

Diana e eu olhamos ligeiramente para o nosso lado. A irmã dela estava parada ali com as sobrancelhas erguidas e uma expressão de curiosidade. Se me lembro bem, ela se chamava Sarah. Apesar do cabelo castanho escuro e dos olhos da mesma cor, Sarah tinha a mesma mania de cruzar os braços quando estava ou curiosa ou nervosa como Diana.

– O que está acontecendo aqui? – Sarah nos perguntou.

Eu olhei de volta a Diana que mal me encarou, parecia que era mais seguro manter aqueles olhos esverdeados longe de mim.

– Ah, ei Sarah, o que foi que você encontrou? – Diana se virou para sua irmã e colocou um fio que a encomodava na face para trás da orelha.

Confesso que desde a primeira vez que coloquei os olhos em Sarah, tive a leve impressão que não nos daria bem, e cá estava um novo motivo: por que diabos ela tinha que aparecer logo agora?

– Era um conjunto idiota para a mamãe. – ela murmurou depois me encarou. – Você é o Nick, certo?

Eu fiquei surpreso por ela saber quem sou eu e ainda mais por ignorar completamente sua irmã. Como ela podia ignorar Diana? Ou falar petulante com ela? Pelo que me lembre, Sarah era mais nova três anos e mesmo assim tinha o atrevimento de ignorá-la.

– É, Nick Byron. – acenei fingindo um sorriso cortês.

– Sou Sarah Grey, mas deve ter percebido isso. – seu sotaque era mais evidente do que em Diana, era certamente uma garota da capital. – Eu já vi você jogando quando eu estava nos meus horários livres.

Eu olhei rapidamente para Diana e ela mal piscava, estava aparentemente perdida.

– Ah, isso é legal.

– Você é um ótimo jogador. – ela completou, sorrindo animadamente.

– Obrigado, Sarah.

Nada mais vinha a minha cabeça e parecia que Sarah estava com outros pensamentos para articular uma resposta ou uma nova pergunta.

– Okay, Sarah você não tinha que ajudar a mamãe? – Diana pigarreou e perguntou.

– Mamãe está ocupada agora. – dessa vez Sarah a olhou.

– Ela pode precisar de você a qualquer momento.

– Isso pode esperar. – Sarah deu as costas para sua irmã e se aproximou de mim. – Não sabia que você e minha irmã eram amigos.

– Somos parceiros de biologia. – eu decidi responder porque não havia compreendido o sentido dessa pergunta tão repentina.

– Biologia? Isso é legal. – Sarah arqueou as sobrancelhas enquanto pensava. – Então passou aqui para visitá-la? Falar com ela?

– É... – respondi duvidosamente. – passei para perguntar como ela estava.

– Okay, Sarah, chega de perguntas. – Diana disse um pouco lá trás.

Ela mal deu atenção a sua irmã.

– Vocês por acaso estão ficando? Ou namorando?

– Sarah, que diabos de pergunta é essa? – Diana segurou o cotovelo da irmã e a puxou para trás.

– Hm, o quê? – eu devo ter dito algo assim ou quase perto disso, porque eu estava completamente inerte sem ter o que responder.

Eu não estava realmente surpreso e mortificado, quero dizer, isso não me atingia em nada, a não ser que ao mesmo tempo que isso era tão divertido, eu queria entender o motivo de Sarah ter chegado a essa conclusão.

– É uma pergunta inocente, Diana, dê um tempo. – Sarah deu de ombros e se livrou das mãos de sua irmã. – Você não precisa responder, Nick, só estava curiosa, normalmente Diana é estranha, claro, mas ultitamente ela está um estranho diferente, como se ela estivesse...

– Que inferno, Sarah, feche essa boca! – Diana segurou firmemente o braço de sua irmã e a tirou dali. – Eu volto num segundo.

Se antes eu não me encontrava surpreso, agora eu estava definitivamente surpreso e curioso. Diana tirou Sarah o mais longe de mim, a levando para perto os provadores enquanto trocavam algumas palavras duras pelas expressões que ambas carregavam. Uma parte de mim não queria se importar, mas eu estava me corroendo para descobrir o que Sarah tinha para dizer antes de ser interrompida por uma Diana pasma e irritada. E tenho certeza que eu levaria muito tempo para descobrir isso.

