Os Jogos do Amanhã escrita por princessplisetskaya


Capítulo 4
Capitulo 4


Notas iniciais do capítulo

:0 espero que gostem
:D



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Não sei porque pensei aquelas coisas antes de entrar na nave. Mas elas não saem da minha cabeça, e o olhar do diretor na noite passada...

Volto a atenção para um pequeno ponto avermelhado entre meus dedos indicador e médio da mão direita. Uma mas moças que trabalha na nave injetou um minúsculo rastreador ali, com a ajuda de uma agulha. Se todos nós temos rastreadores... então eles vão nos vigiar? Haverá câmeras no nosso destino? Por que eles irão nos vigiar? Será que vamos ficar sozinhos? Pensei que pelo menos alguns coordenadores ficariam conosco.

O céu está quase sem nuvens. De vez em quando a nave corta uma ou duas delas com rapidez. É engraçada essa sensação de estar em terra firme mesmo estando suspenso no ar. Alguns meninos estão esverdeados, outros parecem tranquilos, conversam alegremente. Mas mesmo dali posso ver o medo de Iza, estampado em seus olhos. Parece que não sou o único com maus pressentimentos... mantenho a mão no cabo de um dos meus machados. Não sei bem porque peguei dois, mas as mesas cheias de armas na sala em que a porta da nave dava, estendi a mão para o segundo pensando que quantos mais, maior seria a minha chance de me defender. Agora não penso mais assim. E não sei por quê não penso mais assim... Deve ser o nervosismo. A cada minuto que passa, mais nervoso eu fico, atrapalhando até meu raciocínio.

E se a nave cair? E se em algum lugar dentro dela houver uma bomba, e ela explodir, matando todo mundo? E se quando pousarmos, os Elsir'es atacassem os mortais? E se tudo der errado...? Aliás, oque pode dar errado? Sim, isso é medo.

E se eu tiver que passar por uma prova, testando minhas habilidades, e não conseguir? E se não conseguir arremessar uma machado ou desferir um golpe? Isso é medo de não estar preparado. A questão é: preparado para oquê? Não há como estar preparado se não souber oque está por vir.

O amanhã agora é hoje.

Respiro fundo. Preciso estar com a mente aberta. Para o que estiver por vir.

–Dave, conte uma piada- pede Julian, olhando para a janela.

–Por que olha para a janela, cara? Está com medo de pedir olhando para mim?- Dave o provoca. Quando Julian não responde, eu digo, em tom de alerta:

–Agora não, Dave.

Ele bufa, e um dos pilotos anuncia:

–Atenção, passageiros. Pousaremos daqui a dois minutos, mas só tirem os cintos e se levantem quando tiverem permissão.

–Temos dois minutos para arrumarmos uma boa piada.- declara Rumlow.

–Se está tão a fim de uma piada, Rumlow, por que não conta uma você mesmo?- retruco. Relaxar não faria mal, mas não estou com saco para isso. Mais alguma coisa e eu estouro.

Os dois minutos passam, e só sei que a nave pousou por que estava olhando para fora da janela, e percebi o movimento. Uma aeromoça entra e nos dá permissão para tirarmos os cintos, sem nenhum vestígio de emoção no rosto e na voz.

Quando saímos em fila da nave, observo a enorme pista de asfalto em pousamos, que continua a se estender depois de sair de vista. E é isso oque há por todos os lados, pista, pista, pista. Nenhuma outra nave além daquela em que os Elsir'es vieram, nenhum edifício ou nem mesmo uma planta...

O diretor Alex sai elegantemente da nave, e alguns guardas nos cercam. A presença deles me incomoda. Sempre que os guardas estão por perto, significa que algo perigoso, agitador, pode acontecer.

–Bom dia jovens e Elsir'es- ele começa com um sorriso alegre- espero que estejam preparados.

Isso com certeza é uma piada de mal gosto.

Observo os Elsir'es, como se fossem um exemplo a seguir. Eles não se mostram apavorados, mas sim curiosos, destemidos, prontos para qualquer coisa. Eles parecem que estão quase brilhando nessa manhã. Figuras altas e graciosas, sua beleza destacada pelas lâminas que eles seguram e que sabem manejar tão bem.