Diana deixou sua irmã para trás e recomeçou a andar para onde eu estava, antes que Sarah resolvesse dizer alguma coisa para ela, já que elas estavam mais perto agora, eu pode escutar curtamente.

– ... você sabe o que a mamãe pensa disso.

– Cala a boca, Sarah, apenas fique aqui e diga que fui mais cedo. – Diana tinha a voz embargada e tensa.

– Diana, você não pode...

– Eu sei, eu sei. Você não precisa me lembrar disso, minta para Lilian, não será a primeira vez, agora por favor, fique aqui, eu preciso ir. – Diana a olhou mais uma vez e quando Sarah não disse mais nada, ela seguiu caminho.

Eu estava fingindo que não havia ouvido nenhuma parte do minusculo dialogo audivel e confuso de Sarah e Diana, e estava fingindo que não me encontrava curioso para descobrir.

– Vamos sair daqui. – foi a primeira coisa que ela disse quando se aproximou.

– O quê? Por quê?

– Você quer estar aqui ajudando Sarah a encontrar roupas ao mesmo tempo que ela tenta descobrir sobre sua vida inteira ou prefere me acompanhar?

Ergui as sobrancelhas e fiquei surpreso com a sua resposta, mas mesmo assim concordei com ela e esperei que ela fosse primeiro antes de seguir caminho para fora da loja. O sol tinha nos dado um conforto de algumas horas, talvez ele estivesse começando a cooperar. Quando passamos por algumas lojas e o café onde eu iria, decidi que seria melhor começar a falar alguma coisa, mas ela foi mais rapida.

– Desculpe pela Sarah, ela não mede as palavras.

– Tudo bem. – eu disse quando ela me olhou.

– Tem certeza? Ela falou coisas seriamente fora de qualquer ordem natural que poderia irritar qualquer um.

– Não me irritou. – eu a tranquilizei. – Mas qual parte estava fora da ordem? A de você eu namoramos ou...?

Diana corou.

– Sim, você viu como ela pode ser insurportável inventando coisas desse tipo? – Diana tinha uma carranca ao mesmo tempo que corava.

– Está tudo bem, Diana. – eu a confortei novamente, mas estava um pouco magoado com a ideia de ser tão insurportável alguém achar que estávamos... juntos.

– Só... me desculpe, não queria que você tivesse passado por aquela arruma de perguntas de alguém que só tem quatorze anos.

– Eu tenho um irmão mais novo, pode acreditar, eu sei como é a sensação de querer meter a cara em um buraco.

Diana sorriu sem mostrar os dentes. Dei por conta que o café já estava longe o suficiente para tirar da cabeça a ideia de voltar, então decidi que já que eu estava aqui e Diana também, poderiamos fazer alguma coisa juntos.

– Para onde estamos indo? – perguntei.

Diana parou de encarar seu tenis e me encarou.

– Tenho umas coisas para fazer. E você?

Ela não entendeu minha pergunta.

– Nada, neste momento. – eu a olhei pelo canto do olho, curioso. – Que coisas você precisa fazer?

– Coisas... apenas coisas.

– Posso fazer essas coisas com você também?

Ela me olhou rapidamente.

– E por que você estaria interessado? – nós dobramos a esquerda.

– Eu não estou. – disse sinceramente. – Mas já que você está aqui e você é uma otima companhia, achei melhor tentar.

– Você não vai gostar. – ela completou rapidamente. – Estou indo assistir aula.

Franzi a testa.

– Aula? – quase gaguejei. – No sábado?

– É.

– Por Deus, Diana, você está usando seu horário livre para assistir aula?

– Eu sou a novata, lembra? – ela me encarou. – Vocês estão adiantados em alguns assuntos que eu não, então preciso me certificar que não levarei bomba nas provas.

– As provas são daqui um mês, relaxe.

– É meu jeito de relaxar. – ela disse. – Estar inteiramente integrada as matérias.

Bufei. Segurei seu braço e paramos na calçada.

– Você por acaso tem ideia do que significado da palavra divertimento?

– Morfologicamente? – ela arqueou a sobrancelha.

Franzi a testa.

– Que porra é morfogicamente?

Morfologicamente, Nicolas. – ela me corrigiu. – É o estudo da estrutura, formação e classificação de uma palavra, por exemplo, divertimento é substantivo masculino.

Abri a boca e revirei os olhos.

– Você não precisa de aulas. Você é a propria aula em pessoa, Diana. Você precisa de divertimento. E não estou falando morfol... tanto faz, não precisa disso, você precisa de outras coisas.

Outras coisas?

– Sim, e já que você gosta de palavras, eu vou te dar algumas: amor, felicidade, impulsividade, coragem, prazer, euforia... vida.

– Eu não gostei dessas. Do conjuto dessas.

– Por que não? É bom usá-las algumas vezes.

– Usá-las? Na pratica? – ela me deu as costas. – Eu não vou perder minha aula por suas loucuras, Nicolas.

– Por favor! – eu implorei, tentando alcançá-la.

– Nem tente. – ela me repreendeu.

– Diana, - eu a chamei, ficando para trás. – eu posso ser bem convincente.

– Eu não me importo. – ela me deu uma ultima olhada antes de recomeçar a andar.

Diana realmente não me conhecia.

– Então olha isso aqui. – eu gritei para ela.

Diana parou no meio da calçada despreocupada para me olhar ajoelhado no piso cimentado. Seus olhos saíram do tédio para incrédulos. Eu estava ajoelhado com os braços abertos esperando que não apenas ela estivesse me observando, mas o restante das pessoas que passavam por ali. Eu queria atenção

– O que, o que você está fazendo? – ela me perguntou.

– Sendo convincente. - bradei alto o suficiente para que todos ouvissem. - Aceite minha proposta, Diana. – eu gritei. – Você não pode me dizer não.

As pessoas que passavam por ali começaram a nos observar, tão curiosos quanto eu achei que estariam. Também não podia ignorar, eu estava ajoelhado esperando Diana me dar um sim como se eu tivesse acabado de pedi-a em casamento. E isso era bem divertido.

– Nicolas, Nicolas, - Diana andou na minha direção apressadamente. – por favor, levante daí.

– Não, não antes de você me aceitar.

– Que diabos você está pensando, Nicolas? - ela me encarou alarmada.

– Diga sim, Diana. Aceite minha proposta!

– Não, claro que não, eu tenho coisas para fazer. – ela murmurou entre dentes, suas bochechas vermelhas enquanto olhava com dificuldade para as pessoas ao nosso redor.

– É só uma palavra. Três letras. – eu não me importei de dizer algo para que todos ouvissem e nem o quanto Diana parecia envergonhada. – S-I-M. Três letras, Diana.

– Nicolas! – ela me repreendeu.

Eu me inclinei para ela.

– Eu posso ser mais convincente que isso. – sussurrei. - Se você não quer pensar na possibilidade de pensar nisso, vou te ajudar.

Ela arregalou bem os olhos, agora não duvidava mais do que eu era capaz. Abri bem os braços e joguei minha cabeça para trás dramaticamente.

– Eu não posso viver sem você, Diana! – gritei para todos ouvirem.

Diana não disse nada, mas sabia que ela estava querendo fugir dali. Levantei minha cabeça e olhei para o pequeno publico que se aglomerou a nossa volta.

– Vocês estão vendo isso? Este sou eu tentando demonstrar que eu preciso de você, Diana.

Ela levou as mãos ao rosto e tampou sua expressão, ela estava tremendo de vergonha.

– Olha aquilo, mãe! – uma criança apontou para nós dois.

– Aceite ele, garota. – uma senhora que carregava uma bolsa de plástico com verduras dentro pedia educadamente apaixonada para Diana.

– Aceite ele! – um coro de quatro pessoas se formou lá trás.

– É, Diana, me aceite. – eu sussurrei.

– Você. – ela apontou para mim. – Você é louco.

– Isso você já sabia.