–Vocês quase chegaram ao seu destino. Aqui é como um... hall de entrada.- ele dá um sorriso ansioso.- Agora, o primeiro que eu chamar, vai entrar na cápsula que aparecer quando eu disser seu nome, e assim com todos vocês. Depois que eu terminar de chamar os moradores do complexo, chamarei os Elsir'es.

–Abbey Flickerman- ele diz. Ao seu lado, uma linha azul aparece, desenhando um hexágono, que enquanto Abbey caminha com confiança até ele,uma cápsula em forma de hexágono se levanta do chão, e para ao atingir dois metros de altura. A porta abre automaticamente quando Abbey se aproxima, e fecha quando ela entra.

De repente, imagino um Elsir' dentro de uma daquelas coisas e se ele a socasse até quebrar, e depois esmagar os cacos aos seus pés. Não sei porque, mas isso me faz sorrir.

–Qual é a graça, Ian?- Rumlow sussura.

–Imagine Elsir'es fazendo a dança da chuva- respondo. Ele ri, e todos olham para ele, inclusive o diretor, então ele se cala. Alex continua chamando os moradores do complexo com uma lista na mão, e o tempo parece passar devagar. Me distraio, penso em tudo e em nada...

–Ian Morfleynder.- Volto á realidade. Ele me chamou. Chegou a minha vez.

Ficar ou ir.

Olho para os amigos que ainda não foram chamados, Julian e Dave, e para minha irmã. Ela me dá um sorriso encorajador. Ando até a minha cápsula. Ela se fecha. Toco o vidro e me pergunto se um golpe do meu machado o quebraria. Provavelmente sim. Mas o espaço é pequeno e... por que eu quero fazer isso? Por que quebrar o meu transporte ao desconhecido? Nervosismo? Medo? Receio? Não sei. Parece que tudo está tão confuso.

Luto para manter a mente aberta. Sem distrações.

A chamada finalmente acaba, todos os cinquenta estão em suas cápsulas, que agora eu percebo, formam um hexágono gigante no chão da pista.

Sinto um leve tremor na cápsula e vejo que as dos outros estão voltando ao chão, de onde surgiram, e a minha também. Olho para cima, e a medida que a coisa desce, o teto aberto vai se fechando, e por um momento eu estou na escuridão.

Uma luz repentina me atinge. Estou em uma clareira, que terminava em altas muralhas de pedra, que formavam enormes corredores. Na clareira, todos estavam em em suas posições, onde as cápsulas os deixaram. Estamos parados, olhando uns para os outros, confusos demais para agir. A voz do diretor invade a clareira, alta e clara:

–Muito bem. Vocês chegaram ao seu destino. Isso aqui é um jogo. Foi para ele que vocês treinaram a vida inteira. Lutem. Só uma raça pode sobreviver. Boa sorte.

Nossa reação é de atordoamento. Levamos um instante para assimilar as palavras do diretor. ''Só uma raça pode sobreviver...''

Correr ou morrer.

Uma flecha voa em direção a um dos Elsir'es. Se ele está próximo de mim ou não, não faço ideia. Sei que ele está correndo. A flecha voa e ele salta graciosamente sobre ela, dando uma pirueta no ar, e continua a correr, na única direção que há: a das grandes muralhas de pedra.

Os segundos seguintes são uma confusão. Arremesso um dos meu machados na criatura mais próxima e desvio de um dardo. Grito o nome de Iza, e como por um milagre, ela corre em minha direção, Alice e Brad a seguem. Brad é atingido e cai morto no chão. Iza para e vai ampará-lo mas eu grito:

–Não! Não há tempo para isso! Corra!

Ela corre. Alice já me alcançou, e vamos em direção ás muralhas, deixando o banho de sangue para trás.

Então, é isso oque o amanhã que agora é hoje nos trouxe. Morte.

Eu só tenho uma opção, e mesmo que ela signifique exterminar criaturas fascinantes e extremamente difíceis de exterminar.

Continuo a correr.


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Notas finais do capítulo

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