Ela estava vermelha, mas mesmo engolindo o orgulho, ela me diria sim.

– Sim. – ela disse. – Sim, Nicolas... eu aceito.

Soltei um suspiro aliviado e me levantei. Por um momento eu achei que ela iria fugir e me deixar ajoelhado com um plano totalmente fracassado. Havia mais gente do que eu tinha percebido, e eu devia algo a eles, por exemplo, eu tinha que abraçá-la para que todos acreditassem que estávamos bem novamente.

– Que lindos! – alguém gritou depois de alguns segundos de aplausos. – Agora um beijo para reconciliar.

Diana estava nos meus braços quando ouvimos. Ela me olhou alarmada, como se alguém tivesse pedidos que tirássemos a roupa ali mesmo.

– É, um beijo! – a mesma senhora das verduras gritou.

Eu estava com um enorme sorriso estampado no meu quando me virei para Diana.

– Eles estão pedindo, Diana. – sussurrei. – Faz parte do show.

– Nem pense nisso. – ela murmurou.

– É só um beijo. Prometo que será técnico como nos filmes. – eu a tranquilizei. – Seremos o Brad Pitt e Angelina Jolie encenando Sr. e Sra. Smith, o que acha? Técnico não acha?

Ela fez uma cara feia.

– Só um beijo! – eles voltaram ao coro.

– Isso não pode estar acontecendo comigo... – Diana fechou os olhos como se fosse pedir para que nada disso tivesse acontecido.

– Então não abra os olhos. – sussurrei, meus lábios perto do seu ouvido.

Diana não se moveu quando ouviu minha voz se aproximar. Meus braços ainda estavam em volta da sua cintura e sua respiração se combinava um pouco com a minha, eu não podia negar que estava nervoso, não de um modo ruim, mas daquele modo em que o coração acelera. Ele estava bem acelerado. Aproximei meus lábios nos seus e fiz um toque silencioso e doce, sentindo a maciez deles na minha boca e a vontade ininterrupta de partir aquele beijo terno para algo mais selvagem, mas não fiz, estava foras de corgitação, porque eu estava adorando, estava enfeitiçado com o sabor de beijá-la sem o alvoçoro de desejo vindo mais de baixo do que de cima.

Quando nos afastamos, aplausos surgiram a nossa a volta e percebemos que o “show” tinha chegado ao fim. Diana se afastou tentando não parecer envergonhada e nem cheia de pensamentos conturbados.

– Obrigado, obrigado. – eu disse devendo isso a eles.

Segurei a mão livre de Diana e nos afastamos dali, até que dobramos a esquerda e deixando o nosso publico para trás. Nós nos soltamos, mas não nos afastamos enquanto andávamos. Eu sabia que se fosse voltar ao que havia acontecido a alguns minutos, Diana não saberia dizer e ficariamos num terrivel silencio, então decidi falar sobre nossos planos.

– Se você quiser realmente voltar, - eu disse baixinho. – para a sua aula, eu posso te acompanhar, está perto do entardecer, ficará escuro daqui para onde você estava indo.

Diana fez que sim com a cabeça.

– Nós não tinhamos um lugar para ir? – ela encarou, recuperada das tensões passada. – Sabe, aquela coisa de divertimento.

Não evitei sorrir.

– Ainda bem que você está animada, porque acabei de pensar num lugar incrivel.

– Tem a ver com algumas daquelas palavras?

– Ah sim, hoje eu vou te mostrar visualmente o que eu considero um perfeito siginificado de amor.

Diana arqueou as sobrancelhas para mim.

– Não fique assustada, você irá adorar, estamos bem perto. – eu apontei para o outro lado da rua onde estávamos.

– Aquele prédio? – ela corou. – O que você está planejando, Nicolas?

– Não confunda amor com um quarto de um hotel, Diana, você irá ver com seus próprios olhos. – eu segurei sua mão firmemente.

Eu não estava pensando no prédio Delanie quando me encontrei com Diana, estava apenas tentando manter sua companhia. Eu até pensei em um cinema, logo cinema, já que eu odeio filmes por causa dos seus finais previsiveis, pensei até em voltarmos para o café e ficar ali conversando sobre qualquer outra coisa, mas nada se referia a ir ao prédio Delanie.

– O que vamos fazer aqui? – Diana me perguntou quando atravessamos a rua após o sinal fechado.

– Eu não posso te dizer. Tenho que te mostrar.

Nós passamos pela porta de vidro do prédio Delanie e entramos num salão dourado, o piso de granito cor de ouro formava o desenho de uma rosa dos ventos, bem ao meio da grande sala decorado com vasos de cerâmica e quadros antigos da verdadeira familia fundadora do prédio, Ennis e Delanie. Um grande espelho nos perseguia enquanto Diana encarava do piso ao teto desenhado com flores estampadadas nele, seus olhos pareciam brincar de acordo que se movimentava sem se mover, observando e adimirando.

– É incrível. – ela sussurrou.

– Eu sei. Está vendo o meio da rosa dos ventos? – eu apontei para frente.

Diana a encarou.

– Fora onde Ennis e Delanie se casaram. – eu disse. – Eles construiram o prédio depois do casamento sobre um piso de um antigo salão de festas de Mountown. As pessoas acreditam que se você se encontrar bem firme no circulo que une as divisões da rosa dos ventos e se fizer um pedido, ele se realizará.

*nota do autor: no fim do capitulo deixarei o link para vocês imaginarem o piso melhor*

Diana me escutava atentamente.

– Se você quiser fazer, bem, eu posso te levar até ali.

Ela corou.

– Talvez depois? – Diana me olhou.

– Como preferir. – segurei seus dedos delicadamente e a levei para perto do balcão onde Thomas se encontrava.

O balcão era extenso e tinha tanto detalhes dourados quanto de um cinza escuro quase preto. Thomas tinha uma cabeleira ruiva e repicada, olhos azuis e era magro, mas um pouco mais baixo que eu.

– O que posso ajudar? – ele perguntou cordialmente antes de nos perceber ali. – Ah, Nick, eu não sabia que era você.

– Como vai, Thomas?

– Estou bem. – ele sorriu animadamente. – E você?

– Estou bem também. – eu acenei de volta, um pouco ansioso.

Thomas parou seu olhar em Diana por um curto tempo até voltar a mim.

– Posso adivinhar o que deseja. – ele disse. – Fazia um bom tempo que você não vinha, mas você chegou a tempo para ver como ele está.

– Fizeram mudanças?

– Sim, colocamos iluminação lá em cima. Pode ir lá ver. – Thomas me passou um molho de chaves.

– Obrigado, Thomas.

Nós nos despedimos e levei Diana até a escadaria.

– Eu sei que tem um elevador, - eu disse, explicando. – mas é um local restrito apenas para convidados particulares e só a escadaria tem acesso a eles, então é melhor conseguir fôlego.

Diana estava ansiosa ao mesmo tempo que parecia confusa. Eu ofereci a minha mão e ela aceitou, corremos apressadamente escada a cima, eu sentia meu peito subir e descer quanto mais os degraus apareciam, mas alternava perguntando se ela estava cansada e precisasse de fôlego. Depois de correr e ter uma pausa por uns cinco minutos, Diana e eu paramos em frente a uma porta de ferro azul.

– Está pronta para conhecer minha segunda opção?

– Espere, você vai me mostrar seu local de refúgio?

– Eu disse, lembra? – eu a encarei. – Eu não podia te dizer, eu tinha que te mostrar, e acho que chegou a hora.

Eu me afastei para trás de Diana e lhe dei a minha frente.

– Pode abrir.

Seus olhos faiscavam de ansiedade enquanto os meus buscavam ansiosamente a sua reação quando ela visse o que tinha por trás daquela porta. Diana correu os dedos pela maçaneta brusca de ferro e com um impulso, ela abriu a porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

aqui está o piso como imaginei (mais ou menos) http://www.pedraskatia.com.br/imgs/obras/rosa_dos_ventos_2.jpg
imaginem ele um pouco mais dourado com bege e preto, bem maior
espero que tenham gostado
comentem >